IGREJA CATÓLICA
Fiducia Christianorum resurrectio mortuorum; illam credentes, sumus “A confiança dos cristãos é a ressurreição dos mortos; crendo nela, somos cristãos”1 Fomos surpreendidos extraordinariamente por um vírus que, como um vento forte, fez-nos já celebrar o dia de finados com tanta robusticidade de fé ou em profunda fraqueza espiritual em cada manhã, tarde, noite, madrugada ao longo deste ano... quantas experiências profundas de dor e fé! Que vendaval agitou nossos corações, visitou nossos lares e invadiu nosso cotidiano. Contudo, de igual modo o Espírito Santo em sua dinamicidade visitou-nos por meio de tantos momentos oferecidos pelo nosso Movimento: formações, terços, reuniões preparatórias e formais, e até informais, foram nos ajudando fazer deste processo um itinerário profundo para a santidade. Esse caminho feito ajuda-nos a pensar em como vivenciarmos este tempo de fé em que muitos de nós ainda estamos vivenciando o luto de uma separação “inesperada” e literalmente “separados”, sem despedidas,proximidade,presença física a até o tocar, olhar e poder dar o último adeus. Diante de tal realidade em que fomos tocados profundamente,crer na ressurreição dos mortos é um elemento essencial para a renovação da nossa fé. Pelo batismo,já somos sacramentalmente “mortos com Cristo” para vivermos uma vida nova,e se morremos na graça de Cristo, a morte física consuma este “morrer com Cristo” e completa, assim, nossa incorporação a Ele.Quantos irmãos nossos fizeram esta experiência silenciosa,dolorosa, contudo plena de fé, de abandono 1.
e de sentido, mesmo sem entenderem o porquê sofriam, na fé deram sentido e partiram,e crendo na fé que professaram enfrentaram seu calvário na alma, utilizando respiradores, deitados nas macas, dentro das UTI’s, corredores, e até sem nenhuma assistência hospitalar dentro dos seus lares, pela fé gritaram silenciosamente: “Pai, em tuas mãos eu entrego o meu espírito” (Lc 23, 46). “Vede as minhas mãos e os meus pés: sou Eu!” (Lc 24,39). É dia de experimentarmos pela fé a graça da “Ressureição do coração”, mesmo dirigindo atenciosamente, com toda a piedade e gratidão nossas orações, e por meio de gestos de cuidado: nas intenções das missas, flores, velas como carinhosamente anualmente fazemos. Esse ano é necessário sentirmos a força, a graça e a presença do Ressuscitado conosco, olharmos com os olhos da fé, que as marcas da Paixão impressas em Jesus, é o caminho seguro onde devemos direcionar o nosso olhar, e na profundidade da nossa dor que é desperta pela saudade deixarmo-nos ser visitados pelo grande dom do Ressuscitado: a Paz! (Jo 20, 19). Por fim,celebrar este ano os fiéis defuntos deverá ser um mergulho profundo de fé, e de igual modo um abraço confortador do Cristo Bom Pastor que restaura, cuida e dá a vida pelas suas ovelhas (Jo 10, 11). Pe. Anderson Luiz S. dos Santos SCE - Região CE I
Tertuliano, Res.,1,1.
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