JornalCana 334 (Janeiro 2022)

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Janeiro 2022

Série 2

Número 334

www.axiagro.com.br

DVPA amplia investimentos rumo à moagem de 2 milhões de toneladas

A usina investe em modernização e em 2021 moeu 1.371 milhões de toneladas de cana




CARTA AO LEITOR

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Janeiro 2022

índice MERCADO Bolsonaro sanciona com vetos lei que permite venda direta de etanol . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .5 Produção de etanol deve se recuperar e, 2022, mas preço pode se manter firme . . . . . . . . . . . . . . . . . .6 Brasil pode ganhar destaque como provedor de soluções de baixo carbono . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .7 Governo contrata 4,6 GW de potência em leilão de reserva de energia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .7 Vem aí a célula cerâmica que gera energia elétrica limpa com ajuda do etanol . . . . . . . . . . . . . . . .8 e 9 Veículo elétrico hídrico da Nissan já vendeu globalmente mais de 500 mil unidades . . . . . . . . . . . . .10 Inovações tecnológicas prometem tornar veículos elétricos mais acessíveis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11 CerradinhoBio confirma segunda planta de etanol de milho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .12 Grupo Inpasa completa 4 anos de atuação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .12 StoneX prevê expansão do mercado de etanol de milho no Brasil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .13 RenovaBio: distribuidoras de combustíveis cumprem 97% da meta para 2021 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .14 Adecoagro recebe autorização para comercializar certificados Gas-REC . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .15 Socicana fecha parceria que permitirá a seus associados ingressar no mercado de carbono . . . . . .15 Jalles Machado integra carteira de boas práticas ESF da B3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .16 Tereos avança em compromissos climáticos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .16 GranBio obtém US$ 730.000 de fundação para desenvolver tecnologia de nanocelulose . . . . . . . . . .17 Raízen forma joint venture com grupo Gera . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .17 Grupo Moreno antecipa pagamento a credores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .18 Usina Lins investe R$ 30 milhões em fábrica de leveduras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .18 Usina da Pedra – 90 anos construindo sua história no setor sucroenergético . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .19 Grupo Pedra compra planta da usina Orbi Bioenergia em Paranaíba – MS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .19

USINAS DVPA amplia investimentos rumo a marca de 2 milhões de toneladas de moagem . . . . . . . . . . .20 e 21 Cocal lançará no segundo semestre projeto pioneiro no mundo de energia limpa . . . . . . . . . . . . . . .22 Cana própria assegura crescimento da população das usinas do Grupo EQM: Cucaú e Utinga . . . . . .23 Após ano desafiador BP Bunge prevê safra 2022/23 como de recuperação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .24 Usina São Manoel promove programa de preservação da fauna . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .24 Usina Santa Maria ajuda vítimas de enchentes na Bahia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .25 Diana Bioenergia doa cestas básicas em iniciativa a Natal sem fome . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .26 Natal solidário do Grupo Baldin arrecada meia tonelada de alimentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .26

AGRÍCOLA Tecnologia aplicada na colheita mecanizada amplia eficiência das colhedoras de cana . . . . . . . . . . .27 Para produtor colhedora CH950 assegura maior produtividade no canavial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .28 Pesquisa desenvolve mudas de cana treinadas para enfrentar a seca . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .30 IAC lança boletim sobre os fundamentos da aplicação de herbicidas em cana-de-açúcar . . . . . . . . .31 Usina Santa Terezinha lança seu fertilizante foliar USTFERT . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .32 Irrigação por gotejamento em cana-de-açúcar, muito além da produtividade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .33 Embrapa desenvolve primeira cana editada não-transgênica do mundo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .34 e 35

GESTÂO Bonsucro publica novo Padrão de Produção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .36 Fundação Solidariedad aponta experiências ESG no setor sucroenergético . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .37

GENTE Morre Murilo Tavares de Melo, do grupo Olho D´Água . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .38 Falece um dos fundadores da Miriri Alimentos e Bioenergia S/A . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .38 Anderson Travagini assume como CEO da Colombo Agroindustria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .39

MASTERCANA Mais Influentes do Setor recebem troféus após evento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .40 e 41

LEGISLAÇÃO CNPE passa a ter competência para fixar teor de etanol anidro na gasolina . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .42

Se o SENHOR não edificar a casa, em vão trabalham os que a edificam; se o SENHOR não guardar a cidade, em vão vigia a sentinela. Inútil vos será levantar de madrugada, repousar tarde, comer o pão que penosamente granjeastes; aos seus amados ele o dá enquanto dormem. Salmos 127:1-2

ISSN 1807-0264

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carta ao leitor Andréia Vital - redacao@procana.com.br

Novo ciclo de investimentos para o setor bioenergético Ano novo com muitas oportunidades e também muitos desafios para o setor bioenergético, que deve demonstrar mais uma vez seu poder de fogo, prevendo uma boa temporada pela frente. Isso pode ser confirmado pelos investimentos feitos e já divulgados em projetos que buscam fontes energéticas limpas, inovadoras e, ao mesmo tempo, viáveis financeiramente. Esse novo ciclo vigoroso e sustentável de investimentos representará um período de muita inovação com chances reais de gerar bons frutos. É o caso da Cocal, que lançará no segundo semestre projeto pioneiro no mundo de energia limpa e da Usina Lins, que investiu na implantação de uma unidade para fabricação de leveduras. Como também da GranBio que obteve US$ 730.000 de fundação dos EUA para desenvolver tecnologia de Nanocelulose e dos aportes feitos por outras companhias como a CerradinhoBio que terá a sua segunda planta de etanol de milho. Esses e muitos outros assuntos abordando investimentos feitos pelas empresas ganham destaque nesta primeira edição do ano. O leitor encontra também informações sobre as inovações tecnológicas que prometem tornar os veículos elétricos mais acessíveis. Para falar de uma dessas inovações, entrevistamos o engenheiro de materiais, Fabio Coutinho Antunes, que discorre sobre o desenvolvimento de células cerâmicas que irão gerar energia elétrica usando etanol e hidrogênio. Por sua vez, essa energia será empregada em motores híbridos. Além disso, o JornalCana traz um panorama sobre as principais negociações feitas no mercado, como a compra da planta da Usina Orbi Bioenergia pelo Grupo Pedra Agroindustrial. Localizada em Paranaíba – MS, a usina que agora passou a ser denominada Cedro, é a primeira unidade produtora do grupo fora do estado de São Paulo. Também ganha destaque, o Grupo Moreno, que ao antecipar o pagamento a credores, conseguiu reverter o status de empresa em recuperação judicial, situação que enfrentava desde 2019. O plano de recuperação da empresa previa o pagamento de 1 bilhão de reais aos credores no prazo de até 3 anos. De acordo com a companhia, o bom resultado da safra 2021/22 e o sucesso no financiamento conseguido junto a investidores possibilitaram a antecipação desse pagamento aos credores. A matéria de capa destaca a evolução constante da Destilaria Vale do Paracatu Agroenergia – DVPA. A companhia, localizada na região noroeste de Minas Gerais, está investindo R$ 100 milhões em um plano de expansão visando conquistar produção de 2 milhões de toneladas de cana−de− açúcar. “A gente já é 4.0 na agrícola. Agora vamos ser também na indústria com a aquisição da plataforma S−PAA, que vai nos ajudar bastante na gestão de ajuste fino e no timing de resposta. Aqui é assim eu apresento o projeto de manhã e se for bom a tarde a gente já está fazendo”, afirma o diretor executivo da usina,Tomas Payne Na área agrícola, o leitor encontra informações sobre a performance da colhedora CH950, da John Deere, que assegura maior produtividade no canavial. Sobre novas variedades de cana desenvolvidas pela Embrapa, tecnologias e novidades na área de certificações, como a nova norma de produção Bonsucro, que valerá a partir de setembro deste ano. Nesta edição ainda, os homenageados no Prêmio MasterCana Brasil 2021 que receberam o troféu após o evento também ganham destaque. É muito conteúdo interessante. Boa leitura!

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MERCADO

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Bolsonaro sanciona com vetos lei que permite venda direta de etanol Normas para a comercialização serão fixadas pela Agência Nacional do Petróleo O presidente Jair Bolsonaro san− cionou, com vetos, a Lei 14.292, de 2022, que permite a revenda varejista de gasolina e etanol hidratado fora do estabelecimento autorizado. Essa ação, no entanto, fica limitada ao município onde se localiza o revendedor varejis− ta autorizado, na forma de regulação pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), conforme publicado no Diário Oficial da União no dia 4 de janeiro. A norma é parte do projeto de lei

de conversão originado da Medida Provisória (MP) 1.063/2021, aprovada pelo Senado Federal no começo de de− zembro. Bolsonaro vetou dois trechos da matéria: um que permitia ao produ− tor negociar diretamente com distri− buidores, revendedores varejistas de combustíveis, transportadores e merca− do externo. E outro que autorizava o revendedor a adquirir etanol hidratado desses mesmos tipos de fornecedores. A Presidência da República afir− mou, no entanto, em comunicado, que as partes vetadas não impedirão as ope− rações de venda direta de etanol, uma vez que o assunto poderá ser normati− zado pela ANP, que já disciplinou essa matéria por meio de resolução. “Visando à adequação quanto à constitucionalidade e ao interesse público, o presidente da República

vetou os dispositivos que tratavam da venda direta e estendiam essa per− missão para as cooperativas produto− ras ou comercializadoras de etanol”, afirmou a nota da Presidência da República. Segundo a mensagem de veto, es− sas cooperativas já são beneficiadas com a redução a zero da base de cálculo das Contribuições para o PIS/Pasep e da Cofins. Nesse sentido, segue a mensa− gem, “ainda que a lei determine que, na venda direta, as alíquotas sejam au− mentadas, as bases de cálculo ainda es− tariam reduzidas a zero”.

Tributação A lei prevê que, se o importador exercer a função de distribuidor ou se o revendedor varejista fizer a impor− tação, terão de pagar as alíquotas de

PIS/Cofins devidas pelo produ− tor/importador e pelo distribuidor. No caso das alíquotas sobre a receita bruta, isso significa 5,25% de PIS e 24,15% de Cofins. Quanto ao etanol anidro usado para mistura à gasolina, o texto acaba com a isenção desses dois tributos pa− ra o distribuidor, que passará a pagar 1,5% de PIS e 6,9% de Cofins sobre esse etanol misturado à gasolina.A de− cisão afeta principalmente o anidro importado porque a maior parte das importações de álcool é desse tipo. Além disso, o distribuidor que pa− ga PIS e Cofins de forma não cumu− lativa poderá descontar créditos dessas contribuições no mesmo valor inci− dente sobre a compra no mercado in− terno do anidro usado para adicionar à gasolina.


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MERCADO

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Produção de etanol deve se recuperar em 2022, mas preço pode se manter firme Incertezas quanto à pandemia devem influenciar os valores também Para o ano−safra 2022/23, proje− ções sinalizam certa recuperação na produção brasileira de cana−de− açúcar, devido, principalmente, à maior produtividade dos canaviais re− lativamente à temporada anterior (2021/22), quando períodos de seca e geadas em algumas importantes re− giões do Centro−Sul do país prejudi− caram os canaviais. As perspectivas foram apontadas por relatório divulgado na primeira semana de janeiro pelos pesquisadores do Cepea, Dra. Mirian R. Piedade Bacchi, Msc. Ivelise Rasera Bragato, Carla Luciane dos Santos,Talita Negri e Ana Maria Raab Forastieri Piccino. Segundo eles, se as projeções de um quadro climático relativamente favorável no início de 2022 se con− cretizarem, o aumento da matéria−

prima utilizada na fabricação de açú− car e de etanol deve resultar em maior oferta dos dois produtos, especial− mente do biocombustível. Os preços atrativos do etanol em 2021, recordes em termos reais, devem motivar uma elevação da representatividade do eta− nol no mix de produção das usinas. Os pesquisadores alertam que há ainda incertezas sobre as condições que prevalecerão no mercado inter− nacional de açúcar em 2022, que in− clui parte do ano safra−atual 2021/22 (até setembro/21) e parte do próximo, 2022/23 (outubro/21 em diante). “Aspectos importantes a serem considerados nesse contexto são: i) o sucesso da safra indiana e consequen− te aumento do seu potencial expor− tador, mesmo em um cenário em que o país esteja buscando elevar a produ− ção de etanol com o objetivo de uti− lizá−lo em maior percentual na mis− tura com gasolina; ii) aumento da produção de cana de açúcar no Brasil, com parte mais que proporcional sen− do absorvida na fabricação do etanol, em detrimento de um aumento pro− porcional na produção de açúcar.

De acordo com analistas, o pre− ço do açúcar no mercado interna− cional deve oscilar dentro de inter− valo relativamente estreito, com va− lores que sinalizam ainda um mer− cado não tão ofertado. A considera− ção é de que o aumento da produ− ção indiana de cana pode ser total− mente absorvido na fabricação de etanol, e que o total exportado pela Índia possa ser até menor do que o verificado no ciclo anterior. Com relação ao consumo brasi− leiro de combustível, incluindo o etanol, o relatório indica que o bio− combustível receberá influência das condições econômicas do país e, consequentemente, do poder aqui− sitivo da população, em um cenário de menor renda real e maiores taxas de juros. A incerteza quanto à pan− demia, que pode voltar a exigir me− didas de restrições de mobilidade o que pode também afetar o consumo de combustíveis, embora o efeito seja menor do que ocorreu em si− tuação passada. Diante deste contexto, as projeções para o preço do petróleo indicam pa−

tamares próximos aos atuais. As deci− sões da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), até o mo− mento, indicam que o preço da com− modity deverá se manter sustentado. Quanto ao dólar, embora se espere grande instabilidade por questões de política doméstica, deve continuar contribuindo para que a internaliza− ção das variações do preço do petró− leo na definição do preço da gasolina A na refinaria assegure competitivida− de ao etanol no mercado doméstico. Em relação à venda direta de etanol aos postos de gasolina, medi− da já autorizada no Brasil, tem sido vista como de difícil implementação em decorrência de questões tributá− rias e logísticas. “O debate sobre ser ou não esse procedimento benéfico ao consumidor que se defrontaria com memores preços deve continuar. Se por um lado elimina−se a mar− gem da distribuidora do preço final do etanol, de outro são perdidas economias de escala em relação a frete e tem−se aumento dos “custos de transação” das usinas”, conclui os pesquisadores.


MERCADO

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Brasil pode ganhar destaque como provedor de soluções de baixo carbono É o que mostra estudo do Programa de Transição Energética O estudo do Programa de Transi− ção Energética (PTE), lançado em dezembro passado pelo Centro Brasi− leiro de Relações Internacionais (Ce− bri), em parceria com a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), traz um diagnóstico do setor de energia brasileiro, elaborado a partir de debates organizados ao longo de 2021. A pesquisa conclui que a transição energética (TE) pode ser um impor− tante impulso para uma economia mais sustentável, com o Brasil tendo lugar de destaque no mundo como provedor de soluções de baixo carbo− no para outras regiões. “O país já apresenta um setor elétrico majorita− riamente renovável que se expande com soluções renováveis extrema− mente competitivas em termos glo− bais, podendo este ser o vetor para a

produção em larga escala de hidrogê− nio verde”, indica. Além disso, o Brasil se apresenta como uma das lideranças globais em bioenergia, tendo importante partici− pação de biocombustíveis nos trans− portes, com o etanol e o biodiesel; e na geração de eletricidade. Também tem capacidade de desenvolver com− petências em novas formas avançadas de biocombustíveis, entre eles o eta−

nol celulósico, o diesel hidrogenado, o bioquerosene, e biogás/biometano. A análise mostra tendências e in− certezas para o setor, relacionadas ao contexto geopolítico da transição energética, e destaca os efeitos da pan− demia de covid−19, que determinou as ações dos países ao redor do mundo. “A preocupação mundial com as mudanças climáticas se acentuou e as ações e políticas que estão sendo de−

senvolvidas irão se consolidar, produ− zindo, ao longo das próximas décadas, uma mudança estrutural na configu− ração da matriz energética mundial que, sozinha, corresponde por 3/4 das emissões globais”, informa. Conforme o estudo, 72% das emissões de gases de efeito estufa (GEE) do Brasil são geradas pelo uso da terra e da agropecuária. Por isso, para os pesquisadores é evidente que o grande desafio para o país alcançar as metas climáticas passa pelo “de− senvolvimento de um setor agrope− cuário de baixo carbono e o contro− le do desmatamento irregular. Nesse campo, a regulamentação dos crédi− tos de carbono, junto com políticas públicas eficazes para 'manter a flo− resta em pé', pode ter uma contri− buição importante”. O estudo defende ainda uma for− ma de “conciliar a dinâmica da recu− peração econômica global com a construção de um sistema energético mais limpo e sustentável em um pra− zo factível para as metas traçadas no Acordo de Paris."

Governo contrata 4,6 GW de potência em leilão de reserva de energia Foram registrados a contratação de 17 usinas, sendo uma a partir de biomassa de cana A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), o Ministério de Mi− nas e Energia (MME) e a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) realizaram no dia 21 de de− zembro, o primeiro leilão para con− tratação de reserva de capacidade de geração de energia no Brasil. No total, 4,6 gigawatts de dispo− nibilidade de potência foram nego− ciados, valor equivalente a um terço da geração da usina de Itaipu Bina− cional. O montante financeiro con− tratado representa R$ 57,3 bilhões. O certame teve como objetivo garantir o fornecimento de energia elétrica ao Sistema Interligado Nacio− nal (SIN) por meio da contratação de potência elétrica e de energia associa− da proveniente de usinas termelétricas

novas e existentes, com início de su− primento em 2026 e 2027.A capaci− dade contratada poderá ser acionada, ou não, conforme a necessidade. Foram registrados a contratação de 17 usinas, sendo uma a partir de bio− massa de cana−de−açúcar (80MW), nove com Gás Natural e sete com Óleo Combustível/Diesel. Na avaliação da Cogen, o resultado do leilão, com a contratação de apenas um projeto de biomassa, reforça a ne− cessidade de um planejamento energé−

tico que valorize os atributos das bio− massas como fonte resiliente, eficiente, competitiva e, sobretudo, renovável. “Nossa proposta é que o país crie, a partir de 2022, leilões voltados para o ‘enchimento de reservatórios’ com o uso de biomassas”, diz o diretor de Tecnologia e Regulação da Cogen, Leonardo Caio Filho. “Desse modo, o país poderia, em médio prazo –– com modelagem a definir ––, começar a colher os resul− tados da contratação de uma energia

que proporciona segurança energéti− ca (especialmente no período seco) e é, ao mesmo tempo, mais limpa, com potencial de adicionar ao sistema pe− lo menos de 1,2 GW a 1,5 GW. Essa seria uma boa solução para recuperar o nível de água dos reservatórios das hidrelétricas, que sofreram bastante com a recente crise hídrica”, comple− ta o diretor da Cogen. “A partir de julho de 2026, os empreendimentos contratados deve− rão oferecer a potência pelo preço ofertado no leilão sempre que o Ope− rador Nacional do Sistema (ONS) so− licitar o despacho em momentos de pico da demanda dos consumidores. Essa medida reduz custos na geração em períodos secos, em especial nos anos de escassez hídrica como o veri− ficado em 2021”, explicou a Aneel, em comunicado. As termelétricas são acionadas quando as hidrelétricas não conse− guem suprir a demanda por energia. Por serem, normalmente, movidas a carvão, têm um custo maior para os consumidores e são mais poluentes.


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MERCADO

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ETANol vErsUs HíbrIdos

Vem aí a célula cerâmica que gera energia elétrica limpa com ajuda do etanol Tecnologia é desenvolvida na Unicamp e, para entender tudo a respeito, entrevistamos um dos pesquisadores

Engenheiro de materiais, Fabio Coutinho Antunes integra um seleto grupo de pesquisadores em trabalho na Unicamp, em Campinas (SP), que promete fazer história no Brasil − e, por extensão, no mundo. No caso, o grupo atua no desen− volvimento de células cerâmicas que irão gerar energia elétrica usando eta− nol e hidrogênio. Por sua vez, essa energia será empregada em motores híbridos. Tais células integram o universo da bioeletrificação. É um tema bem árido para quem está fora da Acade− mia. Mas nesta entrevista ao Jornal− Cana, Antunes revela de forma bem didática sobre essa tecnologia em curso. Confira: Jor nalCana − Em linhas gerais, o que é bioeletr ificação? Fabio Coutinho Antunes − Bio− eletricidade é um termo há muito tempo empregado em ciências bioló− gicas. Esse termo refere−se à poten− ciais e correntes elétricas gerados por bactérias, células animais, tecidos ou organismos vivos. Entretanto, a bioeletrificação, no cenário atual, é a transformação do sistema de potência (powertrains) de veículos, baseados na combustão in− terna de um combustível fóssil, em um sistema mais eficiente que transforma energia química de um biocombustí− vel renovável diretamente em elétrica com baixíssima emissão de carbono. De for ma bem didática, o que são as células a combustível de óxido só− lido (SOFCs) em desenvolvimento no CINE na FEEC/Unicamp e que têm tem sua participação? SOFCs são dispositivos cerâmicos capazes de transformar a energia quí− mica armazenada nas ligações quími− cas de um combustível, tais como

monóxido de carbono (CO), hidro− gênio (H 2) ou etanol (C 2 H 5 OH), diretamente em energia elétrica. Por exemplo, uma célula SOFC é composta por um eletrólito denso, condutor de ânions oxigênio, separa− do pelo anodo e catodo porosos. O H 2 é injetado na superfície do anodo das SOFCs enquanto no catodo inje− ta−se ar. O oxigênio molecular (O 2), pre− sente no ar, sofre redução no catodo tornando−se ânions O 2− , que di− fundem através do eletrólito para rea− gir com o H 2 no anodo formando água (H 2 O), calor e elétrons livres que são direcionados para um circui− to externo (energia elétrica) a fim de carregar a bateria ou alimentar o mo− tor elétrico de um veículo híbrido (eletrificado). No caso do etanol como com− bustível, serão produzidos água, ener− gia elétrica, calor e dióxido de carbo− no (CO2). Mesmo com a emissão de CO2, o uso de etanol como biocombustível nesses dispositivos pode ser conside− rado como geração de energia limpa, pois a baixa quantidade de CO2 emi− tido é capturado durante o processo de fotossíntese das lavouras que produzi− ram o etanol, tal como a cana de açú− car brasileira, tendendo a neutralidade de carbono. Como o etanol entra nessas SOFCs? Se possível, exemplifique: se− rão necessár ios quantos litros para ge− rar eletr icidade e autonomia (em kms) para o motor? O etanol pode ser usado indireta− mente ou diretamente nas SOFCs. Se for usado indiretamente é ne− cessário um reformador externo que transforma o etanol em CO e H2. E estes são combustíveis que podem ser usados na SOFC para geração de energia elétrica limpa. Se o etanol for usado diretamen− te, o próprio anodo da SOFC pode

transformá−lo diretamente em H 2 ou energia elétrica, pois os materiais usa− dos no anodo da SOFC (região onde ocorre a oxidação do combustível) são os próprios materiais eletrocatalíticos do reformador externo. Então o etanol é estratég ico? O etanol é estrategicamente im− portante no cenário socioeconômico brasileiro, porque além de ser renová− vel, nosso país possui a cadeia de pro− dução, logística de transporte e infra− estrutura de distribuição desse com− bustível líquido bem estabelecida.

E, o mais importante: reduziremos substancialmente a emissão de gases de efeito estufa responsáveis pelo super− aquecimento global. Em agosto de 2016, a Nissan lançou no Brasil o protótipo e−bio Fuel Cell.Trata−se de um veículo eletrificado e−NV200 com uma bateria (24 KWh) e SOFC (5 KW) que alimentam um motor elétrico usando um tanque de apenas 30 litros de etanol. Com essa quantidade de combus− tível esse veículo é capaz de atingir distâncias de até 600 km usando esse tipo de powertrain.


MERCADO

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Em relação à propriedade intelec− tual, será discutida e acertada poste− riormente, entretanto, quem ajudar a desenvolver com recurso financeiro e intelectual terão prioridades. Em sua opinião, a eletr ificação chega de vez ao Brasil dentro de quanto tempo? Por quê? A eletrificação do setor de mobi− lidade brasileiro já está ocorrendo. Não somente a Unicamp, mas outros cen− tros de pesquisa que constituem o CI− NE, tais como IPEN−USP, FEI e UFMG dentre outros estão captando recursos junto à empresas, tais como VW, Toyota, Stellantis, Bosch, Nissan, CAOA, etc. Há também o governo, através dos programas FINEP e FUNDEP RO− TA 2030, para o desenvolvimento na− cional desse sistema de powertrain em veículos híbridos para utilização do etanol como combustível nas SOFCs. Nosso melhor cenário é que dentro de 6 anos já possuíremos um veículo bioeletrificado com etanol 100% nacional.

Quem é Fábio Antunes

Estamos falando de célula a etanol anidro, hidratado, 2G, ou qualquer um? Tanto o etanol de segunda gera− ção como anidro ou hidratado pode ser usado como combustível nas SOFCs. Entretanto, durante a reforma ex− terna ou oxidação do etanol na SOFC ocorre a deposição de Carbono na superfície dos metais catalisadores do reformador externo ou do anodo da SOFC diminuindo a performance de ambos ao longo do tempo. O ideal é utilizar uma mistura de 10%vol de etanol/90%vol. de água pois essa faixa garante a não deposição de Carbono no reformador ou no anodo da SOFC. Em que f ase está o desenvolvi− mento? Há alguma previsão de a tec− nolog ia ser testada? Estamos na Fase 1 do projeto. Es− sa fase trata−se da obtenção de um stack (pilha) de SOFCs suportadas em metal de 3 geração (MS−SOFCs) de até 5 KW que será integrada à um conjunto de baterias e supercapacito− res como principal sistema de potên− cia em veículos eletrificados com bio− etanol. Acreditamos que entre 3 e 5 anos apresentaremos esse protótipo em es− cala de laboratório. Na Fase 2 do projeto pretende−

mos captar recursos de empresas e do governo para a embarcação des− sa tecnologia integrada em um veí− culo leve e depois em uma Van a fim de substituir o diesel por bioetanol. Nossa outra intenção na Fase 2 é o repasse do sistema de gestão de qualidade da produção em massa desse sistema à indústria automoti− va brasileira. Há exper iências ou tecnolog ias SOFCs em uso no mundo? Se sim, exemplifique, por f avor. Sim. Desde a década de 60 as SOFCs vêm sendo pesquisadas e de− senvolvidas tecnologicamente. O ôni− bus espacial norte−americano Apollo 11, lançado em 16 de julho de 1969, foi o primeiro foguete enviado com um módulo de SOFC. Empresas co− mo a japonesa Mitsubishi, a inglesa Rolls−Royce e alemã Siemens Wes− tinghouse produzem SOFCs para ge− ração de energia centralizada para ca− sas e indústrias. No setor de mobilidade, a empre− sa inglesa Ceres Power, spin−out nas− cida da universidade Imperial Colle− ge London, produz em escala stacks de MS−SOFCs de baixo custo para uso de H 2 como combustível em veícu− los eletrificados na Europa. C om o emp reg o do e tan ol nes− t a t e cno log i a em d es envol vi m e nt o,

o B r a s i l s ai n a f re n t e, e m t e r m o s mundiai s, na busca de nova aplica − çã o d e u m bi oc om bu st í vel re co − nhe cim e nt o d e p eso sus t en tá vel d e d e s c a r b o n i z a çã o ? Com certeza. Se o Brasil optar pelo desenvolvimento ou importação de carros elétricos, seria necessário um parque de geração de energia limpa, assim como a sua distribuição para carregar as baterias desses veícu− los, estimados em mais ou menos R$ 1,5 trilhão. Com o veículo eletrificado por um sistema híbrido de baterias meno− res e supercapacitores integrados às MS−SOFCs, aproveitaremos a rede de valores construída pela agroindústria do bioetanol ao longo de décadas re− duzindo efetivamente a emissão de gases de efeito estufa. Nesse cenário, estaríamos cami− nhando para a completa descarboni− zação do setor automotivo. Sem dizer, que podemos exportar essa tecnologia para países que pro− duzem etanol, tais como a Índia e Tailândia e até mesmo os Estados Unidos, já que o Brasil e os Estados Unidos produzem cerca de 99% do bioetanol mundial. Assim que a tecnolog ia estiver pronta, ela será patenteada pelo CINE ou pela Unicamp? E quem pr imeiro terá direito de aplicar as células?

Possui graduação em Engenharia de Materiais com ênfase em Mate− riais Poliméricos pela Universidade Federal de São Carlos (2006), mes− trado em Ciência e Engenharia de Materiais (2009) e doutorado em Ciência e Engenharia de Materiais (2016) pelo mesmo programa de pós−graduação em Ciência e Enge− nharia de Materiais da UFSCar (PPGCEM). Tem experiência na área de en− genharia de interfaces em materiais cerâmicos, tendo como principal li− nha de pesquisa o desenvolvimento, caracterização eletroquímica, estru− tural e microestrutural de interfaces em eletrólitos compósitos homogê− neos (fase dispersa e orientada) e heterogêneos (filmes multicamadas e fase dispersa e orientada) para apli− cação em células a combustível de óxido sólido (SOFCs: solid oxide fuel cells). Possui experiência na produção de componentes de SOFCs por spin e dip coating de sol gel e tape casting de suspensões cerâmicas aquosas ou or− gânicas. Atualmente é pós doutorando na Divisão de Armazenamento Avança− do de Energia (AES) do Centro de Inovações em Novas Energias (CI− NE) na FEEC/UNICAMP onde atua no desenvolvimento de células cerâmicas suportadas por metal (MS− SOFCs: metal supported−solid oxi− de fuel cells) para geração de energia em veículos híbridos usando bioeta− nol e hidrogênio.


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MERCADO

Janeiro 2022

Veículo elétrico híbrido da Nissan já vendeu globalmente mais de 500 mil unidades o Nissan lEAF é vendido no brasil desde julho de 2019 e é um dos veículos 100% elétrico com a maior frota circulante no mercado nacional Pioneira mundial na indústria au− tomobilística nos estudos para o de− senvolvimento de um veículo movi− do por Célula a Combustível de Óxido Sólido (SOFC) que gera energia elétrica a partir da utilização do bioetanol, a Nissan já comerciali− za globalmente mais de 500 mil uni− dades do seu modelo elétrico híbri− do, o Nissan LEAF. A Nissan é a primeira empresa a desenvolver e testar protótipos que são abastecidos com bioetanol para gerar energia elétrica para carregar uma Cé− lula de Combustível de Óxido Sólido (SOFC). A utilização deste tipo de sis− tema combinado com a alta eficiência dos motores elétricos e o sistema de bateria garantem ao Nissan SOFC uma autonomia facilmente superior a 600 km com somente 30 litros de eta− nol. Por contar com uma ampla rede de abastecimento de bioetanol – e ser um dos principais produtores do mundo –, o Brasil tem sido peça−cha− ve para o desenvolvimento e estudos de viabilidade do projeto. "Avançamos com as pesquisas do nosso projeto global de Célula de Combustível de Óxido Sólido (SOFC) da Nissan, que é muito in− teressante para o Brasil, por se encai− xar perfeitamente na nossa matriz energética. Nossas equipes de enge− nharia e desenvolvimento aqui no país e em nossa matriz no Japão se− guem trabalhando em conjunto pa− ra cumprir todos os nossos processos de testes e validações para trazer ain− da mais inovação para nossos clien− tes", afirma Ricardo Abe, gerente sênior de Engenharia de Produto da Nissan do Brasil. O primeiro período de testes com o protótipo real do sistema foi reali− zado no Brasil entre 2016 e 2017 em cidades como Rio de Janeiro, Curiti− ba, São Paulo e Brasília. Dois veículos e−NV200 equipados com o sistema SOFC foram testados pela equipe de Pesquisa e Desenvolvimento da Nis− san do Brasil e demonstraram que a

tecnologia se adapta perfeitamente ao uso cotidiano e ao combustível brasi− leiro, ainda mais pelo fato de o país ter infraestrutura já existente para abaste− cimento com etanol em todo o seu território. Atualmente, os testes se− guem em evolução conduzidos pela área de Pesquisa e Desenvolvimento da Nissan no Japão com constante in− tercâmbio com a equipe brasileira e parceiros estratégicos. A tecnologia de Célula de Com− bustível de Óxido Sólido da Nissan

conta com sistema gerador de po− tência que se utiliza da reação ele− troquímica do íon oxigênio com di− versos combustíveis, incluindo o etanol e o gás natural, que são trans− formados em hidrogênio na célula, para gerar eletricidade. O sistema é limpo, altamente efi− ciente e funciona 100% com etanol ou água misturada ao etanol. Suas emis− sões são tão limpas quanto a atmosfe− ra, se inserindo como parte do ciclo natural do carbono e sendo absorvido

durante a plantação da cana−de− açúcar. Além disso, o veículo movido a Célula de Combustível oferece a for− te aceleração e a condução silenciosa de um veículo elétrico, juntamente com baixos custos de manutenção. Atualmente, com foco na mobili− dade elétrica, a Nissan já tem o carro com emissão zero ícone mundial en− tre os modelos elétricos, o Nissan LEAF, que já superou a marca de mais de 500 mil unidades comercializadas globalmente.


MERCADO

Janeiro 2021

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Inovações tecnológicas prometem tornar veículos elétricos mais acessíveis Pesquisas buscam desenvolver supercapacitores que armazenem mais energia e baterias que recarreguem mais rapidamente Segundo dados da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (AB− VE), atualmente, o Brasil possui uma frota de 60 mil carros movidos a energia elétrica. A maior justificativa pela baixa venda dos veículos elétricos são os preços pouco acessíveis: a partir de R$ 150 mil. As estimativas, entre− tanto, são de melhora: a expectati− va é fechar 2021 com 30 mil em− placamentos. A entidade afirma as vendas dos veículos híbridos estão se destacando ainda mais do que a dos modelos to− talmente elétricos. O principal desa− fio para o barateamento e para maior

autonomia dos carros elétricos é construir baterias mais leves e que armazenem mais energia.

Inovações Baterias e supercapacitores são tecnologias de armazenamento de energia complementares. As baterias são mais apropriadas quando se considera a quantidade total de

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energia armazenada, e os supercapa− citores, quando o que importa é a potência, isto é, quanta carga ou descarga de energia pode ocorrer por unidade de tempo. Considerando essa complemen− taridade, a Divisão para Armazena− mento de Energia Avançado do Center for Innovation New Energies (CINE) – um Centro de Pesquisa em

Engenharia (CPE) constituído pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e Shell, com sede na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) – vem tra− balhando nas duas frentes, buscando melhorar as tecnologias: de supercapa− citores que armazenem mais energia a baterias que recarreguem mais rapida− mente e tenham vida mais longa.


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MERCADO

Janeiro 2022

CerradinhoBio confirma segunda planta de etanol de milho Unidade será construída em Maracaju - Ms Planta da Neomille em Chapadão do Céu – GO. Obras da primeira fase da nova planta, em Maracaju −MS começarão em março deste ano. O Conselho Administrativo da CerradinhoBio aprovou, nesta quar− ta−feira, investimento de R$ 1,4 bi− lhão para construção e capital de giro da primeira fase da nova indústria de etanol de milho da Neomille (subsi− diária da CerradinhoBio) a ser insta− lada em Maracaju, sudoeste do estado do Mato Grosso do Sul. A unidade será construída em duas fases e, quando estiver operando na capacidade total, poderá processar até 1,2 milhão de toneladas de milho por ano, resultando em 550 milhões de li− tros de etanol, 330 mil toneladas de DDGS (Dried Distillers Grains with Solubles), 105 GWh de energia e 22 mil toneladas de óleo.

As obras da primeira fase da nova planta começarão em março/22, logo após a conclusão da Licença de Insta− lação e o início da produção está pre− visto para o segundo semestre de 2023. Serão gerados 1.500 postos de traba− lho durante o período de obras e 150

empregos permanentes, quando a in− dústria entrar em operação. Segundo Paulo Motta, CEO da CerradinhoBio, “a ótima performance nas duas unidades em operação – com resultados consistentes nas últimas safras – fortalece nossa agenda de expansão e

nos dá a tranquilidade e segurança ne− cessária para este importante passo”. Maracaju é a maior produtora de milho do estado do Mato Grosso do Sul e possui condições favoráveis para aquisição de biomassa e comercializa− ção de coprodutos.

Grupo Inpasa completa 4 anos de atuação A terceira unidade do grupo, construída em dourados/Ms deve entrar em operação ainda nesse semestre Voltado para a produção de etanol 100% a base de milho, o Grupo Inpa− sa, completa quatro anos de atuação no Brasil. Com 13 anos de experiência no ramo e duas unidades no Paraguai em 2018 a Inpasa começou a construir sua primeira unidade no Brasil no muni− cípio de Sinop, no Mato Grosso, for− talecendo ainda mais a expressiva pro− dução de milho da região. Em 2019 foi iniciado o projeto de construção da segunda planta e na ci− dade de Nova Mutum distante 240 km de Sinop que entrou em operação em agosto de 2020. Em 2021 o gru− po continua se expandido com a construção de uma nova planta na ci− dade de Dourados, no Mato Grosso do Sul, prevista para entrar em opera− ção no primeiro semestre de 2022. Juntas as unidades da Inpasa Brasil empregam cerca de 1.800 profissionais

diretos e cerca de cinco mil indiretos. Atualmente são processadas 4.270.000 toneladas de milho por ano. O grupo produz 1 bilhão e novecentos e cin− quenta milhões de litros de etanol por ano, 1 milhão e 65 mil toneladas de Ddgs e 120 mil toneladas de óleo de milho sendo considerado o maior gru− po de produção de etanol de milho e

seus derivados da América Latina. Com a nova planta de Dourados em operação em 2022, o grupo pro− cessará 6.200.000 toneladas de milho por ano para uma produção de dois bilhões e oitocentos milhões de litros de etanol por ano 1.550.000 tonela− das de Ddgs, 175 mil toneladas de óleo de milho e um milhão e 300 mil

megawatts hora/ano de energia lim− pa e renovável. Para o presidente do Grupo, José Odvar Lopes, esses números refletem o resultado da grande estrutura e capital humano da empresa.“Somos gratos por todos nossos funcionários e colabora− dores, pelo que fizeram, transformando a Inpasa nesse gigante que somos hoje”.


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Janeiro 2021

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StoneX prevê expansão do mercado de etanol de milho no Brasil safra 21/22 deve fechar com a produção de 3,5 milhões de m³, um avanço anual de 34,6% Após um cenário bastante adver− so em relação à oferta do milho na temporada 2020/21 no Brasil, princi− palmente com a quebra da safrinha, a expectativa é de uma produção mais robusta em 2021/22. Considerando as 3 safras, a produção total brasileira es− tá estimada em 120,1 milhões de to− neladas pela StoneX, o que, caso con− cretizada, representaria um cresci− mento de 38,9% no comparativo anual e um recorde para o país. Apesar da perspectiva favorável em relação à produção do cereal, pode ser que o balanço de oferta e demanda não seja folgado. Durante a primeira metade do ano, a demanda pelo milho é suprida basicamente pelos estoques iniciais, estimados em 10,25 milhões de toneladas para a temporada 2021/22, e pela produção da 1ª safra, estimada em

29,6 milhões de toneladas. “Desconsiderando as exportações no primeiro semestre, visto que os em− barques são significativamente mais volumosos na segunda metade do ano e, de forma simplificada, adotando o consumo doméstico no primeiro se− mestre como metade da demanda to− tal estimada pela StoneX para a safra 2021/22, a disponibilidade seria de 39,8 milhões de toneladas para suprir 37,8 milhões de toneladas demanda−

das”, afirma analista da área de açúcar e etanol da consultoria, Marina Malzoni. Para o setor de etanol, pode−se dizer que esse cenário não é tão preocupante, visto que, de modo geral, a maior parte das usinas costuma adquirir seus insumos antecipadamente. Assim, grande parte do milho necessário para as operações no início de 2022 já estaria originada. Para a metade final de 2022, a tendência, ao menos por enquanto, é de um cenário mais confortável em

relação ao balanço de O&D do cereal. Espera−se uma produção total recor− de para a safra 2021/22 do cereal, im− pulsionada, principalmente, pela safri− nha, estimada também em um volu− me recorde, de 88,9 milhões de tone− ladas – crescimento de 50,1% no comparativo anual. Mesmo com a expectativa de ele− vada demanda doméstica pelo milho brasileiro, em especial para a alimen− tação animal, e de recuperação do vo− lume exportado, atualmente estimado em 41 milhões de toneladas, contra 18,5 milhões na safra anterior, os es− toques finais em 2021/22 ficariam em 14,9 milhões de toneladas, significati− vamente acima das 10,25 milhões de toneladas estimadas para o ciclo atual – o que abre espaço para alguma pres− são negativa sobre o preço do grão no mercado interno, especialmente após a colheita da safra de inverno. Assim, pode−se dizer que tanto em termos monetários quanto em termos volumétricos o mercado do milho em 2022 deverá ser mais favo− rável para as usinas em comparação com este ano.


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MERCADO

Janeiro 2022

RenovaBio: distribuidores de combustíveis cumprem 97% da meta para 2021 No ano, foram aposentados (retirados de circulação) 24.405.193 créditos de descarbonização (CbIos) A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) concluiu a apuração do cumprimen− to das metas individuais compulsórias de redução de emissões de gases cau− sadores do efeito estufa, estabelecidas para os distribuidores de combustíveis líquidos para 2021, no âmbito do pro− grama RenovaBio. No ano, foram aposentados (reti− rados de circulação) 24.405.193 cré− ditos de descarbonização (CBIOs) por distribuidores, o que corresponde a 96,8% do total das metas individuais atribuídas a eles pela ANP, e a 98,2% da meta global estabelecida pelo

CNPE para 2021. Dos 142 distribuidores de com− bustíveis com metas fixadas para 2021, 118 a cumpriram integralmente ou acima de 85%, encaixando−se na norma que permite comprovação dos 15% restantes no ano seguinte. As me− tas individuais de 2021 foram publi− cadas no Despacho ANP nº 790/2021, totalizando 25.222.723 de CBIOs. O cumprimento das metas se dá pela aposentadoria de CBIOs, ou seja, pela sua retirada de circulação em quantidade equivalente à da meta in− dividual da distribuidora.Além dos dis− tribuidores (partes obrigadas), os CBIOs também podem ser adquiridos e aposentados por quaisquer pessoas fí− sicas ou jurídicas (partes não obrigadas). A metas individuais dos distri− buidores foram calculadas pela ANP a partir da meta compulsória anual global, de 24,86 milhões de créditos de descarbonização (CBIOs), estabe− lecida pela Resolução CNPE nº

8/2020. Desse total, foram desconta− dos os CBIOs retirados definitiva− mente do mercado por partes não obrigadas em 2020, nos termos do §2º do artigo 5º da Resolução ANP nº 802/2019. Além disso, conforme o §1º do artigo 10 da Resolução ANP nº 802/2019, os distribuidores que não cumpriram a meta individual no ano anterior tiveram a quantidade de CBIOs não cumprida acrescida à meta do ano de 2021. Veja o detalhamento da situação dos distr ibuidores: − 102 cumpriram integralmente a meta; − 16 aposentaram CBIOs em quantidade igual ou superior a 85% da meta, após terem cumprido integral− mente a meta anterior, enquadrando− se no estabelecido no § 4º do artigo 7º da Lei 13.576/2017: “Até 15% (quin− ze por cento) da meta individual de um ano poderá ser comprovada pelo

distribuidor de combustíveis no ano subsequente, desde que tenha com− provado cumprimento integral da meta no ano anterior”; − 7 aposentaram CBIOs em quantidade inferior a 85% da meta in− dividual; − 17 não aposentaram CBIOs. Houve ainda a aposentadoria de 1.392 CBIOs por partes não obriga− das, quantidade que será reduzida da meta estabelecida pelo CNPE para o ano de 2022, antes do cálculo das metas definitivas dos distribuidores para este ano. O descumprimento parcial ou integral da meta anual individual su− jeitará o distribuidor de combustíveis à multa e esse pagamento não isenta o distribuidor do cumprimento de sua meta anual, devendo a quantida− de de CBIOs não cumprida ser acrescida à meta aplicável ao distri− buidor no ano seguinte.


MERCADO

Janeiro 2021

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Adecoagro recebe autorização para comercializar certificados Gas-REC A primeira a operar com CbIos na bolsa de valores b3, também é a primeira a comercializar o Gas-rEC A Adecoagro, empresa de alimen− tos e produção de energia renovável, se tornou a primeira no Brasil auto− rizada pelo Instituto Totum a comer− cializar certificados Gas−REC. Agora a companhia está habilitada a vender certificados para qualquer indústria que queira descarbonizar sua produ− ção e os consumidores de gás poderão atestar o consumo de gás natural “re− novável”, ou seja, do biogás. A unidade de biogás da compa− nhia, que pode emitir os Certificados de Gás Natural Renovável, fica na usina Ivinhema, no Mato Grosso do Sul. A lógica é semelhante à dos I− RECs, que asseguram que cada me− gawatt−hora gerado é proveniente de uma fonte renovável de energia. No caso do gás, o certificado garante o

rastreamento de biogás gerado e dis− tribuído em usinas pelo país, chegan− do até o ponto de consumo. Renato Junqueira Santos Pereira, vice−Presidente de Açúcar, Etanol e Energia, da empresa ressalta que: "Es− truturamos nossas ações para o desen−

volvimento de alternativas que pro− movam a preservação dos ecossistemas, o bom relacionamento com as comu− nidades e a promoção da economia nacional. Nos orgulhamos de termos realizado a primeira transação de Cré− ditos de Descarbonização, os CBIOs

na bolsa de valores B3 e, agora, de ser− mos a primeira empresa a conquistar a autorização para realizar a comercia− lização de certificados de GAS−REC. Muito além da expansão de nosso ne− gócio, este é um legado para as futu− ras gerações"

Socicana fecha parceria que permitirá a seus associados ingressar no mercado de carbono Acordo firmado tem como alvo a redução de emissão de gases de efeito estufa A Associação dos Fornecedores de Cana de Guariba (Socicana) fechou um acordo com a chocolateira suíça Barry Callebaut, para apoiar a redução de emissões de gases de efeito estufa dos produtores associados. A companhia terá preferên− cia na compra de créditos de carbono que serão gerados após medidas de mitigação do impacto climático da atividade Não há um volume preestabelecido de emis− sões a serem mitigadas. As estratégias para diminuir as emissões estão em estudo, mas devem passar por substituição de fertilizantes nitrogenados e de agroquímicos, diminuição do consumo de diesel, aumento da absorção de carbono pelo solo e re− cuperação de vegetações nativas. Outras medidas que podem ser sugeridas são o uso de drones para a aplicação de inimigos bioló− gicos em vez de agroquímicos com o uso de má− quinas. Também serão estudadas formas de siste− matizar o desenho das linhas de cana no solo para otimizar o trabalho das máquinas e o uso de palha

Rafael Kalaki

no solo para fixar carbono. Os associados da Socicana interessados em par− ticipar receberão apoio técnico da Barry Callebaut para a definição das estratégias de ação. A companhia também bancará os custos de certificação do crédi− to de carbono que será gerado com as medidas. Uma consultoria especializada será contratada

para medir as emissões antes e depois de os produ− tores adotarem as ações de mitigação. Podem ser contratadas consultorias como Verified Carbon Standard (Verra) e Gold Standard. A adesão dos produtores da Socicana será vo− luntária, e os créditos vendidos, rateados proporcio− nalmente à participação de cada um no corte das emissões. A parceria faz parte da estratégia da Barry Cal− lebaut para alcançar sua meta de redução de 30% das emissões de carbono até 2025, estabelecida confor− me a Science Based Targets Initiative (SBTi), e de ser “positiva” em carbono. Para isso, a empresa suíça, responsável por 25% do chocolate produzido no mundo e que forne− ce principalmente para outras indústrias, também vem trabalhando com produtores de outras ca− deias, como óleo de palma e cacau, disse Kevin Ogorzalek, gerente sênior de fornecimento sus− tentável do grupo. Quem optar pelo programa com a Barry Calle− baut, porém, não deverá contar com o benefício do programa federal RenovaBio, diz Rafael Kalaki, su− perintendente da Socicana. A associação preferiu se− parar os dois tipos de remuneração para evitar o ris− co de ser considerado como “dupla contagem” na redução de emissões.


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MERCADO

Janeiro 2022

Jalles Machado integra carteira de boas práticas ESG da B3 o IGTPW incorpora as empresas comprometidas a transformação cultural e melhoria do ambiente de trabalho A Jalles Machado informou, no começo de ja− neiro, que suas ações passaram a integrar as carteiras teóricas dos índices IBRA (Índice Brasil Amplo), ICON (Índice de Consumo), IGCT (Índice de Go− vernança Corporativa Trade), SMLL (índice Small Caps) e IGPTW (Índice Great Place to Work); da B3 S.A. – Brasil, Bolsa, Balcão. De acordo com a empresa, integrar as carteiras dos índices citados colabora com o aumento da li− quidez das ações, além ser parte do processo contí− nuo de maturidade da companhia pós listagem, de− monstrando o comprometimento com as boas prá− ticas de governança corporativa e socioambientais. O IGPTW B3 é o primeiro Índice GTPW no mundo, abrangendo um novo viés ESG para o mer− cado brasileiro e incorpora as empresas comprome− tidas com um processo constante de transformação cultural e melhoria do ambiente de trabalho, no qual as relações entre pessoas e o desenvolvimento de funcionários estão no centro dos debates, gerando impacto positivo para os negócios.

Milhões em debêntures A Jalles Machado concluiu no dia 6 de janei− ro, a captação de R$ 451 milhões em Debêntu− res Incentivadas com Selo Verde. A operação contou com a XP e UBS BB como coordena− doras da oferta.

Com prazo final de 10 anos, é a maior operação de financiamento da Jalles e a 9ª operação da em− presa em mercado de capitais nos últimos 9 anos. Os recursos captados serão destinados para o projeto de revitalização do canavial utilizado na pro− dução de etanol da Jalles.

Tereos avança em compromissos climáticos Financiamentos verdes da empresa atingiram r$ 1,5 bilhão no primeiro semestre de 2021 A Tereos Açúcar & Energia Brasil tem apostado em financiamentos ver− des, atrelados a metas de sustentabili− dade e buscado por melhorias de de− sempenho das cadeias de suprimento, é o que mostra seu primeiro relatório de sustentabilidade no Brasil. No pri− meiro semestre de 2021, os financia− mentos verdes da empresa atingiram R 1,5 bilhão. A companhia foi a primeira do se− tor sucroenergético brasileiro a con− tratar financiamento sustentável de longo prazo, no valor de US 105 mi− lhões. A operação foi estruturada com um sindicato de sete bancos e ligada a metas ambientais como redução anual de gases de efeito estufa por tonelada de cana processada, diminuição anual do consumo de água por tonelada de cana processada, aumento por ano da porcentagem de cana certificada e

melhoria na pontuação de avaliação formal de critérios ESG. Para cada ano em que a empresa cumprir essas metas haverá uma redução na taxa de juros. Na frente de Economia Circular e Eficiência Energética, por sua vez, a

Tereos tem por objetivo aumentar as iniciativas para substituir fertilizantes químicos por orgânicos e substituir 100% do diesel utilizado nos cami− nhões canavieiros por combustíveis renováveis, como o biometano gera−

do através da transformação de sub− produtos de seu processo produtivo. A versão completa do Relatório de Sustentabilidade da Tereos Açúcar & Energia Brasil está disponível no si− te da Tereos.


MERCADO

Janeiro 2021

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GranBio obtém US$ 730.000 de Fundação para desenvolver tecnologia de Nanocelulose Essa tecnologia permitirá a substituição parcial do Carbon black (Negro de Fumo) e sílica Subsidiária americana da GranBio S.A., anuncia o recebimento de US$ 730.000 em subvenção da Fundação do Serviço Florestal do Departamen− to de Agricultura dos EUA para de− senvolver a sua tecnologia de Com− pósito de Dispersão de Nanocelulose (NDC™) para borracha para pneus em protótipo para testes de estrada. O avanço da tecnologia NDC é o resultado de um programa de 4 anos de desenvolvimento conjunto entre a Birla Carbon e GranBio, projetado para atender às crescentes demandas de sustentabilidade da indústria de pneus rumo ao compromisso NET ZERO (emissões zero), a partir do aprimora− mento da resistência ao rolamento do pneu e melhoria da economia de

Bernardo Gradin

John Loudermilk

combustível veicular, permitindo a incorporação de nanocelulose susten− tável e bio−derivada em compostos comerciais de borracha substituindo parcialmente Carbon Black (Negro de Fumo) e sílica. Com parte do financiamento as duas empresas deverão demonstrar um escalonamento contínuo da produção

do “masterbatch” (compósito) de NDC na Biorefinaria da GranBio em Thomaston, na Geórgia, EUA, para testes antecipados de produção em larga escala de pneus e borrachas me− cânicas por parceiros globais. Já o restante dos recursos será des− tinado na prepararão de um pacote de engenharia, análise de mercado e mo−

delagem financeira para a primeira fá− brica comercial de NDC, esperada para 2025. “O projeto da NDC demonstra como a Birla Carbon continua a im− pulsionar a inovação em sustentabili− dade, apoiando nossas ambições e as de nossos clientes”, disse John Lou− dermilk, CEO da Birla Carbon. “A parceria com a GranBio nos permite ‘Compartilhar a Força’ da nossa aspi− ração em alcançar emissões líquidas de carbono zero na indústria, incluindo o desenvolvimento de novos materiais a partir da biomassa”. Para o CEO da GranBio, Bernar− do Gradin “o NDC é um exemplo fundamental da missão da GranBio em oferecer soluções para “Habilitar o Net Zero™”, através do desenvolvimento e implantação de tecnologias susten− táveis baseadas em biomassa, nos seto− res de biocombustíveis, bioquímicos e biomateriais avançados. A parceria com a Birla Carbon materializa uma estra− tégia comum para permitir a emissão líquida zero de carbono nos pneus e na cadeia de valor automotivo”.

Raízen forma joint venture com Grupo Gera A raízen lucrou r$ 1,07 bilhão no segundo trimestre do ano-safra 2021/2022 A Raízen Energia, anuncia a conclusão da compra dos ativos de geração renovável de energia e da formação da joint Venture com o Grupo Gera. Em fato relevante arquivado na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a Raízen afirma que a joint venture complementa sua plataforma de produtos e serviços de Energia & Renováveis, “reforçando a posição de liderança no processo de transição e descarbonização da matriz energética global, por meio da ampliação da oferta de energia mais limpa, renová− vel e sustentável”. O Grupo Gera atua no segmento de energia no Brasil e o contrato pa− ra formação da joint venture foi fe− chado em outubro do ano passado. Ao anunciar o acordo, a Raízen anunciou que faria um investimento de R$ 212 milhões por participações em empre−

sas do grupo, “além de fazer um apor− te primário no total de R$ 106 mi− lhões para desenvolvimento de novos negócios”. O contrato com a Gera tem como objetivo o desenvolvimento de três operações: geração de energia, desen− volvimento de novos projetos de ge− ração de energia renovável e soluções de tecnologia, com foco no desenvol− vimento e inovação para os consumi− dores de energia. Também já estava certo que após a realização do contrato a Raízen será a detentora do controle dos segmentos

de geração de energia e desenvolvi− mento, enquanto a Gera manterá o controle de Soluções.

lucro de r$ 1 bilhão A Raízen lucrou R$ 1,07 bilhão no segundo trimestre do ano−safra 2021/2022, aumento de 149,2% na comparação com o ano−safra 2020/2021, quando havia registrado lucro de R$ 429,4 milhões. De acor− do com a companhia, o resultado foi reflexo da “melhor performance” operacional dos negócios. O Ebitda ajustado da Raízen (lu−

cro antes de juros, impostos, deprecia− ção e amortização) totalizou R$ 3,2 bilhões, aumento de 19,5%, um re− corde na história da empresa. No ano anterior, o Ebitda havia sido de R$ 2,7 bilhões. A receita líquida totalizou R$ 48,9 bilhões, avanço de 59,4% na compa− ração de base anual, segundo o balan− ço da Raízen. Além disso, o resultado trimestral da Raízen foi encerrado com uma dí− vida líquida de R$ 17,6bilhões (− 10%) versus o mesmo trimestre do ano anterior.


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MERCADO

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Grupo Moreno antecipa pagamento a credores Em recuperação judicial desde 2019, o Grupo obteve êxito na captação de recursos, possibilitando a antecipação do pagamento O Grupo Moreno anunciou a an− tecipação de pagamento aos credores para esta o dia 6 de janeiro. O grupo, que se encontra em recuperação ju− dicial desde 2019, obteve financia− mento junto a investidores, o que permitiu o pagamento dos credores e a saída da recuperação judicial de for− ma antecipada. O plano de recuperação da empresa previa o pagamento de 1 bilhão de reais aos credores no prazo de até 3 anos. De acordo com a companhia, o bom resultado da safra 2021/22 e o sucesso no financiamento possibilita− ram a antecipação desse pagamento aos credores. Para atingir a cifra de 1 bilhão, a empresa utilizou cerca de 40% des− se valor de recursos próprios, finan− ciou outros 40% junto ao mercado financeiro, e os 20% restantes vie− ram de antecipação de exportações via trading. Essa bem−sucedida conjunção de esforços permitiu a quitação de quase 100% dos créditos da empresa, in− cluindo créditos excluídos da recupe− ração judicial, mas que aderiram às formas de pagamento convencionadas no plano de recuperação do Grupo,

homologado na justiça há cerca de um ano atrás. É uma das primeiras vezes que se vê no Brasil um “exit financing”, bas− tante utilizado nos Estados Unidos, que permitirá à companhia pagar os credores, refinanciar parte de sua dí−

vida e sair da recuperação judicial de forma antecipada. A partir de agora o Grupo More− no inicia um novo ciclo baseando−se em sua nova missão, visão e valores na busca da sua consolidação e o reposi− cionamento de sua marca.

“O Grupo Moreno agradece a todos os credores a cooperação du− rante a recuperação judicial e reforça seu compromisso em manter todos informados dos desdobramentos rela− tivos ao cumprimento do Plano de Recuperação”, afirma.

Usina Lins investe R$ 30 milhões em fábrica de leveduras A unidade tem capacidade de produção estimada em 30 toneladas/dia Buscando diversificação e eficiên− cia operacional, a Usina Lins investiu no início deste ano, cerca de 30 mi− lhões, na implantação de uma unida−

de para fabricação de leveduras. Concluída em sete meses, a fábri− ca tem capacidade de produção de 30 toneladas/dia. A levedura seca é utilizada como suplemento nutritivo em formulações de ração animal por possuir alto con− teúdo protéico, elevada concentração de vitaminas do complexo B e exce− lente balanço de aminoácidos. Além disso, melhora o sabor da ração e age como um antibiótico natural.


MERCADO

Janeiro 2021

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Usina da Pedra - 90 anos construindo sua história do setor sucroenergético Nesta safra a usina moeu 11 milhões de toneladas de cana Uma história que começou em 1931, na Fazenda São Joaquim da Pe− dra e culminou, 90 anos depois, com o Grupo Pedra Agroindustrial, um dos mais importantes do setor sucroener− gético. O grupo conta com três uni− dades produtoras, todas no estado de São Paulo: Usina da Pedra, em Serra− na; Usina Buriti, em Buritizal e Usi− na Ipê, em Nova Independência. Associado à Copersucar, comer− cializadora global de açúcar e etanol, o grupo Pedra Agroindustrial atua em toda a cadeia de negócio de açúcar e bioenergia. Os números da última safra apon− tam uma moagem de 11 milhões de toneladas de cana em um total de 162 mil hectares de área cultivada. A Usi− na produziu 693 milhões de litros de etanol, 8 milhões de sacas de açúcar e 700 MWh de energia exportada.

Atualmente o grupo emprega cerca de 4.500 profissionais. Em vídeo institucional relativo aos 90 anos da usina, o presidente da Pedra Agroin− dustrial, Pedro Biagi Neto, destaca o trabalho dos colaboradores que ao longo desse período ajudaram a cons− truir a história da usina. “Por ocasião destes 90 anos, nos lembramos daqueles que desde o iní− cio trabalharam e fizeram essa empre− sa ser o que é hoje. São os pilares nos

quais está assentada a Usina da Pedra”, afirma Biagi. Um destes pilares, que presta de− poimento no vídeo, é José Laércio Cavalheiro, que trabalhou por mais de 60 anos na Pedra Agroindustrial. “Crescimento profissional. Eu diria que aqui foi uma escola de vida para mim. É bonito ver empresa a empre− sa crescer. É bom, porque eu cresço junto”, afirmou o profissional em seu depoimento.

90 anos não é pouco tempo. Essas pessoas trabalharam com muito mais dificuldade do que nós encontramos hoje e propiciaram essa comemoração. Filhos e netos destas pessoas trabalha− ram aqui e a nossa expectativa é a de que nossos filhos e netos também pos− sam continuar trabalhando. Por isso, o nosso agradecimento especial a todos nossos funcionários e colaboradores que nos ajudam a construir essa história. O presidente do grupo Pedro Biagi Neto prossegue, relatando que “há 90 anos, e não é pouco tempo, es− sas pessoas trabalharam com dificul− dade muito maior do que nós encon− tramos e propiciaram essa honra de estarem aqui até hoje participando dessa comemoração. Trabalharam aqui pessoas, cujo filhos vieram para traba− lhar aqui e cujos netos possivelmente trabalham até hoje. A nossa alegria é que no futuro, filhos e netos daqueles que hoje trabalham tenham a satisfa− ção de continuar a crescer e continuar construindo uma Usina da Pedra ain− da maior”, finaliza Biagi em agrade− cimento a todos os funcionários.

Grupo Pedra compra planta da usina Orbi Bioenergia em Paranaíba – MS Unidade deverá começar a moer sua primeira safra em 2024 O Grupo Pedra Agroindustrial é o novo dono da planta da Usina Orbi Bioenergia, localizada na Fazenda Toca da Coruja, no distrito da Vila Raimun− do, em Paranaíba – MS, que agora pas− sou a ser denominada Usina Cedro.

A unidade, que estava inacabada e pertencia a Companhia Energia Re− novável (Cern, tem capacidade de moagem de um milhão de toneladas de cana−de−açúcar. Atualmente, en− contra−se na fase pré−operação com a formação dos canaviais e instalação dos equipamentos industriais. De acordo com a nova controla− dora, a expectativa é gerar mais de 1.200 empregos diretos e terceirizados com o início das operações da Usina

Cedro, que deverá começar a moer a sua primeira safra de cerca de 1,2 mi− lhão de toneladas de cana em 2024, com previsão de chegar a 5 milhões de toneladas, em três anos. Em reunião realizada na primei− ra semana de janeiro, com o prefeito de Paranaíba, Maycol Queiroz, os representantes da Usina Pedra, trata− ram das etapas iniciais para o funcio− namento da usina, como a contrata− ção de funcionários e a elaboração de

um estudo das estradas rurais que servirão como rota para escoamento da produção. A Pedra Agroindustrial comple− tou 90 anos em 2021. Atualmente possui três unidades produtoras, todas no estado de São Paulo: Usina da Pe− dra, em Serrana; Usina Buriti, em Buritizal e Usina Ipê, em Nova In− dependência. A Usina Cedro será sua primeira unidade produtora fora do estado de São Paulo.


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DVPA amplia investimentos rumo a marca de 2 milhões de toneladas de moagem A usina investe em modernização e em 2021 moeu um total de 1.371 milhões de toneladas de cana Localizada na região noroeste de Minas Gerais, no município de Para− catu, a Destilaria Vale do Paracatu Agroenergia – DVPA, executa um plano de expansão em sua produção visando a marca de 2 milhões de to− neladas de moagem. Segundo o dire− tor executivo da usina, Tomas Payne, nesta nova fase de ampliação deverão ser investidos na agroindústria recur− sos na ordem de R$ 100 milhões. A DVPA é uma sociedade entre duas famílias do ramo da construção: Família Dias e FamíliaVieira. A empresa é uma sociedade anônima de capital fe− chado, administrada por uma diretoria executiva composta por três diretores. A usina possui capacidade instala− da para processar 1,5 milhão de tone− ladas de cana−de−açúcar por safra, porém na safra de 2021/22 iniciará seu processo de expansão agroindustrial, devendo alcançar uma capacidade de 1,7 milhões de toneladas já na safra de 2023/24. Quando realizou sua safra inaugu− ral em 2010, apresentou uma moagem de 590 mil toneladas e evoluiu até seu ápice em 2021 com 1.371 milhão de toneladas, com agricultura 100% me− canizada, com o diferencial de áreas irrigadas por pivô central em 42%. O processo industrial conta com tecnologia moderna e os resultados operacionais, tanto na produção de etanol anidro e hidratado quanto na

Daniel Dias, Líder Administrativo/Financeiro; Fernando Vargas, Líder Industrial; Tomas Payne e Josias Messias

cogeração de energia elétrica, estão dentro de um processo de evolução natural para as empresas do segmento. Para o diretor executivo Tomas Payne, além do potencial agrícola da região, um dos fatores que tem con− tribuído para o crescimento da usina é a agilidade na gestão administrativa.

“De uma sociedade que tem apoiado amplamente a Destilaria, com supor− te financeiro e de gestão, e que no fi− nal gera bons resultados”, afirmou. “Quando começamos, há 11 anos atrás, tínhamos um projeto bem me− nor (cerca de 300 mil toneladas) e que veio evoluindo. Deveremos alcançar a

capacidade industrial da planta neste ano, que era de 1,5 milhão e agora vai para 2.0 milhões. Payne afirma que a gestão da companhia é baseada na ótica de pro− dução de cana−de−açúcar, com bons resultados devido ao grande potencial agrícola da região, o resultado agrícola


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Janeiro 2021

é fato determinante para saber se a empresa vai ter sucesso ou não. “Nós temos um alvo de 14 toneladas de açúcar por hectare e esse é nosso ho− rizonte”, ressalta. Segundo ainda o diretor, a região de atuação da usina, no noroeste mi− neiro, principalmente o Vale Paracatu, conta com boa temperatura, alta lu− minosidade, topografia plana, solos ar− gilosos e boa fertilidade. “Mas temos um período que é seco, muito defini− do e que todo ano a gente tem, por isso é que já estamos preparados para isso com nossa irrigação. E aí quando chove, nós temos os barramentos ar− tificiais que enchem na época da chu− va e a gente utiliza na época da seca. Não chegamos a fazer uma irrigação plena, mas sim um complemento da necessidade hídrica”, explica. Payne comentou “Vamos evoluir em cima do sequeiro, entendemos que o pivô tem maior produtividade mas também altos custos, utilizando varie− dades melhor adaptadas, torta de filtro plantada no sulco, e com uma boa ir− rigação de salvamento o sequeiro tem boa viabilidade econômica. E nós pre− tendemos evoluir na produtividade, principalmente dos sequeiros, até por− que é nossa maior parcela”, justificou. “Nós já fechamos esse ano com 99 toneladas de cana por hectare (TCH) e 13 toneladas de açúcar por hectare (TAH). Com foco muito grande na agrícola atingiremos 105 de TCH e 14 TAH, nessa evolução vamos com− plementando a indústria de acordo com aumento da cana”, disse. “Nosso objetivo é perpetuar a empresa financeiramente e economi− camente saudável, contribuindo posi− tivamente para nossos acionistas, inte− grantes e parceiros/vizinhos de agri− cultura que foram e serão sempre fundamentais nesse processo”, alegou. Segundo o diretor, apesar da in− dústria da companhia ser moderna e eficiente, não tem muita escala, o que deve ocorrer a partir de uma moagem

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Diretores da DVPA e representantes dos acionistas: Henrique Dias Cambraia (Família Dias), Tomas Payne e Thomas Otto Hueller (Família Vieira)"

acima de 2 milhões. “Nós temos uma maneira bem enxuta e simples na condução do negócio, que chamo ca− rinhosamente de sistema “fazendão”, contou. Além do baixo custo, ele disse que são também muito ágeis. “Se a ideia é boa, no dia seguinte a gente está fa− zendo, não tem conversa. Somos em três diretores, o que dá muita agilida− de na boa condução do negócio. A gente se entende muito bem, tem uma boa sinergia e consegue tocar bem isso. Somos um “fazendão”, mas um “fazendão” que tem agricultura 4.0. Nosso plantio, a adubação e a pulverização são feitas com piloto automático, ou seja, com muita tec− nologia embarcada, e na indústria não é diferente, vem evoluindo cada vez mais”, comentou.

Tecnologia e mão de obra O Parque Industrial da DVPA es− tá instalado numa área de cerca de

38.000 m², na Fazenda Boa Esperan− ça. “A gente já é 4.0 na agrícola. Ago− ra vamos ser também na indústria com a aquisição da plataforma S−PAA, que vai nos ajudar bastante na gestão de ajuste fino e no timing de resposta. Aqui é assim eu apresento o projeto de manhã e se for bom a tarde a gente já está fazendo”, assegura Payne. De acordo com ele, é preciso evo− luir também em produtividade. “Fe− chamos agora uma safra de 770 tone− ladas por máquina dia, é um bom ín− dice, mas ainda temos muito e evoluir. Para isso, precisamos ter as informações como ferramenta de gestão, ou seja, não adianta só registrar os dados, é preciso ter gestão sobre esses dados”, disse. Com cerca de 900 integrantes, a usina conta com 11% do seu quadro formado por mulheres e segundo Payne, deve continuar investindo na formação técnica e ampliação da par− ticipação feminina no quadro de in− tegrantes. “Acho que o trabalho feminino é diferenciado. Ele traz mais respeito

dentro do ambiente de trabalho, mais equilíbrio e elas são mais detalhistas.” elucidou.

sustentabilidade Para Thomas Payne, o setor su− croenergético vem passando por uma grande transformação. “A primeira vez que ouvi falar em RenovaBio, pensei vem aí mais uma certificação só para impedir produção, impedir exportação, como tantas que a gente vê nesse país afora. Mas o Renova− Bio foi um negócio extremamente bem−feito com a inclusão das nego− ciações na B3, disse. “Você pega um setor, que na pri− meira e segunda décadas era conheci− do pelos “coronéis de engenho”, e depois do ano 2.000 passou a ser vis− to como empresas que vendem pres− tação de serviço ambiental. Então é aquela coisa, eu vou dormir pensando assim: hoje eu contribuí para o meio ambiente. Não tem coisa mais impac− tante e agradável nesse mundo”, fina− liza Payne.


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USINAS

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Cocal lançará no segundo semestre projeto pioneiro no mundo de energia limpa Companhia realizou, recentemente, culto para comemorar o encerramento da safra Com investimento de R$ 150 mi− lhões e obras que duraram 20 meses, a planta de Narandiba −SP realizou no dia 3 de janeiro sua primeira entrega de biometano. Já a rede isolada de ga− soduto, projeto pioneiro para abaste− cer a região de Presidente Prudente − SP, tem início das atividades previsto para o segundo semestre de 2022 A Cocal vem se destacando no se− tor sucroenergético brasileiro com projetos que buscam fontes energéti− cas limpas, inovadoras e, ao mesmo tempo, viáveis financeiramente. A planta de biogás de Narandiba, uma parceria entre a Cocal e a empresa de tecnologia Geo Biogás & Tech, come− çou suas atividades em outubro de 2021 e fez sua estreia no dia 3 de ja− neiro de 2022 com a primeira entrega via carreta de biometano, para a em− presa de nutrição animal YesSinergy. Cada carreta da Cocal tem capaci− dade de levar até 7 mil m³ de biome− tano cada. O biometano é uma alter− nativa sustentável para o diesel e GNV em veículos, além da possibilidade de substituir o gás liquefeito de petróleo e gás natural em residências e indústrias. “Sempre acreditamos no potencial da cana−de−açúcar, é o nosso petró− leo verde. Nosso biogás veio dessa crença e é produzido a partir de resí− duos do processo de moagem da cana: da biodigestão da vinhaça e torta de filtro. Na próxima safra, teremos 53% da nossa produção total de biogás pu− rificada para produção de biometano e o restante (47%) para geração de energia elétrica”, afirma o diretor co− mercial e novos produtos da Cocal, André Gustavo Alves da Silva. Além de representar uma solução ambiental para os negócios – os resí− duos agroindustriais se transformam em combustível limpo e energia elé− trica − a planta de biogás em Naran− diba também possui um projeto pio− neiro no mundo de rede isolada de gasoduto em parceria com a GasBra− siliano, concessionária responsável pela distribuição de gás natural canalizado no oeste paulista. “Uma rede isolada de gasoduto significa que não está conectada ao gasoduto da malha de transporte. É

um mecanismo utilizado quando não há viabilidade econômica e técnica para conectar determinada região nesta malha de transporte. O proje− to com a GasBrasiliano será a pri− meira rede isolada do mundo ali− mentada diretamente da unidade Cocal em Narandiba com biometa− no para uso residencial, comercial e industrial na região de Presidente Prudente”, explica André. A previsão do início da distribui− ção do biometano através da rede iso− lada de gasoduto é a partir do segun− do semestre de 2022. E para a safra 2022 / 2023, o faturamento previsto pela Cocal gira em torno de R$ 2,5 bilhões com produção de açúcar, eta− nol, biometano, energia elétrica, CO2 e levedura.

Encerramento da safra Com participações presencial e online as usinas do Grupo Cocal ce− lebraram um culto para marcar o en−

cerramento das atividades de mais um ano com muitas conquistas, mesmo diante dos desafios e da pandemia. Pela primeira vez o evento ocorreu no for− mato híbrido: presencial e online, e reuniu cerca de mil pessoas entre co− laboradores e seus familiares na unida− de de Paraguaçu Paulista − SP, seguin− do todos os protocolos de segurança e saúde, e através das redes sociais. A celebração contou com a par− ticipação dos pastores Rodney Bette− to e Fábio Ramos, e a apresentação da Banda Cocal, composta pelos colabo− radores. Na abertura, o diretor supe− rintendente da Cocal, Paulo Zanetti, fez uma breve retrospectiva das difi− culdades enfrentadas ao longo da safra como seca, geadas, incêndios, afasta− mento de colaboradores pela covid− 19 e insegurança econômica do país; e destacou que, ainda assim, a empresa teve grandes feitos como alguns cita− dos por ele: Recorde de dias sem acidentes

com afastamentos nas duas unidades; 100% de adesão dos 5.200 colabora− dores na campanha de vacinação con− tra o coronavírus; colheita de 100% da área destinada, conclusão de 100% da meta de plantio, e tratamento de toda lavoura; expansão da vinhaça localiza− da em Paraguaçu Paulista, permitindo utilização de matéria orgânica em substituição de adubos minerais em 95% das áreas; que está previsto para ocorrer em Narandiba no próximo ano e criação de novas plantas indus− triais para agregar valor ao negócio e gerar empregos: levedura seca, biogás para produção de biometano e ener− gia elétrica, e CO2. “Agradecemos por termos chega− do até aqui, é motivo de comemoração mais uma safra, mais um ano e seus re− sultados […]. Gostaria de agradecer a toda a família Cocal, aos colaboradores, independente de onde estão ou o que fazem, todos são importantes. Somos uma família, somos uma engrenagem movimentando para um rumo só, mo− vimentando para o progresso, para o desenvolvimento, para melhora da vi− da das pessoas na nossa empresa, em toda nossa região e para o nosso país”, concluiu o superintendente. No encerramento o acionista da Cocal, Ubiratan Garms, destacou a importância da unidade na obtenção dos bons resultados. “O nosso propó− sito está refeito este ano com a Essên− cia da empresa, onde declaramos a existência de Deus naquelas palavras, o que meu pai vinha firmado com a minha mãe e nós estamos tentando viver em unidade. Esta importância da unidade é o que faz a empresa cum− prir os propósitos de Deus. Queria agradecer a cada um de vocês, que fa− zem parte da família Cocal, por mais um ano”, finaliza.


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Cana própria assegura crescimento da produção das usinas do Grupo EQM Cucaú e Utinga Na safra que encerra agora em fevereiro as usinas devem moer juntas 2,350 milhões de toneladas de cana Para o presidente do Grupo EQM, Eduardo de Queiroz Montei− ro, que engloba as Usinas Cucaú, Rio Formoso − PE, e a Usina Utinga, em Rio Largo − AL, o aumento do plan− tio de cana própria foi determinante para o aumento da produção das usi− nas, cuja safra se encerra no próximo mês de fevereiro. “Ao contrário da região Centro− Sul, que sofreu uma severa crise hídri− ca, tivemos uma safra generosa de chuvas e precipitações. Nossa safra termina agora em fevereiro, devemos moer na Utinga 1.100 milhão, e em Cucaú 1.250 milhão de toneladas. Um crescimento considerável em relação à safra passada, quando as usinas moe− ram 720 mil e 1 milhão respectiva− mente. Para chegarmos a esses núme− ros, o plantio de cana própria foi fun− damental. Na Cucaú, no ano passado tivemos 50% de cana própria e 50% de fornecedor. Esse ano vamos processar 750 mil toneladas de cana própria e 500 mil de fornecedor, totalizando 1.250 milhão”, explica Monteiro. Otimista, o empresário já projeta os números para a próxima safra. “Es− tamos mais animados, este ano, fize− mos um trato cultural, fizemos um bom plantio de inverno e acredito que com as chuvas regulares deveremos ter uma elevação da safra no Nordeste. A expectativa é que a Usina Cucaú pro− cesse 1.400 milhão e Utinga entre 1.200 e 1.300 milhão”, informa.

A frente de usinas centenárias, a Cucaú completou 130 anos, em feve− reiro do ano passado, e a Utinga 127 anos em agosto, Monteiro relembra que o grupo vem passando por um amplo trabalho de recuperação.“Como todo o setor, passamos por dificuldades nos anos 90 até 2010/2011. Em 2013 tivemos que enfrentar um processo de recupe− ração judicial, que já está praticamente concluído. E agora estamos num pro− cesso de retomar a lavoura, retomar a sa− fra própria, modernização do parque industrial, e investir muito em logística. Já contamos com RenovaBio nas duas usinas e devemos continuar mantendo uma safra açucareira”, estima Monteiro. “O Centro−Sul sofreu uma que− bra expressiva, o Nordeste acabou capturando esses preços, porque temos uma vocação inequívoca para expor− tação, até pelas proximidades dos por− tos. Estamos animados e esperamos que os preços permaneçam nesse pa− tamar, embora os custos tenham su−

bido fortemente”, avalia o empresário. Com relação à possibilidade da venda direta aos postos de combustí− veis, Eduardo Queiroz achou uma medida saudável. “Foi uma vitória de uma luta de muito tempo. Isso não vai prescindir das distribuidoras, que con− tinuarão tendo um papel importante, pois os volumes são muito elevados. Vai ser útil para aqueles postos que es− tão próximos das plantas industriais, para o álcool não viajar muito”.

130 anos de atividade Em setembro do ano passado, o Grupo EQM promoveu um evento para celebrar os 130 anos de atividade da Usina Cucaú. Na solenidade, que reuniu representantes do setor políti− co, empresarial e jurídico, a usina co− memorou os anos de tanto trabalho e empenho pelo fortalecimento do se− tor sucroenergético. “O coração de Cucaú é grande, todas as referências aqui guardam uma

relação com a usina. Cucaú está em um ponto generoso, uma boa topo− grafia, mas nada é mais importante que a força de trabalho. Esse senti− mento de pertencimento foi quem nos trouxe até aqui”, enfatizou Eduardo Monteiro. O governador de Pernambuco, Paulo Câmara, também presente no evento, destacou o desenvolvimento econômico que é promovido pela Cucaú. “A Cucaú se adaptou aos no− vos tempos, ajudou a desenvolver a Mata Sul e região, gerando emprego e renda”, afirmou. Ainda na solenidade, duas placas foram inauguradas na usina. Uma em homenagem aos 130 anos e outra em homenagem ao centenário já com− pletado. Para Renato Cunha, presidente do Sindaçúcar−PE e vice−presidente da Fiepe, a Usina Cucaú nesses 130 anos retrata em sua trajetória, um verdadei− ro símbolo de empresa obstinada pe− lo empreendedorismo, sendo deten− tora, desde sempre, de imensa capaci− dade de resiliência. “O seu presidente, Eduardo de Queiroz Monteiro, é um incomum articulador que faz a dife− rença nessa significativa longevidade de 130 anos”, disse. Plinio Nastari, presidente da DA− TAGRO e do Instituto Brasileiro de Bioenergia e Bioeconomia, disse que "a Cucaú é um exemplo de resiliência não só pelos 130 anos de operação, mas pelos momentos marcantes que ela teve que superar na sua existência”. O reconhecimento ao empresário também foi feito durante a cerimônia de premiação do MasterCana Brasil, realizado na capital paulista, recente− mente. Eduardo Monteiro foi consi− derado um dos mais influentes do se− tor sucroenergético.


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USINAS

Janeiro 2022

Após ano desafiador BP Bunge prevê safra 22/23 como de recuperação segundo o CEo da empresa, Geovane Consul, a expectativa é de uma recuperação de pelo menos 10% no volume de cana A BP Bunge encerra o ano com uma moagem de 24 milhões de tone− ladas de cana e planeja recorde de in− vestimento para a próxima safra. Para o CEO da empresa, Geovane Consul, essa foi uma safra de supera− ção. “Tivemos um ano bem difícil, em que enfrentamos a pandemia, que se estendeu por muito tempo, e o segun− do ano de seca consecutiva para o nosso setor, um ano muito desafiador. A equipe toda está de parabéns, pois fomos capazes de entregar um resulta− do acima do esperado pelos nossos acionistas num ano tão difícil”, afirmou o executivo em entrevista exclusiva ao JornalCana durante a entrega do Prê− mio MasterCana Brasil 2021. Consul foi um dos premiados como um dos mais influentes do setor neste ano. “A nossa região mais afetada fica em São Paulo, Goiás não foi tanto afetada, Minas foi um pouco, em Ma− to Grosso do Sul foi normal, mais ti− vemos a geada, uma das maiores da história. Mas mesmo diante de todas

essas dificuldades terminamos bem”, avaliou o CEO da BP Bunge. Com relação à próxima tempora− da, Consul informou que a empresa está fazendo um investimento recor− de. “Não iremos conseguir retomar aquela safra do Centro Sul do Brasil de 600 milhões, mas esperamos uma recuperação de pelo menos 10% no volume de cana para o ano vem, se esse tempo que agora está mais favo− rável se preservar.”

Homenageando os fornecedores A companhia, com o intuito de dar apoio e estimular a formação de parcerias sólidas, criou o Programa de Fornecedores que, como parte de suas

atividades, promove anualmente o Prêmio Melhores Fornecedores. Em 2021, em evento realizado re− centemente, a empresa avaliou 12 ca− tegorias, considerando todas as suas 11 unidades agroindustriais, com 473 fornecedores nas áreas de Serviços e Materiais e 100 colaboradores BP Bunge envolvidos. O “Melhor Fornecedor do Ano” foi Irmãos Boldrin Logística, que também conquistou o prêmio na ca− tegoria “Segurança do Trabalho”. Em “Ciclo de gestão, gestor do contrato e representante da atividade”, os gesto− res vencedores foram os gerentes An− dré Rocha, da área Agrícola (unidade Moema – SP), e Gabriel Portocarre− ro, da área Industrial (unidade Frutal –

MG); já entre os representantes o prê− mio foi entregue a Marcelo Pinheiro e Sérgio Correa, da Agrícola (unidade Santa Juliana – MG), e Gláucia Mas− suia, da Indústria (unidade Guariroba – SP). Na divisão de Materiais os esco− lhidos foram MaqCampo, categoria “Automotivos Entressafra”; Ubyfol, “Insumos Agrícolas”; Química Real, “Insumos Industriais”; e Durão Ro− lamentos, “Materiais Industriais”. A divisão de Serviços reconheceu os parceiros Real Locações, na cate− goria “Indústria Entressafra”; Comba− te Aviação, “Agrícola Safra”; Rodes Engenharia, “Transporte de cana sa− fra”; Sapore, “Administrativa safra”; além da GL Transporte, “Industriais”.

Usina São Manoel promove programa de preservação da fauna o programa “bicho vivo” já catalogou 12 espécies de animais Atendendo aos Objetivos de De− senvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 da ONU (Organização das Nações Unidas) a Usina São Ma− noel promove em suas áreas de atua− ção o programa “Bicho Vivo”, que vi− sa a preservação da fauna. Através do programa a usina faz o monitoramento da fauna em suas áreas de influência direta, contribuindo as−

sim para a preservação das espécies de animais locais. Desde o lançamento do progra− ma, já foram avistados e cataloga− dos, com a ajuda dos funcionários e colaboradores da usina, 12 espécies de animais. A Usina já recebeu em suas áreas de soltura, 7 animais, en− tre eles, porco−espinho, tatu−gali− nha, teiú, gamba−de−orelha− branca e jiboia. O Programa Bicho Vivo é uma iniciativa da Usina São Manoel, via− bilizada em parceria com a Polícia Militar Ambiental e Prefeitura de São Manuel.


USINAS

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Usina Santa Maria ajuda vítimas de enchentes na Bahia Além da doação de alimentos a usina disponibilizou caminhões, barcos e equipamentos para serviços de limpeza e transporte A enchente do Rio Alcobaça causou sérios danos a cidade de Me− deiros Neto (BA), com grande parte da cidade totalmente inundada, com muitos desabrigados, destruição de moradias e lojas comerciais, em de− zembro passado. De acordo com a Superintendência de Proteção e De− fesa Civil da Bahia (Sudec), mais de 18 mil pessoas desalojados e quase se− te mil ficaram desabrigados em fun− ção das chuvas, ainda foram registra− dos mortos e feridos. O total de pes− soas afetadas pelas enchentes ultrapas− sou 230 mil. Nesta catástrofe, diante da propor− ção dos estragos provocados, a Usina

Santa Maria, que já desenvolve diver− sas ações sociais na região, ampliou sua atuação, em parceria com as autorida− des estaduais e municipais, bem como, o Consórcio de prefeitos, (Construir), em especial à prefeitura de Medeiros Neto, na reconstrução das estradas e casas dos desabrigados. Além do socorro às vítimas, foram tomadas a companhia disponibilizou às prefeituras de caminhões Munck,

caminhões basculantes, caminhões carroceria aberta, barcos; ambulância, Pick Up, Pá carregadeira, Motocana, ajudando a população, de forma dire− ta, no transporte pessoal e de suas mudanças. A usina também disponibilizou barco, colaborando na ronda policial e bombeiros, assim como, doação e transporte de areia para as estradas, remoção de lixo e entulhos, distri−

buição de alimentos e donativos, tra− vessia de pessoas entre os bairros ala− gados, limpeza das ruas e casas, de− sobstrução da estrada que liga Laje− dão e Itupeva. “Realizamos, também, a doação de cestas básicas diretamente à popu− lação afetada, assim como, ao consór− cio Construir, além da liberação de funcionários para a limpeza da cidade, abastecimento de viaturas, ambulân− cias, veículos das paróquias e defesa civil. Além de Medeiros Neto, apoia− mos a distribuição de alimentos e água potável nas cidades de Itamaraju, Ju− curuçu, Itanhém, Prado, também for− temente afetadas pelas chuvas”, disse Luiz Queiroga, presidente do Grupo São Luís, que administra as Usinas Santa Cruz, em Santa Cruz Cabrália (BA), e Santa Maria, em Medeiros Neto (BA). O empresário comentou ainda que “dessa forma, temos cumprido nossa função social, contribuindo in− tensamente para o restabelecimento da normalidade das populações afetadas, buscando amenizar o sofrimento dos atingidos”, concluiu.


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INDUSTRIAL

Janeiro 2022

Diana Bioenergia doa cestas básicas em iniciativa a Natal sem Fome Famílias de comunidades da cidade de são domingos, na bahia, receberam as doações Além dos impactos financeiros e sociais gerados pela pandemia, muitas famílias estão enfrentando uma bata− lha diária contra a fome. Diante dessa realidade, a Diana Bioenergia se mo− bilizou juntamente com outras 15 empresas, para doar alimentos às famí− lias que estão precisando de ajuda. Foram distribuídas várias cestas básicas para as famílias em São Do− mingos, na Bahia. As doações saíram do estado de São Paulo em um cami− nhão baú que foi conduzido pelo res− ponsável da ação social, Fernando Barbosa de Oliveira Junior. Fernando morava na cidade de São Domingos e conhece a realidade do local. De acordo com ele, a região é muito carente e precisa de ajuda, por

esse motivo todos os anos ele mobiliza várias empresas para arrecadar doações. “O problema da região no sertão é a falta de chuva, a falta de oportu− nidades, esses são os motivos que fa− zem uma grande parte das pessoas migrarem para grandes centros ou pa− ra locais onde o agro dá oportunida−

de de uma vida melhor, uma vida mais digna seja em usinas canavieiras ou onde a soja predomina. Outras tantas pessoas não têm essa chance de tentar a vida em outros lugares por viários motivos, por isso faço essa campanha, para ajudar essas famílias necessitadas que não são poucas. Agradeço imen−

samente a Usina Diana que foi nesse ano de 2021 a maior colaboradora entre outras empresas. Orgulho imen− so de através da parceria com Pedro Augusto Neto/Laerte, Pedro Augus− to/ Valdir, César Augusto, fazer parte deste time chamado Usina Diana”, disse Junior.

Natal solidário do Grupo Baldin arrecada meia tonelada de alimentos As doações foram entregues ao lar são vicente de Paula de Pirassununga A Campanha “Natal Solidário” promovida pelo Grupo Baldin Bio− energia, com sede em Pirassununga – SP, arrecadou cerca de meia tonelada de alimentos não perecíveis. As doa− ções foram feitas pelos próprios cola− boradores do Grupo. Preocupado com o bem−estar so− cial, o Grupo Baldin Bioenergia rea−

liza campanhas internas em prol a en− tidades filantrópicas que necessitam de ajuda. Para o Natal de 2021 a entida− de escolhida foi o Lar São Vicente de Paula de Pirassununga. As doações fo−

ram recepcionadas pelos dirigentes da entidade, Maria Aparecida Magro Xa− vier e Francisco Carlos Madrid Fer− nandes, e a coordenadora Administra− tiva Corina Domingas da Costa Gar−

cia dos Reis. A entrega foi feita por Fernando Baldin, Nivaldo Ferreira, Marcelino Maganha, Silvia G. Baptista e Givan− dro Oliveira, representando todos os colaboradores/doadores do Grupo Baldin Bioenergia. Instalado na cidade de Pirassu− nunga – SP, o grupo, que completou 65 anos em agosto do ano passado, contribui para o desenvolvimento da região, gerando em torno de 1.000 empregos diretos e mais de 300 indi− retos. A usina, que atravessa um pe− ríodo de recuperação judicial, já está finalizando processo para a certifica− ção no RenovaBio.


INDUSTRIAL

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Tecnologia aplicada na colheita mecanizada amplia eficiência das colhedoras de cana Produtor afirma que com programa Clean Cut consegue entregar uma cana mais limpa

O produtor de cana−de−açúcar, José Marcos Borges, conseguiu no quesito qualidade e limpeza, ficar em primeiro lugar dos fornecedores do grupo Raizen. Esta posição foi possí− vel por ter implantado em suas colhe− doras de cana, o programa Clean Cut da HRC Metalização. Marcos, atribui à eficiência do sis− tema, um dos principais fatores para garantir a sua adesão. Após a aplicação do sistema, que consiste num conjun− to de discos, rolos, e assoalhos que modificados permitem a colhedora trabalhar melhor. “A máquina ficou bem mais eficiente, e nos permitiu ter essa média de limpeza”, afirma o pro− dutor, lembrando que “nós produto− res de cana, vendemos para a usina o ATR, então quanto mais limpa a cana eu enviar, mais ATR eu tenho e me− lhora minha pureza de caldo tam− bém”, disse. A entrega de uma cana mais lim− pa também acaba se convertendo em dividendos para o produtor. “Nós ga− nhamos um “Plus” da usina pela pu− reza do caldo devido a nossa cana es− tar limpa e bem tratada, este valor chegou a R$12,00 por tonelada. For− necemos para a usina 180.000 tone− ladas por ano. Considerando toda a produção recebendo este “plus”, tere− mos um ganho de R$2.160.000,00 extra na safra, um valor muito impor− tante para nós”, considera o produtor. Borges também destacou outros

importantes ganhos, desde que pas− sou a utilizar o programa. “Conse− guimos melhorar muito a qualidade de nosso corte de base, e economi− zamos bastante diesel também. A for− ma de trabalhar não mudou, mas

Jairo Luís Rubem

melhoramos a operação em todos os sentidos. A máquina colhe mais sua− ve, não força o sistema hidráulico, consome menos facas corte de base e facão picador”, explica. Para o produtor todo o sistema é

muito inovador, com destaque para os Discos Locker. “Eles permitiram um corte perfeito do canavial e as trocas de facas ficaram rápidas e se− guras”, disse. O Clean Cut, programa de desen− volvimento de performance da co− lheita mecanizada, desenvolvido pela HRC Metalização, tem como objeti− vo melhorar a desempenho das co− lhedoras de cana de açúcar. Segundo Jairo Luís Rubem, gerente Operacio− nal do Programa, o grande desafio foi criar peças inovadoras que proporcio− nassem um novo desempenho com resultados confiáveis. “Resultados como o do produtor José Marcos Borges se consolidam em outros usuários do sistema. Em Pitan− gueiras, em um fornecedor do Gru− po Tereos, também foi possível me− lhorar muito sua limpeza e qualidade de corte de seu canavial. A contribui− ção do programa para resultados che− gou a tal nível que se consolidou uma redução de consumo de diesel de 5 li− tros por hora”, informa Jairo Rubem.

José Marcos Borges


Para produtor colhedora CH950 assegura maior produtividade no canavial Em maio de 2020, luciano segura foi um dos pioneiros na utilização da CH950 JOACIR GONÇALVES COM COLABORAÇÃO DE JOSIAS MESSIAS “Uma virada de chave para o nosso negócio”. É desta forma que o fornecedor de cana, Luciano Segura, define a importância da máquina CH950 para a manutenção da sua produtividade. Com um canavial de 1.600 hectares e uma prestação de serviços equivalente a 700 mil tone− ladas de cana, ele conta com uma frota de 10 colhedoras, sendo 5 CH950; 5 CH570; mais 16 tratores de transbordo. A relação de Luciano com a tradi− cional marca fabricante de máquinas e equipamentos agrícolas, John Deere, data de 1998, quando o produtor, na época dedicado ao cultivo de algodão, tinha uma colhedora desta fibra, utili− zada na confecção de tecidos. “Fui o primeiro produtor rural a adquirir um trator John Deere, aqui na região de São José do Rio Preto”, se recorda Se− gura, lembrando que naquela época já contava com 5 colhedoras da marca, que haviam sido importadas dos Esta− dos Unidos (EUA). “Foi daí que pas− samos a admirar e gostar da qualidade John Deere”, disse. Agora dedicado ao setor bioener− gético, Luciano Segura encara os de− safios da produção da cana−de− açúcar. “Nesse segmento o maior de− safio sem dúvida, são as condições cli− máticas. Nos últimos dois anos, nós da região de Votuporanga, passamos por uma dificuldade muito grande”, se re− ferindo a crise hídrica dos dois últi− mos períodos, que provocou quebra na produção. “O canavial tinha uma produção média de 80 toneladas por hectare. E nessa fase passamos a produzir entre 45 e 50 toneladas. Mas aí veio a colhedo− ra de duas linhas CH 950, que chegou no momento certo, porque com ela passamos a ter uma produtividade al− ta. É a única ferramenta que eu en− xergo, com a qual a gente consegue sobreviver no setor de prestação de serviço: a CH950”, destaca. Antes da primeira aquisição, o produtor trabalhava com colhedoras de uma linha, a 3520 e a CH570.

“Mas a diferença em relação a CH950 é muito grande, seja na eco− nomia de funcionário, de diesel por tonelada, no pisoteio, ela encaixa perfeita nas duas linhas (espaçamen− to normal de 1,50m)”.

Pioneiro na utilização Em 2020 o produtor foi um dos pioneiros na adoção da CH950. “Eu recebi um convite da concessionária da fábrica para usar uma 950 para aju− dar a desenvolver os trabalhos. Essa máquina foi lançada na Agrishow em 2019, com projeto para ser comercia− lizada em 2020. Mas em virtude da pandemia, naquele ano nem a Agris− how existiu. Então, a John Deere es− colheu 5 produtores no Brasil, e eu fui

um deles, para desenvolver esse traba− lho, para identificar possíveis melho− rias. Recebi essa máquina em maio de 2020 e ela apresentou excelente de− sempenho e resultado. Em 2021 co− meçou a ser comercializada”, recorda Luciano. “Então eu acabei comprando essa máquina que estava em teste, e hoje já estou com 5 CH950. No futuro pre− tendo ter uma frota com 100% de CH950. Pretendo trocar todas as co− lhedoras de uma linha por de duas li− nhas”, informa Segura. Com relação às melhorias que ajudaram a implementar no período de experimento, Luciano assegura que foram poucas. “Foi pouca coisa, no rolo de alimentação, que sofreu um

reajuste e nos discos de corte de base, que também fizemos um ajuste. Nos demais componentes nada havia a ser feito. É uma máquina potente, e as melhorias sugeridas foram bem pe− quenas e a fábrica acabou adotando como padrão”, afirmou. De acordo com o produtor, a CH950 permitiu uma melhoria na rentabilidade que garantiu a sustenta− bilidade do negócio.“Ela veio para so− mar num momento de crise, devido à baixa produtividade. Para mim, quem está nessa atividade, consegue sobrevi− ver com uma máquina com essa tec− nologia. Eu recomendo e indico. Pela produtividade, desempenho e baixo custo. Uma virada de chave para o nosso negócio”, finaliza Segura.



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AGRICOLA

Janeiro 2022

Pesquisa desenvolve mudas de cana treinadas para enfrentar a seca A ideia é que essas plantas sejam, inclusive, capazes de repassar a “memória” da seca para as novas gerações Estudo realizado pela Universida− de Estadual de Campinas (Unicamp), com financiamento do Programa de Pesquisa em Bioenergia da FAPESP (BIOEN) e apoio do Instituto Max Planck (Alemanha), pretende avaliar a capacidade de plantas, a exemplo da cana−de−açúcar, se adaptarem a perío− dos mais longos de secas. A iniciativa se desenvolve no cenário climático atual, de estiagens mais frequentes e intensas. Coordenado pelo agrônomo espe− cialista em fisiologia vegetal e professor do Departamento de Biologia Vegetal da Unicamp, Rafael Vasconcelos Ri− beiro, o estudo Bases moleculares da

memória à seca, desenvolve uma me− todologia para tornar as mudas pré− brotadas mais tolerantes à escassez hí− drica. “Realizamos duas rodadas de testes em laboratório, com diversas varieda− des de canas desenvolvidas pelo Insti− tuto Agronômico (IAC), em Campinas, e os resultados são muito animadores”, garante Ribeiro. Segundo o professor, tanto a cana pré−brotada submetida a um processo controlado de estresse hí− drico, quanto as mudas originadas de plantas estressadas, apresentaram boas respostas de tolerância à estiagem.Ve− rificou−se uma rápida recuperação da fotossíntese logo depois de encerrado o período de insuficiência de água, além de maior crescimento da planta. Submeter a cana pré−brotada ao estresse hídrico como forma de prepa− rá−la para futuros períodos de estiagem no campo vai na contramão das boas práticas no campo. “Isso é meio con− tra−intuitivo, não parece lógico”, ad− mite o pesquisador. “Mas testes em la− boratório têm indicado justamente o

oposto: temos de fazê−las experimen− tar o estresse hídrico ainda no viveiro”, explica o especialista em fisiologia e bioquímica vegetal. As plantas foram submetidas a dois períodos de estresse hídrico consecu− tivos, intercalados por um período de recuperação da hidratação. “Ao passar por dois ciclos de desidratação e rei− dratação, a cana pré−brotada desenvol− ve várias estratégicas e reações fisioló− gicas para manter o seu metabolismo sob restrição hídrica. Ela preserva a água, mas consegue manter um bom nível de fotossíntese que garante o seu crescimento”, explica Ribeiro. No caso das plantas submetidas ao estresse e que geraram mudas, o estudo sugere que a capacidade de acessar uma “memória” de seca demonstra que a alteração fisiológica e metabólica é mantida. “As raízes dessas mudas são maiores e mais profundas, indicando maior capacidade de extrair água e nu− trientes do solo. No caso da cana, po− deríamos dizer que mães estressadas geram filhas tolerantes”, brinca.

“Memória”

Segundo o agrônomo, a caracterís− tica de gerar mudas mais tolerantes à seca cria a possibilidade de se utilizar variedades de canas que já enfrentam estresse hídrico em regiões do país que são mais secas e destiná−las à produção de mudas para uso na região Centro− Sul do país. Ribeiro aponta que há uma certa dificuldade por parte da comunidade científica em aceitar que uma planta possa ter ‘memória’, já que não possui cérebro. “Chamamos de ‘memória’ a capacidade da planta em passar por um evento estressante, ser sensibilizada, ar− mazenar informações e acessar essas informações quando o evento se repe− te”, explica. O desafio agora é encontrar um marcador químico ou metabólico des− sa ‘memória’, além de compreender o que ocorre em termos de expressão gênica. “Se localizarmos esse marcador, ele poderia ser utilizado também em outras culturas com características si− milares”, complementa.


AGRICOLA

Janeiro 2021

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IAC lança boletim sobre os fundamentos da aplicação de herbicidas em cana-de-açúcar o acesso à publicação é on-line e gratuito O Instituto Agronômico (IAC), da Secretaria de Agricultura e Abasteci− mento do Estado de São Paulo, lançou o Boletim Técnico IAC 229 − Fun− damentos para Aplicação de Herbici− das em Cana−de−Açúcar, em 7 de dezembro de 2021. A publicação foi elaborada para auxiliar canavicultores e técnicos na escolha dos herbicidas a serem aplicados nos canaviais. O bo− letim on−line e gratuito e pode ser baixado clicando aqui. A obra reúne informações sobre a flora daninha e a construção de histó− ricos de infestação, a disponibilidade de água no solo de acordo com a época de aplicação dos herbicidas, a análise físico−química das moléculas ajustada à época da aplicação e o fun− damento da dose dos herbicidas de acordo com a textura do solo. “O boletim traz conhecimento para o profissional eleger o herbicida mais adequado ao momento da sua aplicação, o que possibilitará seletivi−

dade à cultura, além de melhor eficá− cia de controle e proteção ambiental”, afirma Carlos Alberto Mathias Azania, pesquisador do IAC. Além de Azania, colaboram na publicação os autores Andrea Padua Mathias Azania, Lucas Carvalho Ci− rilo e Antonio Luiz Cerdeira, todos colaboradores da equipe do Progra−

ma Cana/Matologia, da Agência Paulista de Tecnologia dos Agrone− gócios (APTA). Segundo os autores, dentro de pa− drões normais de clima e manejo do canavial, os fundamentos abordados constituem importante ferramenta de auxílio em relação ao posicionamen− to de herbicidas. “Por ser a agricultu−

ra uma atividade de risco, mesmo se− guindo todos os fundamentos técni− cos, as intempéries climáticas ou in− cêndios em canaviais podem ocorrer e comprometer o resultado esperado”, destaca o pesquisador do IAC. Azania, coordena o Curso on−line Posiciona− mento de Herbicida, iniciado em ja− neiro de 2021.


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AGRÍCOLA

Janeiro 2022

Usina Santa Terezinha lança seu fertilizante foliar USTFERT o composto já está sendo utilizado nos canaviais da usina A Usina Santa Terezinha infor− mou que lançou o seu fertilizante foliar USTFERT. O produto marca o início das atividades da nova fábrica de fertilizante foliar da usina, insta− lada na unidade de Tapejara, no Pa− raná, que passa a ter o domínio da produção de um composto com ca− pacidade, de garantir aos canaviais da usina Santa Terezinha: longevidade e eficiência agronômica. O fertilizante é um mix de ma− cro e micronutrientes em solução lí− quida para a aplicação nas folhas de cana de açúcar, com foco na corre− ção ou complementação na nutrição da lavoura. Todo o processo de planejamen− to foi conduzido pelo time da usina Santa Terezinha, que iniciou a im− plantação e a validação da tecnologia ao longo de duas safras. O processo envolveu profissionais da área agrícola com o suporte de técnicos contratados, professores universitários, que trabalharam no

desenvolvimento do produto, até chegar na fase de teste em campo, comprovando ser uma solução efi− ciente em nutrição. Nos laboratórios industriais próprios, foram desenvolvidos pro− dutos pilotos, até chegar a padrão de qualidade e segurança ideal para ser aplicado nas lavouras de cana de açúcar. As fontes nutricionais e quanti− dade de insumos passaram por ade− quações, a fim de se obter um pro− duto homogêneo que contivesse os nutrientes necessários para o desen− volvimento de diferentes variedades de cana de açúcar. Após as validações que asseguram a conformidade física e química do produto, a fábrica USTFERT foi instalada em Tapejara no Paraná, dentro da maior unidade produtiva da Usina Santa Terezinha. A fábrica já está em operação e conta com o padrão de procedimen− tos operacionais, alinhada a uma lo− gística integrada, que garante quali− dade e velocidade da entrega do produto para todas as unidades do grupo. Nos canaviais o produto é fa− cilmente aplicado, mantendo a for− ma homogénea e equilibrada.


AGRÍCOLA

Janeiro 2021

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Irrigação por gotejamento em cana-deaçúcar, muito além da produtividade Medida pode aumentar a longevidade do canavial, com novo conceito de perenização A irrigação teve origem junto ao desenvolvi− mento da agricultura e, desde sua criação, passou por várias evoluções. A primeira foi a por sulcos, onde a água dos rios era desviada até a plantação, evoluin− do para a aspersão, em 1947, com os primeiros pi− vôs e, mais recentemente, em 1960, a irrigação por gotejamento. Contudo, o insumo água nunca foi priorida− de no cultivo da cana, pois grande parte do pátio sucroenergético, exceto na região Nordeste, si− tua−se em regiões onde, em teoria, há baixo dé− ficit hídrico. Mas, a falta de áreas para produção e o aumen− to no consumo de etanol e açúcar, forçou setor a expandir para áreas com alto déficit hídrico e solos com baixa capacidade de armazenamento, forçando produtores e usinas a adotar a irrigação em, ao me− nos, parte da área. As últimas safras foram marcadas por estiagens, incêndios e geadas, levando a quedas de produtivi− dade na ordem de 15%. Mas algumas usinas, mesmo passando pelas mesmas intempéries, não apresenta− ram queda de produtividade; pelo contrário, tiveram

aumento, especialmente por serem áreas irrigadas. Dentre os métodos de irrigação, o que mais cresce em procura e adoção é o gotejamento, que além de altas produtividades, fornece benefícios como: Aumento da longevidade do canavial, com no− vo conceito de perenização. A exemplo de canaviais que na atual safra atingiram mais de 12 cortes sem necessidade de reforma;

Aumento no TAH, com a técnica de retirada gradual da água (drying off), o canavial irrigado mantém o mesmo padrão de ATR em uma área com maior TCH. E multiplicado o ATR por TCH leva a maior TAH; Verticalização da produção e aumento na co− geração de energia, diminuindo arrendamento, custos de CTT e produção (R$/ton). Com au− mento de produtividade e biomassa, o hectare ir− rigado consegue gerar mais energia que uma área não irrigada. Obteve também redução de custos de arrenda− mento, pois uma área irrigada pode suprir a indús− tria com matéria−prima, sem necessidade de adqui− rir áreas, com menores custos de produção, pois co− mo insumos são calculados em kg ou litros por hec− tare: se produzir mais por hectare, os custos caem. Além disso, o gotejamento – devido a maior produção de etanol por hectare e a redução de in− sumos para produzir uma tonelada de cana – pode melhorar a pontuação no RenovaBio, questão tão importante na sustentabilidade prometida pelo go− verno brasileiro na COP−26. A nova safra está aí e, com dificuldades que po− dem ocorrer, por que não assegurar benefícios em seu canavial que vão muito além da produtividade? Daniel Pedroso, Especialista Agronômico da Netafim Brasil


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AGRÍCOLA

Janeiro 2022

Embrapa desenvolve primeira cana editada não-transgênica do mundo variedade denominada Cana Flex II aumenta a eficiência na produção de bioetanol As canas Flex respondem a desa− fios do setor e facilitam a fabricação de etanol (de primeira e segunda geração) e a extração de outros bioprodutos (Divulgação Embrapa) Cientistas da Embrapa Agroener− gia (DF) desenvolveram as primeiras canas editadas consideradas não− transgênicas do mundo (DNA−Free). São as variedades Cana Flex I e a Ca− na Flex II, que apresentam, respecti− vamente, maior digestibilidade da pa− rede celular e maior concentração de sacarose nos tecidos vegetais. A Cana Flex I é fruto do silencia− mento do gene responsável pela rigi− dez da parede celular da planta. Essa estrutura foi modificada e apresentou maior “digestibilidade”, ou seja, maior acesso ao ataque de enzimas durante a etapa da hidrólise enzimática, proces− so químico que extrai os compostos da biomassa vegetal. Já a segunda variedade foi gerada por meio do silenciamento de um ge− ne nos tecidos da planta, o que oca− sionou um incremento considerável na produção de sacarose nos colmos da planta modelo, a Setaria viridis. “Uma vez identificada essa carac− terística de acúmulo de açúcar na planta−modelo, transferimos esse co− nhecimento para a cultura da cana− de−açúcar, alvo das nossas pesquisas. Novamente foi observado um incre− mento da ordem de 15% de sacarose no colmo da cana, bem como o au− mento de outros açúcares como gli− cose e frutose, também presentes na planta, tanto no caldo quanto no te− cido vegetal fresco”, explica o pesqui− sador da Embrapa Hugo Molinari. A equipe também observou in− crementos da ordem de 200% de açú− car nas folhas da cana. “Também fize− mos ensaios para ver se o gene tinha atuação na melhoria da sacarificação, que é a conversão da celulose em açúcar industrial, e observamos um incremento da ordem de 12%”, com− plementa o pesquisador. Como vantagens da Cana Flex II, Molinari cita o aumento da eficiên− cia na produção de bioetanol, a des− coberta de uma variedade mais ade− quada ao processamento industrial, a

obtenção de um bagaço com maior digestibilidade para uso na alimenta− ção animal e a agregação de valor à cadeia produtiva da cana−de−açúcar como um todo. Ambas as pesquisas utilizaram a técnica da edição genômica CRISPR (do inglês Clustered Regularly Inters− paced Short Palindromic Repeats), técnica revolucionária de manipulação

de genes descoberta em 2012. A tec− nologia utiliza a enzima Cas9 para cortar o DNA em pontos determina− dos, modificando regiões específicas. A descoberta rendeu o Prêmio Nobel de Química em 2020 às pesquisadoras que publicaram o primeiro artigo so− bre o tema: Emmanuelle Charpentier e Jennifer A. Doudna. Na construção das Canas Flex I e

II, não houve, portanto, modificação do DNA da planta, apenas o silencia− mento dos genes. Por esse motivo, a Comissão Técnica Nacional de Bios− segurança (CTNBio) classificou as novas variedades como não−transgê− nicas, de acordo com a Resolução Normativa nº 16 (RN nº 16) da Co− missão de 9/12/2021. De acordo com o cientista, apesar de a transgenia continuar sendo uma estratégia importante para a solução de inúmeros problemas na agricultura e agregação de valor a espécies, a edição genômica feita com técnicas como o CRISPR permite a manipulação do DNA de forma mais precisa, rápida e econômica quando comparada à transgenia. “A tecnologia CRISPR tem per− mitido uma democratização do uso da biotecnologia na agricultura, não so− mente do ponto de vista de mais em− presas e instituições participarem do desenvolvimento de produtos que chegam ao mercado, mas também permitindo que mais espécies de in− teresse sejam beneficiadas”, explica Molinari. Segundo ele, o custo esti− mado para o desenvolvimento de uma planta transgênica é de cerca de US$ 136 milhões e entre 30% e 60% desse valor é destinado às etapas de desre− gulamentação.


AGRÍCOLA

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Estudo aponta viabilidade do investimento Com o auxílio da economista Rosana Guiducci, pesquisadora da Embrapa Agroenergia, a variedade Cana Flex II ganhou uma análise sobre cenários de adoção e avaliação de impactos econômicos no setor sucroenergético. A análise foi tema do trabalho final de MBA realizado por Molinari, no qual a economista foi co−orientadora. O trabalho realizado no MBA buscou avaliar a viabilidade econô− mica dessa nova variedade voltada para o aumento no teor de açúcares e melhor aproveitamento do bagaço e da palhada para a produção de etanol de segunda geração (E2G). Para estimar ganhos econômicos com a adoção da tecnologia, o estu− do avaliou dois cenários possíveis, um otimista e um conservador. O primeiro seria a expansão gradual da adoção da Cana Flex II em 1% ao ano, atingindo 10% da produção observada na safra 2020/2021 de cana−de−açúcar no Brasil ao fim de dez anos. No segundo cenário, mais con− servador, a taxa de expansão seria de 0,5% ao ano, chegando a 5% da pro− dução de cana observada na safra 2020/2021 ao fim de dez anos. “Em

ambos os cenários, consideramos que uma usina padrão iria processar essa produção, destinando 50% da cana para a produção de açúcar e 50% para etanol de primeira geração, e 60% da palha e do bagaço para a produção de etanol E2G na usina”, explica a Guiducci. A análise de viabilidade econô− mica considerou no fluxo de receita os diferenciais esperados com a Ca− na Flex II, obtidos na produção de açúcar, etanol 1G e E2G, compara− tivamente a uma cana convencional. Considerou−se um investimen− to para expandir a infraestrutura e capacidade de processamento da usina da ordem de R$ 2 bilhões (cenário otimista) e em dois aportes de R$ 1 bilhão (cenário conserva− dor), ambos com despesas anuais de manutenção da ordem de R$100 milhões. A análise final indicou que o in− vestimento é viável, uma vez que os ganhos adicionais esperados com a Cana Flex II registraram uma taxa interna de retorno (TIR) de 27% e 16% e um valor presente líquido (VPL) de R$ 4,19 milhões e R$ 982,7 mil nos cenários otimistas e conservador, respectivamente.


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GESTÃO

Janeiro 2022

Bonsucro publica novo Padrão de Produção Nova normal entrará em vigor a partir de setembro de 2022 A Bonsucro publicou no dia 17 de janeiro, o “Padrão de Produção Bon− sucro” revisado com novos requisitos para lidar com riscos globais críticos, como emissões de gases de efeito es− tufa, água, biodiversidade e respeito aos direitos dos trabalhadores no setor de cana−de−açúcar. O Padrão de Produção Bonsucro é a estrutura mais reconhecida mun− dialmente para a produção sustentá− vel de cana−de−açúcar. Trata−se de uma ferramenta abrangente e métri− ca que permite que agricultores e usinas aprimorem e certifiquem suas práticas como sustentáveis – e oferece aos compradores garan− tia na hora de adquirir cana e seus derivados. “Nosso relatório de impac− to demonstra que os produtores de cana−de−açúcar certificados Bonsucro reduzem consistente− mente suas emissões de gases de efeito estufa e uso de água, e criam ambientes de trabalho mais seguros tanto nas fazendas quanto nas usinas”, afirma a entidade. “Essa revisão completa garante que ela atenda aos desafios sociais e ambientais atuais, bem como aos de− safios esperados no futuro. O novo Padrão está disponível hoje, mas en− trará em vigor a partir de setembro de 2022”, avisa. Os padrões são atualiza− dos a cada cinco anos. O processo de revisão da Norma foi liderado por um grupo de traba− lho com 20 membros com diversas especialidades. O Conselho Técnico Consultivo da Bonsucro estabeleceu um escopo claro para a revisão do Pa− drão, que foi informado por uma pes− quisa pré−consulta. As áreas incluídas no escopo foram resiliência às mudanças climáticas: gestão da água e desmatamento zero; condições de trabalho: trabalho força− do, condições de vida e salário digno. Além disso, o secretariado solicitou ao Grupo de Trabalho que observe a aplicação do Padrão Bonsucro fora da unidade de certificação. Deve alinhar o máximo possível com os outros Pa− drões Bonsucro, introduzindo um princípio sobre sistemas de gestão e levar em consideração questões regis− tradas pela secretaria decorrentes da implementação da norma atual. Durante o processo de revisão, fo− ram realizadas duas consultas públicas

Danielle Morley

bem−sucedidas sobre as alterações preliminares para que nossos membros pudessem se manifestar.

Mudanças no Padrão – resiliência às mudanças climáticas Historicamente, o Padrão de Pro− dução tem informado as melhores práticas agrícolas em cana−de− açúcar. Os dados de certificação de− monstram que as usinas certificadas reduzem as emissões de gases de efei− to estufa em 5,5% após apenas um ano de certificação. O novo Padrão se ba− seia nesse sucesso e fortaleceu sua me− todologia de cálculo de gases de efei− to estufa, que revelará onde as emis− sões são mais altas e permitirá que os produtores tomem medidas para re− duzi−las. O plano de gestão de impacto ambiental exigido anteriormente foi agora dividido em indicadores sepa− rados sobre gestão do solo, gestão da água, gestão de agroquímicos e gestão da biodiversidade. Os produtores po− dem então usar os dados coletados para moldar os planos de gestão am− biental. “Como a cana−de−açúcar é cul− tivada em países com ambientes cli−

máticos significativamente diferentes, os produtores agora serão solicitados a considerar as condições locais, como o nível de chuva, ao avaliar a produtivi− dade da irrigação. Para desenvolver os indicadores sobre a eficiência do uso da água, fizemos parceria com os principais especialistas, como a Allian− ce for Water Stewardship e o WWF”, informa a Bonsucro. O Padrão anterior tinha uma po− lítica de desmatamento zero para flo− restas legalmente protegidas. Duran− te a revisão, a Bonsucro reforçou sua postura em relação ao desmatamento com um novo indicador informando que nenhuma terra incluída na cer− tificação pode ser convertida de um ecossistema natural em terra agrícola – seja para cana−de−açúcar ou ou− tras culturas.

Mudanças na Norma – condições de trabalho O Padrão de Produção sempre exigiu que os trabalhadores mais mal pagos ganhassem o salário−mínimo nacional e, em média, as fazendas cer− tificadas pagam 19% acima do míni− mo nacional. O novo Padrão vai mais longe – os operadores agora devem rastrear os salários existentes em rela− ção a uma matriz de salário−mínimo sob medida. “Os dados coletados re− velarão a diferença entre os salários reais e o salário−mínimo”, explica. Os trabalhadores dos canaviais

podem enfrentar condições climáticas adversas que podem levar a problemas de saúde e até a morte. Para lidar com esse risco, o Padrão reforça o trabalho com a Iniciativa Adelante, que se con− centra na necessidade de os agriculto− res protegerem a saúde de seus traba− lhadores. Para gerenciar o estresse tér− mico, os trabalhadores devem ter des− canso suficiente, sombra, água potável e saneamento adequado no campo. Dentro do Padrão de Produção, operam com uma política de não dis− criminação de gênero. No entanto, as operações de cana−de−açúcar e o trabalho de campo são dominados por homens. Assim, a Bonsucro vem abordando diretamente o desequilí− brio de gênero com um novo indica− dor que exige que pelo menos 15% dos cargos de gestão e qualificação se− jam nomeados para mulheres. Além disso, solicitam aos operadores que considerem a saúde mental de seus trabalhadores em seus planos de ges− tão de saúde e segurança. Nosso novo Padrão de Produção se baseia em dez anos de sucesso e aprendizado. Nós o adaptamos para abordar algumas das questões de sus− tentabilidade mais urgentes, como desmatamento, uso da água e salário− mínimo. Estou orgulhoso das mudan− ças que fizemos no Padrão e confian− te de que trará um impacto positivo notável na produção de cana−de− açúcar”, conclui Danielle Morley, CEO da Bonsucro.


GESTÃO

Janeiro 2021

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Fundação Solidaridad aponta experiências ESG no setor sucroenergético “Não somos donos da terra, cuidamos dela”, lembra Paula bellodi santana, da fazenda belo Horizonte, apontada como um dos exemplos de prática EsG Em dezembro do ano passado, a Fundação So− lidaridad promoveu o webinar “ESG: Casos práticos de sustentabilidade na cadeia da cana”, onde empre− sas do setor, associações de produtores e profissionais falaram sobre suas experiências de sucesso na imple− mentação do conceito em seus negócios. Participaram do evento o diretor de negócios agrícolas da Raízen, Ricardo Berni, o coordenador de operações de carbono para Brasil e Argentina da Bayer CropSciences, Carmino Bertolino, o superin− tendente da Associação dos Fornecedores de Cana de Guariba (Socicana), Rafael Kalaki, o diretor no Brasil da Fundação Solidaridad, Rodrigo Castro, e a gerente de projetos de cana−de−açúcar da institui− ção, Aline Silva. Uma das palestrantes foi a produtora rural Paula Bellodi Santana, titular da Fazenda Belo Horizonte, localizada em Jaboticabal (SP). Formada em admi− nistração, a produtora é a quarta geração de uma fa− mília de canavicultores. A Fazenda Belo Horizonte possui 175 hecta− res, dos quais cerca de 100 HA são destinados ao cultivo de cana−de−açúcar e 26 HA para Áreas de Preservação Permanente (APP) e Áreas de Reser− va Legal (ARL). “Para mim, ESG (Environmental, Social and Corporate Governance) é um conjunto de práticas que visam a construção de um negócio próspero, mas consciente, que visa um mundo melhor”, co− mentou Paula. Entre as ações realizadas na proprie− dade destacadas pela administradora, a principal é o amor e respeito ao meio ambiente. Prova disso foi a restauração de 15% da propriedade ao longo dos úl− timos 40 anos. “Não somos donos da terra, cuida− mos dela”, lembra. Com foco no social, a fazenda tem grande res−

Paula Santana

Ricardo Berni

peito à legislação trabalhista, segurança e saúde do trabalhador. Para a letra G de Governança, a produ− tora destacou a importância de pagar em dia não apenas os salários, mas também todas as obrigações de seus colaboradores. Além disso, boas práticas con− tábeis e transparência nas práticas administrativas são fundamentais. Ricardo Berni ressaltou sua experiência e posi− cionamento da empresa. “Para a Raízen, a sustenta− bilidade é uma base estratégica desde sua fundação, somos líderes no setor e precisamos ser exemplo. O ESG é para nós o perfeito equilíbrio, entre susten− tabilidade, social e uma governança cada vez mais transparente. Mais do que um modismo, é uma ten− dência sem volta”, disse. Berni citou o programa ELO, que desde 2014 é desenvolvido em parceria com a Solidaridad junto aos fornecedores de matéria−prima da Raízen. “Es− te é um programa de impacto. Não de prateleira. Ele muda a vida das pessoas, dos produtores. Nos previ− ne não só dos problemas legais, mas sobretudo tem como pano de fundo um mundo melhor e de me−

lhores práticas, além do que determina as legisla− ções”, detalhou o executivo. Carmino Bertolino comentou sobre o programa Bayer Carbono Brasil, com iniciativas como o Pro Carbono, que incentiva o agricultor a ter uma pro− dução sustentável. Inicialmente desenvolvido para grãos, o projeto passou a ser desenvolvido também para a cultura da cana. “Em linhas gerais, contempla protocolo de aferição do carbono em solo e incen− tivo de práticas de sustentabilidade visando o au− mento de produtividade e rentabilidade”, explicou.

setor já pratica a EsG Por parte das associações, Rafael Kalaki discor− reu sobre o apoio que a Socicana fornece para a sus− tentabilidade nas propriedades associadas. “Temos o papel de orientar, levar ferramentas e soluções, ca− pacitar, facilitar a vida do produtor. Além disso, mos− tramos que ele muitas vezes já pratica a sustentabi− lidade, em outras ele só precisa de uns ajustes. E o mais importante: ele faz no momento dele, com os recursos que tem disponíveis”, disse. Para o diretor da Fundação Solidaridad, Rodri− go Castro, cada elo da cadeia e cada ator nela inse− rido estão unidos pelo desafio da sustentabilidade. “Um depende do outro para que a gente possa avançar de forma eficiente com o ESG no setor da cana de forma eficiente. Cada um tem uma contri− buição gigantesca para a melhoria contínua da ca− deia”, afirma. A Fundação Solidaridad é uma organização in− ternacional da sociedade civil que atua há 12 anos no Brasil para o desenvolvimento de cadeias de va− lor socialmente inclusivas, ambientalmente respon− sáveis e economicamente rentáveis da agropecuária. Ela tem um papel importante na cadeia canavieira, por meio de vários projetos que apoiam práticas sustentáveis nas propriedades, integram produtores aos programas de melhoria contínua das usinas e as− sociações e trabalham para melhorar as condições de trabalho dos trabalhadores e trabalhadoras.


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GENTE

Janeiro 2022

Morre Murilo Tavares de Melo, do Grupo Olho D’Água Agrônomo inovador, foi um dos responsáveis pela introdução de uma série de novas técnicas na agricultura canavieira Morreu no dia3 de janeiro, um dos fundadores do Grupo Olho D´Água e um dos mais influentes empresários do setor sucroenergético, Murilo Tavares de Melo, aos 96 anos. Sua história se confunde com a do Grupo Tavares de Melo, cuja origem remonta de 1920, quando os empresários Artur Tavares de Melo, Samuel Hardman e José Hardman assumiram o Engenho Olho D’Água, em Pernambuco. Em 1928, o engenho deu origem à Usina Central Olho D’Água. De lá para cá o grupo cresceu e em 1990 reunia cinco usinas de cana− de−açúcar e duas indústrias. Foi então que no ano de 1994, Murilo Tavares se desligou do grupo, ficando apenas com Usina Central Olho D’Água. Sob sua liderança e dos filhos Gilberto e Artur Tavares de Melo, iniciou−se um novo ciclo de crescimento, que daria origem ao Grupo Olho D’Água. Em 2020, a Usina Olho−d’água moeu sua 100ª safra. A companhia es− tá entre as cinco empresas de melhor desempenho econômico no Nordeste. Murilo era conhecido por ser um líder determinado e empenhado, além de ser exemplo de simplicidade e pos− suir grande amor pelo campo, como ressaltou o diretor−comercial do Grupo Olho D´Água, Alcemilton Maciel. “O doutor Murilo será sempre,

farol luminoso para nossa geração. Pa− radigma de empresário vitorioso, reto e probo, chefe de família exemplar. Foi um privilégio para todos nós ter tido uma liderança dessa envergadura”, disse Maciel. Opinião compartilhada com Gentil Ferreira de Souza Filho, geren− te Geral da companhia. “Tive o privi− légio de conviver com o doutor Mu− rilo por 41 anos, ele me pescou na universidade em 1980 e até então, tra− balhei junto com ele e não para ele, pois ele trabalhava mais do que a gen− te”, afirmou. Líderes do setor também se mani− festaram sobre o seu falecimento. “O doutor Murilo Tavares de Melo sem− pre será lembrado por sua absoluta in− tegridade e equilíbrio. Por suas quali− dades, tornou−se um referencial para o setor sucroenergético, além de ter formado meticulosamente os gestores do grupo Olho D’Água”, ressaltou o presidente−executivo do Sindalcool− PB, Edmundo Barbosa. Renato Cunha, presidente do Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool no Estado de Pernambuco também lamentou a morte do usinei− ro. “Dr. Murilo contribuiu com a economia do Estado empregando muitas famílias pernambucanas através de investimentos no setor sucroener− gético. Registramos a imensa gratidão por todo o seu legado à indústria da cana−de−açúcar em Pernambuco, no Nordeste e no Brasil”, afirmou. Formado pela Universidade de Viçosa (MG) Murilo sempre foi re− conhecido como um agrônomo ino− vador, responsável pela introdução de uma série de novas técnicas na agri− cultura canavieira como a introdução da mecanização da colheita e da irri− gação nos anos 70.

Falece um dos fundadores da Miriri Alimentos e Bionergia S/A A diretoria do Sindicato da In− dústria da Fabricação do Álcool na Paraíba (Sindalcool−PB) comuni− cou, com grande pesar, o faleci− mento de Geraldo Antônio Caval− canti de Morais no dia 30 de de− zembro de 2021. Morais foi um dos fundadores da usina Miriri Alimentos e Bionergia S/A, empresa que possui 46 anos de

história na produção de açúcar, etanol e atividades afins, localizada em Santa Rita – PB. “Contam os que conheceram de perto que a união dessa família (Ca− valcanti de Morais) sempre foi admi− rada. Os quatro irmãos, José Ivanildo, Paulo, Gilvan e Geraldo mantinham encontros todas as tardes, sempre na casa do senhor Luizmar Melo (cu−

nhado), em Timbaúba−PE. Foram dotados de imensa capacidade de tra− balho e simplicidade, que tem servido de exemplo aos descendentes, hoje notabilizados no empreendedorismo, na produção rural da cana, no açúcar, no etanol e em outras atividades em− presariais”, ressaltou o presidente− executivo do Sindalcool−PB, Ed− mundo Barbosa.


GENTE

Janeiro 2021

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Anderson Travagini assume como CEO da Colombo Agroindustria Mudança dá sequência ao plano de sucessão do processo de governança corporativa do grupo Anderson Roberto Travagini, executivo da Colombo Agroin− dustria assumiu oficialmente o cargo de CEO no dia 01/01/2022, dando sequência ao plano de sucessão do processo de governança corporativa do grupo iniciado em 2014. Travagini, que atuava como COO desde 2019, está na com− panhia há 25 anos e sob sua tute− la, a organização alcançou o AAA+ em 2021, após processo de avaliação da agência de classifica− ção de Risco S&P – Standard and Poor´s. O executivo assume o cargo com a missão de manter o legado

da Família Colombo conhecida pela robustez patrimonial guiando a organização para alavancar o crescimento e capacidade de pro− cessamento de forma sustentável visando oportunidades no merca− do de capitais. Segundo Travagini, uma de suas metas é alavancar as ações pa− ra indústria 4.0 e a transformação digital, visando as operações inte− gradas e inteligência artificial. Além de continuar acelerando o processo de transformação, ino− vando e expandindo sempre nos− so portfólio de produtos, buscan− do e sendo referência de mercado. O novo CEO da Colombo Agroindustria é graduado em Ciências da Computação, MBA em Gestão Financeira, Controla− doria e Auditoria e MBA em Gestão Empresarial, ambos pela FGV – Fundação Getúlio Vargas. Ele foi considerado um dos exe− cutivos mais influentes do setor e premiado no MasterCana, edição 2021, realizado em dezembro de 2012, em São Paulo.


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MASTERCANA

Janeiro 2022

MAIS INFLUENTES DO SETOR RECEBEM TROFÉUS APÓS EVENTO os homenageados do MasterCana brasil edição 2021 que não puderam comparecer à cerimônia, realizada na capital paulista, no dia 8 de dezembro, receberam o troféu posteriormente.

o diretor da Procana, Josias Messias, conseguiu entregar pessoalmente alguns deles. outros troféus foram enviados pelo correio. Confira as fotos:

Alexandre Menezes, gerente de divisão industrial do Grupo Pedra Agroindustrial

Alexandre Andrade Lima, presidente da Fed. dos Plantadores de Cana do Brasil

João Henrique de Andrade, diretorpresidente da Usina Pitangueiras

Mário Campos Filho, presidente do Fórum Sucroenergético e da SIAMIG

Fabiano Zillo, CEO da Zilor

Tomas Payne, diretor da DVPA

Otávio Lage de Siqueira Filho, diretorpresidente da Jalles Machado

Eduardo Junqueira da Motta Luiz, sóciodiretor da Usina Açucareira Guaíra

Jeferson Degaspari, CFO do grupo CMAA

Pedro Robério de M. Nogueira, presidente do Sindaçúcar AL

Ricardo Martins Junqueira, CEO da Diana Bioenergia

Arnaldo Correa, diretor da Archer Consulting

PAT R O C Í N I O M A S T E R

PAT R O C Í N I O S TA N D A R D


Roberto Hollanda Filho, diretor-executivo do Fórum Nacional Sucroenergético

Antônio Eduardo Tonielo Filho, diretor superintendente da Viralcool

Luiz Augusto Horta Nogueira, professor UNIFEI, pesquisador NIPE/UNICAMP

O prêmio de empresário do ano foi concedido a Bernardo Biagi do Grupo Batatais, que na cerimônia foi representado pelo filho Baudilio Biagi Neto. O executivo fez questão de fazer um registro com o troféu e sua equipe Jairo Balbo, diretor industrial do Grupo Balbo

Jean Gerard Lesur, diretor superintendente Usinas na Viterra Bioenergia


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LEGISLAÇÃO

Janeiro 2022

CNPE passa a ter competência para fixar teor de etanol anidro na gasolina A partir de agora, o secretário Especial de Assuntos Estratégicos da Presidência da república também passa a compor o Conselho Foi publicado, no dia 14 de janeiro, o Decreto 10.940/2022, que atribui ao Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) a competência pa− ra fixar o etanol anidro na gasolina C comerciali− zado no Brasil. O etanol combustível é o biocombustível mais largamente utilizado no país. Sua produção e uso proporcionaram economia significativa de consumo de derivados de petróleo. Desde a década de 70, com o advento do Proálcool em 1975, o País foi abaste− cido com mais de 637 bilhões de litros de etanol (anidro e hidratado), que proporcionaram a substi− tuição de cerca de 2,4 bilhões de barris de petróleo equivalente, com significativa redução da emissão de gases de efeito estufa. O etanol anidro é misturado em toda a gasolina comercializada no território nacional na proporção de 27% em volume. Nos termos da Lei nº 9.478, de 6 de agosto de 1997, este teor deve ser estabelecido pelo Poder Executivo entre 18% e 27,5%.

Anteriormente, a competência para fixação do teor de mistura de etanol na gasolina era delegada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimen− to, condicionada, entretanto, à aprovação do Con− selho Interministerial do Açúcar e do Álcool (CI− MA). No entanto, com a publicação do Decreto nº 9.759, de 11 de abril de 2019, cujo objetivo foi apri− morar a máquina pública por meio da desburocra− tização, o CIMA foi extinto e, desta forma, a com− petência para fixação do teor de etanol na gasolina deveria ser redirecionada a outra instância no Poder Executivo. Considerando que as políticas para produção e uso de etanol combustível estão alinhadas às do Conselho Nacional de Política Energética, com a medida transfere−se a delegação para fixação do

percentual de mistura de etanol anidro vigente para o órgão máximo de deliberação da Política Energé− tica Nacional, da mesma forma como já acontece com o Biodiesel.

Composição O decreto também alterou a composição do CNPE, que agora passa a ter como integrante o Se− cretário Especial de Assuntos Estratégicos da Presi− dência da República. Já compõem o CNPE os mi− nistros de Minas e Energia (que o coordena), Casa Civil, Relações Exteriores, Economia, Infraestrutu− ra, Agricultura, Ciência e Tecnologia, Meio Am− biente, Desenvolvimento Regional e Gabinete de Segurança Institucional, e o presidente da Empresa de Pesquisa Energética.




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Anderson Travagini assume como CEO da Colombo Agroindustria

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CNPE passa a ter competência para fixar teor de etanol anidro na gasolina

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Mais Influentes do Setor recebem troféus após evento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .40 e

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Bonsucro publica novo Padrão de Produção

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