Infopharma nº2

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Há eventos que mudam o mundo A IDENTIFICAÇÃO DO VÍRUS VIH, NA DÉCADA DE OITENTA DO SÉCULO PASSADO, A DESTRUIÇÃO DAS TORRES GÉMEAS NO INÍCIO DO SÉCULO XXI E A PANDEMIA QUE O MUNDO AGORA ENFRENTA SÃO EVENTOS QUE ESTÃO NA BASE DE MUITAS MUDANÇAS NO MUNDO POR PARTE DAS PESSOAS. Autores: Carlos Sinogas, Fundador da AcF - Acompanhamento Farmacoterapêutico e Farmacêutico Comunitário

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Mónica Condinho, Farmacêutica e Professora na Universidade do Algarve

odos sabemos que o vírus SARS-CoV-2, causador da doença designada por COVID-19, é um coronavírus. É um vírus de genoma a RNA que possui uma cápside proteica e um invólucro lipídico. Numa perspetiva físico-química é um vírus instável e facilmente eliminado por tratamento com alcalis (ex.: lixívia ou sabão), que contribuem para a hidrólise do RNA, ou com solventes (ex.: álcool) que dissolvem o invólucro lipídico do vírus. Ao contrário do vírus da gripe, os coronavírus têm um genoma a RNA de polaridade positiva, que significa ser mensageiro e poder entrar de imediato nos ribossomas da célula infetada para dirigir a síntese das proteínas virais. As infeções pelo vírus Influenza (causador da gripe sazonal) e pelo coronavírus (causador da COVID) conduzem a doenças respiratórias de características não sobreponíveis, mas confundíveis em estádios iniciais ou em situações menos graves. O vírus da gripe parece ser mais infecioso, mas a doença menos grave que a causada pelo SARS-CoV-2, com taxas de morte por COVID ou com COVID que rondam os 0,6% dos infetados. Aplicando os princípios recomendados pela DGS para minimizar a infeção

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por SARS-CoV-2, contribuímos igualmente para reduzir a infeção pelo vírus da gripe. A aplicação das regras de etiqueta respiratória, a utilização de máscaras na presença ou proximidade de outras pessoas e o distanciamento físico contribuem para que os vírus libertados por uma pessoa infetada não tenham acesso fácil a outra pessoa. Já, por outro lado, a presença de uma pessoa infetada em ambiente fechado, sem significativa renovação do ar, permite a acumulação de vírus em suspensão aérea e aumento da probabilidade de transmissão a outros indivíduos, mesmo que usando as máscaras de proteção usuais.

“Não são os eventos que mudam o mundo, são as pessoas que deles se servem para o mudar” Já todos ouvimos tudo sobre os coronavírus, o SARS-CoV-2 ou a COVID. A informação é tão frequente e abundante que já nos sufoca. São os noticiários das televisões e da rádio, são os jornais, são as redes sociais, é o governo e os comentadores encartados que já nos fizeram ultrapassar a fase da curiosidade. Entrámos na fase da saturação e já não ouvimos o que nos dizem.

Desvalorizamos as informações que recebemos e estamos a permitir que a segunda onda se instale. Há eventos que mudam o mundo, na maior parte das vezes de forma não deliberada. Não são os eventos que mudam o mundo, são as pessoas que deles se servem para o mudar. Recordemos os anos oitenta do século passado, quando foi identificado pela primeira vez o vírus VIH, causador da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (SIDA) na comunidade homossexual masculina dos Estados Unidos. A administração norte americana, chefiada pelo Presidente Regan e o poder instituído no Reino Unido, protagonizado por Margaret Thatcher, usaram magistralmente esta infeção para moralizar os costumes. Os hippies, com as bandeiras de “Paz e Amor – Peace and Love” e “Proíbam a Bomba (nuclear) – Ban the Bomb” desapareceram em consequência. Recordemos também no início deste século, em 2001, cerca de vinte anos depois, a destruição das torres

AFP-ASSOCIAÇÃO DE FARMÁCIAS DE PORTUGAL


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