JornalCana 333 (Dezembro 2021)

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Dezembro 2021

Série 2

Número 333

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GRUPO VIRALCOOL aliando tradição com modernidade Em 2023, unidade de Castilho ganhará uma planta para produção de biogás




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CARTA AO LEITOR

Dezembro 2021

índice carta ao leitor

MERCADO OMC reconhece distorção em política indiana para cana . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .5 Etanol para o Brasil, para o Mundo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .6 Senado Federal aprova venda direta de etanol a postos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .7 Por que a Toyota aposta na eletrificação combinada com etanol . . . . . . . . . . . . . . . . .8 e 9 Abiogás anuncia certificado de biometano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .10 Cerradinho Bio investe na ampliação de sua planta de etanol de milho . . . . . . . . . . . . . .11 Produção de etanol de milho deve chegar 4,2 bilhões de litros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11 DATAGRO estima que safra 2022/23 será de recuperação para região Centro-Sul . . . . . .12 “Redução da moagem de cana deverá ser equivalente a uma Tailândia inteira . . . . . . .12 Setor sucroenergético de MG anuncia investimentos de R$ 6 bilhões em 8 anos . . . . . .13 Setor busca eficiência para combater incertezas da próxima safra . . . . . . . . . . . . . . . . . . .13

USINAS Grupo Viralcool: aliando tradição com modernidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .14 a 17 Usina Jacarezinho avalia resultados positivos na safra 2021/22 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .18 Diana reforça compromisso ESG com certificação de Companhia Verde . . . . . . . . . . . . . .18 Unidade Água emendada da Atvos comemora 10 anos de operação em Goiás . . . . . . . .19

INDUSTRIAL Com 50% da plalha deixada no campo, seria possível gerar toda energia consumida em MG . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .20 Usinas investem em ferramenta de medição e acompanhamento online . . . . . . . . . . . . .22 Sistema que promove ganhos em eficiência industrial na recepção, preparo e extração tem payback menor que uma safra . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .23

AGRÍCOLA Usina São Luiz investe em reflorestamento e reduz impactos da seca . . . . . . . . . . . . . . . .24 BP Bunge centraliza manutenção linear de colhedoras de suas 11 unidades . . . . . . . . .24 Usinas apostam em tecnologia e criatividade para otimizar operações agrícolas .26 e 27 Com “Brigada 2.0”, Raízen soma esforços para prevenção e combate aos incêndios . . .28 Safra 2021/22 na região Centro-Sul passou por diversos desafios como seca, geada e queda de produção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .29 Manejo do solo pode elevar percentual de participação no total da matriz energética . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .30 Estiva é campeã nacional por qualidade dos canaviais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .31

MASTERCANA BRASIL 2021 Prêmio MasterCana Brasil 2021 acentua protagonismo do setor bioenergético . . .32 a 41

“Porque desde a antiguidade não se ouviu, nem com ouvidos se percebeu, nem com os olhos se viu um Deus além de ti, que trabalhe para aquele que nele espera.”

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2021 mostrou mais uma vez a resiliência do setor bioenergético Apesar de ser considerada uma das temporadas mais desafiadoras do ponto de vista agronômico, com seca persistente, incêndios, geada e atrasos no desenvolvimento fisiológico, a atual safra reforçou o conceito de resiliência do setor bioenergético, que venceu grandes desafios e segue firme para um novo ano, com expectativas de melhores indicadores do que os registrados até o momento. Nesta edição, o JornalCana traz um panorama sobre as perspectivas para a safra 2021/22, com opiniões de lideranças do segmento como a de Luiz Carlos Corrêa Carvalho, diretor presidente da Canaplan, que estima que a próxima safra de cana−de−açúcar deve trazer mais estabilidade para o setor, porque os preços tanto do etanol, como do açúcar devem se manter bons para os produtores. A edição mostra também as novidades jurídicas em relação à setor, como a aprovação do projeto de lei de conversão (PLV 27/2021) da Medida Provisória (MP) 1.063/2021, que autoriza os postos de combustíveis a comprar etanol hidratado diretamente de produtores e importadores. Assim como o reconhecimento da Organização Mundial do Comércio (OMC) sobre o abuso da Índia quanto aos termos do Acordo sobre Agricultura ao fornecer níveis excessivos de apoio interno para seus produtores de cana−de−açúcar e subsídios à exportação de açúcar. Além disso, ressalta as iniciativas de usinas para otimizar os processos industriais e agrícolas, que foram debatidas durante os webinares realizados pelo JornalCana no mês de novembro. A matéria de capa destaca os progressos do Grupo Viralcool que começou a ser germinado em 1886, com a vinda da Itália, de Eugênio Toniello, o grande patriarca da família. O grupo, que finalizou a safra 2021/22 com moagem de 5,9 milhões de toneladas, passou por uma reestruturação no início de 2019, mudando o seu processo diretivo, com a implementação da profissionalização da gestão, sem perder o DNA da família a frente dos negócios. Em entrevista, os diretores da companhia informaram que os constantes investimentos do grupo são alavancas para o crescimento, dentre eles, os aportes feitos em equipamentos, na expansão da área de plantio e no aumento da eficiência industrial com a implantação do software S−PAA de Otimização em Tempo Real (RTO) nas unidades Pitangueiras e Castilho, avançando, assim, na jornada de transformação digital de forma simultânea. O sistema está sendo implantado na versão Full, que envolve a parte da cogeração, utilidades e também processos. Há projeto também para a instalação de uma planta de biogás, na unidade de Castilho. Além de todo o trabalho desenvolvido pela usina, no entorno das comunidades onde suas unidades estão instaladas. No plano interno os cuidados do grupo também são expressivos, através de diversos programas e projetos de Desenvolvimento Humano e Organizacional− DHO. A edição destaca ainda os homenageados no Prêmio MasterCana Brasil 2021. A tradicional premiação acentuou o protagonismo do setor bioenergético. Para as lideranças, o desafio do setor é apresentar ao mundo a cana como sinônimo de economia verde. É muito conteúdo interessante. Boa leitura!

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OMC reconhece distorção em política indiana para cana Decisão é resultado do painel de soluções de controvérsias proposto pelo governo brasileiro A Organização Mundial do Co− mércio (OMC) reconheceu, no dia 14 de dezembro, que a Índia viola os termos do Acordo sobre Agricultura ao fornecer níveis excessivos de apoio interno para seus produtores de cana− de−açúcar e subsídios à exportação de açúcar. A decisão é resultado do pai− nel de soluções de controvérsias pro− posto pelo governo brasileiro, infor− mou, em nota, a União da Indústria da Cana−de−Açúcar (UNICA). O Brasil solicitou abertura de painel na OMC em 2019, questio− nando as políticas indianas. Produto− res e exportadores de outros países, como Austrália e Guatemala, que também são afetados pelas medidas distorcivas de comércio praticadas pela Índia, juntaram−se ao Brasil nes− se painel. A UNICA estima que o

impacto negativo aos produtores bra− sileiros seja superior a US$ 1 bilhão a cada ano. “Nos últimos tempos, temos for− talecido nossa relação e colaboração com nossos pares indiano, particular− mente na agenda do etanol e, estamos certos de que teremos soluções coo− perativas no curto prazo para essa questão. O resultado do painel foi bas− tante técnico e estamos seguros de que a Índia respeitará e cumprirá a decisão. Continuamos abertos para contribuir

nesse processo”, destaca o presidente da UNICA, Evandro Gussi. Segundo a entidade, o crescimen− to do consumo de etanol na Índia se− rá uma solução de mercado para en− xugar os excedentes de açúcar naque− le país, eliminando a necessidade de subsídios às exportações de açúcar e ainda beneficiando a Índia com a re− dução de gases de efeito estufa, me− lhoria da qualidade do ar nos grandes centros urbanos e redução da depen− dência externa do petróleo.

“A Índia anunciou recentemen− te uma meta ambiciosa de mistura de 20% de etanol na gasolina até 2025. Nesse sentido, o Brasil pode contribuir com base nas lições aprendidas ao longo de quase cinco décadas do seu programa de etanol, particularmente no que tange às políticas públicas que garantam os investimentos necessários e o con− sequente sucesso do programa”, res− salta o diretor executivo da entida− de, Eduardo Leão.


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MERCADO

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Etanol para o Brasil, para o Mundo O Brasil desenvolveu a melhor alternativa sustentável do mundo para substituir os combustíveis fósseis o Etanol Mesmo seu potencial energético sendo conhecido desde 1900, somen− te com a 1ª crise do petróleo se pen− sou em utilizar o Álcool para enfren− tar a escassez de combustível. Uma solução perfeita, pois beneficiaria a balança comercial brasileira e contri− buiria para a saúde da população. Só tínhamos a ganhar com o Proálcool. Porém, sua trajetória não foi fácil. O petróleo despencou em 1987 e o Brasil quase abandonou o programa, depois de ter investido R$ 7 bilhões. Uma descrença geral sobreveio com a primeira crise de abastecimento, po− rém uma intensa mobilização política manteve as esperanças do setor. O Álcool ressurge com os debates sobre o aquecimento global. Com a tecnologia flex−fuel, o biocombustí− vel foi novamente adotado pelo bra−

sileiro e, de lá para cá, a produção au− mentou para 36 bilhões de litros/ano, o Setor gerou 800 mil empregos di− retos e uma receita que representa 2% do PIB. “O Etanol é, portanto, uma reali− zação tecnológica, ambiental, econô− mica, social e política dos brasileiros e não podemos abrir mão dessa con− quista”. Há, entretanto, ameaças. O Go− verno discute a possibilidade de zerar o imposto de importação para enfren− tar um desabastecimento. Entretanto, para o Ministério da Agricultura, os estoques são suficientes para atravessar a entressafra. Estamos diante de uma

medida com elevado potencial de provocar desequilíbrio na produção nacional. A redução na mistura também é analisada como forma de diminuir o valor da gasolina; a medida, porém, é inócua − reduzindo de 27% para 18%, o preço cairia apenas 0,6% na bomba. Um retrocesso, pois o processo de descarbonização reduz as internações hospitalares e a taxa de mortalidade. Esse processo, eficientemente im− plementado pela Política Nacional dos Biocombustíveis, está ameaçado se continuarmos a reduzir as metas do Renovabio − um programa que firma nosso compromisso com o respeito às

regras ambientais, como o CAR, o PRA, o Zoneamento Agroecológico da Cana e o Desmatamento Ilegal Zero. O Renovabio criou ainda uma bem sucedida moeda verde, os Crédi− tos de Descarbonização (CBIO’s), que incorpora a sustentabilidade no pro− cesso produtivo. Estamos alerta na defesa desse “Patrimônio Nacional”. Na era da bioenergia, a indústria do Etanol está fornecendo eletricidade necessária para superarmos a crise hídrica e po− demos fazer ainda mais com o apro− veitamento energético do Biogás e do Biometano. A recente luta pela ampliação da tolerância de peso dos caminhões de cana mostra o quão resiliente é o se− tor, que, há mais de 40 anos, vem su− perando desafio após desafios para se tornar um orgulho para o povo bra− sileiro. Na esteira desse sucesso, outros países, como a Índia, caminham na mesma direção e o Etanol avança co− mo commodity mundial. “A biomassa é nossa e o Brasil, vanguarda da Economia Verde”. Deputado Ar naldo Jardim Presidente da Frente Parlamentar em defesa do Setor Sucroenergético


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Senado Federal aprova venda direta de etanol a postos PLV segue agora para sanção presidencial

O Plenário do Senado aprovou, no dia 8 de dezembro, o projeto de lei de conversão (PLV 27/2021) da Me− dida Provisória (MP) 1.063/2021, que autoriza os postos de combustíveis a comprar etanol hidratado diretamen− te de produtores e importadores. Fo− ram 71 votos a favor, nenhum contra. O relator foi o senador Otto Alencar (PSD−BA), que votou pela aprovação do texto enviado pela Câ− mara, sem alterações. O PLV segue agora para sanção presidencial. “É uma matéria que eu conside− ro importante e que vem normatizar e dar condição de que aquele que é o produtor, que trabalha, que faz o in− vestimento na sua propriedade, que planta a cana, que compra os fertili− zantes, que vai fazer o refino, tenha essa opção dada agora por esse pro− jeto”, afirmou Otto Alencar à Agên− cia Senado. Para Renato Cunha, presidente da NOVABIO e do SINDAÇÚCAR PE, o mecanismo da venda direta al− ternativo otimiza a logística, encurta as distâncias, beneficiando os produtores e, também o consumidor. “A venda direta foi perseguida por várias usinas do Brasil, sobretudo as usinas do Nor− deste que têm uma distribuição logís− tica muito próxima dos postos, evi− tando−se os passeios desnecessários e otimizando a logística”, disse. Eduardo de Queiroz Monteiro, presidente do Grupo EQM, do qual faz parte a Usina Cucaú, Rio Formo− so/PE, e a Usina Utinga, em Rio Largo/AL, comemorou a decisão. “É a vitória da luta de muito tempo e isso não vai prescindir das distribuidoras. Elas terão ainda um papel importante, pois os volumes são muito elevados. Não podemos correr o risco direto de portos e o crédito de varejos no nos− so segmento não é uma coisa simples, por exemplo. Vamos continuar ven− dendo para as distribuidoras, mas ago− ra de maneira mais saudável, sem o oligopólio”, ressaltou. O texto aprovado incorpora tre− chos da MP 1.069/2021, permitindo a venda direta aos postos também pa− ra as cooperativas de produção ou co− mercialização de etanol, para as em−

Eduardo Monteiro

Otto Alencar

Renato Cunha

presas comercializadoras desse com− bustível ou importadores. Ainda pen− dente de votação, essa medida permi− tiu a antecipação das regras da MP 1.063, que envolvem também o paga− mento de PIS/Cofins. Assim, produ− tores e importadores podem vender etanol diretamente a postos de com− bustíveis e ao transportador−revende− dor−retalhista (TRR). O texto confirmado no Senado é o mesmo aprovado na Câmara, onde os deputados retiraram a permissão para a venda de combustíveis de ou− tros fornecedores diferentes do vincu− lado à bandeira do posto. De acordo com Otto, a flexibilização da fidelida− de à bandeira “provocou efeitos inde− sejáveis antes mesmo de entrar em vi− gor, causando certa confusão e con− flitos no mercado”.

Também será permitida a revenda varejista de gasolina e etanol hidrata− do fora do estabelecimento autoriza− do, mas dentro do território do mu− nicípio onde se localiza o revendedor. De acordo com o relator, atual− mente existem resoluções da Agência Nacional do Petróleo (ANP) que li− mitam o revendedor de combustíveis a somente adquirir combustíveis de distribuidora. Da mesma forma, o produtor de etanol somente pode vender combustível para distribuido− ra, outro produtor ou para o mercado externo, explica o senador. Otto ressaltou que a “venda dire− ta” do etanol não será obrigatória, ca− bendo ao produtor ou importador e ao revendedor identificar tratar−se de opção vantajosa. “Com isso, esperamos alcançar maior competitividade no

mercado e consequentemente um preço justo ao consumidor”. Devido às mudanças de comer− cialização propostas, muda também a sistemática de cobrança do PIS/Co− fins para evitar perda de arrecadação e distorções competitivas. Se o impor− tador exercer a função de distribuidor ou se o revendedor varejista fizer a importação, terão de pagar as alíquo− tas de PIS/Cofins devidas pelo pro− dutor/importador e pelo distribuidor. No caso das alíquotas sobre a re− ceita bruta, isso significa 5,25% de PIS e 24,15% de Cofins. A regra se aplica ainda às alíquotas ad valorem, fixadas por metro cúbico. Quanto ao etanol anidro, o texto acaba com a isenção desses dois tri− butos para o distribuidor, que passa− rá a pagar 1,5% de PIS e 6,9% de Cofins sobre esse etanol misturado à gasolina. A decisão afeta principal− mente o anidro importado porque a maior parte das importações de ál− cool é desse tipo. Além disso, o distribuidor que pa− ga PIS e Cofins de forma não cumu− lativa (sem acumular os tributos ao longo da cadeia produtiva) poderá descontar créditos dessas contribuições no mesmo valor incidente sobre a compra no mercado interno do ani− dro usado para adicionar à gasolina. Outra medida é em relação às re− gras para as cooperativas de produção ou comercialização de etanol. Essas cooperativas não poderão descontar da base de cálculo desses tributos os va− lores repassados aos associados, deven− do estes fazerem a dedução. “A medida busca assegurar que a carga tributária das contribuições so− ciais incidentes sobre a cadeia do eta− nol será a mesma, tanto na hipótese de “venda direta” do produtor ou im− portador para o revendedor varejista quanto naquela intermediada por um distribuidor”, avaliou o relator.


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MERCADO

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ETANOL VERSUS HÍBRIDOS

Por que a Toyota aposta na eletrificação combinada com etanol Fonte limpa e sustentável, o biocombustível segue no radar da montadora, que acaba de completar a comercialização de 25 mil híbridos flex no Brasil

Pioneira na fabricação no Brasil do primeiro carro híbrido flex do mundo, o Corolla sedã, em 2019, a Toyota aposta − e muito no etanol. Primeiro porque o biocombustí− vel é aliado da montadora nas soluções em eletrificação a serem ofertadas nas próximas quatro ou cinco décadas. Em segundo lugar, porque o eta− nol, sendo limpo e sustentável, cola− bora com o Desafio Ambiental 2050, no qual a Toyota compromete−se em atingir a neutralidade de carbono em sua frota comercializada, nas plantas e em todo o ecossistema produtivo. Nesta entrevista ao JornalCana, a assessoria reuniu executivos e técnicos para avaliar o futuro dos motores a combustão e quando os elétricos de− vem chegar para valer ao Brasil. A Toyota celebrou em outubro a comercialização de 25 mil híbridos flex no Brasil. É um fato que merece ser comemorado. Significa, também, que esse tipo de motor terá sobrevida e até crescimento nas próximas déca− das no mercado brasileiro? A Toyota busca tornar a mobilida− de no país mais sustentável e inclusi− va, e isso passa por uma estratégia que visa soluções práticas e mais eficientes. O etanol, combinado ao sistema flex, já é um modelo amplamente bem−sucedido na indústria nacional. Deste modo, trabalhamos para com− binar aquilo que a Toyota tem de me− lhor, que é a versatilidade em traba− lhar com modelos híbridos, para fazer nascer o primeiro híbrido flex da his− tória da indústria global. Jor nalCana − Por que apostar no etanol? Toyota − A inovação tecnológica usufrui de matriz energética de gran− de potencial e escala no Brasil, de fonte 100% limpa, como na produção do etanol da cana−de−açúcar e um

sistema que está amplamente difundi− do no mundo, que são os híbridos da Toyota – há mais de 30 anos líder no desenvolvimento da tecnologia. Esta combinação se torna muito interessante e sustentável para o futu− ro de longo prazo da indústria aqui no País. Mas ela será, no horizonte das próximas quatro ou cinco décadas, uma das opções e soluções em eletri− ficação a ser ofertada. No mater ial de divulgação sobre a comercialização de 25 mil híbr idos, a Toyota relata que, entre seus planos, está o de ter uma versão híbr ida para cada modelo vendido na reg ião até 2025. Detalhe, por f avor. Um dos compromissos firmados pela Toyota no seu Desafio Ambien− tal 2050 é atingir a neutralidade de carbono em sua frota comercializada, nas plantas e em todo o ecossistema produtivo. A começar por aquilo que ofere− cemos às sociedades, nossos produtos, que precisam cumprir com etapas ri− gorosas para uma transformação

100% para tecnologias mais eficien− tes. Para ganhar escala até 2050, te− mos que começar já. Em 2025, já en− tramos na metade do tempo da meta e vamos acelerar, iniciando por um portfólio mais amplo, em termos de eletrificação. O que impede os veículos 100% elétr icos de chegarem de vez ao Bra−

sil? Preços ainda fora da renda média do brasileiro? Custo de desenvolvimento tecno− lógico (principalmente das baterias), mudança de determinados fatores de produção, rompimento com a atual cadeia de fornecimento, infraestrutu− ra de recarga e oferta de energia para abastecer a demanda. Mais importante, os veículos mo−


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vidos a bateria elétrica (BEVs) tem na sua produção atual etapas com maior grau de emissão em relação aos veí− culos convencionais a combustão. Explique mais. Ou seja, resolve−se a questão prá− tica da mobilidade no uso do veículo, mas, na cadeia, aumenta−se o proble− ma das emissões. A Toyota acredita que a total descarbonização na operação do setor e no uso de veículos se dará por meio de um mix de tecnologias adequadas à aplicação ao comporta− mento do consumidor de cada região e a disponibilidade de energia poten− cial e ofertada em cada matriz ener− gética. Neste processo, as diferentes tecnologias (HEV, PHEV, BEV e FCEV), já amplamente ofertadas pela Toyota, se destacarão na nova era da mobilidade, estendendo ao consumi− dor o direito maior de escolha. Como ficam os híbr idos? Os veículos híbridos (combinação de motor elétrico e combustão) mos− tram vantagem por agrupar a eficiên− cia energética, baixa emissão e viabi− lidade produtiva. E a vantagem do Brasil é justamente ser um dos maio− res produtores de etanol no mundo. O constante aprimoramento da tecnologia híbrida ao longo das últi− mas três décadas deu à Toyota vanta−

gem competitiva no desenvolvimento e comercialização. No Brasil, essa expertise trouxe para o mercado o primeiro carro hí− brido flex do mundo, com o Corolla sedã, lançado em 2019 com um pro− duto fabricado aqui. Os motores a combustão têm so− brevida até quando no Brasil? É difícil prever, pois tudo depen− de dos mesmos fatores citados acima (infraestrutura, desenvolvimento tec− nológico, transição energética), além de preferências do consumidor sobre o que pode ser mais conveniente em termos de oferta. Por isso, o País precisa ter uma ro− ta tecnológica definida e uma política clara sobre em qual tecnologia vai aportar, para conceder às empresas o norte ideal para planejamento de lon− go prazo. A Toyota tem−se destacado por empregar sistema que une combustão flex e motores elétricos, que são acu− mulam energia sem a necessidade de uso de fontes externas. Por outro lado, a academia (USP, Unicamp) desen− volve tecnologias que empregam o etanol para gerar hidrogênio no siste− ma célula combustível. Vocês avaliam adotar tecnologias como essa? Entendemos que o caminho da eletrificação no Brasil começa pelos

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híbridos por conta da infraestrutura que está pronta e não querer investi− mentos, e pelo fato do etanol já ser uma realidade, que gera emprego e renda para o País. Temos contribuído fortemente para esta popularização com aproxi− madamente 58% das vendas de veícu− los eletrificados com os modelos Co− rolla, Corolla Cross e RAV4, além do portfólio da marca Lexus, 100% HV no Brasil. E num País com forte vocação para biocombustíveis, os veículos hí− bridos flex são boas opções para in− centivar a economia num período de transição para uma futura agenda neutra em carbono. Importante dizer que, hoje, no mundo a Toyota oferece o maior portfólio de veículos eletrificados. Como é este por tfólio? Ao todo, são 55 opções, confiáveis e acessíveis em todo o mundo, com muitos mais modelos por vir. Nossa oferta global atual oferece 45 mode− los elétricos híbridos, 4modelos elé− tricos híbridos plug−in, 4 modelos elétricos a bateria e 2 modelos movi− dos a hidrogênio usando tecnologia de célula de combustível. Atualmente, nosso volume de vendas de veículos eletrificados chega a mais de 2 milhões de veículos por ano mundialmente.


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ABiogás anuncia certificado de biometano tério da Agricultura o biogás brasileiro é diferencia− do. “Ao contrário de outros países, o nosso biogás está desvinculado de qualquer tipo de subsídios, porque ele vai se pagar. Resolvemos um passivo ambiental e geramos energia. Sem falar das possibilidades do hidrogênio verde”, comentou. Rafael Barros, consultor da Em− presa de Pesquisa Energética, apresentou um pano− rama do biogás no Brasil, que embora ainda seja pouco explorado, vem crescendo ano a ano. Em 2020, foram produzidos 2,2 bilhões de metros cú− bicos de biogás, totalizando 675 plantas. Só neste ano, 148 novas usinas deram partida, um crescimento de 22% em relação a 2019. “O biogás ainda tem uma participação reduzi− da dentro de outras renováveis, porém vem apre− sentando uma evolução constante nos últimos 10 anos, com potencial gigantesco para a próxima dé− cada”, informou.

Setor teve um crescimento de 15% este ano, com 45 novas usinas conectadas à rede A Associação Brasileira do Biogás (ABiogás) vai lançar um certificado de biometano, adequado à realidade brasileira, e com base nas melhores prá− ticas do mercado. A novidade foi anunciada pelo presidente da ABiogás, Alessandro Gardemann, no VIII Fórum do Biogás, realizado no dia 25 de novembro, em São Paulo. Gardemann também apresentou o balanço do ano, que registrou crescimento do setor de 15%. “A integração é a grande força do biometano. Tivemos um crescimento de 15% este ano, com 45 novas usinas conectadas à rede. Considero um re− sultado excelente, diante das dificuldades que en− frentamos nos últimos anos. Na geração distribuí− da os números são ainda melhores, crescemos 37%, mostrando a importância que este modelo de ge− ração de energia tem para o biogás”, afirmou Ales− sandro na abertura do evento. Alessandro falou ainda sobre o papel do biogás na COP26, representado pela ABiogás. “O Brasil assinou o compromisso global do metano, e para atingir a meta de redução de 30% nas emissões precisamos construir uma indústria no Brasil des− carbonizada, gerando eficiência na cadeia produ− tiva. Isso gera uma demanda de descarbonização que não tem outra solução. O Brasil precisa do biometano”, afirmou. Outro destaque do Fórum foi a apresentação do Fundo Garantidor do Biogás, primeiro fundo com foco ambiental no Brasil, lançado em setembro pe− lo The Lab (Laboratório Global de Inovação para Finanças Climáticas) junto com a ABiogás. O Fundo tem como objetivo destravar inves− timentos para projetos de biogás. Segundo o consultor do Lab, Felipe Borschiver, a ideia sur− giu a partir de uma proposta feita pela ABiogás que constatou um gargalo na exigência de garan− tias pelas instituições de crédito no financiamen− to do biogás. “Não existe falta de crédito, o problema está na exigência de garantias, especialmente no período de construção. O Fundo foi criado para resolver este dilema”, explicou. O portfólio inicial tem R$ 1 bilhão em ope− rações de créditos mapeadas. Serão destinados R$ 300 milhões em garantias para 16 projetos selecio− nados e o fundo terá duração de 10 anos

do Gomes revelou que a companhia pretende ze− rar as emissões até 2039 e reduzir pela metade até 2030. “Este é um compromisso público firmado pela companhia, no caminho da descarbonização e da sustentabilidade”, afirmou. Para isso a companhia investe em combustíveis menos poluentes em sua frota, como o biometano, que pode reduzir em até 96% as emissões. Um dos projetos apresentados foi o da fábrica em Pouso Alegre (MG), no qual os resíduos produzidos no local serão usados para a geração de biogás e pro− dução de biometano que vai abastecer os cami− nhões que sairão desta fábrica para levar os produ− tos para os centros de distribuição. Lara Terra, coordenadora de Energia e Gás Na− tural na Yara Fertilizantes, apresentou a unidade Ya− ra Clean Ammonia criada com foco no desenvol− vimento de projetos e soluções com base na amô− nia de baixo carbono. Anunciado em setembro, o contrato de forne− cimento de biometano com Raízen−Geo é o pri− meiro passo para produção de amônia verde e, consequentemente, fertilizantes e soluções indus− triais verdes no Brasil, com reduzida pegada de car− bono, a partir de 2023. “A rota do biometano vai abrir caminho para aceleração da amônia verde e descarbonizar indús− trias que são difíceis de descarbonizar como a nos− sa, de fertilizantes”, afirmou.

Descarbonização de setores

Futuro no setor energético

A gerente executiva da ABiogás, Tamar Roit− man, afirmou que o biogás pode dobrar a produ− ção de gás natural nacional. “Todo ano a ABiogás calcula o potencial do energético. Hoje, já pode− ríamos dobrar a produção e ter o nosso pré−sal caipira, um gás renovável e distribuído por todo o país”, afirmou. Tamar fez a moderação do primeiro painel do dia, que reuniu representantes de empresas como Unilver e Raízen, que vêm investindo no biogás para atingir suas metas de redução de emissões. Responsável pela logística da Unilever, Ricar−

O segundo painel do dia, apresentado pelo vi− ce−presidente da ABiogás, Gabriel Kropsch, focou no futuro do biogás, abordando a parte da regula− mentação e projetos em desenvolvimento. A mesa contou com Rafael Barros, da EPE, Margarete Gan− dini, do Ministério da Economia, Paula Campos, da ARSESP, Fernando Camargo e Alessandro Cruvi− nel, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abas− tecimento, Gustavo Bonini, da Scania, e Sidnei Vi− tal Guimarães da Aggreko. Para o secretário de Inovação, Desenvolvimen− to Rural e Irrigação, Fernando Camargo, do Minis−

Alessandro Gardemann

Marco Legal do Biogás e do Biometano O último painel do dia foi dedicado ao Marco Legal do Biogás e do Biometano, projeto de lei apresentado pelo deputado Arnaldo Jardim (Cida− dania/SP), vice−presidente da Frente Parlamentar de Energia Renovável. Segundo o deputado, a ideia do PL 3865 foi construída com a contribuição da ABiogás, Cogen e UNICA e tem como objetivos ampliar a parti− cipação das energias renováveis na matriz energé− tica nacional, fomentar o aproveitamento da bio− massa e da biodigestão em escala industrial e co− mercial, estimular o desenvolvimento tecnológico do biogás, fomentar a pesquisa e desenvolvimento, estimular a utilização do biometano no transporte público e incentivar a utilização do digestato na fertilização do solo. Presidente da FER, o deputado Danilo Forte (PSDB/CE) disse que o projeto vai trazer regula− mentação, estímulo e diversificação às energias re− nováveis. “O PL vai se transformar no grande marco regulatório deste projeto de geração de energia que ainda é pequeno. O biogás ocupa me− nos de 1% da nossa matriz, mas tem um potencial gigantesco para ajudar a limpar a nossa pauta energética”, disse. Alessandro Gardemann comparou a evolução do biogás com o processo de maturidade de outras energias renováveis no Brasil, como a solar e a eó− lica. “Quando o Brasil resolve fazer, faz rápido, bem−feito, com escala e de forma competitiva. E o biogás pode ser a próxima energia a ganhar esca− la”, comentou. Evandro Gussi, presidente da União da Indústria da Cana−de−Açúcar (UNICA), destacou o enorme potencial energético brasileiro. “Nosso país é o úni− co lugar onde podemos falar de opção energética em caixa alta. Temos muitas alternativas possíveis e de− vemos optar por todas”. Fechando o painel, Leonardo Santos, represen− tante da Associação da Indústria de Cogeração de Energia (Cogen), destacou as características do bio− gás: “O biogás, além de contribuir muito para a des− carboniação do planeta, é uma energia firme, que traz segurança energética e sustentável”, afirmou.


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Cerradinho Bio investe na ampliação de sua planta de etanol de milho A expectativa é que a unidade possa processar 820 mil toneladas A Cerradinho Bio está investindo na ampliação de sua planta de etanol de milho, elevando sua capacidade de moagem. “Vamos passar de 570 mil toneladas de milho e devemos chegar a 820 mil toneladas'', informou o CEO da companhia, Paulo Motta, durante a solenidade de premiação do MasterCana, edição 2021. O execu− tivo foi um dos contemplados com o troféu de mais influentes do setor. “Nós temos a planta de etanol de milho, que está se expandindo. Ela já tem uma safra e meia em atividade, e agora estamos a expandindo em 50%. Já estamos fazendo investimentos e espe− ramos terminar essa ampliação em se− tembro do próximo ano, quando deve− remos passar a processar 820 mil tone− ladas de milho”, informou o dirigente.

Com relação a atual safra, na ava− liação de Motta, mesmo com os indi− cadores apontando uma quebra, a usi− na deverá apresentar um resultado po− sitivo. “Obviamente pelas condições climáticas estamos esperando uma queda. Se tudo correr bem até março,

devemos moer 5.200.000 mil tonela− das de cana. Já moemos até agora 4.750.000 toneladas”, explicou. Segundo o executivo, a expec− tativa era moer 5.800.000 toneladas na safra atual, mas tiveram uma quebra de aproximadamente 13%.

“Uma quebra grande, mas o resul− tado foi uma consequência do que já estávamos planejando. Apesar da redução da moagem, a condição comercial tem sido favorável e acredito que vamos apresentar bons resultados”, constatou.

Produção de etanol de milho deve chegar 4.2 bilhões de litros Estado de Mato Grosso deve receber novas plantas e aumentar ainda mais a produção O etanol de milho vem aumentan− do sua participação no cenário nacio− nal. Segundo Silvio Rangel, presidente do Sindalcool−MT, a próxima safra de milho no Estado de Mato Grosso deve chegar a 40 milhões de sacas. “O Estado que estava entre o sex− to e sétimo lugar em termos de pro− dução nacional, hoje ocupa a terceira posição e pode crescer ainda mais”,

afirma o sindicalista, em entrevista ex− clusiva durante a cerimônia de entre− ga do prêmio do MasterCana Brasil realizada na semana passada, na capital paulista. Na ocasião, Rangel foi um dos premiados como um dos mais in− fluentes do setor bioenergético. “Temos algumas unidades para serem construídas, investimentos estão vindo, temos uma planta aqui que co− meçou recentemente suas obras, a FS de Primavera do Leste, então estamos em pleno crescimento e creio que de− vemos avançar bem. São pelo menos oito novos projetos em estudos”, in− forma Rangel. Com relação ao etanol de cana ele estima que que safra atual deve apre−

sentar o mesmo volume de 2020.“Mas tivemos um incremento muito im− portante, que é o etanol de milho. Es− se ano devemos chegar a 4.2 bilhões de litros. O Estado vem crescendo bas− tante nesse segmento, produzindo também a ração animal que é o DDG, e propiciando um crescimento impor− tante para o setor dentro do estado.

FS em Primavera do Leste A nova planta será construída em duas etapas, tem investimento previs− to de R$ 2,3 bilhões e irá gerar cerca de 8 mil empregos indiretos durante as fases de obras e 500 empregos diretos e indiretos durante o seu funciona− mento. Os trabalhos de terraplanagem da unidade já foram iniciados e a capaci− dade total de produção da planta, que tem inauguração prevista para 2023, será de 585 milhões de litros de eta− nol de milho por ano. Hoje, com duas plantas, uma em Lucas do Rio Verde outra em Sorriso, no Mato Grosso, a FS já soma mais de 1,4 bilhão de capacidade produtiva de

Silvio Rangel

litros de etanol/ano e, com a inaugu− ração da unidade de Primavera do Leste, a companhia deve se tornar uma das quatro maiores produtoras de eta− nol do Brasil, alcançando uma capa− cidade produtiva de 2 bilhões de litros de etanol/ano. A nova planta terá capacidade produtiva de 1,3 milhão de toneladas de milho; 585 milhões de litros de etanol; 18 mil toneladas de óleo de milho; 570 mil toneladas de DDGs e 191 megawatts de energia elétrica.


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DATAGRO estima que a safra 22/23 será de recuperação para região Centro-Sul Projeção de moagem de cana na região em 2021/22 foi elevada em 1,90%

A nova projeção da DATAGRO sobre a moagem na região em 2021/22 foi elevada em 1,90%. Por outro lado, principalmente devido ao impacto das recentes chuvas desde outubro, a previsão sobre o rendi− mento industrial foi revisada para bai− xo, queda de 0,17%. Recuo também na estimativa sobre o mix para produ− ção de açúcar, −0,3 ponto percentual. Já a projeção para a produção de açúcar cresceu quase 1%; paralela− mente, a previsão para a produção de etanol aumentou 2,1% – o etanol ani− dro representa cerca de 40%. Com a safra 2021/22 praticamente concluí− da, faltando apenas aguardar pelos nú− meros finais, os olhos agora estão vol−

Plínio Nastari

tados para o que pode acontecer na temporada 2022/23. Para o presidente da consultoria, Plínio Nastari, a atual safra foi uma das mais desafiadoras do ponto de vista agronômico, com seca persistente, in− cêndios, geada e atrasos no desenvol− vimento fisiológico.

“Com a melhora das condições climáticas, a perspectiva da safra 2022/23 é de recuperação, mas ainda longe dos níveis da safra 2020/21, quando tivemos uma moagem de 605,5 milhões de toneladas. Nossa previsão é de 562 milhões, sujeita ain− da a tudo o que pode acontecer até meados da safra que vem”, afirmou, em entrevista exclusiva durante a cerimô− nia de entrega do prêmio do Master− Cana Brasil realizada na semana passa− da, na capital paulista. Nastari foi um dos premiados como um dos mais in− fluentes do setor bioenergético. Em relação ao mercado interna− cional de açúcar, o presidente da DA− TAGRO acredita que o Brasil perma− nece a base, mas não é o fornecedor marginal, que continuará sendo a Ín− dia. “Acreditamos que os preços esta− rão balizados pela qualidade de ex− portação da Índia e pelo preço de oportunidade do etanol aqui no Bra− sil em açúcar equivalente. Por conta desses balizadores e das perspectivas dos preços de petróleo e gasolina, 22/23 deverá ser um ano de remune−

ração razoável. O que também é uma condição muito alvissareira, porque é raro no setor de açúcar e álcool, 3 ou 4 anos consecutivos de preços remu− neradores”. Segundo Nastari, o momento é oportuno para investimentos. “Esta é uma condição que permite recupera− ção, permite investimento em expan− são de área, e trato cultural bem−fei− to. Obviamente existe a preocupação com a disponibilidade de fertilizantes, de insumos, agroquímicos, custo de maquinário, que subiu muito, aumen− to de custos em geral. Mas o endivi− damento está em queda e as perspec− tivas do setor do ponto de vista de mobilidade e motorização estão me− lhorando, graças a uma melhor com− preensão da importância do etanol para a mobilidade sustentável do fu− turo, e é isso que a gente precisa dis− seminar mais para quebrar preconcei− tos e falhas de informação”, ressaltou. Para o presidente da DATAGRO, a grande batalha do setor é estimular o investimento em motorização movi− da a etanol.

“Redução da moagem de cana deverá ser equivalente a uma Tailândia inteira” Estimativa é do diretor presidente da Canaplan Luiz Carlos Corrêa Carvalho, di− retor presidente da Canaplan, estima que a próxima safra de cana−de− açúcar deve trazer mais estabilidade para o setor, porque os preços tanto do etanol, como do açúcar devem se manter bons para os produtores. “Certamente carregaremos algumas sequelas desta safra atual, considerada, muito ruim”, afirma Carvalho em en− trevista após premiação do MasterCana, edição 2021. Ele foi um dos contem− plados com o troféu de empresário mais influente do setor bioenergético no prêmio Master Cana Brasil 2021. “Safra curta. Com morte súbita. Só não foi tão súbita, porque choveu em novembro. Então devemos moer 80 milhões de toneladas de cana a menos do que o ano passado, o equi− valente a uma Tailândia inteira. É co− mo se ela, que é o segundo maior exportador de açúcar do mundo, su− misse do mapa. Então é um impacto

Caio Carvalho

tremendo, acompanhado pela subida de custos, não apenas pela produti− vidade menor, mas também pela alta do petróleo, dos preços de adubos, defensivos, de frete, etc. Nesse senti− do, os preços, certamente, para mui− tos ajudaram a equilibrar a situação. Muita gente que teve quebra um pouco menor se saiu bem. Algumas regiões sofreram muito mais”, afir− mou Carvalho, que assume em janei− ro a presidência da ABAG.

A expectativa para a próxima temporada, no entanto, é que ela apresente indicadores mais razoáveis. “A visão é que a gente saia dessa safra equilibrado com estoque e, então a começa a próxima temporada bem, apesar de vivenciarmos um ambiente político de preços complexos”, disse. O presidente da Canaplan ressal− tou ainda que o que aconteceu recen− temente com o biodiesel “não foi le− gal, sendo motivo de preocupação”.

De acordo com ele, este fato, resul− tará em sequelas para o próximo ciclo, que podem ocasionar redução no vo− lume de cana. “Continuaremos com a expecta− tiva de bons preços, porque o petró− leo tende ficar ao redor de 70/80 dólares o barril. Então, deveremos ter bons preços de etanol, bons preços de açúcar e aqueles que sofrerem menos, poderão ter uma safra razoá− vel”, elucidou.


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Setor sucroenergético de MG anuncia investimentos de R$ 6 bilhões em 8 anos Aumento da produção poderá gerar mais 58 mil empregos diretos e indiretos no Estado Investimentos em torno de R$ 6 bilhões no aumento da produção e produtividade da cana, geração de energia elétrica (bioeletricidade) e biogás são previstos em Minas Gerais nos próximos 8 anos. Assim, foi di− vulgado pelo presidente da Associa− ção das Indústrias Sucroenergéticas de Minas Gerais (SIAMIG), Mário Campos, no começo de dezembro, em reunião com o governador do es− tado, Romeu Zema. O encontro contou ainda com a presença do Secretário Geral de Esta− do, Mateus Simões; do secretário Es− tadual de Desenvolvimento Econô− mico, Fernando Passalio, e do presi− dente da Fiemg, Flávio Roscoe. Mário Campos fez uma apresenta− ção mostrando o potencial de produ−

Mário Campos

ção de cana do setor no estado, com a expectativa de chegar nos próximos oi− to anos a 95 milhões de toneladas, fren− te a atual safra 2021/22 de 64,8 milhões de toneladas (que sofreu com a seca e a geada), quando a previsão inicial era de 72,3 milhões de toneladas.

Este aumento da cana se reverterá numa produção maior de etanol e açúcar e, principalmente, na geração de 6 milhões de MWh de energia elétrica e mais 58 mil empregos dire− tos e indiretos, no período, frente aos 167 mil atuais.

Campos informou que o setor in− veste todo ano cerca de R$ 5 bilhões na manutenção das usinas, e no Pro− tocolo de Infraestrutura, assinado com o governo do estado, já foram realiza− dos R$ 70 milhões de investimentos com a estimativa de mais R$ 87 mi− lhões de inversões. O setor fez dois pedidos ao go− vernador, o primeiro foi para que haja uma atenção maior da CEMIG para que os novos projetos de bioele− tricidade se viabilizem, além de não deixar faltar energia para os projetos de irrigação. Pediu também isonomia da energia elétrica da cana em rela− ção a solar− fotovoltaica e incentivos para o biogás. O governador Romeu Zema disse que a CEMIG a partir do ano que vem vai voltar a investir no esta− do com ampliação das linhas de transmissão e distribuição e acredita que isso terá uma solução a médio prazo. Quanto à infraestrutura ressal− tou que o DER−MG está numa curva de aprendizagem para atender o que as empresas necessitam.

Setor busca eficiência para combater incertezas da próxima safra A implementação de políticas debatidas na COP 26 deveáo beneficiar a produção de etanol Na avaliação do presidente do SI− FAEG (Sindicato da Indústria de Fa− bricação de Etanol do Estado de Goiás), André Luiz Baptista Lins Ro− cha, após um ano marcado por inú− meros desafios, a próxima safra ainda carrega algumas incertezas para o se− tor, por conta, dentre outros motivos, da instabilidade climática. “Estamos tendo agora um bom período chuvoso, mas as estimativas meteorológicas para janeiro a março são ruins, então esperamos que te− nhamos uma cana pronta para come− çar e vamos ter uma produção redu− zida em relação a produção do ano passado. Deve ser maior do que a sa− fra que vai se encerrar, porém menor do que a do ano anterior”, prognos−

Andre Rocha

ticou Rocha em entrevista ao Jornal− Cana, na noite de premiação do MasterCana, edição 2021, quando foi contemplado com um dos troféus de mais influente do setor. “Vivemos uma safra desafiadora, por conta dos problemas climáticos, que estamos sofrendo desde o ano

passado, provocando uma queda na produção. Fomos surpreendidos por três geadas, até em regiões que nunca tiveram histórico de geadas. E também com a prática corriqueira de incên− dios, alguns deles criminosos. Então tivemos uma quebra grande na pro− dução”, explica. Para o executivo, ainda convive− mos com um preço alto, que acaba as− sustando o consumidor. “Ao mesmo tempo vivendo os desafios da pande− mia, com custos altos na área de saú− de e segurança, com a questão do afastamento dos funcionários, trans− porte, entre outros. Além do aumen− to muito grande de custos, vivemos o problema de abastecimento de produ− tos em algumas cadeias muito impor− tantes”, lembrou. Rocha avalia que o ano também foi marcado por muita discussão em torno dos preços. “Mas é importante lembrar que o setor enfrentou um pe− ríodo de alta dos custos e num ano atípico com queda da produção”. Segundo Rocha, o setor termina essa safra mais cedo e deve começar a

próxima com algumas incertezas, en− tre elas, a data do seu início. Ele tam− bém prevê uma maior participação do etanol de milho no mercado. “Então será uma safra desafiado− ra. Ao mesmo tempo, as unidades es− tão se profissionalizando cada vez mais, buscando a eficiência. O milho tem se tornado cada vez mais uma realidade, com as usinas podendo uti− lizar o uso dos seus ativos, algumas empresas estão caminhando para um novo mercado”. O presidente do SIFAEG avalia ainda que as práticas de governança e sustentabilidade ambiental devem dar um novo ritmo ao setor bioenergéti− co. “As práticas ESG, estão na crista da onda, e o setor com muita expectati− va, por aquilo que foi discutido na COP 26. Esperamos que o governo federal possa traçar políticas condi− zentes com aquilo que ele se com− prometeu lá e ao mesmo tempo acompanhar a tramitação da reforma tributária, que tanto pode ser uma ameaça ou uma oportunidade para o setor”, conclui.


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GRUPO VIRALCOOL aliando tradição com modernidade Em 2023, unidade de Castilho ganhará uma planta para produção de biogás

Nosso setor tem uma dinâmica muito grande de capital, temos sempre que estar investindo. Agora, por exemplo, estamos investindo num programa de automação industrial, através da ferramenta SPAA

Tradição e modernidade são con− ceitos que caminham juntos na histó− ria do Grupo Viralcool, que começou com a chegada ao Brasil, de Eugênio Toniello, o grande patriarca da família. No longínquo século XIX, mais pre− cisamente no ano de 1886, vindo da Itália, Eugênio desembarcou em terras brasileiras. Após instalar−se em Sertão− zinho − SP, o jovem Toniello deu iní− cio à construção de um sonho, que foi sequenciado pelo seu filho Eduardo Toniello e que hoje se consolida como uma das principais referências do setor sucroenergeticas do País. Hoje, a empresa produz cana, açú− car, etanol, energia e levedura em três unidades produtoras, localizadas em Sertãozinho, Pitangueiras e Castilho, todas no estado de São Paulo. Alguns números da safra 21/22: Moagem To− tal: 5.938.000 toneladas; Etanol Hidra− tado: 156.170.000 litros; Etanol Anidro: 69.000.000 litros; Energia Produzida: 422.687 MW; Açúcar Total: 8.555.000 sacas e Levedura: 5.505 toneladas. O grupo que na safra 20/21 pro− cessou 6.952.951 toneladas de cana em suas três unidades (Matriz Pitan− gueiras; Castilho e Sertãozinho) e ob− teve números recordes na produção de açúcar, com 10.496.699 sacas produ− zidas, deu início ainda em 2019 a uma mudança no seu processo diretivo, com a implementação da profissiona− lização da gestão, mas sem perder o DNA da família a frente dos negócios. O diretor superintendente, Antô− nio Eduardo Tonielo Filho, destaca os constantes investimentos do grupo como forma de alavancar o cresci− mento. “Nosso setor tem uma dinâ− mica muito grande de capital, temos sempre que estar investindo. Agora, por exemplo, estamos investindo num programa de automação industrial, através da ferramenta SPAA. Precisa− mos de constância de informações, uma maior frequência para se ter efi− ciência, através dos controles das ope− rações, para ter um ganho na automa− ção”, ressaltou. O grupo também está investindo na geração de energia elétrica. Produ− to essencial dentro de uma usina, por ser sustentável e combater o déficit hídrico. “Até 2022 devemos exportar quase 450.000 MWh”, informou.

Antonio Eduardo Tonielo Filho

Ricardo Toniello

Unidades Viralcool de Pitangueiras e Castilho (abaixo)


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Planta de Biogás Segundo Antônio Eduardo, em 2023 o grupo tem planos para ins− talação de uma planta de biogás, na unidade de Castilho. “Esse investi− mento já foi aprovado pelo conselho da usina e também estamos inves− tindo na produção de bastante leve− dura. Com relação ao etanol de 2ª geração, acredito ser importante, mas ainda não está em nosso horizonte. Temos muito campo para aperfei− çoar e melhorar a eficiência do nos− so etanol de primeira geração”, in− formou o diretor. A busca por eficiência não se restringe a produção, mas também ao processo de gestão do grupo, que vem investindo na profissionalização dos seus dirigentes. Ricardo Toniel− lo, diretor administrativo financeiro, disse que se trata de um processo de adaptação e melhoria contínua. “A cada semestre vamos melhorando um detalhe. Em 2019, sob a orientação do José Pedro Tonielo e Antônio Eduardo Tonielo, nós que já estáva− mos trabalhando no grupo fomos orientados a formar um grupo para discutir uma nova governança cor− porativa”, contou. Em 2020, ano da pandemia, a no− va diretoria contratada deu início à sua

gestão, com o corpo gerencial corpo− rativo e gerentes por unidade, em um processo com a junção de toda famí− lia e aprovação das regras. “Foi positi− vo, com momentos de turbulência, mas passamos por isso, e hoje estamos trabalhando melhor com uma manei− ra diferenciada e avanços em diversos setores”, afirmou. Segundo Ricardo, o Grupo tem um conselho muito atuante, com in− tegrantes conhecedores do setor, o que tem trazido grandes benefícios para o crescimento da companhia. “Hoje, somos um dos maiores na produção de açúcar branco para ex−

Valter Toniello

portação das usinas associadas à Co− persucar”, elucidou. Para a safra 22/23, o diretor agrí− cola, Valter Tonielo, acredita que os números da empresa devem melhorar. “A próxima safra ainda está precoce, mas a expectativa é de repetir a safra do ano passado com 4% a mais. Esse ano foi atípico, problemas de geada, seca entre outros e tivemos uma que− bra em nossa produção mais alta do que a gente esperava”, frisou. Valter destacou os investimentos em equipamentos e também no au− mento de mais de 6% na área de plan− tio do grupo.“Investimos em colhedo− ras, trator, transbordo, fizemos aí um investimento bem forte para a próxima colheita. Estávamos com uma frota um pouco antiga, então conseguimos re− novar a frota de caminhão, tratores, co− lhedoras e transbordo”, ressaltou, lem− brando que toda frota conta com um sistema de monitoramento. O diretor agrícola também enfati− zou a importância do trabalho desen− volvido pela Brigada de Incêndio.“Es− se serviço vem funcionando muito bem em nossas três unidades. Graças ao trabalho dessas equipes bem treinadas conseguimos reduzir o número de fo− cos de incêndio”, reconheceu.


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Viralcool entra firme na era da Usina 4.0 A exemplo de outros grupos, Viralcool decide implantar tecnologia RTO logo em duas unidades produtoras A Viralcool é reconhecida no mercado como um modelo de ges− tão familiar competente. Um traba− lho sério que conquistou outros se− tores, multiplicou oportunidades e fortaleceu a economia das regiões nas quais a empresa atua. Em plena expansão da produção, a companhia vem investindo forte no aumento da eficiência industrial e optou por implantar o software S− PAA de Otimização em Tempo Real (RTO) nas unidades Pitangueiras e Castilho, avançando na jornada de transformação digital de forma si− multânea. O sistema está sendo im− plantado na versão Full, que envolve a parte da cogeração, utilidades e tam− bém processos. A unidade de Pitangueiras é uma planta bastante eficiente e o S−PAA vai permitir capturar me−

Josias Messias, diretor da Procana (meio) foi recebido por José Miguel de Azevedo e Jucelino Rodrigues Vieira, respectivamente, gerente industrial e gerente administrativo da unidade Viralcool Castiho

lhor essa eficiência e aproveitar as oportunidades do mercado, como maior flexibilidade no mix de pro− dução e aumento na exportação de bioeletricidade, principalmente porque as estimativas de preços do MWh para o ano que vem conti− nuam altas, assim como do bagaço. Já na unidade de Castilho, está em implantação uma nova UTE com potência de 30MW para operação já

O número de mulheres, inclusive nos cargos de operadoras de COI (Centro de Controle Interno), é expressivo no Grupo Toniello

no início da safra 22/23. O uso do S− PAA vai permitir a redução da curva de aprendizagem, trazer estabilidade de vapor ao processo e, conforme o cenário, exportar o máximo possível ou economizar bagaço para o mo− mento mais oportuno. “Neste momento de bons pre− ços, tudo que pudermos capturar na eficiência industrial é conside− rado dinheiro direto no caixa da

usina. Após acompanharmos os diversos cases bem−sucedidos do S−PAA, e com o apoio irrestrito da diretoria e das equipes indus− triais, optamos por implantar o software inicialmente nas unidades de Pitangueiras e de Castilho, se− guros quanto aos benefícios pro− porcionados pela ferramenta, co− mo maior eficiência energética, redução de perdas, estabilidade ao processo e crescimento à equipe”, afirma Nadir Nascimento Júnior, gerente industrial corporativo da Viralcool. "Somos pautados pela eficiência em todas as áreas, pois quem não é eficiente na produção não sobrevive", afirma Ricardo Toniello, diretor ad− ministrativo financeiro do grupo, ao justificar a implantação do S−PAA nas duas unidades do grupo. "É o curso natural, têm operações que o ser humano não consegue fa− zer, esse é o caminho. Implantar in− teligência artificial na gestão e na operação das duas unidades, é a ce− reja do bolo. Observamos os resulta− dos obtidos em diversas usinas que já possuem esta ferramenta e esperamos capturar ganhos significativos com o projeto", acredita Ricardo.


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Sensibilidade social A diretora de Recursos Humanos, Cláudia Tonie− lo, que na 14ª edição do MasterCana Social 2021, rea− lizada em setembro, se destacou como uma das Pro− fissionais de RH do ano, falou sobre o trabalho de− senvolvido pela Viralcool, no entorno da região onde suas unidades estão instaladas. “Além do investimento em capacitação e treinamento dos nossos mais de 4.500 colaboradores, não podemos abrir mão de pro− jetos que envolvam a comunidade”, disse. Na Campanha do Agasalho 2021, realizada pela Prefeitura Municipal de Pitangueiras, a Viralcool co− laborou com a doação de mantas e cobertores ao Fundo Social de Solidariedade, que foram distribuí− dos às famílias cadastradas em todas as comunidades e cidades onde o Grupo mantém colaboradores. De acordo com a diretora, o grupo também promoveu a entrega de mais de 10 mil cestas básicas nestes locais. Desde o início da pandemia da covid−19, o Gru− po Viralcool tem se mantido presente e solidário. Ao todo, já foram doados aproximadamente 50 mil litros de álcool 70% às prefeituras e entidades sociais. Além de viabilizar cilindros para a Santa Casa de Pitanguei− ras – SP armazenar oxigênio. Ações como essas têm como objetivo amenizar as dificuldades enfrentadas em tempos de pandemia. Em parceria com as secretarias municipais de Saúde, a empresa realizou nas depen− dências de suas instalações, a vacinação dos colabora− dores residentes em Pitangueiras e Viradouro. A preocupação com a segurança do trabalhador e da comunidade levou a empresa a investir num am− bicioso projeto de combate ao fogo. O projeto da Vi−

ralcool incluiu a adequação na estrutura de preven− ção e combate a incêndio da planta industrial, ofici− na automotiva e posto de combustível. O objetivo é atender todos os requisitos de pre− venção de incêndio, investindo em equipamentos ro− bustos e modernos disponíveis no mercado. Este é um projeto muito grande e multidisciplinar, desta maneira está envolvendo a diretoria, coordenação in− dustrial e áreas adjacentes, como segurança do traba− lho e recursos humanos. A diretora de RH também destaca os investimen− tos da companhia em Educação, ferramenta funda− mental para preparar os futuros profissionais, através de programas como: Atleta do Futuro em parceria com o Sesi; Jovem Aprendiz e Jovem Agricultor do Futuro. O Jovem Agricultor desenvolvido em parceria com o SENAR (Serviço Nacional de Aprendizagem Ru− ral), Sindicatos Rurais de Bebedouro e Sertãozinho, e Prefeituras Municipais, mantém atualmente 6 turmas, duas na cidade Viradouro, duas em Pitangueiras (sendo uma no distrito de Ibitiuva) e duas em Sertãozinho. O Atleta do Futuro está com mais de 200 ma− trículas e atende alunos de 6 a 17 anos da cidade de Viradouro, oferecendo as modalidades de futsal, fu− tebol de campo, vôlei de areia, basquete e planeja o retorno das aulas de natação. No plano interno os cuidados do grupo também são expressivos, através de diversos programas e proje− tos de Desenvolvimento Humano e Organizacional− DHO, que valorizam e estimulam a ascensão profissio− nal através de cursos de capacitação, treinamento e for−

Empresário do ano Para Antônio Eduardo Tonielo, presidente do Conselho de Administração do Gr upo, os resultados alcançados refletem não apenas os investimentos na planta industr ial, mas, pr incipalmente, o trabalho em equipe, e a valor ização e treinamentos das pessoas. “O empresár io administra e quem f az acontecer é o colaborador. O g r upo Toniello mudou a gestão e eu sou presidente do Conselho. Fizemos essa mudança numa hora cer ta, numa hora boa, e num mundo globalizado, pois uma andor inha só não f az verão. Trabalhei bastante para que o g r upo se unisse e

felizmente está dando cer to”, disse Tonielo, que recentemente, no mês de novembro, foi eleito como Empresár io do Ano no MasterCana Centro−Sul. Desde a or igem do g r upo em 1886, com a chegada de Eugênio Toniello, ele foi prog redindo com o filho Eduardo, avô e pai de Renato, respectivamente, até os filhos darem continuidade ao legado, cr iando a Destilar ia Santa Inês, em 1968 e a Usina Viralcool, em 1984 e a Unidade Castilho, em 2006. O Gr upo ainda possui revendedoras de automóveis e caminhões em diversas cidades do Estado de São Paulo.

mação de novas lideranças, como: Programa de Cargos e Salários, Programa de Participação em Resultados, Programa de Avaliação de Desempenho, Programa de Desenvolvimento de Lideranças, Programa Especial de Demissão, além de diversos benefícios que são ofereci− dos aos colaboradores e extensivo aos familiares. Entre agosto e setembro deste ano, com foco no desenvolvimento e treinamento de líderes e encar− regados para uma maior efetividade no processo, a Viralcool ofereceu um treinamento de Liderança para Gestão Operacional. Foram 10 encontros on− de o objetivo foi desenvolver líderes e encarregados na gestão pessoal e na resolução de conflitos.


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USINAS

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Usina Jacarezinho avalia resultados positivos na Safra 21/22 Companhia tem expectativa de exportar 43.000 MWH/ano até o final deste ano A Usina Jacarezinho, unidade do Grupo Maringá no Paraná, registra na safra 2021/22, a moagem de 2.425.000 toneladas de cana−de− açúcar, resultado satisfatório em face das questões climáticas, segundo a companhia. Foram produzidas 167.893 tone− ladas de açúcar (−12,42% em relação à safra 20/21), sendo 132.813 toneladas de açúcar bruto (−15,3%) e 35.080 toneladas de açúcar branco. A produ− ção do biocombustível foi de 94.699 m³ de etanol (uma alta de 6,69% em relação à safra anterior), sendo 65.095 m³ de anidro (aquele misturado à ga− solina, que aumentou 30%) e 29.604 m³ de hidratado (o que vai direto na bomba, que diminuiu 23,6%). O aumento da participação do etanol no mix de produção da safra

21/22 reflete, sobretudo, o cenário nacional, afetado pela redução de 13% na oferta de cana−de−açúcar no Centro−Sul, conjugado com o au− mento esperado do consumo do ciclo Otto (índice de consumo total de ga− solina e etanol), repercutindo positi− vamente no preço do etanol. “Para proporcionar maior flexibi− lidade no mix de produção, temos in− vestido nas plantas de açúcar e etanol,

bem como no aumento de nossa ca− pacidade de armazenagem de açúcar”, explica o diretor Corporativo do Grupo Maringá, Eduardo Lambiasi.

Cogeração de energia O resultado da Maringá Energia, unidade de cogeração que utiliza o bagaço da cana−de−açúcar resultante do processo produtivo na Usina Jaca− rezinho para produzir energia elétrica

limpa e renovável, também foi ex− pressivo. Foram investidos R$ 70 mi− lhões, dos quais R$ 40 milhões pro− venientes do Banco Nacional de De− senvolvimento Econômico e Social (BNDES) com recursos do FINEM e do Fundo Clima. Com capacidade inicial de 25 MWh/ano de energia, a empresa ini− ciou a exportação de energia no mês de junho de 2021, com expectativa de exportar 43.000 MWH/ano até de− zembro de 2021. O resultado operacional obtido já no primeiro ano foi acima das expec− tativas do Grupo, representando 13% do resultado geral das operações sucroe− nergéticas do Grupo Maringá no ano. Para a próxima safra, o mix de produção deve permanecer no mes− mo patamar. “A expectativa é au− mentar a moagem, com base na ex− pansão da área de colheita, e melho− rar a eficiência no armazém de açú− car, um investimento na ordem de R$ 9,5 milhões com estrutura inter− na a Usina”, acrescenta o diretor de Operações da Usina Jacarezinho, Condurme Aizzo.

Diana reforça compromisso ESG com certificação de Companhia Verde A empresa levantou R$ 75 milhões com a emissão de debêntures verde A Diana Bioenergia, que assegu− rou neste ano a emissão de debêntu− res verde na ordem de R$ 75 milhões, reforça seu compromisso com os princípios ESG. “Essa foi a quarta emissão desse título efetuada pela em− presa e a primeira verde”, informou Leonardo de Freitas Perossi, diretor administrativo da usina. “Iniciamos os trabalhos junto ao Santander e Itaú, em dezembro de 2020 e finalizamos em abril deste ano, junto aos bancos.Teve também a em− presa Sitawi, que fez a auditoria do se− lo verde da operação, os escritórios Santos Neto e Monteiro Rusu”, afir− mou o diretor. De acordo com parecer da audi− toria independente, a Diana se alinhou

a quatro dos 17 ODS: (2) Fome Zero e Agricultura Sustentável; (7) Energia Limpa e Acessível; (12) Consumo e Produção Responsável e (13) Ação Contra a Mudança Global do Clima. Perossi lembrou que o setor já possui uma visão ESG bem forte, pro− duzindo um combustível limpo, que diversos países estão começando a adotar para reduzir os gases efeito es− tufa, então, reforçar o compromisso com o ESG é sempre importante, ain− da mais através de uma certificadora do mercado, isto é, com uma empresa independente. O diretor afirmou ainda que os recursos foram destinados para “a li− quidação de algumas operações de curto prazo e custeio das nossas ope− rações agrícolas−industriais”. Na safra 2020/21 a Diana moeu mais de 1.375mm de toneladas, pro− duziu mais de 115 mil tons de açúcar VHP e mais de 50 mil metros cúbicos de etanol hidratado, exportou 2,6 mil megawatt de energia e comercializa− ção 55.409 mil CBIOS.


USINAS

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Unidade Água Emendada da Atvos comemora 10 anos de operação em Goiás Nona planta agroindustrial da empresa completa uma década marcada pelo desenvolvimento econômico e socioambiental na região de Perolândia A Unidade Água Emendada da Atvos completou 10 anos de operação no dia 16 de dezembro. Localizada no município de Perolândia, em Goiás, foi a nona planta inaugurada pela empre− sa de bioenergia com a missão de produzir etanol, além de cogerar energia limpa e renovável a partir da biomassa da cana−de−açúcar. Nessa primeira década de atividades, a uni− dade teve uma função importante na região com o desenvolvimento de iniciativas socioambientais e socioe− conômicas. “É gratificante olhar para trás e

perceber a quantidade de vidas que impactamos e o quanto movimenta− mos a cidade de Perolândia e seu en− torno ao longo da última década. Pe− los próximos anos, daremos continui− dade ao nosso compromisso de con− tribuir com o desenvolvimento da re− gião, gerando emprego e renda para a população, e promovendo ações para renovar o amanhã do município e suas comunidades”, comenta Luiz Bianchi, diretor superintendente do Polo Goiás

da Atvos. Construída em 2011, a Unidade Água Emendada recebeu R$ 1 bilhão em investimentos nas áreas agrícola e industrial. Com capacidade instalada para processar 3,8 milhões de tonela− das de cana−de−açúcar por safra, a planta pode produzir 360 milhões de litros de etanol, volume suficiente pa− ra movimentar aproximadamente 7,2 milhões de carros compactos, além de cogerar 380 GWh de energia elétrica limpa a partir de biomassa, quantida− de que abasteceria uma cidade com cerca de 1,8 milhão de pessoas. Desde 2012, por meio do Energia Social, programa de ações socioam− bientais da Atvos, as comunidades lo− cais têm sido beneficiadas por inicia− tivas em diferentes áreas. Um exemplo é o projeto “Conservando as árvores na mata, a água no rio e o homem na terra”, que atuou na recuperação de onze nascentes do Assentamento Três Pontes, localizado em Perolândia. A iniciativa é fruto de uma parceria en− tre a Atvos, a Prefeitura Municipal e a Fundação de Apoio à Pesquisa da Universidade Federal de Goiás.

Geração de emprego e desenvolvimento profissional Atualmente, a usina conta com cerca de 750 colaboradores diretos e emprega mais de 2.250 de forma indireta. João Alfredo Schenkel, supervisor administra− tivo de almoxarifado, faz parte do time de integrantes que partici− pa das operações da Unidade Água Emendada desde o seu início.“A chegada da Atvos con− tribuiu muito para o desenvolvi− mento local ao proporcionar empregos e melhorias em infra− estrutura, movimentando eco− nomicamente a região. Há dez anos, iniciei como assistente ad− ministrativo e, desde então, tenho aproveitado as oportunidades de desenvolvimento de carreira que me foram oferecidas e hoje sou responsável pela supervisão da área”, comemora João.


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INDUSTRIAL

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Com 50% da palha deixada no campo, seria possível gerar toda energia consumida em MG Especialistas debatem aproveitamento da palha

Com uma tonelada de palha seca de cana é possível produzir cerca de 250 litros de etanol. Se aproveitarmos toda palha disponível nos canaviais poderíamos aumentar em 50% a ca− pacidade de produção. O “Aprovei− tamento da Palha de Cana para Gera− ção de Energia Elétrica” foi o tema do webinar promovido pelo STAB − Regional Sul, no dia 10 de novembro. O engenheiro Francisco Linero, do Centro de Tecnologia Canavieira − CTC e da FL Consultoria e Enge− nharia, apresentou outros números da palha que também impressionam. Numa safra de 657 milhões de tone− ladas de cana, existe um potencial pa− ra produção de 28.871 GWh/safra. Segundo ele, com 50% da palha dei− xada no campo, seria possível gerar 68% da energia consumida em todo Estado de São Paulo, ou ainda toda a energia consumida em Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo. Embora os números possam ser expressivos, Linero afirma que as ini− ciativas de aproveitamento da palha ainda são escassas. Ele estima que ape− nas 5% da palha disponível tem sido utilizada para essa finalidade. Esse bai− xo percentual, em parte, pode ser atri− buído aos investimentos necessários para as usinas fazerem o recolhimento e processamento dessa palha, de forma que sua utilização se torne viável. Para o pesquisador João Luís Nu− nes Carvalho do Laboratório Nacio− nal de Bio Renováveis, o grande di− lema dos produtores é saber qual a quantidade de palha que deve ser

Francisco Linero

João Luís Nunes Carvalho

José Bressiani

mantida no campo, ou qual a quanti− dade que pode ser removida. Carvalho é autor de um grande estudo envolvendo o aproveitamento da palha, ao longo de 5 safras, em di− versas usinas, sendo realizados 26 ex− perimentos, obtidas em mais de 70 colheitas, com mais de 10 mil amos− tras colhidas nos mais diversos tipos de solo, a fim de avaliar os efeitos de sua remoção, visando aumentar a produ− ção de biomassa sem comprometer a qualidade do solo. Para o pesquisador, uma coisa que o estudo deixou bastante evidente é que não existe uma resposta única. “Depende de uma série de fatores. A remoção de palha não seguiu uma tendência lógica na grande maioria das regiões. Por isso, nós criamos aqui no projeto um guia de boas práticas para remoção de palha. Uma ferramenta que vai auxiliar a pessoa na tomada de decisão, englobando condições climá− ticas, época da colheita, tipo de solo, manejo adotado, idade da cultura, en− tre outros fatores”, explicou. Segundo João Luís, a palha é um recurso natural que deve ser usado pa− ra modular o sistema solo−planta. “Deve ser usada com sabedoria sem comprometer a qualidade do solo, vi−

sando aumentar a produção de bio− massa, porque não adianta nada au− mentar a produção de biomassa e bio− energia em um ano e comprometer isso nos anos posteriores”, disse.

que precisa ser coberta. “Em 2017 participamos de um workshop sobre armazenamento de biomassa, onde vimos todos os pontos críticos, medi− das de segurança, monitoramento, e com base nisso, redesenhamos nossos sistemas de armazenamento com pi− lhas menores, para minimizar o pro− blema de incêndios”, explicou. Francisco Linero, diretor na FL Consultoria e Engenharia, apresentou o impacto na indústria mediante duas rotas para colheita da palha. Na rota 1, com sistema de estação de limpeza a seco da cana, que assegura um melhor controle das impurezas minerais e au− mento da disponibilidade de biomas− sa e energia para as caldeiras. Já a rota 2, que inclui o enfarda− mento independente do processa− mento da cana, implica na manuten− ção da densidade de carga nos cami− nhões de cana, não interfere no pro− cesso produtivo de açúcar e etanol, re− colhimento e transporte da palha se− ca, sendo recomendado a limpeza das impurezas minerais da palha e operar com misturas inferiores a 15% de pa− lha no peso total da biomassa. “Apesar de caro, esse sistema tem respostas significativas lá na frente, e permite ganho nos custos de trans− porte do material energético”, afir− mou. Eduardo Peres, sócio da AgroE− nergia, disse que o mercado tem de− manda para absorver a energia de biomassa. “O desafio é mais na ques− tão agrícola e da indústria, do que na comercialização. Uma vez isso con− vertido em energia elétrica, temos como trazer com preço competitivo. O consumidor não tem interesse em saber do processo produtivo, mas sim do preço. Nós temos demanda para energia de biomassa, e acreditamos que quando tivermos toda a biomas− sa disponível ela será facilmente rea− locada”, afirma.

Colheita da palha José Bressiani, diretor de tecnolo− gia agrícola na Granbio, falou sobre a experiência da empresa no trabalho de recolhimento da palha. A empresa en− trou em operação no ano de 201, fo− cada nas tecnologias de segunda gera− ção para converter as fibras das plantas em etanol e bioquímicos. Como a em− presa não produz cana, foi desenvolvi− da uma política para recolhimento de palha de outras usinas, inicialmente es− timado em 150 mil toneladas de palha. Segundo Bressiani foram colhidas cerca de 3 mil toneladas de palha, até chegarem à melhor avaliação dos equipamentos (enfardadora/carrega− dor/ carreta recolhedora) em relação a rendimentos e logística. Ele explica que a operação mais crítica é o enfar− damento, por ser a mais cara de toda a operação. “Nesse aspecto só vamos conseguir evoluir quando tivermos um maior volume”, justificou. Bressiani também abordou a questão do armazenamento da palha,



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INDUSTRIAL

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Usinas investem em ferramentas de medição e acompanhamento online Tecnologia auxilia na definição de estratégias para otimizar a recepção, preparo e extração da cana

Sensores, redutores, medidores e ferramentas de software que avaliam um conjunto de informações em tem− po real, são as armas que as usinas estão utilizando para otimizar o processo de recepção, preparo e extração da cana. O assunto foi tema da Quarta Estratégica do JornalCana, realizado no dia 10 de novembro, que contou com a partici− pação de Fábio Godinho, diretor da Pro−Systemas Automação Industrial, Douglas Mariani, engenheiro químico sênior, especialista de aplicação da So− teica e Rafael Purcena Borges, coor− denador de extração da SJC Bioener− gia URD − Usina Rio Dourado. Sob o patrocínio das empresas BioCon, Pro−Systemas e S−PAA− Soteica, o webinar “SINATUB − Re− cepção, Preparo e Extração” teve a condução do jornalista Alessandro Reis, do JornalCana. Segundo o engenheiro Douglas Mariani, da Soteica, responsável pela ferramenta S−PAA,“tudo começa com a triangulação da moenda que define a relação de fibra, rotação e moagem, que é ajustada em tempo real pelo SPAA e a partir destas informações a gente pas− sa o observar todo processo. Segundo ele, o diferencial do S−PAA, é que ele olha a qualidade da cana e a capacida− de de absorção de caldo e processa− mento, calculando a vazão e embebi− ção em tempo real, permitindo operar com máxima eficiência. Mariani informou que atualmente

os volumes gerenciados pelo S−PAA incluem mais de 68 plantas industriais, que processam 110 milhões de ton/ca− na e produzem 5,5 bilhões de litros de etanol/safra, 160 milhões sacas açú− car/safra, e 8,2 GWh/ano de energia, com retorno médio de R$ 2.800.000,00 por projeto. Marini explica que o software per− mite um amplo controle de todo o processo. Desde a definição da vazão com base em embebição % fibra defi− nida pela usina (avalia a qualidade da matéria prima (fibra e POL da cana); avaliação da extração em tempo real (umidade e POL do bagaço); avaliação do balanço de caldo tratamento. Nas destilarias o S−PAA tem o objetivo de estabilizar o fluxo de caldo desde a moenda até o mosto, definir a vazão de embebição, mantendo a esta− bilidade do fluxo que leva a maior ca− pacidade de processamento. Temos a capacidade de implemen− tar várias estratégias, explica Marini. “Com o NIR extração é possível en− tender a variabilidade da fibra da cana e adequar o controle do conjunto a ela, antes mesmo do seu processamento. O

S−PAA também calcula o balanço de massa da moenda e define a faixa de rotação que se pode buscar, estabilizan− do todo o processo levando a uma ex− tração maior.” Fábio Godinho, diretor da Pro− Systemas Automação Industrial, em− presa que desde 2004, atua no merca− do de fabricação de equipamentos pa− ra automação, com sede em Ribeirão Preto − SP, para a área de embebição, sugere a implementação de duas variá− veis importantes no processo: o deslo− camento de rolo e a análise da umida− de do bagaço online. Com a implementação de equipa− mentos como o sensor de analisador de umidade online PS−UM03. "Um equipamento bem robusto, não temos até aqui nenhum histórico de desgaste. Indicamos a instalação destes sensores, tanto na bica de saída da moenda co− mo na chapa após o pente do último terno da moenda. Esse equipamento também tem si− do utilizado para a medição de umida− de da biomassa em caldeiras, tanto pa− ra bagaço como para cavaco, e tem tra− zido bons resultados proporcionando

Fábio Godinho

Fábio Godinho

Rafael Purcena Borges

um controle mais fino na combustão da caldeira”, disse Godinho. Rafael Purcena Borges, da SJC Bioenergia, apresentou o conjunto de ações determinantes para a evolução da capacidade de moagem na unidade Rio Dourado, que saiu de um difusor de 12 mil para chegar a 17 mil toneladas, um aumento de 5.800 na moagem. A unidade conta com um Difusor Sermatec 9,9m x 60m, com capacida− de nominal de 12.000 TCD e Moen− da Simisa 90". Em 2014 a unidade tinha uma moagem de 13.206,56 ton. Em 2015 com a implementação do check list operacional on−line, subiu para 14.114,38 ton. De 2016 a 2018 as ações incluíram: elevação da altura do col− chão, implantação de dois motores de média 3.000CV, aumento de um passe da rosca afofadora, que ficou com 5 passes, adição de um conjunto redutor na esteira de borracha e um conjunto redutor na esteira de arraste, nova triangulação da moenda e camisa alta drenagem e utilização de medidor de vibração online SKF. “Em 2019, iniciamos com treina− mentos operacionais mensais, adequa− ção na altura do tambor alimentador e implementação do S−PAA, que iniciou controlando o gerador de energia, e agora controla também a embebição e vazão de caldo.Também adotamos dois redutores 3G full na moenda e medi− dores de vibração online KFC e esta− mos com 17.041,40 toneladas”, contou. Como principal ponto para a efi− ciência em extração, Borges destacou o monitoramento da Open Cell; Embe− bição % Fibra; Temperatura do difusor e monitorar a vazão de caldo. “Todo esse quarteto trabalha junto”, disse.


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Sistemas que promovem ganhos em eficiência industrial na recepção, preparo e extração tem payback menor que uma safra Margem média de ganhos é de 0,3% e em alguns casos até dois meses A Spraying Systems® disponibili− za sistemas que aumentam a eficiência industrial com ganhos significativos nas áreas de recepção, preparo e extra− ção. Éder Santos, consultor técnico, oferece mais detalhes. “Podemos conseguir um ganho de até 0,3% em eficiência industrial com o sistema para limpeza do esteirão metá− lico, um ganho de até 0,3% com o sis− tema de embebição pressurizada de moenda e um ganho de até 0,2% em recuperação de ART com os chuveiros para limpeza de peneira rotativa, que com um CV menor que 6% e overlap de 30% garantem impacto e distribui− ção uniforme em toda a tela perfurada”. De acordo com o consultor, esses investimentos têm payback menor que uma safra e em alguns casos em dois meses. Para ilustrar, Santos apresenta um caso bem−sucedido em uma usina goiana. Em uma visita técnica desen− volvi um laudo detalhado que mostra o aumento da eficiência industrial atra− vés dos sistemas de pulverização traba− lhando como agentes de desinfecção, de limpeza e de embebição que deixam o processo no estado da arte.“Eviden− ciamos uma contribuição para aumen− tar a segurança e a eficiência em 0,8% aplicando as três soluções”. Desafios no preparo podem ser superados com a limpeza do lado cor− rente e talisca do esteirão metálico O esteirão metálico é um dos pontos em que há maior possibilida− de de ganhos de eficiência. Primeira− mente, combatendo a quantidade de açúcar que vem impregnada com a cana desfibrada que gera um ambien− te extremamente abrasivo devido ao grande esforço/torque que encurta a vida útil dessas esteiras. Para resolver esse problema é preciso atacar dois pontos: a limpeza do lado corrente e a limpeza do lado talisca. Em uma usina em Goiás, há um ca− so de mais de 48 horas de parada de moagem causado pelo desalinhamento do esteirão metálico devido ao excesso de sujidade mineral impregnada.“A água usada nesta limpeza, menos de 10

Antes e depois da limpeza da esteira com o sistema Spraying Systems

Operação com tubos furados vs Análise térmica do bagaço embebido

gião de GO e MT temos 6 unidades em funcionamento. No Brasil e no mundo são dezenas de chuveiros dando bons resultados”, informa Santos.

Resultado da limpeza da Peneira Rotativa com Chuveiro Spraying Systems

m³/hora, é incorporada na cana desfi− brada. Além de promover uma limpeza primorosa da esteira, produzir energia com o vapor que era usado na limpeza, ainda melhora a extração devido a essa ‘embebição’ da cana desfibrada.Algumas usinas que usam nosso sistema mencio− naram ganhos de extração também. Chuveiro de embebição pressur i− zada soluciona problema na extração Outro problema está nas calhas para distribuição da embebição para moendas. É um problema antigo, mas ainda muito presente nas usinas. A si− tuação até evoluiu, porém para “tubos furados”. Com esses tubos, o visual da embebição até pode causar uma boa

impressão, mas quando realizada uma análise térmica de um bagaço nas es− teiras intermediárias, logo depois de receberem a embebição, pode−se ver diversas manchas azuis indicando fa− lhas na embebição. Como solução eficaz somente o Chuveiro de Embebição Pressurizada com limpeza automática de bicos Spraying Systems® se mostrou efi− ciente, pois consegue atravessar todo o colchão de bagaço e embebê−lo de forma completa e homogênea. “As usinas que possuem o Chuvei− ro de Embebição Pressurizada Spraying Systems® contam com uma embebição homogênea e um ganho estimado na ordem de 0,3% em extração. Só na re−

Chuveiro de alto impacto com escovas autolimpantes soluciona defi− ciência em peneiras rotativas das moendas Ao avaliar as peneiras rotativas da moenda, foi possível verificar outra deficiência, esta, na qualidade do sis− tema de limpeza das peneiras. Pode− mos observar grande quantidade de incrustação orgânica nas telas. Para Santos, é possível observar que há lo− cais na peneira em que a filtrabilidade está totalmente comprometida. Mas ele garante que há uma solu− ção. “Podemos resolver isso de uma forma bem simples, dezenas de usinas já estão usando nosso chuveiro de al− to impacto com escovas autolimpan− tes. Projetamos um sistema com um overlap precisamente calculado, para que toda a peneira seja atingida pelo forte impacto dos jatos. Dessa forma, toda a superfície recebe a mesma in− tensidade de impacto e a mesma quantidade de água, oferecendo resul− tados impressionantes.”


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AGRICOLA

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Usina São Luiz investe em reflorestamento e reduz impactos da seca A iniciativa assegura participação no RenovaBio A usina São Luiz no município de Ourinhos, em São Paulo, replantou mais de 360 hectares de Mata Atlân− tica. Com a iniciativa, animais nativos apareceram no local e nascentes de rios ficaram com ainda mais água, fa− cilitando, inclusive, o cultivo. Segundo Manoel de Andrade, ge− rente de meio ambiente da usina, no plantio de 550 mil árvores, somado ao custo de manutenção delas por três anos, foram investidos cerca de R$ 11 milhões. Ele explica que cada árvore, além do valor da semeadura, exige entre R$ 20 a R$ 30 neste período. O investimento permitiu aumen− tar a reserva legal e recuperar áreas de preservação permanente.Também ge− rou mais matéria orgânica no solo, o que torna o ambiente mais propício para que a semente caia e germine. Além disso, as nascentes da região

se desenvolveram e isso é bom para a natureza e para a produção, já que es− sa água pode ser usada no cultivo. Pa− ra processar uma tonelada de cana vão 690 litros de água. Na época da safra, entre abril e dezembro, são moídas 16 mil toneladas por dia. Com a preservação, os reservató− rios da usina quase não sentiram a se− ca enfrentada na área. Essa recuperação da mata e dos rios também impediram a erosão e assoreamento dos rios e ain−

da formou um corredor ecológico nos trechos mais compridos de vegetação.

RenovaBio Juntamente, vieram os animais, co− mo passarinhos e até outros maiores, co− mo a onça−parda e o tamanduá−ban− deira. A estimativa é de que o aumento de espécies no local foi de até 60%. Apesar de ter o açúcar e o álcool como produtos principais, a empresa também gera ração animal com a le−

vedura da produção do combustível e usa alguns resíduos, como a vinhaça, para adubar o campo. Além disso, o bagaço da cana queimado nas caldeiras gera energia elétrica que supre a usina e também é comercializada. O investimento em refloresta− mento possibilitou que a usina ingres− sasse no programa RenovaBio, obten− do renda com a comercialização dos Créditos de Descarbonização (CBio).

BP Bunge centraliza manutenção linear de colhedoras de suas 11 unidades Central Integrada de Manutenção, localizado no município paulista de Orindiúva, é referência no setor A BP Bunge Bioenergia decidiu concentrar suas atividades de manu− tenção linear, em uma Central Inte− grada de Manutenção – CIM, que fi− ca localizada na unidade Moema, no município de Orindiúva – SP. O objetivo da companhia é ga− rantir a padronização das atividades, tendo como objetivo otimizar ganhos em confiabilidade, disponibilidade, se− gurança e ampliar a vida útil das co− lhedoras utilizadas na lavoura da cana− de−açúcar de suas 11 unidades agroindustriais. Segundo a empresa, esse formato centralizado de manutenção linear ado− tado e que atende suas mais de 150 co− lhedoras de cana−de−açúcar, é único no setor sucroenergético do país. Outro

grande diferencial é que a Central fun− ciona ininterruptamente ao longo de toda a safra, não se restringindo a ope− rar apenas no período de entressafra. Do total de máquinas, 128 colhe− doras já passaram pela Central o que garante um nível elevado de padroni− zação e segurança. “Precisamos garan− tir a máxima segurança aos nossos co− laboradores, além de não termos os− cilações ao longo do dia de forma que nossas máquinas entreguem o máxi− mo da confiabilidade com o menor custo”, explica Alisson Henrique da

Silva, gerente corporativo de Manu− tenção Agrícola. As intervenções nas colhedoras são realizadas a cada ciclo de 4.000 horas de trabalho e incluem: diagnóstico (comissionamento) da condição das máquinas para apuração das ações ne− cessárias além do plano de manuten− ção padrão; desmontagem; lavagem, caldeiraria do chassis; pintura; substi− tuição e recuperação de peças e com− ponentes de acordo com recomenda− ções técnicas; montagem e um comis− sionamento final para garantir que a

máquina esteja dentro dos parâmetros padrões, antes de retornar para sua unidade de origem. A estrutura disponível possui uma área coberta de quase 7 mil m², com 71 profissionais, que são responsáveis pela capacidade de manutenção de até seis colhedoras por mês, e 500 com− ponentes como motores, câmbios, ci− lindros e bombas. “Aplicamos em nossas colhedoras uma manutenção linear preventiva de qualidade, que garante a operação ideal das máquinas e prolonga sua vida útil”, pontua Ro− naldo Correia da Silva, gerente da Central Integrada de Manutenção. A Central concentra uma série de manutenções preventivas além das realizadas nas colhedoras, como inter− venções em motores a diesel; bombas e motores hidráulicos; câmbios, trans− missões e outros redutores; assim co− mo em cilindros hidráulicos. Impor− tante reforçar que nas unidades con− tinuam as manutenções preventivas e corretivas ao longo da safra, para manter os equipamentos com a me− lhor performance.



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AGRICOLA

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Usinas apostam em tecnologia e criatividade para otimizar operações agrícolas

Implementar uma cultura de se− gurança nos procedimentos operacio− nais, além de investimentos em recur− sos tecnológicos, vem requerendo por parte dos gestores alta dose de criati− vidade para envolver os colaboradores, aumentar a produtividade e reduzir os riscos de acidentes. O assunto foi pauta do webinar “Usinas de Alta Performance Agríco− la'', do dia 24 de novembro, com o te− ma Gestão, Segurança e Qualidade das Operações. O programa teve a parti− cipação de Carlito Schuch, gerente de

SSMA da Usina Santa Adélia, Eduar− do Semião, gerente de Sustentabilida− de e Segurança da SJC Bioenergia e Gabriela Querubin de Oliveira, ge− rente de Segurança e Saúde Ocupa− cional da Raízen. Com o patrocínio das empresas AxiAgro, HRC e S−PAA, o webinar contou com mediação do jornalista Alessandro Reis, do JornalCana. Os números justificam o cuidado e investimento para manter a qualidade das operações. A Raízen, uma das gigantes do setor, tem uma frota de mais de 4 mil veículos, número 20 vezes maior que a frota de ônibus de um município como Piracicaba. Na safra 20/21 essa frota per− correu a distância de 171 milhões de quilômetros, aproximadamente 450 ve− zes a distância da Terra à Lua. E para colocar essa frota para ro− dar, a empresa conta com mais de

4.500 motoristas, que efetuam o transporte de cana, pessoas e outras cargas. Esses foram alguns dos dados passados por Gabriela Querubin de Oliveira, gerente de Segurança e Saú− de Ocupacional da Raízen, que falou sobre o transporte na área agrícola. “Desde 2016, a empresa vem in− vestindo no processo de reestrutura− ção do setor de transporte da cana. Várias medidas vêm sendo imple− mentadas ao longo desse período, buscando aumentar a qualidade e ga− rantir a segurança das pessoas”. Ela apresentou algumas ações pontuais que foram sendo implantadas desde então, e que contribuem para otimi− zar o serviço. “Em 2016 estabelecemos a redu− ção de velocidade e a implantação do Led na lateral e traseira dos veículos. Em 2017 introduzimos a telemetria

Carlito Schuch

Gabriela Querubin de Oliveira

Eduardo Semião

Medidas vem reduzindo significativamente o número de acidentes

para mapear onde o pessoal está ro− dando, entender o cenário de intera− ção homem e veículo.Também inves− timos na renovação da frota. A tecno− logia precisa ter uma governança, co− meçamos a fazer inspeções no trans− porte de cana. Adotamos um novo sis− tema de enlonamento, substituindo a corda pela cinta, criamos um canal permanente de informação”, explicou. Gabriela ressaltou que são muitos veículos, mas o maior ativo são as pes− soas. “Em 2019 trouxemos a câmara para os nossos veículos, que contribui para compreender desvios comporta− mentais, e, também avaliar a questão da fadiga, após um trabalho de ma− peamento de toda frota, passamos a gerar novos relatórios. Em 2020 co− meçamos a elaborar os manuais de transportes, com informações simples e direta, para que todos tenham as in− formações adequadas, para se evitar acidentes”, disse. Ela comentou que o carro chefe da empresa nesse processo é o sensor de fadiga, buscando entender as to− madas de decisões dos nossos moto− ristas. Todo esse conjunto de infor− mações permite um melhor trabalho. Como resultado, a companhia con− quistou uma redução de 20% dos aci− dentes neste ano, e 80% desde o iní− cio da reestruturação. “É uma jorna− da que não tem fim, a gente vai estar sempre buscando a inovação”, asse− gura Gabriela.


AGRICOLA

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Quarentena de segurança Carlito Schuch, da Usina Santa Adélia, que também está estruturando seu departamento de Saúde, Seguran− ça e Meio Ambiente, vem adotando um programa denominado “Quaren− tena de Segurança”. “A cada 22 dias uma pessoa se machucava no CTT em horários dis− tintos. O que fazer? após conversar com as equipes o que fizemos, como ainda estamos construindo nosso sis− tema de gestão SSMA que não está totalmente implementado. Então fi− zemos uma auditoria de quarentena de segurança, montamos uma programa− ção e definimos que sempre teria re− presentantes da equipe de segurança, diretores, entre outros”, contou. Segundo o gerente, ao longo des− sas auditorias foram identificadas 193 ações, das quais 123 já foram concluí− das e 68 se encontram em andamen− to. “Fizemos uma análise para ver quantas ações realmente demandam algum investimento e quantas eram ações de ver e agir é de resolver no momento. Isso foi importante para desmistificar aquela visão de que fazer segurança é sempre algo muito caro. Muitas vezes não é. E aqui a gente conseguiu ver que a maioria das nos− sas ações eram ações de ver e agir e

somente em 8 ações a gente precisava de algum investimento”, ressaltou. Schuch afirma que o aprendizado a partir das auditorias foi grande. “Con− tamos com a participação de uma equipe com lideranças, com presença de diretores, supervisores juntamente com a equipe de SSMA. Foi algo que nos traz resultados positivos.Após a implan− tação da quarentena tivemos zero nú− mero de acidente”, informou Carlito. Na SJC Bioenergia, Eduardo Se− mião, gerente de Sustentabilidade e Segurança, disse que o grande desafio foi o de integrar ações de operação

com ações de Segurança. A usina pas− sou a aplicar um programa de aciden− te zero, que dividiu os colaboradores em equipes que estavam distribuídas em todos os setores da empresa, que competiam entre si, através de um sis− tema de pontuação. “A cada safra é definida uma temática para a compe− tição, onde cada equipe vai conquis− tando uma pontuação de acordo com as metas de segurança que vão sendo cumpridas”, explicou. Na safra 19/20, por exemplo, o te− ma era Cinema/Oscar e um dos desa− fios era reproduzir um trecho de filme

relacionado com a rotina do setor. Na safra 20/21 o tema foi futebol e na sa− fra 21/22 o tema é Olimpíadas, onde as primeiras provas estão relacionadas à importância das mãos, no segundo mês a importância da visão e terceiro mês relacionadas a percepção de risco. “O ganho desse formato é o en− volvimento das pessoas. Qualquer ati− vidade exige planejamento e comu− nicação entre os membros. E como resultados saímos de uma taxa de gra− vidade de acidente de 35,7 na safra 18/19 para zero nas safras 21/21 e 21/22”, destaca Semião.


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AGRÍCOLA

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Com “Brigada 2.0”, Raízen soma esforços para prevenção e combate aos incêndios Iniciativa centraliza ações e ferramentas de segurança e estimula atuação integrada para enfrentar os impactos das ocorrências nas operações Diante da incidência de incêndios no campo, o setor sucroenergético vem mobilizando esforços com ações de prevenção e combate. Apontadas hoje como um dos maiores fatores prejudiciais para toda a cadeia produtiva e para o entorno das operações, as queimadas demandam ações efetivas para reverter um quadro que se repete todos os anos, principal− mente nos meses julho a setembro, com o período de estiagem e aumen− to de incidentes em matas e canaviais. Buscando reforçar boas práticas e mitigar prejuízos, a começar pelas questões ambientais, a Raízen estru− turou uma equipe capacitada para atender episódios desta natureza. Com um protocolo de combate a incêndios em coberturas vegetais constituído por 39 procedimentos de combate a incêndio, a empresa, apesar do cenário climático adverso, garantiu uma redução de 15% no volume de cana queimada se comparado ao mes− mo período do ano passado. Para isso, a companhia, entenden− do que a padronização de programas e processos operacionais é indispensável para a segurança nas operações, insti− tuiu, na safra 2020/21, a chamada Brigada 2.0, que contempla uma série de ações de melhorias, a exemplo de automatização de equipamentos, me− lhorias das ferramentas de trabalho, veículos especializados para atendi− mentos de focos de incêndios, tecno− logias de detecção e prevenção, tec− nologias de monitoramento das áreas, entre outros. A Raízen, que conta com um ecossistema integrado de negócios desde o cultivo e processamento da cana nos parques de bioenergia, aper− feiçoou o conhecimento técnico dos brigadistas em resposta às ocorrências e riscos associados aos incêndios. A companhia, que tem 1,3 milhão de hectares de área agrícola e 35 par− ques de bioenergia, conta com cerca de 300 colaboradores dedicados a prevenção e combate e mais de 1.700

Ricardo Lopes

brigadistas nas operações agrícolas que, apenas nesta safra, combateram ocor− rências em 60 mil hectares de cana. O diretor Agrícola da Raízen, Ri− cardo Lopes, destaca que a implanta− ção de métodos de prevenção aliados à capacitação das equipes são funda− mentais para o atendimento e coor− denação das emergências. “Em conjunto com os nossos funcionários, parceiros, fornecedores de cana e sociedade civil, não medi− mos esforços para proporcionar uma atuação segura, sempre com a meta de mitigar as ocorrências e os danos ao meio ambiente, conscientizando a população e o setor sobre a importân− cia de uma cultura de prevenção

preestabelecida”, afirma Lopes. Focada em garantir uma atuação cada vez mais segura e eficiente, pau− tando−se sempre nas melhores práti− cas de sustentabilidade, nesta safra, a Raízen tem na linha de frente 260 ca− minhões para transporte de água, dos quais 173 contam com sistema auto− mático de combate a incêndios, 29 veículos leves adaptados para o con− trole de princípios de incêndios. Para assegurar uma operação eficiente, atualmente a companhia opera com colheita 99% mecanizada e adoção da mais moderna tecnologia no campo. Com um orçamento anual de cerca de R$ 27 milhões para ações de prevenção e combate, a Raízen mo−

bilizou−se na elaboração de métodos para monitoramento do fogo e garan− tia de uma atuação mais rápida e as− sertiva, por meio da elaboração de re− latórios periódicos sobre a efetividade das ações, uso de imagens de satélites, monitoramento climático de vento e umidade para entender as localidades com maior criticidade, limpeza de aceiros das matas, câmeras de alta de− finição e longo alcance para identifi− cação de focos, melhoria nos EPIs e ferramentas e aumento do efetivo. Neste cenário, a tecnologia tem sido uma grande aliada. A Raízen, que busca cada vez mais aumentar o seu rendimento e eficiência agroindustrial para reduzir as perdas no processo produtivo, tem na palha da cana um fluxo de geração de energia e reforça que, quando acontece, a queima desse subproduto também acarreta perda de matéria−prima. Para a safra 2022/23, a companhia utilizará o monitoramento via satélite das áreas agrícolas para detecção de incêndios, medida que visa, sobretudo, fazer a prevenção de eventuais incên− dios agilizando envio das equipes a campo, visto que o tempo de resposta em chamadas de emergência é um dos fatores determinantes para os impac− tos dessas ocorrências. Com o pacote de ações, a empre− sa busca fomentar o cuidado para além de suas operações, buscando a susten− tabilidade do setor ao inspirar boas práticas em todas as etapas da cadeia produtiva. “Aplicar recursos em ações de se− gurança é parte fundamental da nossa atuação. Por meio de uma estratégia clara e predeterminada, nosso objeti− vo é proporcionar o compartilha− mento de entendimento logístico pa− ra garantir o bem−estar de todos e inibir riscos de incidentes dentro e fo− ra dos nossos parques de bioenergia”, conclui Lopes.


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Safra 2021/22 na região centro-sul passou por diversos desafios como seca, geada e quebra de produção Você já está se preparando para o próximo ano?

A safra 2021/22 na região centro−sul está fina− lizada, tendo sido colhidas aproximadamente 520 milhões de toneladas, demonstrando queda de 12% frente à safra passada, segundo a UNICA (União da Indústria de Cana−de−açúcar). O período não foi nem um pouco fácil para a produção de cana−de−açúcar. Neste ano passamos pela pior crise hídrica da história, a maior dos úl− timos 41 anos no centro−sul. Regiões onde nor− malmente choviam 1.200mm por ano, contaram com apenas 700mm, distribuídos nos meses de Ja− neiro, Outubro e Novembro, levando a um inten− so déficit hídrico. Além da seca, ocorreram 2 grandes geadas que culminaram em mais prejuízo ao setor. Isso sem mencionar o aumento de 47% dos focos de incên− dio em canaviais, segundo o Inpe (Instituto de Pes− quisas Espaciais). O momento agora é de reflexão e planejamen− to para a safra 22/23. O que podemos fazer para re− cuperar a quebra de produção dessa última safra, que deixou a grande maioria das indústrias ociosas?

Comprar ou arrendar mais áreas? Investir em irri− gação? Mas qual sistema utilizar? Arrendar ou comprar mais áreas, buscando um crescimento horizontal é uma decisão muito arris− cada, pois segundo a NOAA (Administração Na−

cional Oceânica e Atmosférica dos Estados Uni− dos), na próxima safra há previsões de chuvas abai− xo da média histórica, principalmente em Janeiro e Fevereiro. Portanto, além de investir capital para compra ou arrendamento, realizar as operações de preparo, plantio e tratos, ainda há possibilidade de outra es− tiagem prolongada e com isso a multiplicação das perdas. Investir em irrigação pode ser a melhor opção, pois além da garantia contra a estiagem, caso ocor− ram geadas ou mesmo incêndios, um canavial com irrigação terá menos perdas. Não que a irrigação evite a geada ou o incên− dio, mas uma vez a cultura danificada ela irá rebro− tar, ou seja, iniciar um novo ciclo, e para isso neces− sitará de água. E como ter água nos meses mais se− cos do ano? Somente com irrigação! Um dos sistemas de irrigação que mais cresce no mercado é o gotejamento subterrâneo. Suas princi− pais características são: maior eficiência e uniformi− dade na aplicação de água, aplicação de nutrientes e realização da proteção de cultivos (aplicação de de− fensivos químicos ou biológicos via irrigação). Além do aumento da produtividade e longevidade nas áreas irrigadas por gotejamento, a tecnologia pro− porciona estabilidade na produção e ganhos opera− cionais que vão além da área irrigada, trazendo sus− tentabilidade e rentabilidade para todo sistema pro− dutivo. É, sem dúvidas, o melhor caminho a seguir!


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AGRICOLA

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Manejo do solo pode elevar percentual de participação no total da matriz energética As boas práticas de manejo do solo se constituem em ferramentas importantes para reduzir a emissão de gases do efeito estufa

Em seu NDC (Contribuições Na− cionalmente Determinadas) que o Brasil apresentou na COP 26, entre os diversos compromissos para reduzir a emissão de gases do efeito estufa (GEE), está a elevação para 16% da participa− ção do etanol carburante e demais bio− massas derivadas da cana−de−açúcar no total de sua matriz energética. Ao contrário dos combustíveis fósseis, a utilização de biomassa como matéria prima para produção de bio− combustível, reduz a emissão de CO2, porém ela contribui para o lançamen− to na atmosfera de outros gases, como Óxido Nitroso (N2O), que tem um grande potencial de aquecimento global, alerta o professor Carlos Eduardo P. Cerri, da Esalq/USP. Um consenso entre os especialis− tas, no entanto, é que dentre as práti− cas que podem contribuir para ampliar a eficiência da cana na redução da emissão desses gases está o manejo adequado do solo. O tema foi pauta de webinar pro− movido pela Sociedade Brasileira de Ciência do Solo –Núcleo Estadual São Paulo, no dia 30 de novembro, que tratou sobre “Solos dos Canaviais e os gases do Efeito Estufa”. “Há um problema global do au− mento de concentração dos gases do efeito estufa na atmosfera, que causa um desbalanço por conta desses gases, CO2, CH4, N2O. Os combustíveis fósseis au− mentam a emissão de gases como o CO2, que aumenta o aquecimento global. No caso da cana, não aumenta a emissão de CO2, mas existem outros gases. Porém, o benefício da cana não está apenas na re− dução da emissão, mas também no au− mento na presença de carbono no solo”, destaca o professor Cerri. De acordo com Cerri, existe uma complexa interação solo−planta− atmosfera que varia de acordo com o desenvolvimento da cana, e, também com a decomposição da palha. Isso

de− v e in−

cluir todo ciclo da cultura, desde o plantio, colheita e transporte. Segun− do ele, o importante é avaliar todos os balanços de entradas e saídas desses gases efeito estufa. O balanço positivo vai depender das práticas de manejo, que se forem adequadas, possibilita um balanço positivo. Para o pesquisador João Luiz Car− valho, do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), que falou sobre o trabalho de pesquisa que

vem sendo desenvolvido sobre o assun− to nas duas últimas décadas,“estamos no momento de virar a chave, fazendo pesquisas mais aprofundadas visando aplicar os conhecimentos obtidos nos últimos vinte anos e fazer pesquisas multidisciplinares, para entender melhor esses mecanismos que guiam esse pro− cesso de emissão de gases.” Carvalho apresentou dois estu− dos que tiveram como objetivo de− rivar fatores de emissão regionais de

Carlito Schuch

Gabriela Querubin de Oliveira

N2O de fertilizantes nitrogenados baseados em estudos realizados em solo brasileiro. Com base nesses fatores regionais, foi estimada a emissão de GEE do etanol de cana e comparar com va− lores propostos pelo IPCC (Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas). Como os dados do estu− do refletem a realidade brasileira, “somente com a utilização dessa mé− trica, é possível auferir melhores re− sultados nos controles das emissões”, afirmou o pesquisador. O estudo também estimou a quantidade de certificados de descar− bonização (CBIOs) obtidos do etanol de cana−de−açúcar com o uso dos diferentes fatores de emissão de N2O. Com a utilização do IPCC uma usi− na que processa 4 milhões de tonela− das por ano, geraria 485,270 CBIOs. Com os dados obtidos pelo estudo, essa mesma usina poderia gerar 516,640 CBIOs. No segundo estudo o pesquisador tratou sobre o impacto da remoção da palha nos canaviais. Para Carvalho o importante é a realização de uma pes− quisa integrada em solo e gases do efeito estufa, que envolva pesquisa fundamental, básica, aplicada, aplica− ções em cadeias produtivas, biomas, país e continente, num projeto multi− disciplinar que englobe os mais diver− sos atores envolvidos.


AGRICOLA

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Estiva é campeã nacional por qualidade dos canaviais Premiação feita pelo Programa Cana – IAC A Usina São José da Estiva, localizada em Novo Horizonte – SP, recebeu reconhecimentos nacional e regional pela qualidade de seus canaviais.

Além do primeiro lugar entre as 220 usinas ava− liadas, a Estiva foi considerada a melhor unidade em manejo varietal da região de São José do Rio Preto pelo terceiro ano consecutivo. O primeiro lugar se deve, entre outros fatores, à melhoria dos indicadores. A premiação é feita pelo Programa Cana – IAC (Instituto Agronômico) de Ribeirão Preto – SP, e aconteceu no dia 23 de novembro, durante reunião

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do Grupo Fitotécnico do instituto, realizada em sis− tema híbrido, presencial e online. Participaram esse ano 220 usinas. Clézio Menandro, gerente de Divisão Agrícola da Usina Estiva, reflete sobre os desafios superados para alcançar os resultados buscados. “Em períodos com fenômenos climáticos atípicos, como os que temos passado nos últimos anos, fica evidente a ne− cessidade de medidas preventivas para minimizar riscos empresariais, sendo o manejo varietal uma das ferramentas que nos proporciona uma maior segu− rança genética e diminui impactos de perdas de pro− dutividade e ATR”, disse Clézio. Outro ponto que contribuiu para que o mane− jo varietal fosse bem−sucedido, diz respeito às mu− das. “Sabemos que a formação dos viveiros de mu− das é bastante onerosa e com rendimento abaixo do que gostaríamos, porém, o empenho e compreensão da equipe nesta fase garantem a qualidade e os bons resultados que temos alcançado nos plantios comer− ciais”, afirmou Luiz Gustavo Lazarini, supervisor de Preparo de Solo, Plantio e Logística. Segundo a usina, o resultado conquistado é fru− to de uma busca continua e incessante por varie− dades que se encaixem na estratégia da empresa, e, pela melhor alocação e manejo. “Nestes quesitos buscamos através da experimentação avaliar e en− tender o potencial produtivo e a qualidade tecno− lógica, sempre buscando gerar uma relação custo− benefício favorável ao final do ciclo agroindustrial”, declarou Pedro Nogueira, supervisor de Planeja− mento e Desenvolvimento Agronômico, comple− tando “O resultado de 2021 deixa clara a evolução dos tratos e atenção varietal que a Usina Estiva ado− ta em seus canaviais”.


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MASTERCANA

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Prêmio MasterCana Brasil 2021 acentua protagonismo do setor bioenergético Para as lideranças, o desafio do setor é apresentar ao mundo a cana como sinônimo de economia verde Reunidas na noite do dia 8 de dezembro, para participar da mais esperada premiação do setor, o Prêmio Mastercana Brasil, as principais lideranças do campo bioenergético apontaram que um dos gran− des desafios do segmento é demonstrar ao mundo o potencial da cana, como uma das principais matri− zes energética em tempos de economia verde. A resiliência do setor, que se reinventou, se mo− dernizou e cresce em importância e participação econômica, foi a tônica dos discursos dos empresá− rios, produtores e gestores que foram contemplados com Troféu MasterCana, que desde 1988 consa− grou−se como a premiação mais tradicional do se− tor. Sob a condução do jornalista e diretor do Pro− cana, Josias Messias, a cerimônia de premiação, pa− trocinada pelas empresas AxiAgro, Netafim, HRC, Autojet from Spraying Systems e S−PAA, foi reali− zada nas dependências do auditório da Amcham, na capital paulista. Mais de 70 executivos foram home− nageados nesta edição da premiação. O deputado federal Arnaldo Jardim, uma das principais lideranças do setor junto ao Poder Legis− lativo, na ocasião representando o presidente da Câ− mara dos Deputados, Arthur Lira, abriu os discursos da noite do evento. Jardim destacou a importância

do prêmio, porque permite ao setor se repensar. Na Câmara, o deputado é o coordenador da frente de apoio ao setor bioenergético, que segundo ele en− frenta três grandes desafios: Combater a visão de al− guns setores da indústria automobilística, que apon− tam o carro elétrico como a melhor solução para re− duzir a emissão de carbono dos veículos. “Precisamos defender o modelo híbrido com participação do etanol e para isso lançamos o mo− vimento pela mobilidade sustentável.”. Com relação à alta dos preços dos combustíveis, o deputado cri− ticou a visão limitada do setor econômico do go− verno quando da abertura para importação de eta− nol. Jardim criticou também as ameaças ao biodie− sel. “Introduzindo uma diminuição na mistura do etanol, sem justificativa do ponto de vista ambien− tal, social e econômico”. Mas além dos desafios, o deputado destacou que o setor também tem grandes oportunidades, como a consolidação do RenovaCalc, ferramenta que mede a performance ambiental das usinas que fazem par− te da Política Nacional de Biocombustíveis (Reno− vaBio). A ferramenta calcula a ACV e sua Intensi− dade de Carbono (IC), que somados totalizam a Nota de Eficiência Energético−Ambiental, que per− mitirá acesso aos Créditos de Descarbonização (CBios).

Premiação O primeiro laureado com o prêmio de empre− sário mais influente do ano foi Pablo Di Si, presi− dente da Volkswagen América Latina desde 2017. Di Si é um dos principais entusiastas do etanol de ca−

PAT R O C Í N I O M A S T E R

na. Para ele, o Brasil tem nas mãos uma oportuni− dade de ouro.“Acredito que as políticas públicas têm de ser trabalhadas de forma transversal. Estou oti− mista com a nova lei do combustível do futuro que está sendo trabalhada, entre diversos atores (Minis− tério das Minas e Energia, Agricultura, Meio Am− biente, Academia, Indústria Automobilística), para desenvolver uma política que veja do poço à roda. Estamos trabalhando para as próximas gerações”. Para o empresário, o setor tem três pernas fun− damentais: a sustentabilidade no DNA, a social, e a econômica. “Visitei muitas usinas aqui e vi que es− tas três pernas estão presentes. Vamos transformar o etanol em uma célula de combustível, e vamos virar uma potência. Todos nós podemos ser protagonistas deste sonho. Agora só temos que transformar esse sonho em realidade”, afirmou. Di Si ainda se referiu ao etanol usando a expres− são “jaboticaba for export” ressaltando que o Brasil pode atender um mercado que vai demorar a ter um processo de eletrificação como África do Sul e su− deste asiático, exportando para lá motores, engenha− ria e tecnologia flex. O prêmio de empresário do ano foi concedido a Bernardo Biagi do Grupo Batatais, que na ceri− mônia foi representado pelo filho Baudilio Biagi Neto. “Meu pai pediu para lembrar que temos que representar os mais de 3 mil funcionários, 1.400 for− necedores de cana, que nos ajudam a superar os obs− táculos para alcançar nossos objetivos. Em usina a gente não costuma comemorar, porque os desafios vão se sobrepondo uns aos outros, por isso, esse mo− mento é tão importante”, destacou Biagi.

PAT R O C Í N I O S TA N D A R D


MASTERCANA

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PRÊMIO MASTERCANA

MAIS INFLUENTES DO SETOR

PRÊMIO MASTERCANA

PERSONALIDADE DO ANO

MAIS INFLUENTES DO SETOR

EMPRESÁRIO DO ANO

PABLO DI SI presidente da Volkswagen América Latina

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BERNARDO BIAGI presidente do Grupo Batatais (representado pelo filho Baudilio Biagi Neto)

ABEL UCHOA diretor geral na SJC Bioenergia

ALBERTO PEDROSA CEO da DCBio

ALESSANDRO GARDEMANN presidente da Abiogás

ALEXANDRE ANDRADE LIMA presidente da Federação dos Plantadores de Cana do Brasil

ALEXANDRE MENEZES gerente de divisão industrial do Grupo Pedra Agroindustrial

ANDERSON TRAVAGINI Diretor Executivo da Colombo Agroindústria


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MASTERCANA

PRÊMIO MASTERCANA

Dezembro 2021

MAIS INFLUENTES DO SETOR

PRÊMIO MASTERCANA

MAIS INFLUENTES DO SETOR

ANDRÉ LUIZ BAPTISTA LINS ROCHA presidente do Sifaeg

ANDRÉ MONARETTI CEO da Usina Furlan

ANTONIO EDUARDO TONIELO presidente do Conselho de adm.do Grupo Viralcool e da Copercana

ARIEL DE SOUZA head de Tecnologia da Usina São Domingos

ARNALDO CORREA diretor da Archer Consulting

ARNALDO JARDIM deputado Federal

BENTO DIAS GONZAGA NETO gerente de RH e Motomecanização da Usina Santa Lúcia

CLAUDIA MARIA TONIELLO diretora de Recursos Humanos do Grupo Virálcool

EDUARDO DE QUEIROZ MONTEIRO presidente do Grupo EQM

EDUARDO JUNQUEIRA DA MOTTA LUIZ sócio diretor da Usina Açúcareira Guaíra

EDUARDO LAMBIASI diretor corporativo do Grupo Maringá

EVERTON CARPANEZI superintendente de operações agroindustriais da Tereos


MASTERCANA

Dezembro 2021

PRÊMIO MASTERCANA

MAIS INFLUENTES DO SETOR

PRÊMIO MASTERCANA

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MAIS INFLUENTES DO SETOR

FABIANO ZILLO CEO da Zilor

FABIO HENRIQUE COSTA BATISTA gerente industrial da Goiasa

FRANCIS VERNON QUEEN NETO, vice-presidente Executivo de Etanol, Açúcar e Bionergia da Raízen

FRED POLIZELLO, diretor agrícola da Usina São Domingos

GASTÃO DE SOUZA MESQUITA FILHO assessor de diretoria da Cia Melhoramentos do Norte do Paraná

GEOVANE DILKIN CONSUL CEO da BP Bunge Bioenergia

GONÇALO PEREIRA professor da Unicamp

HUGO CAGNO FILHO diretor Executivo do Grupo Humus e Usina Vertente

INÊS JANEGITZ gerente agrícola da Usina Atenas

JACYR COSTA FILHO presidente do Cosag da Fiesp

JAIRO BALBO diretor industrial do grupo Balbo

JEAN GERARD LESUR diretor superintendente Usinas na Viterra Bioenergia


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MASTERCANA

PRÊMIO MASTERCANA

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MAIS INFLUENTES DO SETOR

PRÊMIO MASTERCANA

MAIS INFLUENTES DO SETOR

JEFERSON DEGASPARI CFO do grupo CMAA

JOÃO HENRIQUE DE ANDRADE diretor Presidente da Usina Pitangueiras

JOEL SOARES diretor de Operações da Jalles Machado

JORGE PETRIBU acionista da Usina Petribu

JOSÉ AUGUSTO PRADO VEIGA diretor de operações da Usina Santa Adélia

JOSÉ BOLIVAR DE MELO NETO diretor do Grupo Japungu

JOSÉ DARCISO RUI diretor executivo e fundador do Gerhai

JULIANO FICHER executivo de administração e finanças

JULIMAR CLEMENTE DE SOUZA diretor de op. agroindustriais no Grupo USACUCAR – Santa Terezinha

LEANDRO S. KASTER gerente Corporativo de Processos e Eficiência Industrial na Raízen

LEONARDO MENDONÇA TAVARES superintendente agrícola do Grupo Vale do Verdão

LUIZ AUGUSTO HORTA NOGUEIRA professor UNIFEI, Pesquisador NIPE/UNICAMP


MASTERCANA

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PRÊMIO MASTERCANA

MAIS INFLUENTES DO SETOR

PRÊMIO MASTERCANA

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MAIS INFLUENTES DO SETOR

LUIZ CARLOS CORRÊA CARVALHO diretor presidente da Canaplan

LUIZ MAGNO BRITO diretor do Grupo Carlos Lyra

LUIZ PAULO SANT’ANNA executivo agroindustrial

LUIZ SCARTEZINI diretor de Operações da Zilor

MANOEL PEREIRA DE QUEIROZ superintendente de agronegócio do Banco Alfa de Investimentos

MARCOS ZANCANER presidente da Pagrisa

MÁRIO CAMPOS FILHO PRESIDENTE DO SIAMIG

MARTINHO SEITII ONO presidente da SCA Etanol do Brasil

MIGUEL RUBENS TRANIN presidente da Alcopar

OTÁVIO LAGE DE SIQUEIRA FILHO diretor-Presidente da Jalles Machado

PAULO MOTTA CEO da CerradinhoBio

PEDRO DINUCCI presidente do Conselho de Administração na Usina São Manoel


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MAIS INFLUENTES DO SETOR

PRÊMIO MASTERCANA

MAIS INFLUENTES DO SETOR

PEDRO MIZUTANI conselheiro da UNICA

PEDRO ROBÉRIO presidente do Sindaçúcar AL

PLÍNIO M. NASTARI presidente DATAGRO

RAFAEL OMETTO DO AMARAL engenheiro de produção industrial da Usina Santa Lúcia

RENATO AUGUSTO PONTES CUNHA presidente executivo da Novabio e do Sindaçúcar-PE

RENATO ZANETTI superintendente de Excelência Operacional da Tereos


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Dezembro 2021

PRÊMIO MASTERCANA

MAIS INFLUENTES DO SETOR

PRÊMIO MASTERCANA

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MAIS INFLUENTES DO SETOR

RICARDO LOPES diretor Agrícola na Raízen

RICARDO MARTINS JUNQUEIRA CEO da Diana Bioenergia

RICARDO TONIELLO diretor Administrativo Financeiro no Grupo Toniello

ROBERTO HOLLAND FILHO superintendente da Usina São José da Estiva

ROBERTO HOLLANDA FILHO representante do Fórum Nacional Sucroenergético

ROBERTO MORAIS CEO da Usina Carolo

ROGÉRIO AUGUSTO BREMM SOARES diretor agrícola da BP Bunge Bioenergia

SILVIO RANGEL presidente do Sindálcool-MT

THIERRY SORET CFO da Usina Coruripe

TOMAS PAYNE diretor da DVPA

TOMÁS TITTOTO diretor da Usina Bom Sucesso

WILSON LUCENA diretor industrial da BP Bunge Bioenergia


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MASTERCANA

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GENTE

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Morre engenheiro e consultor Júlio Américo González Profissional era considerado ícone da área industrial do setor sucroenergético

www.youtube.com/canalProcanaBrasil

O engenheiro e consultor, Júlio Américo González, faleceu no dia 15 de dezembro. Com mais de cinco dé− cadas de experiência no setor açuca− reiro, atuou de modo integrado nas áreas de anteprojeto, como lay out e instalações novas em unidades com− pletas, com ênfase em fabricação de açúcar, insumos, empacotamento, açúcar líquido e produtos especiais. Considerado um ícone da área in− dustrial do setor sucroenergético, o engenheiro prestou serviços para a in− dústria açucareira nas áreas de aporte de tecnologia, projetos, auditoria téc− nica, avaliação de processos e proce− dimentos, montagens, operacionaliza− ção de processos, consultoria técnica e treinamento operacional.

Consultor técnico em mais de 120 unidades na Argentina, Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Ilha Mauricio, México, Moçambique, Panamá, Para− guai, Peru, República Dominicana, Uruguai,Venezuela, entre outros. Pro− jetou seis unidades completas, entre elas, a Usina Cruz Alta e Petribú Paulista.




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