Revista Poder | Edição 107

Page 1

JULHO 2017 N.107

DNA

NA MIRA

Na vanguarda da odontologia, FÁBIO BIBANCOS e JOSÉ RICARDO MUNIZ FERREIRA apostam Depois de transformar o hospital Albert Einstein em nas células-tronco de dentes de leite para referência internacional, garantir o sorriso e a saúdeo oftalmologista CLAUDIO LOTTENBERG, que hoje

comanda ZÉ CARIOCA aAsoperação latino-americana do trapalhadas de ROCHA LOURES UnitedHealth, está de e outros assessores doolho primeiro escalão na vida pública MAPA-MÚNDI CRACHÁ O cientista político SOFIA ESTEVES, uma das maiores RENATO JANINE RIBEIRO experts do país em RH, e os

BENGALA

A falta de testosterona afeta 25 milhões de homens no mundo e a resposta nem sempre está na pílula azul PROVA DO ARTISTA O ator RENATO GÓES: talento e pé no chão

E MAIS Empresas que gostam de lucro e propósito; iates de sonho; homens que fazem roupas para homens; uma viagem de veleiro pelo Mediterrâneo; o sucesso da Amor aos Pedaços

QUADRA DE ÁS

A atriz LILIA CABRAL não tem medo de abrir o jogo R$ 14,90

eanseios o economista de quem chega ao MARCIO POCHMANN mercado de trabalho tentam responder para onde vai o Brasil MULHERES-MARAVILHA As supersecretárias que QUATRO LINHAS resolvem a vida de grandes Os empresários que empresários e executivos dominam o futebol nacional


poder

ĂŠ


A robótica vai mudar a sua empresa. Você sabe como?

© 2017 EYGM Limited. Todos os direitos reservados.

www.ey.com.br/rpa

EY

Co n s u l to r i a

e m

t ra n s fo r m a ç ã o

d i g i t a l




44

SUMÁRIO EDITORIAL COLUNA DA JOYCE DENTES PRA QUE TE QUERO Os odontologistas Fábio Bibancos

e José Ricardo Muniz Ferreira fazem suas apostas nas células-tronco 24 25

OLIMPO DOCE HISTÓRIA DE SUCESSO

26

ALMOÇO DE PODER

Amor aos Pedaços completa 35 anos

54

57

DIZ-ME COM QUEM ANDAS

Rodrigo Rocha Loures e outros homens do círculo do poder que protagonizaram escândalos 40 42

58

62 64

68 72

82 86 88 93 94 95 96

NÃO PARA, NÃO PARA, NÃO PARA

e pé no chão Aos 79 anos, Thomas Case não pensa em se aposentar

É DE PODER VENTO A FAVOR

De Lisboa a Málaga a bordo do maior veleiro do mundo

Breton completa 50 anos

52

POLE POSITION DE HOMEM PARA HOMEM

Estilistas masculinos que desenham roupas para eles

76 78

SUAVE PRESENÇA O ator Renato Góes é talentoso

ELAS ESTÃO COM TUDO

A intimidade e o trabalho das supersecretárias

FESTA DE CAMPEÕES A final do prêmio EY em Mônaco MAIS CONTEMPORÂNEA DO QUE NUNCA

44

INSPIRA, EXPIRA

Vivo incentiva funcionários a meditar

Sofia Esteves e as novas gerações que chegam ao mercado 34

PESSOA (JURÍDICA) DO BEM

Empresas B querem lucro e também propósito

PODER VIAJA MOTOR

Alguns dos melhores e mais luxuosos iates do planeta COZINHA DE PODER HIGH-TECH CULTURA INC. UNIVERSO PARTICULAR ESTANTE CARTAS ÚLTIMA PÁGINA

FÁBIO BIBANCOS E JOSÉ RICARDO MUNIZ POR ROBERTO SETTON

NA REDE: /Poder.JoycePascowitch @revistapoder @revista_poder

FOTO MAURÍCIO NAHAS

8 10 14



PODER JOYCE PASCOWITCH

DIRETORA-GERAL JOYCE PASCOWITCH

PUBLICIDADE MULTIPLATAFORMA Rafaela F. Pascowitch (gestora)

joyce@glamurama.com

rafaela@glamurama.com

EDITORA-EXECUTIVA Márcia Rocha

Kelly Staszewski

marcia@glamurama.com

GERENTES MULTIPLATAFORMA

kelly@glamurama.com

Roberta Bozian

REPORTAGEM Fábio Dutra

robertab@glamurama.com

DIRETORA DE ARTE Emanuela Giobbi

beatrizvasco@glamurama.com

fabiodutra@glamurama.com manugiobbi@glamurama.com EDITOR DE ARTE

David Nefussi

davidn@glamurama.com EDITORES DE ARTE ASSISTENTES

Jairo Malta

jairo@glamurama.com

Jefferson Gonçalves Leal

EXECUTIVAS MULTIPLATAFORMA

Beatriz Vasco

Maria Luisa Kanadani

marialuisa@glamurama.com Rio de Janeiro: Michelle Licory (MKT e Conteúdo) michelle@glamurama.com

publicidade@glamurama.com – tel. (11) 3087-0200 MARKETING Carol Corrêa (gestora) carolcorrea@glamurama.com

jeffersonleal@glamurama.com FOTOGRAFIA

Aline Belonha

victor@glamurama.com

anabelly@glamurama.com

aline@glamurama.com

Victor Martinez

Anabelly Almeida

Claudia Fidelis (tratamento de imagem) PRODUÇÃO Meire Marino (gestora)

Mayara Nogueira

Ana Elisa Meyer (produtora-executiva)

assinaturas@glamurama.com – tel. (11) 3061-9548

meiremarino@glamurama.com anaemeyer@glamurama.com

Wildi Celia Melhem (produtora gráfica) celia@glamurama.com

Inácio Silva (revisão) Luciana Maria Sanches (checagem) COLABORADORES Adriana Nazarian, Aline Vessoni, Amanda Amaral, André Giorgi, Antonio Mammì, Bruna Bertolacini, Bruna Guerra, Carol da Mata, Chico Felitti, Fernanda Bottoni, Fernanda Grilo, Giovanna Balzano, Guilherme Abdalla, José Rubens D’Elia, Luna Nigro, Maurício Nahas, Paulo Freitas, Paulo Vieira, Pico Garcez, Roberto Setton

mayara@glamurama.com

Tânia Belluci

tania@glamurama.com

ADMINISTRAÇÃO E FINANÇAS Clayton Menezes (gestor) clayton@glamurama.com

Heberton Gonçalves

heberton@glamurama.com

Hércules Gomes

hercules@glamurama.com

Núbia Dias

nubia@glamurama.com

Renato Vaz

renato@glamurama.com

DISTRIBUIÇÃO EM BANCAS: Distribuída pela Dinap Ltda. Distribuidora Nacional de Publicações, Rua Dr. Kenkiti Shimomoto, 1.678, CEP 06045-390 – Osasco – SP CTP, IMPRESSÃO E ACABAMENTO: Stilgraf Artes Gráficas e Editora Ltda. REPRESENTANTES DE PUBLICIDADE Belo Horizonte: Norma Catão - tel. (31) 99604-2940 Brasília: Front Comunicação - tel. (61) 3321-9100 Fortaleza: Aurileide Veras - tel. (85) 99981-4764 Porto Alegre: HRM Representações - tel. (51) 3231-6287 GLAMURAMA EDITORA LTDA. DIRETORES: Joyce Pascowitch e Ezequiel Dutra CONSELHO CONSULTIVO: Silvio Genesini, Moshe Sendacz e Fábio Dutra Rua Cônego Eugênio Leite, 282, Jardim América, São Paulo, SP - CEP 05414-000. Tel. (11) 3087-0200



O

Brasil é mesmo um país bipolar. Enquanto um deputado em pleno exercício do mandato se ocupa em coletar uma mala de dinheiro de propina, num exercício de manutenção das piores práticas do passado, na outra ponta há gente que olha o futuro e até tenta se antecipar a ele. É nessa ponta que está a dupla de dentistas Fábio Bibancos e José Ricardo Muniz Ferreira: os dois colocaram suas fichas em um banco de células-tronco extraídas da polpa dos dentes de leite. Um dos grandes objetos de estudo da ciência atual, essas células servem de matriz para várias outras e podem “virar” praticamente qualquer parte do corpo. Sofia Esteves, uma das maiores experts em RH do país, é outra que enxerga longe e há décadas identifica o mood de quem está chegando ao mercado de trabalho. As relações profissionais, aliás, nunca mudaram tanto quanto agora – pergunte a qualquer representante das geração dos millennials, ou Y (o pessoal que nasceu entre os anos 1980 e 1990), se ele aceita trabalhar só por dinheiro, sem uma causa, como se diz. É disso também que se ocupam as chamadas empresas B, que têm seus resultados medidos não só pelo lucro, mas também e principalmente pelo impacto socioambiental. No Brasil já há mais de 80 companhias desse tipo. Outro que também é ligado nessa história de ter uma causa – ele é da geração Y, inclusive –, é Renato Goés, o doutor Renato Reis da supersérie global Os Dias Eram Assim. O ator pernambucano, que foi clicado por Maurício Nahas, sabe muito bem aonde quer chegar e tem os pés fincados no chão. Agora, se o negócio é sair um pouco da realidade, vá direto dar uma olhada nos barcos incríveis da seção Motor ou na viagem no Royal Clipper, um dos maiores veleiros do mundo. Agora, sim, o navegar é preciso faz muito mais sentido.

G L A M UR AM A . C O M



COLUNA DA JOYCE FOTOS PEDRO LADEIRA / FOLHAPRESS; GETTY IMAGES; ANTONIO CRUZ / AGÊNCIA BRASIL; LULA MARQUES / AGÊNCIA PT; PAULO FREITAS

Os bastidores da política e dos negócios. As novidades e tendências que estão por trás da notícia

NINHO

Nem São Paulo nem Salvador: assim que sair da cadeia, no fim de 2017, MARCELO ODEBRECHT não deve se instalar em nenhuma de suas residências fixas nas duas cidades. Ele deve, sim, cumprir a prisão domiciliar em uma casa de praia da família, na Bahia, mais afastada de tudo e de todos, com mais privacidade para ele, sua mulher e suas filhas.

ESTILO

Polêmicas à parte, RAQUEL DODGE, que deve substituir Rodrigo Janot na chefia da Procuradoria-Geral da República em setembro, trouxe de volta a Brasília algo que não se via há muito tempo na região da Praça dos Três Poderes: a elegância.

resta um

Na lista de visitas que o expresidente FERNANDO HENRIQUE CARDOSO recebe meio às escondidas no apartamento dele no bairro de Higienópolis, em São Paulo, está incluído o presidente MICHEL TEMER.

10 PODER JOYCE PASCOWITCH

TERREMOTO

Pelo menos um grande empresário paulista pode causar ainda mais complicações ao governador de Minas Gerais, FERNANDO PIMENTEL. Em tratativas de delação para não sofrer punições antes de ser instaurada a investigação formal, a exemplo do que fizeram os irmãos Batista, da JBS, o empresário teria dito que Pimentel fazia com ele algo semelhante ao que Aécio Neves fazia com Joesley Batista – exemplo que o próprio delator usou.


FOTOS DANIEL ARATANGY; VALTER CAMPANATO / AGÊNCIA BRASIL; DIVULGAÇÃO; HENRY HARGREAVES / DIVULGAÇÃO; ROMEO BALANCOURT / DIVULGAÇÃO

VITAMINA

Avesso a qualquer coisa que não seja trabalho, o cardiologista ROBERTO KALIL FILHO, médico de nove entre dez poderosos do Brasil, tirou suas tradicionais férias de julho com suas duas filhas para ir a Amsterdã – escolha delas, claro. É bem verdade que férias a Kalil não duram mais do que quatro dias, mas ele aproveitou para passar 7 de julho, seu aniversário, por lá.

ESTRANGEIRO

Definitivamente não se pode incluir o ex-ministro GEDDEL VIEIRA LIMA, preso na Operação Greenfield da Polícia Federal, na turma da Bahia. Ele sempre morou em Brasília e nunca foi bem-visto pela panelinha dos poderosos de Salvador. Aliás, ele era considerado fanfarrão demais – numa terra em que isso não é exatamente tratado como defeito.

NOVOS TEMPOS

Pouca gente notou o que está por trás dos novos movimentos de compras da Natura: os três sócios-fundadores – Luiz Seabra, Guilherme Leal e Pedro Luiz Passos – voltaram ao dia a dia da empresa.

FAROL

Os brasileiros que costumam frequentar Mykonos durante o fervido verão europeu vão ter uma oportunidade única neste ano. O mais famoso chef japonês do mundo, NOBU MATSUHISA, ele mesmo, comandará os jantares no restaurante que mantém no hotel Belvedere, um dos top da ilha grega. Isso acontece entre os dias 18 e 22 deste mês. Vale lembrar que o chef Nobu não costuma dar o ar da graça em nenhum dos muitos restaurantes que tem pelo mundo – Nova York, Los Angeles, Londres, Milão etc. PODER JOYCE PASCOWITCH 11


ROTA DO CHÁ

Com a total impossibilidade de manterem contas bancárias em paraísos fiscais, alguns milionários brasileiros já estão tratando de encontrar outros locais onde o sigilo possa ainda ser mantido. Uma turma debandou com seus milhões de dólares para Dubai e adjacências. Já os que não têm afinidade com os países árabes escolheram outro destino: uma ilha na África.

3 PERGUNTAS PARA... Qual a importância da lei de repatriação e qual a vantagem para o investidor ao trazer os recursos de volta num ambiente de crise econômica e insegurança jurídica? Ela é muito importante. Do lado do governo é uma importante fonte de receita, na primeira fase foram arrecadados R$ 50,9 bilhões. Do lado dos cidadãos, uma forma segura para a regularização dessas situações muitas vezes geradas de forma involuntária ou motivada pela insegurança do próprio país. Quanto às vantagens, atuando na gestão jurídica de patrimônio há vários anos, me vi muitas vezes diante de situações em que determinado cidadão pretendia regularizar a situação de ativos não declarados no exterior e nós não tínhamos uma solução jurídica para tal. Ainda que encontrássemos uma solução do ponto de vista tributário, sempre restava o risco no campo criminal. A lei da repatriação traz uma solução tanto no âmbito tributário como também no criminal. A crise econômica não oferece risco adicional aos aderentes da lei da repatriação, a adesão à lei da repatriação não implica repatriar bens, mas declará-los. Eles podem continuar integralmente no ex-

12 PODER JOYCE PASCOWITCH

terior, longe da crise econômica local. No que se refere à insegurança jurídica, é fato que a lei da repatriação e o nosso próprio sistema jurídico têm seus riscos, mas a adesão ou não à lei é uma questão de definição do tamanho do risco a se enfrentar. O risco de enfrentar questionamentos futuros dentro de um sistema jurídico naturalmente instável é muito menor para aqueles que aderirem à lei da repatriação. O senhor é a favor de que novas “edições”, digamos assim, da lei sejam feitas para que mais recursos sejam repatriados? Muitos países já reeditaram vários programas similares, alguns têm programas permanentes para a regularização, uma espécie de denúncia espontânea. Penso que a reiterada edição de programas dessa natureza não é o mais recomendável, já que ela incentiva a manutenção da irregularidade, sempre na esperança de que virá um programa melhor no futuro. Sou adepto, no entanto, do estabelecimento de normas claras, tanto no âmbito criminal como tributário. É importante que o nosso ordenamento estabeleça norma clara que auxilie a autoridade fiscal na aplicação da penalidade e, ao mesmo tempo, oportunize a autorregularização a qualquer tempo.

Dos mais de 200 casos que o senhor conduziu, há algum particularmente curioso, seja pelo montante em questão, seja pela história de como esse dinheiro foi parar lá fora? O atendimento a clientes da lei da repatriação me mostrou que a regularização de bens exige também muita reflexão emocional. Uma passagem curiosa foi a regularização de licenças de táxi em Nova York. Os três clientes que me procuraram tinham herdado essas licenças do bisavô, que tinha sofrido as agruras da guerra e dizia: “Independentemente do país que vocês elegerem para viver com suas famílias, tenham sempre uma licença de táxi em Nova York e recursos suficientes para, numa emergência, migrar para lá” . É óbvio que o bisavô também falava que esses bens eram uma reserva para contingência e não deviam ser informados a terceiros; os bisnetos, por sua vez, estavam diante da necessidade de aderir à lei da repatriação. O final dessa história está no meu livro Crônicas da Lei da Repatriação.

FOTOS DIVULGAÇÃO; ISTOCKPHOTO.COM

NEREU DOMINGUES, advogado, contador, professor de governança corporativa e direito societário e autor do livro Crônicas da Lei da Repatriação e os Segredos para Investimentos Seguros e Rentáveis no Exterior


EM JULHO, A MULHER E O HOMEM DE PODER VÃO...

FOTOS DIVULGAÇÃO; ISTOCKPHOTO.COM; SERGIO B. CARVALHO / DIVULGAÇÃO; PIERRE MONETTA / DIVULGAÇÃO

• Jantar no LE GRILL, um dos mais tradicionais restaurantes de Mônaco, frequentado até por Winston Churchill e que acaba de ser reinaugurado no Hôtel de Paris Monte-Carlo. Não sem antes tomar um drinque no Aquarama Riva Bar, no rooftop do Yacht Club

• Pesquisar sobre teatro grego para chegar ao BELMOND GRAND HOTEL TIMEO, em Taormina, com a história na ponta da língua

• Conferir a mostra de Modigliani na Tate Modern de Londres – quem não ama? • Se inteirar mais sobre a obra do dramaturgo alemão Heinrich von Kleist, a começar pelo magistral livro sobre teatro de marionetes

• Reunir os amigos nas noites frias para assistir a filmes de BRUCE LEE

• Visitar finalmente Alto Paraíso, em Goiás, e descobrir por que o destino é o preferido de tanta gente descolada

• Conhecer a instalação do americano James Turrell no resort Aman, em Porto Heli, à beira do Mar Egeu.

• Assistir a MARIA BETHÂNIA, que, elegante e delicada como nunca, emociona com um espetáculo forte e repleto de poesias

Para escrever uma boa carta de amor, devese começar sem saber o que dizer e terminar sem saber o que se acabou de escrever JEAN-JACQUES ROUSSEAU com reportagem de fábio dutra PODER JOYCE PASCOWITCH 13


SISO

DENTES PRA QUE TE QUERO

José Ricardo Muniz Ferreira


Fábio Bibancos e José Ricardo Muniz Ferreira resolveram ir além de cuidar do sorriso de seus pacientes e se uniram para apostar em uma nova vertente da medicina e da odontologia: células-tronco extraídas da polpa dos dentes de leite. Como elas são uma espécie de matriz para vários outros tipos de célula, podem representar uma verdadeira revolução na área da saúde por márcia rocha fotos roberto setton

Fábio Bibancos


F

ábio Bibancos e José Ricardo Muniz Ferreira são dentistas. O primeiro é odontopediatra e outro, periodontista. Seguiram rumos diferentes na carreira, em cidades e estados diferentes, inclusive. Porém, quando se encontraram, em 2015, perceberam que sua trajetória profissional tinha muito mais a ver do que poderia parecer a princípio. Comecemos por Fábio Bibancos, que tem clínica em São Paulo e abriu uma no Rio de Janeiro há cinco anos. Conhecido por atender a empresários e famosos – que prefere chamar de “célebres” e de quem não revela o nome a menos que os próprios tomem a iniciativa –, esse paulistano de 53 anos, que, este mês, recebe o título de doutor honoris causa pela Universidade Católica de Brasília (UCB) tem muitos motivos para sorrir. Um deles é a longevidade de seu Instituto Bibancos de Odontologia, que, em 2017, completa 30 anos de atividade com direito a um livro que conta a história da clínica e depoimentos carinhosos de quem costuma frequentar sua cadeira (leia boxe "Álbum de Recordações"). Desde que começou a atender, Bibancos sempre teve como princípio só propor tratamentos que faria em seu próprio filho (ele tem um, aliás: Bernardo Bibancos, de 19 anos, que é ator). Também se deu conta da importância do tripé tempo/medo/dinheiro na relação entre dentista e paciente. “Por conta do dia a dia complicado, muita gente não tem possibilidade nem disposição para vir muitas vezes ao consultório”, diz ele, que criou o Day Clinic com a proposta de liquidar o assunto no menor tempo possível. Outra coisa que Bibancos sempre fez – e que acabou se tornando uma espécie de marca registrada e também uma vantagem competitiva – é atender em horários improváveis. “Começo às 13 horas e vou até bem tarde”, conta ele, que tem uma agenda em que não é difícil encontrar consultas marcadas às 23 horas ou mesmo mais tarde – ou mais cedo, dependendo do ponto de vista. “Muita gente também tem pavor de ir ao dentista e, vamos combinar: é chato mesmo. Até eu mesmo acho”, diz com seu jeito direto e despachado. Para resolver essa parte, tratou de humanizar seu espaço de trabalho e de deixar a clínica com uma pegada de “entre e sinta-se em casa”. Esqueça aquela história de sala de espera feia e apertada com revistas velhas, a casa que abriga o Institu-

16 PODER JOYCE PASCOWITCH

“Muitos de meus pacientes não têm disponibilidade nem disposição para vir muitas vezes ao consultório. Por isso, criamos o Day Clinic: para fazer tudo no menor tempo possível” (Fábio Bibancos)



to Bibancos de Odontologia e o escritório que gerencia todas as operações da Turma do Bem (leia boxe abaixo), fica na Vila Mariana, bairro da zona sul de São Paulo, tem jardim interno, pé-direito alto, vários ambientes, decoração despojada e ambiente acolhedor. O paciente fica na cadeira o estritamente necessário. Na hora de ouvir as propostas de tratamento, por exemplo, vai para uma sala com paredes coloridas e uma enorme tela de TV onde são projetadas as imagens dos resultados que se pretende atingir. O bate-papo também pode ser na cafeteria, no jardim ou em qualquer outro espaço da clínica. O capítulo dinheiro, que costuma ser limitador para muita gente, é resolvido com planos de pagamento dis-

POR MUITO MAIS SORRISOS

cutidos caso a caso. Mas, é imporante dizer, Bibancos nunca foi adepto de uma prática relativamente comum entre profissionais que atendem a pessoas conhecidas: a “permuta”, em que o tratamento sai de graça ou praticamente isso e, em troca, o paciente vira uma espécie de garoto-propaganda. “Quando a pessoa não paga, não dá valor. Já cansei de ver meus amigos do teatro que têm permuta em restaurantes, por exemplo, escolherem lugares em que pagam a conta quando vão comemorar alguma data especial como aniversário”, diz. A única exceção que Bibancos que faz na planilha de pagamento é na Turma do Bem, projeto social criado por ele que já atendeu a mais de 70 mil jovens.

Corria o ano de 1995. Bibancos tinha acabado de lançar o livro Um Sorriso Feliz para Seu Filho (Editora CLA) e começou a dar palestras sobre prevenção em escolas particulares e públicas. Nas públicas, as mães vinham agradecer no fim e, meio constrangidas, pediam: “Será que o senhor poderia dar uma olhada na boca do meu filho?". A organização social Turma do Bem – ou TdB – nasceu assim: Bibancos começou a atender ele mesmo essas crianças e a convocar amigos a fazer o mesmo. Hoje, o Dentista do Bem, que é o principal projeto da TdB, tem mais de 17 mil dentistas cadastrados no Brasil e em mais 14 países da América Latina e também em Portugal, e já atendeu a mais de 70 mil jovens entre 11 e 17 anos. Segundo Bibancos, 85% dos dentistas do bem são mulheres de 30 a 40 anos que já têm a carreira consolidada. Ele conta que não só os dentistas contribuem para o projeto, mas seus pacientes também. Cada um entra com seu trabalho: os atores divulgam, os jornalistas escrevem o material impresso e assim por diante... "Eu não entendo a indústria da beleza, que não patrocina o sorriso. Sabe qual é a primeira coisa que as meninas fazem quando saem daqui com os dentes arrumados? Passam batom."

18 PODER JOYCE PASCOWITCH


CÉLULA VAI COM AS OUTRAS

Simplificando bastante, a célula-tronco é uma espécie de matriz, de chave-mestra celular e tem capacidade de se transformar em outras célula-tronco ou de se diferenciar em outros tipos de célula. As extraídas da polpa do dente de leite, por exemplo, podem "virar" músculos, pele, ossos, tecido cardíaco, nervoso etc. No caso de adolescentes e de adultos, é possível usar os dentes do siso. Entre as terapias realizadas ou em fase final de testes estão enxertos em queimaduras, regeneração da córnea e de lesões ósseas, entre outras. Também há pesquisas em andamento para tratamento do câncer, autismo, Alzheimer e diabetes tipo 1, só para citar alguns exmplos. Ou seja, temos uma revolução na saúde a caminho.

“A medicina regenerativa não fala só de longevidade, mas de qualidade de vida” (José Ricardo Muniz Ferreira)

ALMA DE PESQUISADOR Mais circunspecto, mas não menos entusiasmado com o que faz, o carioca José Ricardo Muniz Ferreira, de 48 anos, passou grande parte de sua vida em Vitória, no Espírito Santo. Antes de entrar na faculdade de odontologia, cursou três anos de biologia. “Na época, estamos falando de 1989, o biólogo tinha dois caminhos: virava professor ou ia trabalhar em uma empresa, em alguma atividade relacionada a impacto ambiental, por exemplo. Não era exatamente o que eu queria.

Sempre pensei em fazer algo entre clínica e pesquisa, minha paixão. Acabei me decidindo pela odontologia por causa do meu padrinho, que era dentista”, lembra. Ferreira, que tinha uma clínica em Vitória e duas décadas de carreira acadêmica dando aulas em várias instituições, nunca perdeu o interesse pela pesquisa. Tanto que, em 2013, se mudou de mala e cuia com a mulher, que é ortodontista, e os três filhos (Luísa, 13 anos, Davi, 5, e Gabriel, 3) para Valinhos, no interior de São Paulo. Escolheu a cidade vizinha, Campinas, para


abrir a R-Crio, empresa especializada em isolamento, expansão e criopreservação de células-tronco extraídas de dentes de leite (leia boxe "Célula Vai Com as Outras"). “Coloquei meu diploma embaixo do braço e fui atrás de investimentos. Trabalho com um grupo de pesquisadores que, assim como eu, têm a pretensão de transformar conhecimento em algo útil para a sociedade. Para mim, não existe ciência sem essa entrega. Sempre acreditei nisso”, afirma. Ferreira vem apostando suas fichas na chamada medicina regenerativa, que, segundo ele, chegou para mudar completamente o que se entende por cura e que tem nas células-tronco um de seus principais vetores. "A medicina regenerativa vai alterar totalmente a maneira como encaramos esse assunto. Se alguém, por exemplo, teve um tumor e, por conta disso, precisou passar por uma cirurgia para remover uma parte do nariz, uma orelha ou mesmo um dos olhos, como é que você devolve essa pessoa para a sociedade? Ficar curado quer dizer ganhar sobrevida ou ter a vida garantida? A medicina regenerativa não fala só de longevidade, mas também de qualidade de vida", explica Ferreira, que é membro da Sociedade Internacional

de Pesquisas com Células-Tronco (ISSCR, em inglês) e da Sociedade Internacional de Terapia Celular (ISCT, em inglês) – esta última congrega cientistas, experts em legislação, pesquisadores e parceiros da indústria, entre outros profissionais, para transformar a terapia celular em algo efetivo e seguro. Ferreira faz parte do comitê de comercialização de terapias e de regulamentação do ISCT – é o único representante brasileiro no board da entidade, aliás.

MUITO ALÉM DA ESTÉTICA Uma coisa que sempre incomodou Ferreira é gente que termina a faculdade e acaba fazendo especialização, mestrado e doutorado na mesma área e se torna um superespecialista. “Eu sempre me preocupei em experimentar, em tentar outras coisas na carreira. Me especializei em uma área base, a periodontia, depois, fiz mestrado em implantodontia, que me trouxe um olhar clínico, e, na sequência, um doutorado em ciências dos materiais, em uma faculdade de engenharia”, explica. Bibancos construiu a carreira de maneira semelhante: “Sou especialista em odontopediatria e ortodontia, que me deram o olhar sobre a face, sobre os músculos e sobre como eles se complementam no indivíduo. Depois,

“A gente extrai uma quantidade muito pequena de células do dente de leite e rapidamente consegue multiplicar isso para mais de 100 milhões de células-tronco”


“Quando as pesquisas sobre células-tronco avançarem mais, isso vai mudar completamente o papel do dentista na vida das pessoas, o convênio de saúde, a legislação, tudo!” ÁLBUM DE RECORDAÇÕES

Cheio de ilustrações, fotos e histórias, O Pequeno Palácio do Sorriso sai este semestre para comemorar os 30 anos do Instituto Bibancos de Odontologia. De globais a empresários e executivos, vários pacientes deram seu depoimento. A obra, aliás, é um presente do artista plástico Lúcio Carvalho, paciente que, como vários outros, acabou se tornando amigo de Bibancos.

fiz mestrado em saúde coletiva, que me deu essa abordagem mais geral”, compara. É mais ou menos nesse ponto que a carreira deles converge, já que os dois se uniram para se tornar promotores de saúde. E foi graças à insistência da coordenadora da Turma do Bem, no Espírito Santo, que se conheceram. Bibancos conta que só se deu conta da dimensão do que Ferreira fazia quando conheceu a R-Crio. "Imagine o seguinte: a mãe traz o filho ao consultório, eu extraio o dente de leite dele e tenho células-tronco dessa criança para o resto da vida. Essa pode ser a solução para qualquer problema de saúde que ela venha a ter no futuro. Quando as pesquisas avançarem mais, isso vai mudar completamente o papel dos dentistas na vida das pessoas, vai mexer com os convênios médicos, com a legislação, com tudo!", entusiasma-se Bibancos. Ferreira completa: “A gente extrai uma quantidade muito pequena de células do dente de leite e rapidamente consegue multiplicar isso para mais de 100 milhões de células-tronco”. Ou seja, como diz o próprio Bibancos, o poder disso é gigante. O sonho é enorme e não se limita às clínicas de Bibancos ou aos jovens atendidos em seu projeto social. A ideia é que ninguém mais tenha motivos para deixar de sorrir – por falta de dentes e por falta de saúde. n PODER JOYCE PASCOWITCH 21


PODER INDICA

A tecnologia e o aumento dramático da capacidade computacional vêm transformando a economia global numa velocidade nunca vista. A chamada Quarta Revolução Industrial traz para as empresas riscos – e oportunidades – enormes. Nesse mundo em que tudo se conecta, em que 50 bilhões de “coisas” vão estar

em rede em três anos, em que bastam 35 dias para uma nova tecnologia alcançar 50 milhões de usuários, deve-se saber como obter vantagens competitivas em meio às incertezas. Hoje, fala-se muito em risco digital, mas erra quem pensa que o assunto se restringe, por exemplo, a ataques de hackers. Para a EY, que

vem discutindo com seus clientes o conceito de “confiança digital”, uma ampla gama de riscos externos, até mesmo uma resposta lenta e inadequada a uma postagem nas redes sociais, pode impactar os negócios. “A primeira coisa que vem à mente é algo da área de cibersegurança, mas há que se con-

FOTO ISTOCKPHOTO.COM

DA INCERTEZA PARA A CONFIANÇA


“As empresas precisam manter uma função robusta e ágil de conscientização de riscos que proporcione autonomia e seja potencializada pela inovação. Isso requer competências e ferramentas especializadas para acompanhar o ritmo das rápidas mudanças da atualidade” - EY siderar todas as variáveis externas a que as empresas estão expostas até o surgimento de concorrentes de outro setor”, diz Rene Martinez, sócio-líder de Consultoria de Riscos da EY Brasil. Não é preciso muito esforço para listar diversas empresas de tecnologia ou de e-commerce que modificaram setores inteiros – hotelaria, transportes e varejo, só para citar alguns –, a ponto de ameaçar a existência de players tradicionais. Para Martinez, com a instauração de padrões e de processos de confiança digital, é possível prever problemas e, mais, ter velocidade e

assertividade para escolher as melhores soluções. “Recentemente, um empresário com escritório na avenida Paulista, em São Paulo, me perguntou como agir em períodos de convulsão social. A incerteza é o maior problema que uma organização enfrenta. É preciso transformála em confiança.” Uma empresa cria valor se souber somar à rápida identificação e comunicação de riscos a visão preditiva e de análise de cenários. Eis a fórmula poderosa que pode ajudar as empresas a navegar no século 21. WWW.EY.COM.BR/DIGITALTRUST

Performance dos negócios

Confiança para seguir em frente

Confiança digital

Gestão de performance direcionada pela inteligência de riscos

Foco expandido Percepção de risco e melhoria de performance

Gestão de riscos básicos Identificar e relatar riscos

VProteção de valor

Práticas líderes • Integrar o processo de gestão de riscos com a gestão de performance • Centrar o foco na percepção de riscos para níveis gerenciais • Usar a percepção de risco para promover a criação de valor • Reduzir a incerteza por meio de visões preditivas e análise de cenários • Equilibrar o foco entre o resultado da estratégia digital com compliance

Foco histórico • Estabelecer processos de avaliação e identificação de riscos, que sejam independentes da gestão do desempenho e das operações • Manter o foco em prover a visibilidade dos riscos para a liderança e o conselho • Centrar o foco na avaliação das exposições atuais com base em perspectivas históricas • Centrar o foco em compliance

Criação de valor


OLIMPO

olimpo OLIMPO

por guilherme abdalla ilustração bruna bertolacini

APalavra RODA DA forte FORTUNA

por guilherme abdalla

Quem não se comunica, se trumbica, por guilherme abdalla diria Abelardotúlio Barbosa, o Chacrinha. ilustração fagim Se a frase já fazia sentido naquela época, hoje parece ainda mais acertada. Estamos em janeiro de 1793, LuísA rede é oestá tecido de nossa exis16,vida rei em da França, preso na Torre tência – e a tecnologia da informação, do Templo, esperando para ser execuum Ados grandes do potado. realeza estácombustíveis abolida, seu modo der. Da mesma forma que o uso de viver foi liquidado e tudo que eleda energia elétrica foi a forçaperdeu que impulaprendeu simplesmente o sionou a Era Industrial, hoje o poder sentido. O julgamento de Luís éCapeto, da comunicação Era11da nome “civil” de Luísque 16, domina começoua em Informação. O sociólogo espanhol Made dezembro de 1792. A primeira quesnuel Castells, um dos principais pensatão que se colocou era: como julgar um dores de nossa época, fala bastante sorei que, segundo a Constituição então bre essa nova forma de poder baseada aplicável, está acima da lei, da Justiça e no fluxo instantâneo de informação, dos poderes do próprio tribunal? Não de capital e de comunicação cultural. tardou para que a convenção passasse Segundo Castells, três processos sobre tudo: “Luís, o povo francês acuindependentes se uniram no fim do sésa-vos de ter cometido uma série de culo 20 para inaugurar uma nova forma crimes para estabelecer a vossa tirania, de estrutura social. Primeiro, a econodestruindo-lhe a 5liberdade”. No século a.C.mais um grupo de crian- poderia ser descoberto. mia passou a exigir flexibilidade Durante a votação, ouviu-se Depois de idas e vindas, Édipo e ças está ajoelhado nos degraus administrativa e globalização do(Gecapi-da orges Jacques) Danton, advogado seus conselheiros finalmente perceentrada do palácio do líder da nação. tal, da produção e do comércio. Depois, e político que se destacou por sua bem que, por ironia de certo destino, Querem entender o porquê da onda vieram as demandas da sociedade, em atuação nos estágios iniciais da ReOs processos revolucionários se a resolução do enigma estava muito mortífera que golpeia a cidade, a morque a liberdade individual e a comunivolução Francesa, lançar do alto da sucedem, mas não se assemelham. Os mais perto do que imaginavam. É que, te dos rebanhos, as pragas nos frutos e cação aberta se tornaram supremos; nossa intimidade. Eis o dilema: somos tribuna: “Peço convenção para se primeiros acusados ser julgados são sem saber, Édipo matara o próprio infertilidade das mulheres. O chefe e, apor fim, os àavanços possibilitados tão dependentes doafluxo informaciopronunciar sem demora sobre a sorsempre os representantes do regime pai, Laio, e desposara a mãe, Jocasta, de estado, Édipo, que havia livrado pela revolução microeletrônica. Sob nal que, mesmo sabendo que às vezes condenando ao infortúnio súditos anteriores, teessas deseus Luís”. No de ano seguinte, seria depois,seu vêmpaís os contrarrevocondições, adesgraças internet, uma tec- deposto; somos manipulados por quem detém até que a desonra fosse desfeita. Ao não encontra resposta entre os hoa vez do próprio Danton se sentar lucionários seguidos pelos revolucionologia até então obscura e sem muita o poder dentro desse fluxo, não ousafinal, Édipo é condenado. mens, mas numa ordem do deus Aponoaplicação banco dos réusdos e ser condenado pouco aexaltados ouodesviacio– além mundos isolados nários mos pregar revolta. Se fizermos, Essa história foi contada por Sólo: “Limpar a imundície que corrom- nistas. em processo que durou quatro A Revolução Francesa mandou deum cientistas, hackers e comunidades estaremos marginalizados. focles em Édipo Rei, uma das sete pe este país e não deixá-la crescer até dias. Do alto do–,cadafalso, de homens ao está cadafalso por contraculturais tornou-se aDanton alavanca milhares Portanto, se o leitor desoriendas 120 peças que o filósofo grego que se torne inextirpável”. Para livrar teria dito ao carrasco quenova seusforma ini- motivos bastante Mas, na transição para a nossa tado e acha que vive diferentes. em tempos confuescreveu e quetodos restaram intactas. povo dadestruídos maldição, Édipo deveria aparentemente, migos em pouco deseu ser:seriam a sociedade em rede. sos, não se desespere. Ossucumbiram paradigmas Seu conhecimento da natureza huencontrar e punirmais o assassino de Laio, à própria tempo. Três meses tarde, seus noção poder, principalO problema é que, assim como Es- intelectuais quedeusamos para commana extrapola os palcos e nos faz seu antecessor no governo e então principais acusadores (Maximilien ao odesejo inquietante se tados-nação perdem fronteiras, nós, mente preender que acontece a nossade volta pensar se o Brasil está condenado marido de Jocasta, sua atual esposa. de) Robespierre e (Louis Antoine de sua responsabilidade pes- à com essa necessidade extrema de es- proteger foram determinados em circunstânSegundo Apolo, a tarefa seria traumá- maior crise já vivida até que a desonde) Saint-Just, também seguiram líderes não tinham restarmos sempre conectados, acabamos soal cias(muitos diferentes e dificilmente podem tica, mas o culpado estava por perto e ra de seus líderes seja encarada de para a guilhotina. serem deuses ou se perdendo nossos próprios contornos, ponsabilidade dar conta depor entender o momento 24 PODER JOYCE PASCOWITCH 84 poder joyce pascowitch

frente. Com ou sem intenção, assistimos ao assassinato político da presidente Dilma Rousseff; com ou sem bases sólidas, vimos uma pequena confundirem compaís o próprio reabilitação do e, comEstado ou sem– l’état c’est moi, como proclamou cegueira deliberada, sabemos que presente. Fundamentos isoladosLuís do 14). De alguma forma, pretenderam não haverá nova derrocada somente passado, aprendidos nas antigas saestar acima da carteiras ordem jurídica se de descortinarmos de vez a fonteaplide las aula com enfileiradas, todo o mal, de toda a imundície que cável a todos os demais. Em 21 de janão dão conta de explicar o poder em está por perto desde o início. Édipo neiro de 1793, Luís 16 foi conduzido rede. Esses são, de fato, tempos con-à teve honra de encarar seu guilhotina acoragem roda poder avançou turbados. Eeese tiverdo dúvidas, não prodestino para salvar seu povo. Nosmais umrede. dente. cure na Seja a rede. n sos líderes terão? n Guilherme Abdalla Guilherme Abdalla Guilherme é advogado advogadoAbdalla ee mestre mestre éem advogado filosofiaeemestre teoria em filosofia filosofia ee teoria teoria geral do Direito direito geral do Direito pela USP. Para ele, o USP. Para ele, ele, pela USP. Para poder é a essência de essência otodas poderaséérelações aa essência as relações relações de todas as

poder joyce pascowitch 57

ILUSTRAÇÃO ISTOCKPHOTO.COM foto divulgação

foto divulgação

ÉDIPO PARA PRESIDENTE


ESPELHO

DOCE HISTÓRIA DE SUCESSO O melhor dos sentimentos move a Amor aos Pedaços, que completa agora 35 anos “distribuindo amor”, como gosta de dizer a sócia SILVANA ABRAMOVAY MARMONTI. Em 1982, quando surgiu a primeira loja da rede, não existia lugar onde se pudes-

se comer uma fatia de bolo sem pagar por ele todo ou mesmo um brigadeiro sem levar para casa uma centena desses doces. A ousada estratégia de vendas para a época foi pensada por IVANI CALAREZI, a outra sócia da empresa, que assim inventava um con-

ceito. Ivani gosta de dizer que poderia ficar eternamente enfurnada na cozinha não gostasse tanto de estar em contato com a clientela. “Adoro conversar”, diz. É esse contato direto com o consumidor que Silvana incentiva seus franqueados a ter. Dessa maneira, a marca entende velozmente anseios e desejos de sua clientela em todo o Brasil. Há anos, Silvana e Ivani criaram uma linha ampla de doces dietéticos e, seguindo as tendências das dietas atuais, também se preocuparam em criar produtos sem glúten e sem lactose. “O comportamento do cliente muda muito. Hoje, eles estão mais exigentes, com mais pressa”, conta Silvana. De todos os produtos da Amor aos Pedaços, o bolo de brigadeiro, o pão de mel e o bem-casado são praticamente marcas distintivas. Já o sugestivo bicho-de-pé, docinho que leva leite condensado e gelatina, foi inventado e patenteado por Ivani. A brincadeira é que se é impossível deixar de coçar quando a gente pega bicho-de-pé, uma vez que se começa a comer o doce bicho-de-pé não dá mais para parar. A dupla já foi dona de dez lojas, mas, atualmente, possui apenas três. Há ainda 52 estabelecimentos franqueados. Cada unidade é responsável pelo acabamento dos produtos, e para garantir que o processo seja idêntico em todas as lojas há grande esforço em capacitação e treinamento. “O que se come em São Paulo é exatamente o que se come em Manaus”, diz Silvana. n

por aline vessoni foto amanda amaral PODER JOYCE PASCOWITCH 25


Rocha Loures e Michel Temer em tempo de mais altivez, na fase prĂŠ-Joesley

34 PODER JOYCE PASCOWITCH


PORTA-MALAS

Diz-me com quem andas RODRIGO ROCHA LOURES, O HOMEM DA MALA, ATIÇOU A CURIOSIDADE DO PAÍS INTEIRO SOBRE SUA TRAJETÓRIA, MAS ELE NÃO É O PRIMEIRO COADJUVANTE DO CÍRCULO PRESIDENCIAL A DAR O QUE FALAR por fábio dutra

FOTO PAULO LISBOA / GETTY IMAGES

O

Brasil assistiu pela televisão, na noite de 18 de maio, à inacreditável cena gravada pela Polícia Federal dias antes: o deputado federal Rodrigo Rocha Loures saindo correndo de uma pizzaria arrastando uma mala com R$ 500 mil entregues por um preposto do empresário Joesley Batista. Depois, ao se tornar corruptor, Loures disse em delação premiada que o dinheiro seria destinado ao presidente Michel Temer. Espanto geral pelo teor da denúncia e suas implicações políticas – logo passou-se a especular sobre uma deposição ou até uma eventual renúncia do mandatário. E também surgiu a curiosidade: quem é Rocha Loures? Apesar de desconhecido da maioria do país, ele não era exatamente um novato na política. Já tinha sido eleito deputado federal pelo Paraná, em 2006, e perdido uma

eleição para vice-governador, em 2010, para a chapa encabeçada pelo atual governador Beto Richa. Em 2014, foi candidato novamente a deputado federal e não se elegeu, mas garantiu vaga como suplente. Com a nomeação de Osmar Serraglio para o Ministério da Justiça, acabou herdando a vaga. E era como deputado federal, ainda que estivesse longe de Brasília, que ele foi flagrado em seu insólito cooper. Entre as legislaturas tampouco ficou fora do jogo palaciano: foi assessor e braço direito, entre 2011 e 2014, do vice-presidente... Michel Temer. Chegou-se a aventar na imprensa que a tradicional família curitibana Rocha Loures estaria surpresa por ser citada nas páginas policiais. Ao que parece, não é bem assim. Há um choque natural por ter um ente querido investigado e espanto por ele ser Rodriguinho (Rodrigo PODER JOYCE PASCOWITCH 35


é o pai), visto como boa-praça, bom aluno, bom caráter, patrão exemplar. Temido sempre foi o pai, fundador da Nutrimental (das barrinhas de cereal Nutry) e ex-presidente da Federação das Indústrias do Estado do Paraná, que chegou a ser investigado pelo Tribunal de Contas por usar recursos da entidade para custear despesas pessoais de parentes e fazer repasses injustificados a aliados. Próximo a Ney Braga, ex-ministro da Educação do ciclo militar, Rodrigo pai achou o caminho dos contratos das merendas escolares para sua indústria alimentícia – filão que perdeu durante o governo Collor, ao ver a

braço direito de Temer, a afirmação cai como luva. Descendente de fundadores de Curitiba e de políticos importantes, presidentes de província incluídos, os Rocha Loures são trezentões, homens que estão para o Paraná como os quatrocentões para São Paulo, gente que deteve propriedade e poder local desde sempre. Apesar das particularidades da história do garoto de ouro preso pela Polícia Federal, com direito a tons anedóticos como a corridinha da propina ou o pedido de que suas madeixas fossem preservadas das navalhas dos carcereiros, o parlamentar não foi o primeiro personagem me-

mente para o imaginário popular. Tesoureiro da campanha vitoriosa do presidente Fernando Collor de Mello, PC, como ficou conhecido, passou a ver seu nome ser pincelado aqui e ali na imprensa a partir do congelamento de recursos decretado nos primeiros dias do mandato de Collor. Era na porta de PC que todos batiam para negociar facilidades com governo, mormente a liberação do dinheiro confiscado. Soma-se a isso a excêntrica vida do presidente bon vivant e de seus asseclas – que formavam a chamada República das Alagoas – e tem-se a narrativa perfeita. Com o presidente envolto em

Nutrimental protagonizar um escândalo de superfaturamento. O escândalo, portanto, não é novidade na família; o nome do filho prodígio, contudo, é, sim, motivo de lamento. Ainda mais quando estava em seu melhor momento – pelo alto cargo e por estar a ponto de dar um neta para Rodrigo I – a menina deve nascer ainda este mês. Se é certo que o deputado Rocha Loures não é novo no baralho da política, tampouco é seu clã. Já foi dito que o poder no Brasil é uma grande árvore genealógica, e, no caso do

36 PODER JOYCE PASCOWITCH

nor da política a surgir de repente como protagonista de grandes dores de cabeça para presidentes do Brasil. Novidade talvez sejam os valores nunca antes publicados: as gravações falam em R$ 480 milhões distribuídos em maletas semanais de meio milhão ao longo de 20 anos. A seguir, PODER relembra figuras que emergiram do anonimato para balançar os alicerces do Planalto.

PC Farias (governo Collor)

Paulo César Farias é outro personagem a sair das sombras direta-

escândalos, logo veio à tona que PC era quem pagava a vida de nababo que Collor levava operando um propinoduto que se valia de “cheques fantasmas”, ou seja, cujos titulares eram laranjas do esquema. Baixinho, careca e fanfarrão – ele só andava num jatinho preto, apelidado de Morcego Negro, entre outras maluquices –, PC Farias foi depor na CPI contra o governo e atirou para todos os lados. Resultado: tornou-se o bandido número 1 da nação, onipresente no noticiário, e abandonou o Brasil. Localizado na Itália, fugiu pra Bang-

FOTO ROOSEWELT PINHEIRO / AGÊNCIA BRASIL

PC Farias (esq.), o tesoureiro de Fernando Collor saiu da vida e ficou mal na história


coc, na Tailândia, onde foi preso e deportado. Fato curioso: jovem e talentoso repórter da Folha de S.Paulo, Xico Sá, hoje escritor consagrado, era o único jornalista a quem PC dava entrevistas e foi até a Ásia falar com ele em primeira mão. PC Farias foi assassinado em 1996 ao lado de Suzana Marcolino, num caso que até hoje dá o que falar.

Gregório Fortunato (último governo Getúlio Vargas)

Este talvez seja o mais famoso e mais lembrado dentre os vários micro-organismos da vida palaciana que de alguma forma sacudiram o país. Chefe da segurança do presidente Getúlio Vargas, conhecido como Anjo Negro, em agosto de 1954 ele empreendeu uma malfadada tentativa de assassinato contra Carlos Lacerda, pseudônimo Corvo, maior opositor de Getúlio em seu último mandato. O vesgo atirador enviado para a missão fez com que Lacerda aparecesse depois em cadeira de rodas, vítima de um tiro no pé (até hoje diz-se que nada o atingiu, e ele mesmo se feriu para gerar o factoide) e mais virulento do que nunca. O atentado precipitou uma crise sem precedentes que culminou com o suicídio de Getúlio, em 24 de agosto. A história digna de ópera levou o escritor Rubem Fonseca a escrever seu clássico romance Agosto, que tem Gregório como personagem central.

Ibrahim Abi-Ackel (governo Figueiredo)

Ministro da Justiça de João Figueiredo, Ibrahim Abi-Ackel emergiu como personagem do grande escândalo do país em 1983, quando um norte-americano foi preso no aeroporto de Miami ao tentar entrar no país com US$ 10 milhões em pedras preciosas sem certificação. As inves-

tigações levaram a um empresário que tinha ligações com Abi-Ackel, e a cobertura da imprensa, recémliberta da mordaça da ditadura, foi implacável. Ele conseguiu se segurar no cargo, mas seu nome caiu na boca do povo e deu muita amolação ao governo. Posteriormente inocentado, o mineiro atribuiu a virulência do noticiário às suas desavenças com Roberto Marinho, adversário declarado. Abi-Ackel sempre disse a quem quisesse ouvir que, quando ministro, criou empecilhos à importação de equipamentos para as emissoras de televisão, o que gerou a represália.

Jorge Murad (governo Sarney)

Visto como “eminência parda” do sogro José Sarney, Jorge Murad, o Jorginho, como é conhecido no Maranhão, tinha fama de ser o grande intermediador entre o presidente e o empresariado. Nunca se provou nada, mas, em 1988, com o governo combalido pela crise econômica e a superinflação, ele foi investigado pela CPI da Corrupção (no fim arquivada) por ter usado sua influência para liberar verbas do Ministério do Planejamento para a prefeitura de Pinheiro (MA). À época, o ex-ministro Aníbal Teixeira deu declarações bombásticas ligando sua saída do governo à recusa de ceder às pressões de Murad. Depois, em 2002, quando sua mulher, Roseana Sarney, era pré-candidata à Presidência da República, durante o governo FHC, ele foi preso pela Polícia Federal com mais de R$ 1 milhão em dinheiro vivo na sede de sua empresa, a Lunus, em São Luís. Os recursos eram para a campanha, mas arrecadados fora das regras da legislação. Falou-se muito que o flagrante foi encomendado pela candidatura governista, incomodada com a boa

avaliação de Roseana nas pesquisas. Não para por aí: logo após o caso Lunus, o nome dele reapareceu na boca do então presidente do Senado Federal, Ramez Tebet – o depoimento de Jorge Murad à CPI de 1988 havia desaparecido misteriosamente dos anais do Congresso.

Xico Graziano (governo FHC)

O primeiro grande escândalo do governo de Fernando Henrique Cardoso teve jeito de conspiração de novela das 6: um diplomata e um ministro da Aeronáutica pegos com a boca na botija em grampos telefônicos. Grampos armados, diga-se, por um político próximo de FHC enciumado com o controle da agenda do mandatário, e, segundo a versão oficial, com auxílio do chefe da Polícia Federal. O imbróglio era em torno da licitação para compra de equipamentos militares para vigilância da Amazônia, o projeto Sivam, e envolvia valores da ordem de US$ 1,4 bilhão. O chefe do cerimonial do Palácio do Planalto, Júlio César Gomes dos Santos, o ministro Mauro Gandra e até o próprio presidente foram alvo da arapongagem. Santos e Gandra foram pegos beneficiando a norte-americana Raytheon, ganhadora da disputa, e perderam o emprego. Dias depois reportagem da revista IstoÉ cravou que o responsável pela divulgação das escutas era Xico Graziano, então presidente do Incra, que recebeu as transcrições de Paulo Chelotti, da Polícia Federal. Graziano também saiu do governo, mas até hoje é próximo de Cardoso, tendo sido até assessor da presidência da Fundação FHC. Graziano voltou ao centro do noticiário duas vezes recentemente. Na primeira, quando a Polícia FePODER JOYCE PASCOWITCH 37


deral rastreou os boatos que circularam pela internet dando conta de que os frigoríficos Friboi seriam de propriedade de Fábio Luís da Silva, o Lulinha, filho do ex-presidente Lula. Utilizando seu computador na Fundação FHC, Daniel Graziano, filho de Xico, foi identificado como um dos propagadores da história. Xico Graziano também publicou em novembro passado, em meio à

envolvidos na ação de “um bando de aloprados”, batizando involuntariamente o caso. Um dos presos delatou ter ido ao hotel a mando de Godoy, então assessor especial da Presidência, o que levou à sua exoneração e à especulação de que fora o próprio Lula o responsável pelo envio dos aloprados. Posteriormente, Marcos Valério, já condenado por sua atuação como operador fi-

datura. Em setembro de 2010, a um mês da eleição, veio à tona a acusação de que o filho de Erenice, Israel Guerra, mantinha uma empresa de consultoria que facilitava negócios com empresas estatais mediante o pagamento de 6% do valor dos contratos conquistados. O noticiário caiu como uma bomba na campanha de Dilma em razão da proximidade com Erenice (fotografias da asses-

crise política, um artigo na Folha de S.Paulo em que conclamava pela volta do protagonismo de FHC.

Freud Godoy (governo Lula)

Papagaio de pirata de Lula desde a campanha de 1989, onipresente nas fotos do presidente em seu primeiro mandato, o guarda-costas petista virou protagonista durante a campanha de 2006. Às vésperas da campanha presidencial, alguns emissários da campanha petista foram presos em um hotel com R$ 1,7 milhão destinado a comprar um suposto dossiê contra o tucano Geraldo Alckmin, adversário de Lula. O presidente-candidato chamou os

38 PODER JOYCE PASCOWITCH

nanceiro do mensalão, em tentativa de negociação de delação premiada, chegou a indicar Freud Godoy como destinatário de cerca de R$ 100 mil que seriam para pagamento de despesas pessoais de Lula, mas o caso não foi adiante.

Erenice Guerra (governo Lula)

O escândalo ocorreu no governo Lula, é certo, mas a bomba estourou foi no colo de Dilma Rousseff, então candidata situacionista à Presidência da República. Erenice Guerra havia sido braço direito de Dilma no Ministério da Casa Civil e assumira o posto de Dilma quando esta precisou deixar o governo para a candi-

sora com brincos iguais aos da candidata petista, um presente da chefe, pipocaram na mídia nas semanas seguintes). Até então líder isolada nas pesquisas de intenção de voto, Dilma Rousseff viu seu adversário, José Serra (PSDB), crescer e tornar a disputa acirrada até o último dia do segundo turno, quando ela finalmente foi eleita e respirou aliviada. Erenice Guerra teve o processo arquivado pela Justiça Federal por não haver indícios de ilícitos praticados por ela, mas recentemente reapareceu citada em delação premiada da Lava Jato como destinatária de repasses da construtora Engevix, uma das investigadas no escândalo da Petrobras. n

FOTO FERNANDO DONASCI / FOLHA IMAGEM; LETÍCIA MOREIRA / FOLHAPRESS; AGÊNCIA BRASIL

Xico Graziano e Freud Godoy, da tropa aloprada de FHC e Lula; e Erenice Guerra, braço direito de Dilma, cujo filho foi acusado de vender facilidades


PODER INDICA

Encontro notável

O que um homem contemporâneo, que preza o trabalho tanto quanto a atividade física, espera de um relógio? Não erra quem pensa em confiabilidade, precisão, leveza, resistência. Todos esses atributos, além de elegância, marcam a coleção Clifton Club, da Baume & Mercier. Para o piloto Cacá Bueno, o surfista Miguel Pupo, o canoísta olímpico Pepe Gonçalves e outros esportistas embaixadores da marca, os “gentlesportsmen”, a coleção atende a necessidade de robustez, de design atlético e de acabamento, sempre realizado à mão, uma característica da marca suíça. Com a Clifton Club, a Baume & Mercier conseguiu reunir virilidade e beleza – uma relação, como se diz no mundo corporativo, 100% de “ganha-ganha”. MAIS EM BAUME-ET-MERCIER.COM/PT/


PODER INDICA


MUITO PRAZER Ele está chegando. A nova geração do SUV XC60, da Volvo, desembarca no Brasil neste segundo semestre para redefinir o conceito de prazer. O prazer de conduzir e de ser conduzido por um carro confiável, avançado, contemporâneo, em sintonia com as preocupações ambientais do século 21. A suspensão, um dos destaques do XC60 e um dos grandes “ativos” de qualquer SUV, oferece dirigibilidade e estabilidade em qualquer terreno. A motorização Drive-E equaliza potência e baixa emissão de poluentes. Além disso, o veículo chega equipado com sistema de condução semiautônoma em até 130 km/h, único entre seus concorrentes, garantindo um rodar ainda mais prazeroso para o motorista. Associada a conceitos como tecnologia, eficiência, sustentabilidade e design, a montadora sueca volta a produzir um carro em que os detalhes também fazem toda a diferença. O painel central touchscreen de 9 polegadas do sistema de navegação Sensus Navigation facilita muito a dirigibilidade: para fazer o “scroll” não é necessário tirar as mãos do volante. Sem falar que

basta passar o pé sob o para-choque traseiro para abrir ou fechar o porta-malas. É a função “hands free”. Uma mão na roda, melhor dizendo, nas quatro rodas, para quem tem as mãos ocupadas com sacolas de supermercado ou malas de viagem. Outra facilidade é utilizar o aplicativo Volvo on Call, uma maneira inteligente de verificar nível de combustível e de ajustar a climatização da cabine de fora do carro. Ergonomia e tecnologia intuitiva, eis dois valores exercidos com generosidade no XC60. PERFEIÇÃO TRIPLA O Volvo XC60 chega ao Brasil em três diferentes versões, Momentum, Inscription e R-Design. Todos são equipadas com motor T5 com 254 cavalos de potência, câmbio automático com oito velocidades, tração integral AWD (o equivalente moderno do 4x4), conectividade Apple CarPlay e Android Auto, assistente de partida em aclive e declive e diversos outros features. Uma experiência única para quem conduz, uma experiência notável para quem é conduzido. VOLVOCARS.COM.BR


BÚSSOLA

SOFIA ESTEVES

26 PODER JOYCE PASCOWITCH


Conhecer os anseios e desejos dos novos profissionais que chegam ao mercado, que não aceitam mais trocar tempo e força de trabalho só por dinheiro, é estratégico para as empresas - e para a consultora de gestão de RH Sofia Esteves, que há quase três décadas identifica o mood dos executivos do amanhã por paulo vieira fotos paulo freitas

PODER JOYCE PASCOWITCH 27


O

mundo em transformação assusta as empresas, ao menos aquelas que não compreendem bem quem não aceita mais trabalhar apenas pelo vil metal. Trata-se de um problema, já que para muitos jovens profissionais da atual geração, a dos millennials, e possivelmente das próximas, é preciso que haja uma identificação, um alinhamento entre os próprios propósitos e os da companhia em que irão colocar diariamente os pés. Engajamento, propósito, significado – essas palavras não faziam parte do léxico corporativo há 29 anos, quando a paulistana crescida em Itaquera Sofia Esteves abriu sua consultoria de recrutamento e seleção, a Decision Making, hoje chamada Grupo DMRH, com presença no Brasil, México e Argentina. Vistas em retrospecto, as relações de trabalho pareciam mais simples. Trocavam-se nacos das vidas dos funcionários (nomenclatura hoje: colaboradores) por quantidades determinadas de dinheiros. O que as empresas fariam com toda a maisvalia gerada, assim como a maneira de se conduzir em relação a seu entorno (hoje: stakeholders) não dizia respeito a quem lhes davam aqueles nacos de vida. Como enxadristas bem treinados, Sofia e seus liderados foram percebendo esses movimentos antes de acontecerem. Captar tendências e antecipar-se às mudanças do mercado, eis um muito valorizado ativo para qualquer empresa. Por meio de sua subsidiária Cia de Talentos, há 16 anos o Grupo DMRH publica anualmente uma pesquisa de enorme capilaridade que detecta o “mood” de quem chega e também de quem já está no mercado de trabalho. O trabalho se chama “Carreira

28 PODER JOYCE PASCOWITCH

“Antes o jovem planejava primeiro para depois colocar suas ideias em prática. Agora vão por acerto e erro, buscam a felicidade até achar”

dos Sonhos”. No fim de junho foram apresentados os resultados da edição 2017, tabulados a partir de entrevistas com 113 mil pessoas em nove países da América Latina. No Brasil, onde foram feitas cerca de 70% dessas entrevistas, responderam ao questionário 65.833 estagiários e recém-formados, 11.804 profissionais de nível gerencial (média liderança) e 4.536 trabalhadores de carreiras mais consolidadas, de gerentes

sêniores a presidentes (alta liderança). Como em 2016, a pesquisa detectou uma grande vontade de mudança. Enquanto no ano passado de 73% a 83% dos respondentes disseram que “fariam algo diferente se dinheiro não fosse uma preocupação”, em 2017 “experimentariam novos modelos de trabalho” 66% dos recém-formados, 68% dos profissionais de média liderança e 77% dos de alta liderança. Paradoxal-


mente, o grau de satisfação com o trabalho atual é grande, variando de 54% (média liderança) e 56% (estagiários e recém-formados) a 64% (alta liderança). Uma das conclusões da pesquisa é que os profissionais querem que o trabalho lhes legue, lhes deixe um aprendizado. E são os mais velhos, os que estão em cargos de alta liderança, que atingiram o maior percentual de respostas afirmativas à pergunta: “Tem uma pessoa com quem gostaria de aprender algo?”. O “guru” mais citado por eles é o empresário Jorge Paulo Lemann. Para os mais novos, essa pessoa é Bill Gates, apenas o quarto mais lembrado pelos sêniores. A pesquisa também identifica o que a consultoria chama de “empresa dos sonhos”. Para os três grupos de entrevistados é o Google. A Nestlé é a segunda mais citada pelos profissionais de média e alta liderança; já para os jovens, apesar dos pesares, a combalida Petrobras vem em segundo, logo após o Google.

PICANHA Para participar deste Almoço de PODER, Sofia chegou pontualmente ao tradicional restaurante Rodeio, nos Jardins, em São Paulo, e fechou com a maioria, pedindo o prato de “assinatura” da casa, a famosa picanha fatiada acompanhada de arroz biro-biro. Falante e motivada, ele explicou que agora se tornou CSO (Chief Spiritual Officer), do Grupo DMRH, a executiva responsável por inspirar os liderados, para usar o acróstico popularizado pelo prolífico autor empresarial americano Ken Blanchard. Sofia tem de inspirar cerca de 200 colaboradores, e para fazer a inspiração e todo o resto chegar à base há, segundo ela, “lideranças não impositivas”. A estrutura do Grupo DMRH é vertical, diferentemente de algumas

o pão repórter,tacto o e s s fo in Não voltaria de queijo

Já nos to do Rodeiomates do couvert ninguém to cou

PODER JOYCE PASCOWITCH 29


empresas contemporâneas que começaram a abolir as chefias. De qualquer forma, a confiança, item obrigatório nas companhias horizontais, é fundamental também aqui. “Nosso ambiente não pode ter melindre. A ideia é que sempre se busque o melhor para o escritório, convergindo ou divergindo.” Se os executivos do Grupo DMRH enxergam de posição privilegiada o que acontece com as relações de trabalho, é de se esperar que lá os talentos tenham espaço e incentivo para aparecer e evoluir. De fato, a atual CEO da Cia de Talentos, Maíra Habimorad, fez carreira na empresa, começando de baixo. Líderes e liderados passam por avaliações 360 graus, sendo analisados assim por pares, chefes, chefiados e até mesmo por clientes.

30 PODER JOYCE PASCOWITCH

Atualmente fora das decisões executivas, Sofia se obriga a uma vez por mês passar o dia a ouvir no escritório qualquer colaborador que tenha algo a lhe falar – sejam reclamações, confissões, sugestões ou mesmo conversa fiada. Curiosamente, embora a felicidade no trabalho seja um valor associado aos novos tempos, algo definitivamente a se perseguir, Sofia acredita que “só os mortos são felizes o tempo todo”. “O importante é ter clareza do que se quer”, diz. “Sou extremamente realizada no trabalho, mas em 20% ou 30% do tempo faço o que não gosto. Como ler balanços, por exemplo.” E que as empresas se cuidem: a maneira como os millennials verificam se estão felizes é à quente, entrando e saindo das companhias. “Hoje há uma

lógica diferente no mercado. Antes o jovem planejava primeiro para depois colocar suas ideias em prática. Agora vão por acerto e erro, como num videogame. Buscam a felicidade até achar.”

MÃO TRÊMULA Se a cabeça de quem se inicia na vida profissional mudou muito em três décadas, nada mais justo que a lógica da seleção de emprego também mudasse. “Antes havia a mentalidade de que bastava pegar os melhores alunos de não mais do que seis faculdades. Há 15 anos começaram a ser discutidas as chamadas competências comportamentais, em que iniciativa, trabalho em equipe e boa comunicação passaram a ser mais importantes do que as habilidades técnicas. Agora o mercado deu mais


uma girada, e é preciso que os valores do candidato coincidam com os da empresa. Um jovem que adora ousar, tomar risco e colocar projetos em beta não vai se realizar numa fabricante de turbinas de avião, que não pode fazer testes a todo momento”, explica Sofia. Mas na hora da seleção, uma velha regra parece seguir em vigência. “Se na entrevista o candidato não estiver com a mão trêmula ou com a garganta seca certamente há algum problema. É nosso dever acalmá-lo, dizer a ele que já estivemos naquela cadeira e lembrálo que ninguém gosta de ser avaliado.” Felizmente, as seleções não se assemelham a gincanas, e os candidatos

FILANTROPIA

FOTO DIVULGAÇÃO

Filha de imigrantes crescida em Itaquera, tendo estudado em escolas públicas, Sofia conhece a realidade que insiste em nos rodear, para adaptar o verso de Lulu Santos. Por isso se engajou no surgimento do Instituto Ser +, que hoje preside, e que capacita jovens de 15 a 24 anos em vulnerabilidade social para atuar em áreas como informática, mídias digitais e farmácia, entre outras. Foram 1.114 formados em 2016 e perto de 6 mil desde a criação da entidade, então ligada à Nextel, em 2008. O Ser + está no Rio e em São Paulo – na capital paulista ocupa o campus da Universidade São Judas; no Rio, o da Faculdade São Judas Tadeu. Curiosamente, as escolas não têm relação entre elas.

não precisam convencer seus examinadores com piadas espirituosas ou outras habilidades artísticas. Sofia explica que nas novas dinâmicas os avaliados já são colocados em ambientes que não apenas simulam o dia a dia de trabalho: esses ambientes são, de alguma forma, o dia a dia de trabalho. E cita como exemplo um processo ocorrido numa feira orgânica, com os candidatos tendo de lidar com os colegas de equipe, claro, mas também com fornecedores e clientes de verdade. Estudos indicam que nos Estados Unidos, apenas para usar um único caso, metade dos empregos hoje conhecidos estará em risco com o avanço da capacidade computacional nas próximas duas décadas. Assim, por extensão, prever o que vai acontecer com o mercado de trabalho no Brasil deve ficar cada vez mais difícil. Para Sofia, boas respostas podem vir dos setores hoje mais impactados pela tecnologia, como os bancos, que, por sobrevivência, têm de reagir rápido ao avanço da concorrência – no caso, as fintechs. Para ela o Bradesco e principalmente o Itaú, com seu centro de empreendedorismo Cubo, lideram o processo. Além disso, sempre se deve olhar as soluções que as grandes empresas disruptivas, como as do mercado digital

“Se na hora da entrevista o candidato não estiver com a mão trêmula e a garganta seca, certamente há algum problema. Ninguém gosta de ser avaliado” adotam no dia a dia. O Google é uma referência natural, e ofertar 20% do tempo da jornada de trabalho para que o colaborador faça o que bem entenda, famosa política de gestão de pessoas adotada lá, talvez não devesse mais ser visto pelos empregadores como uma extravagância. Nenhuma consultoria acerta todas suas previsões, mesmo aquelas que recebem gordos honorários justamente para fazê-las. Numa conversa com um sobrinho médico, Sofia também mostrou que seus chutes podem passar bem longe do gol. Ela disse a ele que, com aquele emprego, ele jamais teria de se preocupar. Logo viu que estava enganada. “Ele me contou que agora já há chips para se colocar sob a pele que monitoram todos os indicadores do nosso corpo, apontam inclusive o que fazer, o que tomar”, revelou. O sobrinho também falou-lhe de cirurgiões robôs que já começam a aparecer em alguns países, impactando o segmento. “Não existe um único setor que se possa dizer que esteja confortável, que esteja imune ao que vivemos hoje.” Nem mesmo o setor de Sofia. n PODER JOYCE PASCOWITCH 31


PÓDIO

FESTA DE

S E Õ E P M CA

r reuniu, a e Y e th f o r u e n orld Entrepre ns de negócios e m A final do EY W o h s e r io a m uns dos s passado, ê m o n em Mônaco, alg u e c te n o vento, que ac ad Al-Katib, r u do planeta. O e M : o n a o d r ee ndedo . revelou o empr and Ingredients d o o F T G A a d o, também fundador e CEO m it R io B o p u r , do G nte E d g a rd C o ro n a a mais importa n l si a r B o o d n nta o mundial esteve lá represe m is r o d e d n e e r mp premiação do e

TIME DE PESO

FOTO ISTOCKPHOTO.COM; DIVULGAÇÃO

Da Argentina ao Uruguai, passando por Brasil, Colômbia, França e outros 55 países, os finalistas que participaram da final internacional do prêmio da EY se reúnem em foto histórica.

40 PODER JOYCE PASCOWITCH


CONTEÚDO DE PRIMEIRA

Além da chance de faze r um network incrível, o evento da EY incluiu palestras e talk-shows com várias personalidades – não só do mundo corporativo. Entre elas, a atriz inglesa Kate Winslet, que falo u sobre seu novo filme com Woody Allen e a vontad e de interpretar um homem .

“O BRASILEIRO É MUITO MAIS OTIMISTA QUE O CHILENO E O ARGENTINO. MAS OS ARGENTINOS PENSAM MAIOR QUE NÓS. É AQUELA HISTÓRIA QUE A GENTE NÃO GOSTA” Sérgio Romani, CEO EY América do Sul

PLANETA DE EMPREENDEDORES

Mark Weinberger, chairman e CEO global da EY, que atua em mais de 150 países e trabalha sob o lema "por um mundo de negócios melhor".

O GRANDE VENCEDOR

Murad Al-Katib, da AGT Food and Ingredients, foi eleito empreendedor do ano. Al-Katib concorreu com candidatos de 59 países. Com faturamento de US$ 1,49 bilhão e 2 mil colaboradores em cinco continentes, a AGT (Alliance Grain Traders) Food and Ingredients é uma das maiores fornecedoras mundiais de grãos e de outros ingredientes.

“A EY ACREDITA QUE UMA DAS FORMAS DE FORTALECER O EMPREENDEDORISMO É IDENTIFICAR, RECONHECER E CONTAR ESSAS HISTÓRIAS INSPIRADORAS” Luiz Sérgio Vieira, CEO EY Brasil

ÇÃO SELE ILEIRA iz BRAS. para a dir.: LduaEYBrasil,

FOTO ANDRÉ LIGEIRO

Da esq Vieira, CEO EO da EY Sérgio Romani, C l, Edgard u Sérgio a do S Bio Ritmo, ic Amér a, do Grupo to, Coron ardo Dona Y n e Leo líder da E s io E c ó s s rcado de Me icos Amég é t tra Sul. rica do

PODER JOYCE PASCOWITCH 41


ESPELHO

Para comemorar 50 anos de existência, a Breton lançou a coleção Gold, com 200 peças assinadas por designers brasileiros de renome – Bruno Faucz, Daniela Ferro, Rejane Carvalho Leite, Ronaldo Sasson e Victor Angueira, entre outros. A série privilegia com charme e vigor a mão de obra e o talento nacional. Segundo o presidente da Breton, MARCEL RIVKIND, os artistas brasileiros produzem com muita qualidade, tal qual os designers estrangeiros. Pode-se dizer que a linha comemorativa é a cara da marca, que tem um estilo contemporâneo e atemporal. Rivkind ainda não havia nascido quando o pai abriu a primeira loja da Breton na zona norte paulistana. Depois de terminar a faculdade de engenharia civil, no Mackenzie, ele pretendia alçar outros voos, mas nunca deixou de acompanhar os negócios da família. “O sangue moveleiro sempre esteve comigo”, conta ele, que decidiu então assumir a empresa ao lado do pai, dando início à expansão da marca. Por insistência de Rivkind, em 1988, a Breton foi de uma

loja de bairro a um espaço no Shopping Lar Center e ganhou o Actual no novo nome. O investimento voltou em menos de três meses e, de lá para cá, a empresa não parou de crescer. Enfrentou uma retração durante os anos 2013 e 2014, mas conseguiu se restabelecer no ano seguinte. E mesmo com a crise econômica de agora, o empresário não perde a fé. “A economia tem que se descolar da política. Temos que encontrar soluções. Eu preciso continuar vendendo, pois tenho cerca de 360 pessoas que dependem disso. Neste momento, é necessário me adequar, abaixar os preços, tomar decisões estratégicas para continuar existindo”, pondera. O trabalho árduo combinado com a grande paixão pela indústria moveleira também marca a terceira geração da família Rivkind. Atualmente, são os filhos de Marcel que acompanham o pai na Breton e assim permitem que ele desacelere um pouco. Justo agora que a marca parte para uma novo desafio: a expansão para outros estados, talvez até mesmo para além das fronteiras do país. n

por aline vessoni 42 PODER JOYCE PASCOWITCH

FOTO BRUNO HIRATA ESTUDIO F / DIVULGAÇÃO

MAIS CONTEMPORÂNEA DO QUE NUNCA


PODER INDICA

EM FORMA E EM EXPANSÃO Representante do Brasil do EY World Entrepreneur of the Year, Edgard Corona, fundador e presidente do Grupo Bio Ritmo, que reúne as academias Bio Ritmo e Smart Fit, concorreu com finalistas de 59 países na final internacional da premiação que reuniu a nata do empresariado mundial em Mônaco no mês passado. Conhecido por seu dinamismo, Corona esteve lá e voltou mais entusiasmado do que nunca com os negócios. Entre os anúncios que fez, confirmou um investimento de mais de R$ 300 milhões na expansão da rede Smart Fit. Criada em 2009, com a missão de democratizar o fitness de alto padrão, a Smart Fit está presente hoje em 22 estados brasileiros e no Distrito Federal, além de diversos países da América Latina. Para este ano, a meta é ousada: chegar a 308 unidades por aqui, além de outras 100 no México, 14 no

Chile, 40 na Colômbia, dez no Peru e dez na República Dominicana. Parte do capital previsto para a expansão deve financiar a entrada da rede em mais três países sul-americanos – e a largada começa com 70 novas unidades: 50 na Argentina, dez no Equador e outras dez no Paraguai. “Com a entrada nos mercados argentino, equatoriano e paraguaio vamos atender a 4% do público da América Latina e nos tornaremos uma verdadeira multinacional brasileira. Poucas empresas nacionais têm essa presença fora do país. Cuidamos de mais de 1,3 milhão alunos e, desses, 400 mil nunca tinham pisado em uma academia antes. Com a atividade física eles conseguiram reduzir problemas como obesidade e diabetes, sem falar na melhora da autoestima. No fim das contas, a Smart Fit tem um papel social importante”, afirma Corona.


Camisa Prada, gravata Ermenegildo Zegna


ENSAIO

Suave presença Aos 30 anos, Renato Góes ganhou seu primeiro protagonista na Globo e está no ar em Os Dias Eram Assim. O pernambucano, que chegou de mansinho e tem mais de uma década de carreira, sabe muito bem aonde quer chegar por márcia rocha fotos maurício nahas styling luna nigro


Colete Ricardo Almeida, camisa Fideli, gravata Ermenegildo Zegna, relรณgio Baume & Mercier


R

enato Goés é um homem bonito. Ou “feito à mão”, para repetir suas próprias palavras. Vale deixar claro que essa é uma expressão que ele não usa para se referir a si mesmo – já que se acha um tipo comum – mas entre amigos. “Falo para quebrar o gelo mesmo, já que homem costuma ficar ‘cheio de dedos’ quando vai comentar que acha outro cara bonito.” Para Renato, Domingos Montagner, com quem contracenou em três novelas, era feito à mão. Na última, Velho Chico [Montagner morreu durante as filmagens], ele interpretou a versão jovem de Santo dos Anjos, o personagem de Montagner, na primeira fase da novela. Aos 30 anos, o pernambucano Renato Goés de Oliveira, que, durante cinco deu vida ao apóstolo João em Paixão de Cristo de Nova Jerusalém, ganhou seu primeiro protagonista: o doutor Renato Reis de Os Dias Eram Assim. Começou a carreira em 2005, fazendo teatro e cinema (Tropa de Elite e Pequeno Dicionário Amoroso 2, entre eles). Estreou na Globo na novela Pé na Jaca, em 2007, ao lado de Murilo Benício, Deborah Secco, Rodrigo Lombardi e Juliana Paes, entre outros. Atualmente, por conta da supersérie, que começou em abril e vai até setembro, fala que sua vida se resume a trabalho. No dia seguinte ao destas fotos, por exemplo, ia gravar logo cedo. Almoçou no estúdio – um filé de peixe pedido via app – e saiu voando para o aeroporto.

INTENSO COM OS PÉS NO CHÃO Quando se trata de falar sobre seus filmes preferidos, Renato crava: “O Auto da Compadecida [dirigido por Guel Arraes] é icônico. Também gosto bastante de [Pedro] Almodóvar”. Os Sonhadores, de Bernardo Bertolucci, tem lugar especial em sua lista. “Vi quando estava começando a tentar entender como funciona a interpretação para as câmeras. É um



Costume Gucci, camisa Bottega Veneta, gravata Hugo Boss, lenรงo Ermenegildo Zegna


filme que tem uma energia jovem, os atores são muito dedicados, fazem tudo com muita paixão.” A identificação tem razão de ser, já que Renato também é do time dos intensos – com a vantagem de ser racional o suficiente para saber muito bem aonde quer chegar, com direito a metas traçadas para os próximos três anos. Mas que planos são esses, afinal? Ele nem pisca para responder: “Mas se eu contar, não vou conseguir”. E segue firme na discrição, que parece ser sua marca registrada: “Você vai escolhendo os papéis de acordo com o rumo que quer dar para a carreira”, diz ele, que tem Irandhir Santos e Selton Mello como referências. Entre os atores internacionais, é fã de Sean Penn, Johnny Depp e Daniel Day-Lewis. O ator britânico, aliás, declarou recentemente que pretende abandonar o cinema para se tornar estilista. “Duvido! Acho que ele vai fazer as duas coisas ao mesmo tempo e no esquema de sumir uns dois, três anos e, depois, aparecer com um novo projeto.” No capítulo literatura, ele diz que, em função do trabalho, não consegue ler tudo o que gostaria e que tem alguns livros de cabeceira “daqueles que são para ler e não terminar nunca”. A Arte Secreta do Ator, Um Dicionário de Antropologia Teatral [de Eugenio Barba e Nicola Savarese] e O Poder do Mito [de Joseph Campbell], entre eles. “Sou ligado nessa história de arquétipos. Fiz terapia dos 13 aos 18 anos. Depois, nunca mais voltei. Acho que é porque entendi um pouco como funciona”, conta. Mas por que um garoto de 13 anos foi parar na terapia? Aqui, ele entrega: “Por causa de um vitiligo e me ensinou a lidar com o problema, que está intimamente ligado às emoções”. Corta! n


Costume Ricardo Almeida, camisa Ermenegildo Zegna, gravata Carolina Herrera, relรณgio IWC Beleza: Carol da Mata (Capa MGT) Assistentes de fotografia: Caio Toledo e Charles Willy


ESPELHO

Aos 79 anos, THOMAS CASE não suporta ouvir a palavra aposentadoria. Depois de ter vendido a Catho – empresa que fundou e que se tornou a maior do setor de recolocação profissional do país – em 2006 a um fundo de private equity, criou a Pés Sem Dor, que fabrica palmilhas ortopédicas em impressoras 3D. A expansão do negócio é constante, com abertura de duas novas unidades por mês, em média. A Pés Sem Dor dá como garantia a seus consumidores o fim das dores nos pés e nos tornozelos – é isso ou o dinheiro de volta. Segundo dados da própria companhia, 95% dos clientes estão satisfeitos. O insight para a fundação da Pés Sem Dor veio de maneira similar à da Catho: a partir de uma necessidade pessoal de Case. No caso da última, o empresário

inspirou-se nas cartas que escreveu para várias empresas buscando sua recolocação profissional após uma demissão; na Pés Sem Dor, em suas próprias dores. Para Case, a produção de palmilhas ortopédicas não era feita de maneira sistemática e eficiente no Brasil. “Adotamos uma mescla das expertises alemã, chinesa, norte-americana, inglesa e brasileira na produção das palmilhas, que são de TPU, um material termoplástico.” Foram oito anos de investimentos e de estudo para que Case colocasse de pé (e sem dor) o projeto. Empreendedorismo é mais do que vocação para ele. “É gostoso ir para a praia, mas um dia é suficiente. Vida pra mim é ter objetivos, traçar metas e vê-las acontecer. O que me faz viver é sentir o sangue fervendo nas veias todos os dias.” n

por aline vessoni

FOTO LUCAS DE FREITAS / DIVULGAÇÃO

NÃO PARA, NÃO PARA, NÃO PARA


PODER INDICA

BOLSA DE VALOR

Com três novas coleções por mês, a FlyBag começou voando alto. Criada em 2011, a grife paulistana de bolsas e acessórios era comercializada só por e-commerce. Com o aumento da demanda, veio a loja física em 2013. “Desde então, a empresa vem crescendo cerca de 10% ao ano”, comemora Marcelo Euksuzian. Cool, funny e descolada – é assim que o empresário define a marca, que aposta em sustentabilidade e na questão social, já que utiliza 80% de couro tecnológico em suas peças, além de destinar R$ 1 da venda de cada uma para instituições filantrópicas. Descendente de armênios, Euksuzian conta que comércio e artigos de couro sempre fizeram parte de sua vida. O DNA acabou falando mais alto e ele deixou para trás uma carreira no mercado financeiro para se dedicar inteiramente à empresa. Conta que, até o fim de 2018, pretende abrir mais quatro lojas em São Paulo e que, a médio prazo, quer partir para o sistema de franquias. “Vamos lançar coleções cápsula em parceria com alguns estilistas que só serão vendidas em nosso site, que vai passar por uma repaginação geral”, revela. Totalmente hands on, Euksuzian cuida de cada detalhe. Além da área financeira e de importação (algumas peças da FlyBag vêm de fora), dá palpite no design de cada coleção, escolhe os fornecedores a dedo: o que fabrica os zíperes, o que produz as ferragens, o que confecciona as alças etc. Como se vê, espírito empreendedor e energia não faltam a esse empresário paulistano que pratica triatlo para aliviar o estresse.

foto paulo freitas


SEMENTE

PESSOA

(JURÍDICA)

DO BEM Empresas interessadas em melhorar o mundo se estruturam em torno do Sistema B, fundação internacional que valoriza o capitalismo com propósito social e as capacita para esses desafios por antonio mammì

E

ra 2005 e os empresários Jay Coen Gilbert, Seth Berger e Tom Austin estavam inquietos, prestes a talvez nunca mais ter de se preocupar com dinheiro na vida. As negociações para vender a AND1, empresa de artigos de basquete que fundaram, estavam avançadas. Faltava apenas fechar o preço. Mais do que o valor global da transação (que acabou saindo por US$ 250 milhões), o que os inquietava era o fato de o mercado não precificar da forma que consideravam justa aquilo que na opinião do trio a empresa tinha de melhor: o uso de matéria-prima orgânica em seus produtos, a gestão de pessoas, as relações com a comunidade. Um ano depois, os três empresários criaram a B Lab (B de benefit, “benefí-

54 PODER JOYCE PASCOWITCH

cio”, em inglês), uma organização sem fins lucrativos que busca incentivar empresas a gerarem “valor compartilhado”, conceito que estabelece que o sucesso de um negócio não depende apenas de seus lucros, mas também do seu impacto socioambiental. Para isso, o trio elaborou 160 indicadores para avaliar a performance das organizações em cinco áreas: governança, relações com trabalhadores, meio ambiente, comunidade e consumidores. A empresa que participa do processo e atinge uma certa pontuação ganha uma certificação e se torna “B”. O movimento ganhou capilaridade: hoje são 2.200 empresas “B”, em 50 países. A chegada à América do Sul foi pelo Chile, em 2012, por meio do Sistema B, parceiro oficial da organização

americana. No ano seguinte, o projeto iniciou suas atividades no Brasil, onde há mais de 80 empresas certificadas. As métricas que devem ser atingidas para fazer parte do movimento não são triviais e a auditoria conduzida pela organização é rigorosa. É necessário, por exemplo, que a empresa altere o seu contrato social para inserir, dentre seus objetivos, a geração de impactos sociais e ambientais. As companhias que integram a comunidade não têm um perfil definido


PODER JOYCE PASCOWITCH 55

ILUSTRAÇÃO ISTOCKPHOTO.COM; DIVULGAÇÃO


56 PODER JOYCE PASCOWITCH

e, no fim, apenas 2 mil obtiveram o certificado.” Para Graziella Comini, professora da Faculdade de Administração e Economia da USP, um chamariz para que as empresas ingressem no “lado B” é a ideia de pertencer a uma certa vanguarda corporativa. “As organizações percebem como positivo o fato de se sentirem num clube onde os mesmos valores são compartilhados. Nos Estados Unidos elas já se integram num mesmo mercado, estreitam suas relações comerciais”, conta. Exemplo dessa relação de interdependência entre empresas B são os investidores de impacto, por exemplo. No Brasil, há dois fundos com essa característica: Mov e Vox. “Os investidores estão olhando as questões de impacto social e ambiental como oportunidade de negócio e não como risco de investimento porque entendem que essas são as empresas que vão perdurar na nova economia”, diz Ana. Sobre o engajamento do setor público, há a percepção de que é preciso avançar bastante. Por isso, para Graziella, mais que uma mudança de hábitos do consumidor para fortalecer empresas responsáveis, deve-se estimular que as compras públicas e licitações privilegiam as empresas “B”. Ana também vai nessa linha: “O governo deveria considerar

critérios de impacto positivo, pois a economia tradicional pode gerar inclusive custo para o contribuinte”. É cedo para saber se as empresas B permanecerão como um nicho ou se terão um dia o condão de mudar a cara do capitalismo. O que se tem como consensual é que hoje o certificado é secundário – o que vale é a mudança de práticas que ele incentiva. “Hoje o grupo é pequeno, mas extremamente seleto, e vai influenciar mudanças positivas na cultura e nas normas sociais. A tendência é que a comunidade incentive uma mudança sistêmica e o capitalismo evolua para não ser unidimensional do ponto de vista econômico, mas também para ser social e ambiental”, diz Marcel Fukayama, cofundador do Sistema B no Brasil e sócio da Din4mo, consultoria (B, claro) que assessora empreendedores sociais. Para a professora Graziella, os millennials, que formam a nova geração de gestores a chegar ao mercado, têm mais intimidade com esse, digamos, “capitalismo de propósito”. “Na hora em que o jovem procura emprego e vê uma vaga numa empresa B, ele se sente mais entusiasmado em participar daquele processo seletivo.” E vaticina: “A empresa que não cultivar valores diferenciados vai ficar para trás”. n

ILUSTRAÇÃO ISTOCKPHOTO.COM; DIVULGAÇÃO

e os setores de atuação são diversos: construção civil, gestão de resíduos sólidos, energia, alimentos orgânicos etc. As empresas de pequeno e médio porte predominam, representando cerca de 70% do movimento mundial. Mas as multinacionais estão querendo fazer parte do grupo: a Natura obteve o certificado em 2014 e o conglomerado educacional Laureate (dono da Universidade Anhembi Morumbi e das Faculdades Metropolitanas Unidas, entre outras) é a maior companhia B do mundo com ações listadas em bolsa. A Danone colocou como meta se tornar B até o fim de 2030 e a Unilever vem adquirindo empresas do gênero, como a sorveteria Ben & Jerry’s. Não parece muito crível que empresas alterem suas práticas e às vezes até seus modelos de negócios para obter um certificado, mas isso ocorre. Para Ana Sarkovas, diretora-executiva do braço brasileiro da fundação Sistema B, um dos motivos é que há organizações que, mais do que serem reconhecidas como as melhores do mundo, querem ser vistas como melhores para o mundo. “Esses impactos positivos gerados dão a elas outro grau de credibilidade”, diz. A executiva menciona outras razões para que as companhias passem pelo processo de avaliação. Dentre elas, o fato de o formulário, acessível na internet, poder servir inclusive como ferramenta de gestão para as companhias. “Hoje, mais de 60 mil empresas já entraram na avaliação de impacto. Dessas, 15 mil completaram o processo inteiro


ESPELHO

FOTO DIVULGAÇÃO

INSPIRA, EXPIRA Trabalho e meditação parecem incompatíveis? Não é o que pensa o COO da Vivo, CHRISTIAN GEBARA. Há apenas cinco meses no cargo, Gebara é idealizador da sala de meditação que fica na sede da companhia, em São Paulo, e também do aplicativo de meditação guiada, lançado no fim de junho em parceria com a Movile. Há alguns anos em cursos e palestras sobre gestão no exterior, Gebara ouviu falar do mindfulness. Até que resolveu experimentar. “Sinto que a meditação traz um alívio para a mente, que está acostumada a pensar o tempo todo. Ao prestar atenção na respiração, o que acaba acontecendo durante a prática, consigo ter um pouco mais de serenidade e autocontrole no dia a dia. A prática traz mais equilíbrio”, conta ele, usuário assíduo da sala mais silenciosa da empresa. “Normalmente, faço a meditação guiada de 15 minutos. Se não consigo fazer pela manhã antes de sair de casa, uso a sala no horário do almoço.” Logo depois de se iniciar na prática, o COO se encontrou com o monge Satyanatha, o ex-engenheiro brasileiro David Murbach, que viveu sete anos num mosteiro hindu. As conversas com o monge foram tão produtivas

que Gebara conseguiu 1.300 colaboradores numa sessão de meditação durante uma convenção da empresa. A Vivo, segundo Gebara, está sempre em busca de uma comunicação afinada entre clientes e colaboradores. Então, ao imaginar um aplicativo de meditação para o público externo, quis também estimular o uso dentro da empresa. Por essa razão, a sala foi inaugurada no mesmo dia do lançamento do app. “Levamos mais de um ano de trabalho para desenhar esse serviço. Em parceria com a Movile e Satyanatha, gravamos mais de mil meditações para práticas diversas, para diferentes estados de espírito.” Os áudios de meditação guiada têm duração de 5, 10, 15, 20 e 50 minutos e auxiliam tanto iniciantes quanto praticantes mais experientes. A Vivo vem desenvolvendo ações para motivar seus colaboradores. Recentemente, lançaram uma campanha de endomarketing para encorajá-los a se vestirem como gostam, sem regras, tornando-os mais felizes e ajudando a criar uma cultura interna mais democrática. As novidades do mês passado reforçam o conceito da marca Viva menos do mesmo, que busca incentivar tanto público interno quanto externo a viverem novas descobertas, a inovarem. n

por aline vessoni


BRAÇO DIREITO

ELAS ESTÃO COM TUDO Viagens de luxo, joias de presente, longas jornadas e segredos inconfessáveis: como é a vida das supersecretárias de alguns dos empresários e executivos mais top do país por chico felitti ilustrações bruna bertolacini

A

nna acorda às seis da manhã já atrasada. Passa batom e ajeita o cabelo loiro num coque quando já está no seu 4x4 de R$ 110 mil, enquanto dirige até o prédio de um banco de investimentos na região da avenida Brigadeiro Faria Lima, em São Paulo. Para numa das melhores vagas do prédio, que tem um estacionamento com 400 lugares e cobra R$ 300 de mensalidade. Senta-se numa mesa de madeira escura e abre seu computador da Apple. Está pronta para começar o dia de trabalho. A primeira providência é pedir à copa o café de seu chefe – de coador, porque ele não gosta de expresso. Anna é secretária de um dos maiores executivos do país e, de cima dos seus saltos Jimmy Choo, leva uma vida que deixa no chinelo o poder de compra de muito diretor de empresa por aí. Essa profissional é expoente das supersecretárias, uma casta superlativa: elas são supercompetentes, supertrabalhadoras e têm um salário superpolpudo (para quem não é CEO, é claro), que vai de R$ 8 mil a R$ 12 mil, mais um complemento de supermimos que elas ganham de marcas loucas para impressionar os homens e as mulheres que assessoram. Menos de 20 dessas mulheres mantêm um grupo no WhatsApp, chamado Agenda Compartilhada, em que dividem contatos de fornecedores, hotéis, médicos, tradutores e de qualquer outro profissional que possa ser necessário na vida de um executivo top. Mas nunca segredos. “Seria um tiro no pé”, resume Anna.

58 PODER JOYCE PASCOWITCH


PODER JOYCE PASCOWITCH 59


E a convivência vai além do virtual. Elas viajam juntas. Uma companhia aérea europeia, que consta há anos na lista das melhores do mundo, realiza viagens semestrais com algumas delas. “Só aceito quando estou de férias, ou quando coincide com uma viagem do meu chefe e posso fazer remotamente a maior parte do trabalho”, diz Susana, que secretaria o diretor de uma construtora. Hotéis cinco-estrelas as convidam para conhecer suítes com diárias que começam em US$ 1.500. Algumas já estiveram juntas nesse tipo de viagens mais de dez vezes. “Esse tipo de profissional tem asset, o que se chama de acesso”, diz o consultor de marketing Antonio Dias, que já trabalhou em marcas de luxo que vão de aviação executiva a agências de viagem. Afinal, ele explica, são as supersecretárias que decidem muitas questões práticas na vida de seus atribulados chefes, como, por exemplo, em que hotel vão se hospedar durante as raras férias que tiram. “Conseguir mostrar sua marca para esses executivos, mesmo que só por alguns segundos, vale muito. Não se compra”, diz Dias – que também tem uma secretária.

VOTO DE SILÊNCIO

Além de trilingues e administradoras eficientes, essas mulheres precisam contar com uma qualidade que não aparece no currículo: discrição. Nenhuma das entrevistadas disparou uma reclamação sobre os patrões e as patroas (os termos usados vão de “inspiradora” a “justo”, passando por um unânime “competente”).

“ESSE TIPO DE PROFISSIONAL TEM ASSET, O QUE SE CHAMA DE ACESSO” ANTONIO DIAS, CONSULTOR DE MARKETING

60 PODER JOYCE PASCOWITCH

O máximo que é possível extrair desses cofres humanos é uma anedota ou outra. Susana narra sobre quando seu chefe se deu conta de que não tinha dado a ela nenhum presente de aniversário durante os cinco anos em que trabalhavam juntos. “Ele perguntou quando era meu aniversário. Ele me disse que podia comprar um presente com a verba A (a diretoria da empresa tem três tipos de verba para presentes que ela mesma escolhe: categoria A, de R$ 1 mil, categoria B, de R$ 500, e categoria C, até R$ 200). Eu disse que não era necessário.” Susana cora ao contar a história, que considera “extremamente constrangedora”. “Pelo amor de Deus, eu nunca faria isso!” Uma semana depois, o executivo saiu da sua sala, com vista para a Baía da Guanabara, no Rio, para entregar a Susana o presente atrasado: um colar de pérolas. Esse ela não pôde recusar. A melhor tática, dizem as mais experientes, é se aproximar da vida do empresário/executivo como um todo. É assim que as muitas vezes negligenciadas famílias dos chefes acabam entrando em seu escopo de trabalho. “É melhor que filhos, mulheres e maridos vejam você como uma aliada”, diz Susana, uma cinquentona que usa saias lápis e cabelo ondulado na altura do ombro. Ela, que estudou francês na Universidade de São Paulo (USP), acabou caindo no métier quase que por engano. Uma professora avisou que um executivo francês tinha acabado de se mudar para o país e precisava de uma intérprete para acompanhá-lo até ele aprender o básico de português. O


administrador gostou tanto de seu trabalho que ela acabou ficando por nove anos na empresa. “Só aceitei outra proposta depois que ele voltou para a França. Tinha uma relação de gratidão mesmo.” Desde então, Susana passou por outras duas metalúrgicas. Ajudou os filhos adolescentes do chefe atual em trabalhos escolares de literatura e acompanhou sua mulher em uma viagem a Miami para montar o enxoval do filho que tiveram há cinco anos. “No fim das contas, a vida pessoal acaba virando a profissional, mas aprendi a gostar disso.” E não. Carla Marcondes deixou há seis anos de ser uma supersecretária. Passou por três bancos, duas estatais e um estrangeiro antes de se aposentar bem (“Tinha a previdência pública, e mais uma privada que fiz. Consigo levar minha neta para a Disney uma vez por ano.”). Ela diz que amava o que fazia, mas não são muitos os dias em que bate uma saudade. “É uma boa vida, mas você acaba não tendo tempo de aproveitar as coisas boas enquanto está nela. Porque está trabalhando 12, 14 horas por dia. E tem chefe que é bom e chefe que é menos bom, como em qualquer outra carreira.” Dentro da turma das que ainda trabalham, é Mônica que tem fama de ser a mais linha-dura. Secretária-executiva de uma gigante da metalurgia, a sexagenária comanda uma equipe de seis profissionais e nunca foi a uma dessas viagens. Devolve os presentes que lhe enviam com um cartão de agradecimento. Só se manifesta no grupo do WhatsApp para desejar feliz aniversário ou feliz Natal

“É MELHOR QUE FILHOS, MULHERES E MARIDOS VEJAM VOCÊ COMO ALIADA” SUSANA, SECRETÁRIA DO DIRETOR DE UMA CONSTRUTORA

às colegas. “Não quero que pareça ofensivo. Mas prefiro não dar margem para [as marcas] acharem que vão me influenciar”, diz ela, num tom muito educado, mas firme. “Não é em mim que elas têm interesse”, afirma. Apesar de se mostrar durona, Mônica é uma espécie de guia profissional das outras, que a procuram quando têm algumas questões em relação aos rumos de sua vida profissional. Pudera, ela é a mais apaixonada pelo ofício. Pós-graduada em business process pela Fundação Getulio Vargas do Rio de Janeiro, fez uma pausa na carreira 20 anos atrás: foi transferida a pedido, com a bênção e a recomendação do chefe, para o departamento de marketing da metalúrgica. Voltou depois de oito meses. “Percebi que era uma vocação. Eu nasci para fazer isso”, diz, antes de ser interrompida por uma das centenas de vezes que o telefone vai tocar naquele dia. n

PODER JOYCE PASCOWITCH 61


POLE POSITION por josé rubens d’elia

SEM ESSA DE

MIOLO MOLE tem condições de acionar os gatilhos capazes de aumentar a capacidade cerebral. Já se sabe, por exemplo, que o cérebro é movido a novidades e desafios. Isso quer dizer que o simples fato de mudar diariamente a maneira como realizamos nossas atividades funciona como um senhor exercício para a cabeça. Ou seja, sair da mesmice e pensar em solu-

ções diferentes para os problemas de sempre, quebrar paradigmas e se reinventar o tempo todo faz bem para o cérebro. Além das coisas novas, a massa cinzenta também se estimula e se desenvolve com desafios complexos e é capaz de se reorganizar à medida que enfrenta as demandas diárias. Isso é o que se chama de plasticidade cerebral, a capacidade de interagir com o ambiente e de se modificar, criar novas células, algo que irá perdurar a vida inteira. Da mesma forma que os músculos precisam de exercícios para manter o tônus, o cérebro também precisa de estímulos constantes. Ao trazer a questão da plasticidade cerebral para a ótica do treinamento psicofísico, podemos vislumbrar um novo leque de possibilidades para a mente e para o corpo. Por isso, a palavra de ordem é experimentar. Faça isso sem qualquer medo de errar e com a convicção de que seu cérebro vai corresponder. O corpo, por consequência, também vai, e isso o levará a um patamar diferenciado de desenvolvimento e consecução de metas. n José Rubens D’Elia é fisiologista e treinador psicofísico de pilotos, atletas profissionais, empresários e executivos. Diretor da Pilotech – Clínica de Performance de Pilotos, em São Paulo

62 PODER JOYCE PASCOWITCH

ILUSTRAÇÃO ISTOCKPHOTO.COM

Cada vez mais a neurociência vem decodificando os mistérios do cérebro, essa máquina fantástica que comanda o corpo e está sempre à disposição para melhorar nosso desempenho em qualquer área que se pense. Até alguns anos essas informações ficavam restritas a um grupo seleto de cientistas. Hoje, qualquer pessoa pode não só compreender seu funcionamento como


ESPELHO

CADA VEZ MAIS ALTO Com 51 anos de vida, a Caraigá deu um presente à cidade de São Paulo e ao mercado automotivo: a primeira concessionária vertical do Brasil. Com 6.500 m2 de área construída, investimento de R$ 6 milhões e projeto do arquiteto Gui Mattos, tem quatro andares e os carros chegam aos pontos mais altos do prédio por meio de dois elevadores externos. Com o projeto, Mattos reordenou a lógica das concessionárias de automóveis ao desenhar andares específicos para cada uma das marcas com que a empresa trabalha. A Caraigá, como se sabe, é uma fidelísssima representante Volkswagen do Brasil e a primeira revenda Audi do país. Houve também um feliz acerto de contas com o passado, pois a nova unidade Caraguá está localizada no Mo-

rumbi, bairro onde a empresa surgiu, na década de 1960. Ela hoje ocupa o antigo prédio da Reebok, na avenida Duquesa de Goiás, bem perto do novo cartão-postal da capital paulista, a ponte estaiada. Inovação e confiabilidade são características da empresa, que é campeã de vendas de importados VW no Brasil nos últimos 16 anos. Outro traço de distinção da Caraigá é jamais deixar de apostar no país, com crise ou sem crise, um ensinamento do CEO e fundador da empresa, BETO MATTOS. Essa história de acreditar no Brasil, aliás, já estava clara desde o começo, na opção por um nome indígena, bem brasileiro, para marcar a jornada até aqui de cinco décadas da empresa.

por paulo crispiniano


ARMÁRIO

DE HOMEM PARA HOMEM

Se antes o terno sob medida era a estrela do guarda-roupa masculino, agora entra em cena a versatilidade. Estilistas homens mudaram a forma deles se vestirem – sem tirar o espaço da alfaiataria por victor martinez

64 PODER JOYCE PASCOWITCH


N

negócio, investindo na produção em série tiveram sucesso. Ricardo Almeida é um deles. Atualmente, esse paulistano de 61 anos, que está há 30 nesse mercado, produz em larga escala. Outro destaque dessa nova fase da alfaiataria é Alexandre Won. Filho de imigrantes coreanos, Won começou a fazer seu próprio terno por um simples motivo: não encontrava uma peça confortável que lhe caisse bem quando ainda trabalhava como advogado. Hoje, com 11 anos no mercado de moda, ele foi além no conceito de peças sob medida e desenvolve um produto extremamente pessoal com método próprio. Não à toa, a lista de poderosos entre seus clientes é significativa. O movimento de levar às passarelas uma moda exclusivamente masculina e nacional deu oportunidade a uma nova geração de estilistas que repensam o armário do homem a partir do lifestyle. Um exemplo é a marca Cotton Project, fundada pelo economista Rafael Varandas. Suas peças são condizentes com o estilo casual de se vestir num país tropical, ao mesmo tempo que se conectam com a cena urbana e globalizada. Veja a seguir alguns profissionais que resolveram criar marcas voltadas sobretudo para o público masculino. n

ILUSTRAÇÃO ISTOCKPHOTO.COM

os anos 1960 era comum ver pelas ruas de São Paulo homens vestidos no prumo de seus ternos. Eles eram usados tanto no trabalho como fora dele. E não existiam muitas outras opções para o guardaroupa masculino. As alfaiatarias do centro da cidade, localizadas principalmente nas ruas Barão de Itapetininga e 24 de Maio, eram pontos de encontro de empresários, de políticos e de artistas, que eram extrema fieis a seus costureiros. E esses, por sua vez, suavam a camisa para deixar a clientela sempre na estica. Ainda que hoje sejam raros os alfaiates com ateliês de rua, o terno continua muito utilizado em São Paulo, a capital financeira do país. Homens fiéis à velha escola mantêm o hábito de encomendar suas roupas nos antigos alfaiates. É o caso do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, por exemplo, cliente de Milton Silva, com 60 anos na lida e há 18 anos com uma alfaiataria na Galeria Metrópole, na avenida São Luís, que também fica no centro da capital paulista. “O governador vem bastante aqui, mas eu também vou ao palácio ou até mesmo à casa dele”, conta Silva. Mas a verdade é que esse mercado mudou. O tempo passou, a indústria evoluiu e, hoje, grande parte dos clientes começou a comprar peças prontas. Profissionais que souberam ler esse contexto e mudaram o foco do

PODER JOYCE PASCOWITCH 65


RICARDO ALMEIDA - EM SÉRIE

Com 18 lojas próprias espalhadas pelas capitais brasileiras, o estilista paulistano Ricardo Almeida começou sua carreira trabalhando como representante comercial de outros alfaiates. Isso foi até 1991, quando decidiu abrir sua própria loja de marca, que não por acaso leva seu nome. “Eu queria vender a ideia de uma roupa que mostrasse minha preocupação com a modelagem e com a escolha de um bom tecido”, resume Almeida. Com peças feitas com tecidos importados da Itália, não foi difícil o alfaiate virar uma referência na confecção em série de roupas sociais masculinas. Hoje, com uma fábrica própria de 7.800 metros quadrados no bairro do Bom Retiro, 554 empregados e uma produção de mais de 5 mil camisas por mês, Ricardo Almeida é um case de sucesso. “A gente conseguiu aumentar bastante as padronagens de camisa. Há a cor de camisa que você quiser”, diz o empresário, que tem pelo menos 30 tonalidades. Em 2012, ele ampliou seu negócio: abriu sua própria sapataria, a linha casual de jeans, camisas polo e camisetas, além da linha feminina. Aos clientes que desejam ter um terno seu sob medida, ele recebe na flagship da rua Bela Cintra. É o caso do jogador Neymar, que usou um terno Ricardo Almeida feito sob medida para o primeiro leilão beneficente organizado pelo Instituto Projeto Neymar Jr. Além do jogador, João Doria, os empresários Edgard Corona, João Paulo Diniz e Álvaro Garnero e o cientista político Henry Cukier são clientes do estilista. Quando perguntado se homem gasta menos dinheiro com roupa, ele parece ter a reposta na ponta língua: “Homem é mais exigente. Ele compra menos vezes, mas compra produtos com mais qualidade. Afinal, ele não precisa de muitas roupas, mas de roupas que duram mais. Assim, ele não gasta menos. Quando gosta, ele volta e compra mais ou compra duas peças iguais”.

SEM INTERMEDIÁRIOS

A preocupação dos homens em relação à moda também está nos detalhes – e nos acessórios. Por isso não surpreende que jovens empresários estejam envolvidos também em sua produção. Arthur Blaj, Guilherme Freire e Raphael Costa Neves, por exemplo, se associaram, em 2012, para abrir a LIVO Eyewear, uma marca de óculos que consegue levar ao mercado bons produtos sem preços exorbitantes. Blaj explica que a LIVO subverteu um pouco a lógica tradicional do segmento, eliminando os “muitos intermediários” que, segundo ele, predominam no setor e acabam por encarecer os óculos. “Vendemos diretamente ao consumidor final, o que permite que tenhamos produtos de qualidade por menos da metade do preço das grandes marcas”, explica Blaj. A LIVO cria e vende peças de acetato italiano com produção manual em fábricas brasileiras. As armações são montadas a partir da técnica de fresagem, em que as partes são recortadas de uma única chapa de acetato, polidas manualmente e envernizadas. Além da venda on-line, hoje o trio de sócios já tem lojas próprias e pontos em shoppings de São Paulo e Rio.

66 PODER JOYCE PASCOWITCH


ALEXANDRE WON - ÚNICO

A alfaiataria apareceu na vida de Alexandre Won de uma maneira muito natural. “A minha história começou quando eu advogava e tinha uma necessidade muito grande de me vestir segundo meus padrões”, explica o ex-advogado, que começou nesse mercado fazendo seus próprios ternos. Hoje Alexandre Won se consolida como o nome a acompanhar num segmento sofisticado do mercado brasileiro. O grande atrativo de seu trabalho é o resultado do método chamado “bespoke”. Enquanto roupas sob medida partem de uma base pré-pronta, adaptada às medidas do cliente, as peças bespoke surgem inteiramente a partir do corpo e gosto da pessoa. Para confeccionar um terno, por exemplo, Won não usa nenhum molde. Ele começa do zero: tira as medidas, observa a postura do cliente, coloca no papel e, a partir daí, começa a desenvolver. Nesse processo é possível definir a cor da linha, o tecido, os botões, o modelo e o forro. Em média, um costume leva três meses para ficar pronto e exige quatro provas. Won também produz gravatas e lenços customizados. Seu reconhecimento é comprovado entre os clientes do alfaiate, gente como o advogado Augusto de Arruda Botelho, os empresários Roberto Justus e Bruno Setubal e o jogador Kaká.

FOTOS DIVULGAÇÃO

RAFAEL VARANDAS - PÓS ESPORTE

O economista Rafael Varandas ainda trabalhava na consultoria BOX1824 quando começou a Cotton Project em 2008. No início, ele mal a considerava um negócio. “A marca surgiu como uma necessidade, uma lacuna que eu via no mercado. O jovem consome a marca do atleta de que é fã, seja do surfe, skate ou qualquer outro esporte. O problema é depois, quando a gente cresce”, explica Varandas. A marca, que segue um conceito chamado de “pós-esporte”, entrou em nova fase em 2012, quando sentiu necessidade de abrir uma loja física. “O mercado masculino tinha essa carência. Era um momento difícil para um homem se vestir no Brasil”, conta Varandas, que chegou a comprar uma calça feminina, pelo corte preciso, para usar. Varandas conseguiu colocar a Cotton Project num lugar especial. A marca vai para seu quarto desfile na São Paulo Fashion Week. “O segredo, e também a grande dificuldade, é expandir a audiência sem perder a identidade”, conclui. Suas peças podem ser encontradas tanto em lojas de skate como em casas especializadas, ao lado de roupas da Comme des Garçons, por exemplo. Ainda que discreto em relação aos clientes, sabe-se que até o jogador Ronaldo Fenômeno já se rendeu ao charme minimalista da marca. PODER JOYCE PASCOWITCH 67


É DE PODER POR ANA ELISA MEYER

ARISTÓTELES ONASSIS E MARIA CALLAS

CADEIRA Breton preço sob consulta breton.com

ABAJUR Loja Teo R$ 6.500 lojateo.com.br

GRAVATA Ricardo Almeida R$ 179 ricardoalmeida.com.br

68 PODER JOYCE PASCOWITCH

FOTOS DIVULGAÇÃO; GETTY IMAGES

LENÇO Pucci R$ 1.680 pucci.com

* PREÇOS PESQUISADOS EM JUNHO. SUJEITOS A ALTERAÇÕES

Chamada de “alta sacerdotisa da ópera”, a enigmática Maria Callas, filha de imigrantes gregos nascida em Nova York, em 1923, arrebatava plateias com seu timbre poderoso. Aos 36 anos, terminou seu casamento de uma década e foi viver uma paixão com o magnata grego Aristóteles Onassis (1906-1975). Sua total dedicação ao seu amado a fez abandonar os palcos, indo desfrutar dos prazeres de uma vida cheia de luxos. A relação tempestuosa durou quase nove anos, quando Onassis a trocou pela então famosíssima viúva Jacqueline Kennedy. Callas morreu sozinha e deprimida em seu apartamento em Paris, em 1977.


BOWL NN Antiques R$ 8.735 nnantiques.com.br

IMORTAIS

A Guerlain repaginou as embalagens de suas fragrâncias masculinas, que passam a ter a mesma identidade visual e desembarcam por aqui a partir deste mês. Os novos frascos fazem uma homenagem ao Habit Rouge, primeiro perfume oriental masculino lançado pela maison, em 1965, e inspirado na casaca vermelha dos cavaleiros. Quem também está de frasco novo é o Jicky, perfume feminino que chegou ao mercado em 1889, mas que caiu no gosto dos homens. Na época, as mulheres tinham medo de usá-lo por conta de suas notas sintéticas; já o Vetiver, clássico da Guerlain conhecido pela fragrância fresh, era o preferido de John Kennedy e Jackie Onassis. GUERLAIN.COM

ANEL Cartier preço sob consulta cartier.com

BLAZER Tommy Hilfiger R$ 1.699 br.tommy.com

SAPATO Yves Saint Laurent preço sob consulta ysl.com

RELÓGIO Baume & Mercier R$ 3.950 baume-et-mercier.com PODER JOYCE PASCOWITCH 69


EM TEMPO

Hou Ye, garoto chinês de 12 anos com limitações na capacidade mental e motora, venceu o concurso de desenhos realizado pela marca de relógios suíça IWC Schaffhausen. Seu desenho vai ser gravado na edição especial e numerada do relógio Da Vinci Cronógrafo Edição Laureus Sport for Good Foundation. Parte das vendas será revertida para a Laureus, fundação que dá assistência a crianças vulneráveis por meio de atividades esportivas. Vão ser produzidas 1.500 peças do modelo, que tem 42 mm de diâmetro, movimento do cronógrafo mecânico, corda automática, reserva de marcha de 68 horas, vidro de safira antirreflexo e pulseira de couro italiana by Santoni. Custa R$ 54 mil na butique IWC Schaffhausen do Shopping JK Iguatemi, em São Paulo. IWC.COM

CASACO Carolina Herrera R$ 3.845 carolinaherrera.com

SAPATO Prada R$ 2.540 prada.com

ABOTOADURA Tiffany & Co. R$ 23.720 tiffany.com.br

70 PODER JOYCE PASCOWITCH

FOTOS DIVULGAÇÃO

BOLSA Giorgio Armani R$ 160 mil armani.com


CAMISA Ermenegildo Zegna R$ 1.460 zegna.com.br

REALEZA

A coleção verão 2018 de Gloria Coelho, que só será apresentada na próxima semana de moda, vem inspirada na Inglaterra dos anos 1950 e 1960. Em um mergulho na vida e no comportamento da família real do Reino Unido, as peças têm golas altas, rufos, capas com aplicação de flores desconstruídas, transparências e tecidos sobrepostos. Dramaticidade e romantismo. Nas lojas da estilista a partir deste mês. GLORIACOELHO.COM.BR

BRINCO Ara Vartanian R$ 28.880 aravartanian.com

MESA LATERAL Etel Interiores R$ 9.606 etelinteriores.com.br

COLAR Emar Batalha preço sob consulta emarbatalha.com.br

+ @revistapoder | + facebook.com/poder.joycepascowitch glamurama.com/moda com reportagem de fernanda grilo PODER JOYCE PASCOWITCH 71


POSTAL Velas içadas, o Royal Clipper segue imponente. Pela escotilha é possível ver Gibraltar, território britânico ultramarino que separa a África do continente europeu


VIAGEM

VENTO A FAVOR

Um cruzeiro da portuguesa Lisboa em direção a Málaga, na Espanha, passando por Tanger e Gibraltar já vale a viagem. A bordo do Royal Clipper, o maior veleiro do mundo, o “navegar é preciso” faz muito mais sentido texto e fotos pico garcez*


C

om 439 pés de comprimento (cerca de 130 metros) e 5 mil m2 de velas, o Royal Clipper é um dos maiores veleiros do mundo, segundo o Guinness Book. Uma vez a bordo, o cruzeiro, para grupos pequenos, corre ao sabor do vento, sem shows, sem cassino e com um serviço de bordo impecável.

TÚNEL D

O TEMPO

Com cabin e muita m es luxuosas, escada a ri Royal Clip deira na decoração as per é insp ,o ira veleiro Pre ussen, de do no famoso 1902

PANORÂMICA

Em sentido horário, binóculo mirando Celta aceita libras e euros (só até 2018); farol e vista aérea – os três de Gibraltar; poste de flores em uma das charmosas ruas de Málaga


MISCELÂNEA

Em sentido horário: mercado de especiarias de Tanger, no Marrocos, detalhe da amurada; a decoração clássica de uma das salas do Royal Clipper; o cordame do veleiro

O POUa C DOdeUMM osa m fa DE TerU m co ga ála da, vista blo

to Pa À esqu que inspirou mui GibralPlaza de Toros em , os ac ac m s do Picasso; parque s atrações turísticas que ta tar, uma das mui rante o cruzeiro du é possível visitar

*Viagem feita a convite da Star Clippers e Cap’Amazon


PODER VIAJA POR ADRIANA NAZARIAN

CARA A CARA

São apenas seis cabanas. Mas são todas luxuosas, com lareira e terraço que se precipita sobre o verde copioso do Parque Nacional dos Vulcões, em Ruanda. Inaugurado este mês, o Bisate Lodge promete ser a nova aposta dos viajantes excêntricos. O motivo? O destino é um dos poucos lugares do mundo para ver gorilas de perto. Acompanhados de guias especializados, os hóspedes partem em caminhadas montanha adentro atrás desses impressionantes primatas. Os outros animais do local – elefantes, mais de 178 espécies de pássaros etc. – fazem uma figuração espetacular. WILDERNESS-SAFARIS.COM

HORIZONTE

Um hotel que faz justiça ao skyline de Bangcoc. O novo Park Hyatt ocupa o edifício Central Embassy, que, com suas linhas curvas e inesperadas, tornou-se um dos novos landmarks da capital da Tailândia. Ocupando 24 andares do prédio, tem 222 quartos luxuosos com janelões do chão ao teto, décor elegante e amenities Le Labo. Cercada por cabanas, a piscina de água salgada de borda infinita é candidata ao novo must see de Bangcoc. Em breve os últimos três andares do prédio darão espaço para restaurante, rooftop, bar e mesa privada do chef, todos projetos do escritório nova-iorquino AvroKO. BANGKOK.PARK.HYATT.COM

76 PODER JOYCE PASCOWITCH


JOÃO CURY

SÓCIO DA INTERFOOD

INFUSÃO

Dica para quem já descobriu os encantos dos chás da Yswara. A marca africana ganhou recentemente uma loja-conceito em Johannesburgo, na África do Sul. Além de vender blends colhidos nos mais diversos cantos do continente, o espaço oferece uma sala de chá inspirada nas marroquinas, mas com toque moderno. A localização também soma pontos: fica na The Cosmopolitan, espécie de loja-conceito e galeria de arte recheada de achados locais em Maboneng, o bairro mais descolado de Joburg.

“Como trabalho no mercado de bebidas, nas minhas viagens procuro visitar bares legais. Em Praga, na República Checa, indico o brewpub The Strahov, que fica dentro de um mosteiro. A comida e a cerveja, feitas no local, são excelentes. Em Denver, nos Estados Unidos, gosto das cervejas artesanais de um bar lendário chamado Falling Rock. É um lugar cultuado pelos apreciadores dessa bebida. Para tomar cocktails gosto bastante de dois bares no estilo speakeasy: o Attaboy, no Lower East Side, em Nova York, e o Door 74, em Amsterdã, na Holanda. Já para quem é fã de vinho recomendo o restaurante Antica Bottega del Vino, em Verona, na Itália. Eles servem muitos rótulos em taça. E em Bordeaux, na França, gostei muito do Le Chapon Fin, restaurante com estrela no Guia Michelin que tem uma adega de peso.”

YSWARA.COM

FOTOS DIVULGAÇÃO; BRUNA GUERRA

GUARDA-SOL

ARROJO

Se o verão europeu pede sempre uma parada em Ibiza, saiba: o destino acaba de ganhar um hotel Nobu. Fica na baía de Talamanca, a 2 quilômetros do centro e a poucos minutos da marina Botafoch. Mas vai ser difícil sair dali: o espaço reúne duas piscinas com vista para o mar, kids club e spa com tratamento antienvelhecimento. A gastronomia é outro ponto a favor: entre os quatro restaurantes, os hóspedes prometem fazer fila no japonês que dá nome ao local, comandado por Nobu Matsuhisa.

Nem só de caminhadas no Chiado e frege noturno pelo Bairro Alto é feito o delicioso verão de Lisboa. Às margens do rio Tejo, o Maat (Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia) tem chamado a atenção de lisboetas e turistas. O projeto, assinado pela britânica Amanda Levete, impressiona: o prédio é em forma de concha com escamas de cerâmica que refletem a luz. A direção é de Pedro Gadanho, excurador de arquitetura do MoMA.

NOBUHOTELIBIZABAY.COM

MAAT.PT

PODER JOYCE PASCOWITCH 77


MOTOR

MAR

ADENTRO Elegância, força, conforto e todo o vento do mundo a favor. Conheça alguns dos iates mais disputados dos oceanos

FOTOS DIVULGAÇÃO

por paulo vieira

78 PODER JOYCE PASCOWITCH


NUMARINE 105 HT EXPERIÊNCIA PRIMEIRA CLASSE

Os amplos espaços são o “mantra” da Numarine, que tem no 105 HT mais uma demonstração da máxima. O grande “living” do interior repleto de sofás; o quarto que lembra o dos melhores hotéis; a sala de jantar e o cockpit; tudo parece deslizar confortavelmente, com sobras, ao longo dos 32,5 metros de comprimento da proa à popa. O barco navega em qualquer situação e atinge velocidade máxima de 30 nós. Preço: US$ 7,6 milhões

PODER JOYCE PASCOWITCH 79


BENETTI FAST’ 125 | SAPORE DI SALE

Para quem gosta de velocidade, a Benetti é o nome a ter em mente. A tradicional armadora italiana tem em seu portfólio iates que combinam performance com comodidade, caso deste Fast 125’. Com três opções de costumização, tem 38,1 metros de comprimento e acomoda 17 pessoas em nove cabines (quatro delas para a tripulação). O motor é um RollsRoyce Azipull Carbon 65 feito de fibra de carbono, o que reduz substancialmente seu peso. Preço: R$ 95 milhões

Para os entendedores, uma linha basta. A faixa de aço inox na popa é uma das assinaturas dos iates da Intermarine. Outro é a navegabilidade. Dois motores Volvo Penta D13-800 levam o iate a 33 nós de velocidade máxima. Com projeto do BMW Group, 17,5 metros de comprimento e altura desde a linha da água de 4,35 metros, o 55 comporta até 20 pessoas. Tudo isso parece bastante técnico, especialmente quando a gente entra na embarcação e começa a pensar seriamente se um dia deveria voltar à terra firme. Preço: R$ 6,5 milhões.

80 PODER JOYCE PASCOWITCH

FOTOS DIVULGAÇÃO; ARQUIVO PESSOAL

INTERMARINE 55 A FORÇA DE UMA MARCA


COLUMBUS OCEANIC 80M | COMO UM NAVIO DE CRUZEIRO

Se a decisão de compra deste barco dependesse do tamanho de sua piscina, não haveria nem barganha. Com 7 metros de comprimento, sistema de natação contra a corrente, cascata e hidromassagem, ela é apenas um dos destaques do iate, que lembra mais um navio de cruzeiro com seus 80 metros de comprimento. Há ainda sauna, academia de ginástica, sala de cinema, bar e um elevador com portas de vidro a conectar os vários andares da embarcação. Tem autonomia de 6 mil milhas náuticas em velocidade de cruzeiro. Preço sob consulta.

MAZU 38 SOFT TOP LUXO BOUTIQUE

Fabricante de iates com toques “boutique”, a marca turca Mazu acaba de lançar o 38 Soft Top. Mais do que a motorização – dois Volvo IPS 400 que entregam uma velocidade máxima de 34 nós –, importa aqui a elegância do interior: do couro e dos tecidos do estofamento aos espelhos que ampliam a sensação de se estar no melhor lugar do mundo. Preço: US$ 770 mil

PODER JOYCE PASCOWITCH 81


COZINHA DE PODER POR FERNANDA GRILO F O T O S G I O VA N N A B A L Z A N O

SERVIÇO

CO MPL ETO Juçara, açaí ou pupunha, não importa. Com sabor suave e poucas calorias, o palmito diz a que vem – da entrada à sobremesa

O

que chamamos de palmito é a parte comestível de algumas espécies de palmeira. As mais conhecidas são juçara, que é nativa da Mata Atlântica, açaí, cultivada na Amazônia, pupunha, que tem origem na Região Norte do país, mas também é muito cultivada no Sudeste, e real, originária da Austrália. A diferença? Basicamente, o tempo que levam para amadurecer e o sabor. O palmito-juçara e o açaí, por exemplo, demoram cerca de dez anos para ficar prontos para consumo, e o pupunha leva dois. De sabor mais adocicado, ele é o tipo comum nos supermercados e também o mais sustentável, pois permite o plantio e replantio em um curto período de tempo – além disso, sua árvore não morre ao ser cortada. A palmeira juçara, por exemplo, está ameaçada de extinção. Após anos de consumo desenfreado, ela hoje é protegida por lei. De maneira geral, palmito é saudável e pouco calórico: 100 gramas do alimento não chegam a contar 30 calorias. A nutricionista Cynthia Antonaccio, da consultoria Equilibrium, em São Paulo, recomenda: “Como o palmito em conserva tem muito sódio, melhor deixá-lo de molho antes de consumir”. Além disso, é bom tomar cuidado com a bactéria Clostridium botulinum, agente causador do botulismo, doença grave e potencialmente fatal que provoca paralisia muscular e pode atingir o diafragma, impedindo a respiração. Para evitar problemas, Cynthia aconselha cozinhar o palmito. “Antes de consumir, ferva o produto durante 15 minutos”, recomenda. n

82 PODER JOYCE PASCOWITCH



SALADA BRASILEIRA

POR ALEX ATALA E RAUL GODOY, CHEFS DO BIO – COMER SAUDÁVEL 1 PORÇÃO INGREDIENTES MOLHO DE AÇAÍ • 1 colher (sopa) de polpa pura de açaí • 1/2 colher (chá) de molho shoyu • 1/2 colher (chá) de gengibre ralado • 1 colher (chá) de vinagre de vinho tinto • 2 colheres (sopa) de azeite virgem

JOGO DE JANTAR Porcelana Schmidt R$ 625 PORCELANASCHMIDT.COM.BR

84 PODER JOYCE PASCOWITCH

SALADA • 1 xícara de palmito pupunha cru fatiado fino como espaguete • 1/2 xícara de quiabo grelhado • 1/2 xícara de abóbora brasileira cortada em cubos e assada com casca a 180 graus por 20 minutos • 2 xícaras de mix de folhas (agrião, escarola e almeirão) • 6 folhas de coentro • 4 castanhas-do-pará quebradas

MODO DE PREPARO MOLHO DE AÇAÍ Misture todos os ingredientes, exceto o azeite. Entre com o azeite em fio batendo com um fouet até que a mistura fique bem emulsionada. SALADA Em um bowl grande misture cada ingrediente (exceto as castanhas) no molho. Sirva em um prato fundo (ou bowl) e finalize com as castanhasdo-pará.

PRATO GIRATÓRIO Artefacto R$ 2.800 ARTEFACTO.COM.BR/PORTAL/


* PREÇOS PESQUISADOS EM JUNHO. SUJEITOS A ALTERAÇÕES

FOTOS GIOVANNA BALZANO; DIVULGAÇÃO

CANUDINHO DE PALMITO COM OVAS DE PEIXE

POR JANAINA RUEDA, CHEF DO BAR DA DONA ONÇA 30 UNIDADES INGREDIENTES CANUDINHOS • 750 g de farinha de trigo • 250 ml de água • 160 ml de óleo de soja • 12 g de sal • 30 g de cachaça • 1 ovo BASE DE PALMITO • 1 vidro grande de palmito cortado em pedaços pequenos • 500 g de creme de leite • 500 g de catupiry • Alho e cebola a gosto • Sal e noz-moscada a gosto MODO DE PREPARO CANUDINHOS Misturar os ingredientes até formar uma massa, enrolar para formar um canudo e fritar em óleo quente. BASE DE PALMITO Misturar todos os ingredientes em fogo baixo até formar um creme. Depois é só encher os canudinhos e finalizar com as ovas de peixe capelin.

BOLEIRA POIA Tora Brasil PREÇO SOB CONSULTA TORABRASIL.COM.BR

FACA SWISS CLASSIC SANTOKU Victorinox R$ 300 VICTORINOX.COM.BR

BANDEJA ALD Jader Almeida para Sollos R$ 2.800 SOLLOS.IND.BR

PODER JOYCE PASCOWITCH 85


HIGH-TECH POR FERNANDA BOTTONI

É uma viagem

A câmera fotográfica que é drone, a mala que avisa quando é aberta por alguém que não é seu dono, o squeeze que filtra a água e outros apetrechos para não passar aperto longe de casa

AIRSELFIE CAMERA

Câmera de vídeo de 5 megapixels, wi-fi e tempo de voo de três minutos, a AirSelfie é um drone perfeito para selfies. O dispositivo de bolso pode voar até 20 metros de distância para capturar os melhores momentos de sua viagem. US$ 279,13 AIRSELFIECAMERA.COM

MOTO Z2 PLAY

A segunda geração do Moto Z2 Play tem estrutura de metal, tela Super AMOLED Full HD de 5,5 polegadas e vem com bateria para mais de um dia de uso. Além disso, o carregamento TurboPower proporciona até seis horas de uso com apenas 15 minutos de carga. O smartphone é sensacional para viagens porque todos os Moto Snaps podem ser acoplados a eles. O JBL Soundboost, por exemplo, transforma o aparelho em um caixa de som potente; o Insta-Share Projector faz projeções de filmes e de séries em superfícies planas, com visualização em quase qualquer ângulo; e o Hasselblad True Zoom traz a melhor experiência para o usuário no quesito fotos. O aparelho ganha um zoom óptico de até 10x e flash de zênon. E tem ainda o Power Pack, que garante muitas horas extras de carga, sem cabos e complicações. R$ 1.999 (MOTO Z2 PLAY) MOTOROLA.COM.BR

MARIANA CALTABIANO

Diretora da Mariana Caltabiano Produções “Utilizo muito o app do Weather Channel para não errar no que vestir, e gosto bastante do eMusic, para iPhone, que permite ouvir uma playlist especial. Utilizo também Google Maps, Waze, Citymapper e Uber. Além deles, para shows, ingresso.com em viagens nacionais, Ticketmaster nas internacionais. Para saber de quem é a música que está tocando nos lugares que visito, uso o SoundHound. Breve pretendo baixar o Zagat para ficar por dentro dos melhores restaurantes. E, claro, não passo sem FaceTime e WhatsApp.”


GOTENNA MESH

Inspirado pelas operações de resgate após a passagem do furacão Sandy pelos Estados Unidos, o goTenna foi projetado para manter dispositivos Android e iOS conectados mesmo quando não há nenhum serviço celular. É basicamente um rádio com antena bidireccional de duas vias que usa bluetooth-LE e pode ser emparelhado com um smartphone. A tecnologia inovadora permite que você compartilhe mensagens de texto e informações de localização instantaneamente dentro de um alcance de até 3 milhas em condições ideais. US$ 149 (O PAR, EM PRÉ-PEDIDO) GOTENNA.COM

SAMSUNG GEAR 360

Com esta supercâmera que capta em 360 graus, além de registrar os melhores momentos da viagem você pode fazer livestreaming. Para isso é preciso apenas sincronizá-la com um smartphone ou computador compatível e começar sua transmissão ao vivo de alta qualidade pelo Facebook, YouTube ou pelo Samsung VR. Equipada com sensores de imagem de 8,4 megapixels e lentes olho de peixe com abertura f/2.2, a Gear 360 possibilita a criação de imagens em alta resolução. R$ 1.999 SAMSUNG.COM/BR

* PREÇOS PESQUISADOS EM JUNHO. SUJEITOS A ALTERAÇÕES

FOTOS DIVULGAÇÃO

CAMELBAK ALL CLEAR

Se você pretende viajar para lugares remotos em que nem sempre é possível encontrar água portável, esta garrafinha pode ser a solução. Trata-se de um dispositivo capaz de transformar em apenas um minuto quase qualquer fonte de água natural e transparente em água potável. O frasco de 0,75 litro tem baterias recarregáveis de íons de lítio e usa luz UV para fazer a filtragem. US$ 99 CAMELBAK.COM

SAMSARA SMART ALUMINUM SUITCASE

Esta mala de alumínio, que suporta 4 quilos de bagagem, é leve, resistente a fogo e reciclável. Além disso, é extremamente inteligente. Sua superfície superior plana funciona como um espaço de trabalho para notebooks e tablets. Por dentro tem luzes de LED e também um recarregador para ativar a bateria de todos os seus dispositivos. Para completar, por meio de um aplicativo, ela envia alertas para o smartphone sempre que se afastar do proprietário ou se for aberta por outras pessoas. O projeto ainda está no Kickstarter e promete ser pelo menos US$ 400 mais barato do que outros modelos. PREÇO AINDA NÃO DISPONÍVEL SAMSARALUGGAGE.COM

PODER JOYCE PASCOWITCH 87


CULTURA INC. POR ANTONIO MAMMÌ

NA TEIA DO

ARANHA Fotobiografia do político e diplomata Oswaldo Aranha, que foi ministro de Getúlio Vargas e presidente da AssembleiaGeral da ONU, chega às livrarias pelas mãos de seu neto, o historiador Pedro Corrêa do Lago

“T

enho horror à política e quero estudar… com concurso se consegue tudo o que se quer. Toda a minha ambição é uma cátedra.” Não fosse pelo autor, o trecho da correspondência entre um estudante e seus pais seria bastante trivial. Aos 21 anos, o futuro político e diplomata Oswaldo Aranha, para muitos o maior articulador de forças durante a primeira metade do século 20 no Brasil, revelava ter mais interesse em ser professor universitário do que trilhar o caminho que acabou por influenciar os rumos do país. Um dos 600 documentos que integram Oswaldo Aranha: Uma Fotobiografia (Capivara), do historiador Pedro Corrêa do Lago, a carta é um exemplo do mix entre público e privado que marca o livro. Ele reúne o arquivo pessoal de Aranha e registros históricos da vida pública de um homem que foi ministro da Fazenda, da Justiça e das Relações Exteriores

88 PODER JOYCE PASCOWITCH

(sempre com Getúlio Vargas, em diferentes mandatos) e que presidiu a Assembleia-Geral da ONU quando foi aprovada a criação do Estado de Israel. “No período Getúlio Vargas, foram sete oportunidades em que ele ficou muito próximo de ser presidente da República”, afirma Corrêa do Lago, por sinal neto do biografado. É da proximidade familiar que advém a riqueza do material que ilustra a obra – a mãe do autor, filha caçula de Aranha, era a guardiã de boa parte de seu acervo iconográfico. Na maioria das fotos, lá está Aranha conjecturando, confabulando ou seduzindo um conjunto de líderes – do comunista Luís Carlos Prestes ao rei Faisal, da Arábia Saudita. Mas entre registros de discursos e audiências com Vargas ou com o presidente norte-americano Franklin D. Roosevelt, é possível encontrar Aranha apostando nos cavalos com João Goulart ou Assis


LIVRO UMA NOVA EDITORA A Todavia, editora fundada por profissionais egressos da Companhia das Letras, lança seus primeiros livros em julho. Serão quatro títulos, com destaque para O Vendido, do vencedor do prestigiado prêmio The Man Booker, o norte-americano Paul Beatty. Para agosto, está previsto o lançamento da biografia do cantor Belchior pelo jornalista Jotabê Medeiros.

FOTOS DIVULGAÇÃO

Aranha (centro) no enterro de Getúlio Vargas, e, no sentido horário, na capa da Time, com o secretário de Estado americano Cordell Hull , na morte de Vargas e, ao lado, com Nelson Rockefeller

Chateaubriand, o Chatô, o todopoderoso fundador dos Diários Associados, ou dançando animado ao som de uma sanfona. Da fecunda atuação política do avô, Corrêa do Lago destaca três episódios: o papel de Aranha como articulador da Revolução de 1930, que levou Vargas ao poder; sua influência no alinhamento do Brasil com os Aliados na Segunda Guerra Mundial; seu desempenho no jogo de bastidores na partilha da Palestina, quando presidente da Assembleia-Geral da ONU, em 1947. Entusiasta da solução de dois Estados, Aranha costurava a arregimentação dos votos necessários pa-

MÚSICA ra a criação de Israel. A indiferença do bloco latino-americano e a resistência dos árabes fizeram com que, no dia da deliberação, ele desconfiasse do sucesso da proposta. “Aranha adiou a votação e, como tinha feriado no dia seguinte, ganhou dois dias para conseguir votos favoráveis à partilha”, conta o biógrafo. Mais do que uma biografia do avô, diz Corrêa do Lago, o livro permite passear pelas décadas de 1930, 40 e 50, um ambiente político bastante diferente do atual. “A participação na vida pública honrava uma família. Hoje, com raras exceções, ela as constrange.” n

DUO ASSAD E ORQUESTRA DAS AMÉRICAS A Sociedade Cultura Artística promove concerto do Duo Assad em conjunto com a Orquestra das Américas na Sala São Paulo nos dias 1º e 2 de agosto. Os irmãos violonistas Sérgio e Odair, que formam o Duo, se juntam à sinfônica liderada pelo mexicano Carlos Miguel Prieto para apresentar, além de composições próprias, obras de inspiração latino-americana e clássicos do russo Igor Stravinsky.


+LIVRO

FREUD NO DIVÃ

A

Criação Original (editora 7Letras), sétimo livro do psicanalista e escritor Francisco Daudt, traz um título com um quê de autorreferência: além da alusão à invenção da psicanálise por Sigmund Freud, ele tem relação com o histórico editorial do autor. Em 1992, Daudt já tinha escrito o seu apanhado geral sobre a teoria freudiana, mas, autor desconhecido na época, não achou quem se dispusesse a editar o calhamaço de mais de 300 páginas que tinha em mãos. A solução foi publicar uma versão condensada da obra, tratando apenas da educação de filhos. Um quarto de século depois, a criação original de Daudt está nas livrarias. Trata-se de um compêndio sobre os 24 volumes que Freud escreveu durante sua vida. Daudt falou a PODER. PODER: A literatura psicanalítica ainda é inacessível para o público leigo? FRANCISCO DAUDT: Completamente inacessível. O Ernest Jones, primeiro tradutor do Freud para o inglês, era médico e traduzia a obra original, que é de um alemão que qualquer um entende, como se estivesse escrevendo um livro de medicina. Encheu o livro de termos latinos e aí é que começou essa desgraça de a psicanálise ser um saber para poucos. A fala dos psicanalistas é complicadíssima. Eu estou lutando

90 PODER JOYCE PASCOWITCH

para que os psicanalistas falem de forma clara. PODER: Como conciliar rigor científico e uma linguagem acessível ao leitor leigo? FD: Não existe nenhum conflito de interesses. Karl Popper dizia que as propostas e as hipóteses precisam ser claras, transparentes e vulneráveis à crítica. Se elas escaparem da refutação, elas pr o v a vel me nte estarão mais próximas da verdade. Se você fala claro, não enrola ninguém. Isso é crucial para mim porque, na prática de consultório, faço questão que o cliente entenda tudo o que estou dizendo. Ele é meu laboratório vivo, é por ele que eu descubro se estou indo pelo caminho certo ou errado. PODER: O livro não segue a ordem cronológica da produção de Freud. Por quê? FD: A estratégia foi pegar uma pessoa imaginária desde o nascimento até a fase adulta e ver tudo o que acontece na interação da sua natureza com a criação que ela recebe. Seus neurônios começam a amadurecer: primeiro vem o controle sobre a boca, depois o controle muscular e com a elimi-

nação de fezes e urina, aí a criança se torna capaz de masturbar. E mostrar como esse ganho de capacidade entra em choque com o mundo externo – é só imaginar como os pais veem a masturbação infantil. Essa interação mostra como se sedimenta o funcionamento da mente humana. PODER: Parece mais compreensível para o leitor. FD: Minha filha é autora de livros infantis e costuma dizer que a melhor forma de escrever para crianças é se lembrar de si mesmo quando criança. Minha intenção foi me botar na pele de um estudante que nunca leu Freud na vida. Eu procurei escrever o livro que gostaria de ter lido quando comecei a estudar Freud. n

FOTOS JOÃO CLÁVIO / DIVULGAÇÃO

O psicanalista Francisco Daudt comenta em seu novo livro, A Criação Original, toda a obra de Sigmund Freud em um acerto de contas com a própria carreira: em 1992, já havia tentado verter para um público mais amplo as ideias do pai da psicanálise, mas não encontrou quem as publicasse


ARTE TODO LEONILSON Morto em 1993, em consequência de complicações de Aids, o artista plástico cearense Leonilson deixou um grande conjunto de discretos e sensíveis trabalhos. O inventário completo de sua obra, com 3.400 peças, forma agora um catálogo raisonné que sai com tiragem de 2 mil exemplares. No Brasil, ter a obra compilada num raisonné é traço distintivo. Antes de Leonilson, apenas Alfredo Volpi, Candido Portinari, Iberê Camargo e Tarsila do Amaral haviam sido objeto de catálogos do tipo no país.

MONTMARTRE NO MASP O Museu de Arte de São Paulo abriga a exposição Toulouse-Lautrec em Vermelho, que reúne 75 obras do pintor francês, boa parte delas emprestada de grandes museus internacionais, como o d’Orsay, de Paris, e a Tate Gallery, de Londres. A cor que dá nome à mostra e predomina no trabalho do artista remete à sexualidade que embalava o clima dos cabarés, bordéis e cafés da capital francesa no século 19. Frequentador assíduo de Montmartre, o bairro boêmio da cidade, Toulouse-Lautrec foi o grande retratista da nascente vida noturna parisiense. A mostra fica em cartaz até 1º de outubro.

FOTOS DIVULGAÇÃO; GETTY IMAGES

IMS DE CASA NOVA EM SÃO PAULO Em 22 de agosto, o Instituto Moreira Salles inaugura seu novo centro cultural em São Paulo. A antiga e algo espremida sede do bairro de Higienópolis muda-se agora para um prédio próprio de sete andares na avenida Paulista. O IMS da Paulista terá 1.200 m2 de área expositiva, cineteatro com programação coordenada por Kleber Mendonça Filho (de Aquarius), biblioteca, salas de aula e um café/restaurante sob os cuidados do jovem e incensado chef Rodrigo Oliveira, do Mocotó. A primeira mostra será The Clock, do suíço-americano Christian Marclay, premiada na Bienal de Veneza de 2011.

CINEMA O PERFEITO COZINHEIRO A atriz Luiza Mariani, que produziu e atuou na adaptação para o teatro de O Perfeito Cozinheiro das Almas deste Mundo, famosa obra de Oswald de Andrade, ataca agora no cinema. Baseado no diário de Oswald, o romance de 1918 tem como fio condutor o relacionamento amoroso vivido entre o autor e a jovem normalista Maria de Lourdes Castro Pontes, na obra retratados com os nomes Miramar e Miss Cyclone.


PODER É

2

1

3

5

2 4

2 - FICAR POR DENTRO DA MODA CONTEMPORÂNEA... O Museu da Arte Brasileira da Faap apresenta ao público sua coleção de moda, inaugurada em 2015. Com conteúdo exclusivamente nacional, a mostra traz peças de estilistas como Reinaldo Lourenço, Jum Nakao, Fause Haten e Lino Villaventura. Em exibição até 13 de agosto. 3 - VER E OUVIR JOÃO CARLOS MARTINS… Mauro Lima (de Meu Nome Não É Johnny) dirige a cinebiografia do

92 PODER JOYCE PASCOWITCH

famoso regente e pianista brasileiro, interpretado na telona por Alexandre Nero. O filme retrata a trajetória novelesca daquele que se tornou o grande intérprete brasileiro de Bach. A partir de 3 de agosto. 4 - REVISITAR ROQUE SANTEIRO... A obra de Dias Gomes, novela de sucesso nos anos 1980, ganha adaptação para o teatro, com direção musical de Zeca Baleiro – curiosamente ela foi de início escrita para teatro, mas acabou censurada. Em cartaz no Teatro Faap,

em São Paulo, até o dia 30 de agosto. 5 - VIAJAR NUM ROMANCE SOBRE BOB MARLEY... O escritor jamaicano Marlon James tem a sua primeira obra lançada no Brasil. Situada em 1976, a trama tem como fio condutor a história real do atentado à casa de Bob Marley às vésperas de um show. O romance épico de James, convidado deste ano da Festa Literária Internacional de Paraty traz um recorte histórico de um conturbado período do país caribenho.

FOTOS DIVULGAÇÃO; PRISCILA PRADE / DIVULGAÇÃO

1 - CURTIR A NOVA EDIÇÃO DO COALA FESTIVAL... Lançado em 2014, o festival ganhou força ao reunir nomes consagrados da música popular brasileira e artistas emergentes da cena nacional. Caetano Veloso, Emicida, Rael, Fióti, Liniker e os Caramelows, Rincon Sapiência, Tulipa Ruiz e Aíla são as principais atrações deste ano. Além da programação musical, o Coala exibe instalações artísticas, exposições de artes plásticas e painéis de grafite. Dia 12 de agosto, no Memorial da América Latina, em São Paulo.


UNIVERSO PARTICUL AR POR ALINE VESSONI

FOTOS GETTY IMAGES; DIVULGAÇÃO; ISTOCKPHOTO.COM; JOÃO VITOR LAGE / DIVULGAÇÃO

Fazer reuniões no meio de uma nuvem de gelo-seco ou colocar o pinguim dentro da geladeira. Para o cenógrafo Felipe Morozini não há limites para estimular a própria criatividade Você contrata um cenógrafo e vai à sua casa para uma reunião. Mas no encontro mal consegue vê-lo, pois ele ligou a máquina de gelo-seco. Esse cenógrafo, Felipe Morozini, gosta de criar diferentes perspectivas – diz que isso o ajuda a criar. Não conseguir enxergar nada dentro da própria casa é um dos recursos que ele usa para exercitar o lado direito do cérebro. Quando está com clientes, o artifício serve para esclarecer quem ele é. “Reunião no meio do gelo-seco faz com que o cliente entenda o profissional que pretende contratar”, conta. Mesmo sozinho, ele tem o hábito de encher a casa de dióxido de carbono solidificado – o gelo-seco – três

vezes por semana. Também muda as cores das luzes. Essa curiosa rotina de interferências no ambiente talvez seja a única coisa sistemática da vida desse artista multifacetado. “Entre o meu despertar e dormir, crio – e sempre nas coisas mais banais do dia a dia. Gosto de abrir a geladeira e de encontrar um pinguim lá dentro, não do lado de fora. Esse tipo de coisa estimula meu lado criativo”, conta. Quem o vê tão engajado na transformação do Elevado Presidente João Goulart, o Minhocão, em um parque, não sabe que o começo de sua vida no centro de São Paulo não foi agradável. “Há 17 anos, vim do Tatuapé morar no apartamento que era da minha bisavó e odiei.” Ele podia ter desistido da moradia e se mudado para outro bairro, mas não fez nada disso. “Quando eu não entendo uma coisa,

estudo e tento transformar.” A ideia da Associação Parque Minhocão, dirigida hoje pelo artista, é de converter em definitivo a via de veículos num espaço exclusivo para pessoas, coisa que hoje só ocorre em parte do tempo. Morozini se diz feliz com a mudança na atitude dos frequentadores do Minhocão, que, segundo ele, entenderam a importância de ocupar o espaço público – mesmo de um lugar “sem sombra nem banheiro”. Ainda que reporte dificuldade em ouvir uma resposta clara do poder público para a interdição definitiva do Minhocão para os carros, ele se considera um otimista. “Todo mundo que tenta trabalhar em parceria com o governo só pode ser otimista”, brinca. Morando ao lado do Minhocão ou andando em qualquer outro canto da cidade, Morozini sente falta dos sons e, principalmente, do silêncio da natureza. Por essa razão, o cenógrafo trabalha ouvindo gravações do canto de pássaros e tenta deixar a metrópole rumo ao silêncio da natureza pelo menos uma vez por mês. n

CIDADE: para pessoas PAÍS: Índia LUGAR: Bahia LIVRO: Gandhi: Autobiografia –

Minha Vida e Minhas Experiências Com a Verdade SONHO: o dia todo SEGREDO: não posso contar INSPIRAÇÃO: a natureza BEBIDA: Yakult RESTAURANTE: casa da minha mãe SÃO PAULO: meu caminho OBRA-PRIMA: a vida FOTOGRAFIA: poesia CÂMERA: objeto ARTISTA: Grace Jones


CABECEIRA

ESTANTE

JOSÉ VICENTE MARINO, presidente

da Flora, empresa de bens de consumo dona de marcas como Minuano, Francis e OX, não tinha como escapar dos livros. Filho de professora de literatura, ele não se recorda de ter vivido longe de uma biblioteca abarrotada. O incentivo materno fez dele um leitor voraz, que está sempre às voltas com mais de um título por vez – e com uma “fila de espera” que nunca diminui. Seu gosto é bastante eclético. “Negócios, filosofia, romances, espiritualidade, tudo me interessa. Amo também livros de fotografias e de arte.” Uma história curiosa, de sua infância, fez do empresário um leitor assíduo também das orelhas dos livros. “Em minha casa havia uma grande coleção do [poeta] Gil Vicente. Eu achava que era a história da vida dos meus pais, Gilda e Vicente. Quando cresci e descobri que era um autor português que minha mãe havia estudado, fiquei meio frustrado e decidi que sempre iria ler as orelhas primeiro para saber do que trata o livro”, conta.

MORTE E VIDA SEVERINA, JOÃO CABRAL DE MELO NETO

“Um livro sobre o Brasil e sobre o brasileiro. Eu o li numa época em que estava viajando muito pelo país e trabalhava com marcas do Nordeste. Ele é importante para mim porque sou apaixonado pelo Brasil. Gosto da maneira como o país foi formado, da mistura de povos, da miscigenação.” BÍBLIA SAGRADA

“Estudei a Bíblia na juventude. Foi uma leitura muito significativa, pois me fez pensar no sentido da vida e em questões que vão além do plano material.”

por aline vessoni CASA-GRANDE & SENZALA, GILBERTO FREYRE

“Esse eu li enquanto escrevia minha dissertação de mestrado. É um livro que fala sobre a formação da sociedade brasileira e, desde que o li, tenho usado o que aprendi ali para direcionar o meu trabalho.”

OS DONOS DO PODER, RAYMUNDO FAORO

“Essa história nos fala sobre a capacidade que temos de transformar a realidade. O livro faz uma analogia com a própria vida: você é o alquimista da sua vida.”

94 PODER JOYCE PASCOWITCH

A QUINTA DISCIPLINA, PETER SENGE

“Tive o prazer de conhecer o autor pessoalmente. Peter provoca o leitor a pensar como todas as coisas estão conectadas. É uma boa reflexão para todos os aspectos da vida, mas no âmbito profissional ele possibilita que a liderança enxergue o todo – e o todo é sempre maior que as partes.”

FOTOS DIVULGAÇÃO

O ALQUIMISTA, PAULO COELHO

“Foi um dos livros que marcou minha vida, pois trata da importância da política e, na época, eu era presidente do diretório acadêmico da Fundação Getúlio Vargas.”


CARTAS cartas@glamurama.com

CLAUDIO LOTTENBERG

“Todos temos muito que agradecer o espírito servidor de pessoas como Claudio Lottenberg e João Doria.” Mauricio Garcia, via Instagram “Li a entrevista da PODER e penso positivo para que ele entre na política e faça pelo Brasil!!!!!” Paulo Burtet Rocha, via Instagram “Estamos precisando de referências na vida pública.” Mary Gonçalves, via Instagram

LILIA CABRAL

“Esta mulher é sensacional.” Acacia Gonçalvez, via Instagram, do Rio Janeiro

ERRATA

O empresário do cantor Roberto Carlos, Dody Sirena, esclarece que a aproximação para que seu cliente estrelasse os comerciais dos frigoríficos Friboi foi iniciativa da agência de publicidade Lew’Lara, responsável pela campanha. José Seripieri Junior, da Qualicorp, também nega que tenha sido ele quem apresentou o artista, que cantou em seu casamento, ao empresário Joesley Batista (PODER 106).

AGENDA PODER BAUME & MERCIER

+ baume-et-mercier.com BOTTEGA VENETA + bottegaveneta.com CAROLINA HERRERA + carolinaherrera.com

FOTO ANDRÉ GIORGI

CHRISTIAN LOUBOUTIN

+ christianlouboutin.com ERMENEGILDO ZEGNA + zegna.com FIDELI + fideli.com.br GUCCI + gucci.com HUGO BOSS + hugoboss.com IWC + iwc.com JAEGER-LECOULTRE + jaeger-lecoultre.com PRADA + prada.com RICARDO ALMEIDA

+ ricardoalmeida.com.br TOMMY HILFIGER + tommy.com.br

NA REDE: /Poder.JoycePascowitch

@revistapoder @revista_poder

PODER JOYCE PASCOWITCH 95


A francesa Simone Veil tornou-se um dos símbolos da luta das mulheres por direitos iguais. Em 1975, como ministra da Saúde, escutou as vozes do movimento feminista e conseguiu aprovar a lei que descriminalizava o aborto, que ficou conhecida como Lei Veil. Também foi a primeira mulher eleita presidente do Parlamento europeu, em 1979. Morreu dia 30 de junho, poucos dias antes de completar 90 anos.

FOTO GETTY IMAGES

ICÔNICA


FOTOS MAURÍCIO NAHAS; JAIRO MALTA; FERNANDO TORRES

YOUTUBE.COM/TVGLAMURAMA

No “Que loucura é essa?” JOYCE PASCOWITCH entrevista TOM ZÉ.

E MAIS NO GLAMURAMA.COM

• Marjorie Estiano: corrupção na saúde, morte, fé, atração por colegas e eutanásia • Os encontros de Marisa Monte, que completa 50 anos • Townhouse onde morou Al Capone em NY esta à venda por R$ 9,5 milhões

Making of do ensaio com RENATO GÓES

JULHO

EDIÇÃO 130

NO AUGE, JULIANA PAES FALA DE POLÍTICA E PERRENGUES

E MAIS: Quatro gerações de adoráveis sedutores; os modaholics: eles compram roupa só para colecionar; as amigas-irmãs e as irmãs-amigas

facebook.com/revistajp

@revistajp

@revistajp

O conteúdo da J.P na versão digital está disponível no SITE +joycepascowitch.com


trans•for•ma•ção (substantivo feminino)

Do latim TRANSFORMATIO. Qualquer tipo de alteração que modifica um sistema dando uma nova forma, aspecto, molde ou aparência a partir de um fenômeno de mudança. 2 Uma visão inovadora sobre novos modelos corporativos, alinhando talentos à estratégia de crescimento da sua empresa para impulsionar ainda mais seus negócios. Tudo isso, aproveitando oportunidades que criam valor nos mais diferentes cenários, explorando seus pontos fortes e gerando um crescimento contínuo. 1

Termos relacionados:

Transformar o capital humano, crescer e criar vantagem competitiva, otimizar deals, transformar dados em oportunidades de negócios.

O mundo pede novas leituras. www.pwc.com.br/imperativos-negocios

Baixe gratuitamente o aplicativo PwC BR na App Store.

PwC Brasil PwC Brasil

@PwCBrasil

PwCBrasil

@pwcbrasil PwC Brasil

© 2017 PricewaterhouseCoopers Brasil Ltda. Todos os direitos reservados. Proibida a distribuição sem a prévia autorização da PwC. O termo “PwC” refere-se à PricewaterhouseCoopers Brasil Ltda. de firmas membro da PricewaterhouseCoopers, ou conforme o contexto determina, a cada uma das firmas membro participantes da rede da PwC. Cada firma membro da rede constitui uma pessoa jurídica separada e independente. Para mais detalhes acerca do network PwC, acesse: www.pwc.com/structure


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.