GESTÃO
DOUTORA
DE HOSPITAL Primeira CEO mulher do setor hospitalar brasileiro, a engenheira Denise Santos tenta fazer da Beneficência Portuguesa, agora BP, marca de referência. Ter tirado a operação da UTI sem demissões foi seu cartão de visitas
POR PAULO VIEIRA
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FOTOS JOÃO LEOCI
ma franquia do Starbucks é tudo o que não se espera encontrar na entrada da Beneficência Portuguesa, o mastodôntico hospital de São Paulo com mais de mil leitos que este ano completa 159 anos. Mas o café está ali desde 2015, marcando visualmente a profunda mudança que ocorre na veneranda instituição. Ela passa, para usar o jargão administrativo, por um ‘‘reposicionamento”. A ideia é que a BP, seu novo nome, deixe de ser vista como uma espécie de Santa Casa – um desses lugares que todos concordamos que deve existir, mas de que preferimos passar longe – e mais como um Einstein. Trata-se de um “polo de saúde”, como se diz por lá, com marcas diversas para especialidades e públicos diversos, inclusive para o povo “premium”. Para tocar a transformação contratou-se, no começo da década, uma gestão profissionalizada, egressa do mercado, cuja primeira missão, na verdade, foi bem mais pé no chão: fazer a BP, que segue sendo uma entidade filantrópica, sair do vermelho. O azul veio com a chegada de Denise Santos, convidada por Rubens Ermírio de Moraes, sucessor do pai, o empresário Antônio Ermírio, na presidência da BP, a assumir o cargo de CEO em 2013. A executiva havia se tornado a primeira mulher CEO do setor hospitalar do Brasil na São Luiz, onde ficou de 2008 a 2011, quando a empresa foi comprada pela Rede D’Or. A engenheira formada pela FEI, uma palmeirense de 50 anos recém-completados, mãe de um garoto de 7 anos e que forjou sua carreira executiva dentro da Siemens, chegou à entidade, portanto, com a tarefa de reverter o resultado negativo que demandava aportes privados dos benfeitores e, ao mesmo tempo, de implantar os processos de gestão com vistas a modernizar e reposi-
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