O certo é que, no final de minha andança como integrante do Ministério Público, naquele momento em que se olha para trás, o sentimento foi de que caminhei, construindo meu caminho, sem que perdesse de vista a construção democrática republicana; nessa Torre Democrática todas as Instituições hão de carregar sua cota de tijolos, suores e sonhos, a fim de que nos tornemos, num futuro de nossos filhos, o país maravilhoso que o Pórtico da Constituição anuncia. Quando senti que o Ministério Público estava por abdicar de sua missão constitucional, em nome de um combate a uma criminalidade eleita, vi com clareza a dimensão gigantesca do maior erro histórico que se poderia cometer e que foi cometido. Há outros que pensam como eu, mas sei, somos pouquíssimos, se comparados à maioria consensual e não pensante; até onde consegui chegar, estive certo de que cumpri meu papel como dominus litis ou como fiscal da lei; onde faltei, procurei não fazer vítimas inocentes, sem saber exatamente até que ponto nisso fui bem sucedido.
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