CONFINADOS
Filomena Lima Há quem esteja confinado e há quem esteja confinaaaaaaaaaaado. Ou seja, confinado dentro do confinamento já que confinado agora é básico e normal. Mas, dentro disso, há o confinamento embirrante dos superconfinados da mente, os que estão confinadamente possuídos. Há ainda os confinados ao silêncio, a uma espécie de jogo do sisudo, confinados e à distância. Não podemos esquecer que somos latinos e por natureza solares, risonhos, festivos. Mas, por via de termos sido ostracizados, amarfanhados, oprimidos, durante décadas viemos para a luz pálida da cidade cheios de medos e de enredos ocultos. De invejas e más resoluções para o que entendemos serem agora os nossos direitos.
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Passamos de humildes miserabilistas a cidadãos detentores de direitos, mas ainda continuamos humildes. E continuamos tendencialmente constrangidos ou potencialmente tiranos dos deveres alheios. Serão precisas décadas para que se faça de nós cidadãos naturalmente educados e livres mas não necessariamente contidos pois a nossa natureza é peninsular, de raiz colorida e falamos com voz colocada e audível, não em sussurros unionistas - palavra que pretende definir características de outros países da UE e somos naturalmente dados a festas, toques e a sermos solidários.