BOLSA-EMPREGO
ATACADÃO DO
TRABALHO Empresa que emprega 1% da mão de obra dos EUA e que controla seus funcionários com algoritmos, o Walmart criou um novo modelo de produção. É o que acadêmicos da Universidade Columbia chamam de walmartismo POR CHICO FELITTI
36 PODER JOYCE PASCOWITCH
FOTO ISTOCKPHOTO.COM
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urante seis anos, a brasileira Jéssica Espinosa acordava às quatro da manhã, pegava um ônibus que a deixava a 12 quilômetros de sua casa, em Nova Jersey, e, às 6h, começava a trabalhar num supermercado Walmart que ocupa um quarteirão inteiro da cidade americana. Essa foi a rotina da brasileira quando deu expediente como caixa e atendente da empresa. Ela não ganhou um centavo de aumento nesse período. Aquela dura realidade de Jéssica é uma regra nos EUA: o Walmart emprega 1,5 milhão de pessoas em mais de 4 mil lojas em solo americano. A cifra corresponde a 1% da mão de obra civil do país, de acordo com a maior análise já feita desse gigante, que virou um livro best-seller, publicado este ano. Working for Respect, ou “Trabalhando por Respeito”, foi escrito por Adam Reich e Peter Bearman, professores de sociologia da Universidade Columbia, em Nova York. A pesquisa tomou quatro anos da vida da dupla. E seguiu um novo caminho quando eles já tinham um manuscrito pronto, em 2016. “A gente estava pesquisando havia dois anos. Tínhamos dados e números, mas nos demos conta de que precisávamos de mais experiência dentro das lojas. Mais histórias humanas”, contou Reich a PODER.