JornalCana 334 (Janeiro 2022)

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MERCADO

Janeiro 2021

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Em relação à propriedade intelec− tual, será discutida e acertada poste− riormente, entretanto, quem ajudar a desenvolver com recurso financeiro e intelectual terão prioridades. Em sua opinião, a eletr ificação chega de vez ao Brasil dentro de quanto tempo? Por quê? A eletrificação do setor de mobi− lidade brasileiro já está ocorrendo. Não somente a Unicamp, mas outros cen− tros de pesquisa que constituem o CI− NE, tais como IPEN−USP, FEI e UFMG dentre outros estão captando recursos junto à empresas, tais como VW, Toyota, Stellantis, Bosch, Nissan, CAOA, etc. Há também o governo, através dos programas FINEP e FUNDEP RO− TA 2030, para o desenvolvimento na− cional desse sistema de powertrain em veículos híbridos para utilização do etanol como combustível nas SOFCs. Nosso melhor cenário é que dentro de 6 anos já possuíremos um veículo bioeletrificado com etanol 100% nacional.

Quem é Fábio Antunes

Estamos falando de célula a etanol anidro, hidratado, 2G, ou qualquer um? Tanto o etanol de segunda gera− ção como anidro ou hidratado pode ser usado como combustível nas SOFCs. Entretanto, durante a reforma ex− terna ou oxidação do etanol na SOFC ocorre a deposição de Carbono na superfície dos metais catalisadores do reformador externo ou do anodo da SOFC diminuindo a performance de ambos ao longo do tempo. O ideal é utilizar uma mistura de 10%vol de etanol/90%vol. de água pois essa faixa garante a não deposição de Carbono no reformador ou no anodo da SOFC. Em que f ase está o desenvolvi− mento? Há alguma previsão de a tec− nolog ia ser testada? Estamos na Fase 1 do projeto. Es− sa fase trata−se da obtenção de um stack (pilha) de SOFCs suportadas em metal de 3 geração (MS−SOFCs) de até 5 KW que será integrada à um conjunto de baterias e supercapacito− res como principal sistema de potên− cia em veículos eletrificados com bio− etanol. Acreditamos que entre 3 e 5 anos apresentaremos esse protótipo em es− cala de laboratório. Na Fase 2 do projeto pretende−

mos captar recursos de empresas e do governo para a embarcação des− sa tecnologia integrada em um veí− culo leve e depois em uma Van a fim de substituir o diesel por bioetanol. Nossa outra intenção na Fase 2 é o repasse do sistema de gestão de qualidade da produção em massa desse sistema à indústria automoti− va brasileira. Há exper iências ou tecnolog ias SOFCs em uso no mundo? Se sim, exemplifique, por f avor. Sim. Desde a década de 60 as SOFCs vêm sendo pesquisadas e de− senvolvidas tecnologicamente. O ôni− bus espacial norte−americano Apollo 11, lançado em 16 de julho de 1969, foi o primeiro foguete enviado com um módulo de SOFC. Empresas co− mo a japonesa Mitsubishi, a inglesa Rolls−Royce e alemã Siemens Wes− tinghouse produzem SOFCs para ge− ração de energia centralizada para ca− sas e indústrias. No setor de mobilidade, a empre− sa inglesa Ceres Power, spin−out nas− cida da universidade Imperial Colle− ge London, produz em escala stacks de MS−SOFCs de baixo custo para uso de H 2 como combustível em veícu− los eletrificados na Europa. C om o emp reg o do e tan ol nes− t a t e cno log i a em d es envol vi m e nt o,

o B r a s i l s ai n a f re n t e, e m t e r m o s mundiai s, na busca de nova aplica − çã o d e u m bi oc om bu st í vel re co − nhe cim e nt o d e p eso sus t en tá vel d e d e s c a r b o n i z a çã o ? Com certeza. Se o Brasil optar pelo desenvolvimento ou importação de carros elétricos, seria necessário um parque de geração de energia limpa, assim como a sua distribuição para carregar as baterias desses veícu− los, estimados em mais ou menos R$ 1,5 trilhão. Com o veículo eletrificado por um sistema híbrido de baterias meno− res e supercapacitores integrados às MS−SOFCs, aproveitaremos a rede de valores construída pela agroindústria do bioetanol ao longo de décadas re− duzindo efetivamente a emissão de gases de efeito estufa. Nesse cenário, estaríamos cami− nhando para a completa descarboni− zação do setor automotivo. Sem dizer, que podemos exportar essa tecnologia para países que pro− duzem etanol, tais como a Índia e Tailândia e até mesmo os Estados Unidos, já que o Brasil e os Estados Unidos produzem cerca de 99% do bioetanol mundial. Assim que a tecnolog ia estiver pronta, ela será patenteada pelo CINE ou pela Unicamp? E quem pr imeiro terá direito de aplicar as células?

Possui graduação em Engenharia de Materiais com ênfase em Mate− riais Poliméricos pela Universidade Federal de São Carlos (2006), mes− trado em Ciência e Engenharia de Materiais (2009) e doutorado em Ciência e Engenharia de Materiais (2016) pelo mesmo programa de pós−graduação em Ciência e Enge− nharia de Materiais da UFSCar (PPGCEM). Tem experiência na área de en− genharia de interfaces em materiais cerâmicos, tendo como principal li− nha de pesquisa o desenvolvimento, caracterização eletroquímica, estru− tural e microestrutural de interfaces em eletrólitos compósitos homogê− neos (fase dispersa e orientada) e heterogêneos (filmes multicamadas e fase dispersa e orientada) para apli− cação em células a combustível de óxido sólido (SOFCs: solid oxide fuel cells). Possui experiência na produção de componentes de SOFCs por spin e dip coating de sol gel e tape casting de suspensões cerâmicas aquosas ou or− gânicas. Atualmente é pós doutorando na Divisão de Armazenamento Avança− do de Energia (AES) do Centro de Inovações em Novas Energias (CI− NE) na FEEC/UNICAMP onde atua no desenvolvimento de células cerâmicas suportadas por metal (MS− SOFCs: metal supported−solid oxi− de fuel cells) para geração de energia em veículos híbridos usando bioeta− nol e hidrogênio.


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