Adoráveis e Dissimuladas

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DOS DISCURSOS... OS FRAGMENTOS DO RELACIONAMENTO AMOROSO

más companhias, e quantas vergonhas e desgraças tem entrado pela casa por descuido e facilidade dos pais! seja a vigilância christã o cordão sanitário que preserve o sanctuario doméstico do flagello da immoralidade, de todas as pestes a mais temerosa”103.

Em sua maioria, as mães das meninas dos processos-crimes de defloramento trabalhavam realizando serviços domésticos. Elas eram lavadeiras, engomadeiras, costureiras, lavradoras. Os poucos pais que aparecem nos processos eram empregados no serviço terciário e lavradores. Em condições melhores viviam os tutores das menores, que tinham profissões ligadas ao serviço público ou eram pequenos comerciantes. Portanto, essas pessoas trabalhavam, não podendo exercer uma vigilância mais estreita em relação ao comportamento de seus filhos e/ou tutelados. As meninas viviam em pequenas casas ou quartos alugados, em vilas, cortiços e área dos bairros periféricos da cidade, em que a proximidade dos pequenos cômodos e casas era a marca. Transitavam frequentemente no espaço da rua, trabalhando, vendendo frutas, levando recados, roupas, saindo para comprar pão, o que lhes possibilitava criar mais oportunidades de conhecer pessoas e ter maior liberdade para marcar encontros amorosos. Todas essas situações apontam para os motivos que nos ajudam a entender a flexibilidade do comportamento das menores e da vigilância de seus pais e/ou responsáveis.

2.5 Do conhecimento do defloramento pela família Muitas vezes, após saber da relação da filha com um namorado, e da ocorrência da primeira relação sexual, os país e/ou tutores da menor não procuravam imediatamente as chefaturas de polícia como estratégia para restabelecer a relação da filha com o ofensor. A mãe de Odina diz, em seu depoimento, que não levou o fato do defloramento da filha “À polícia a mais tempo porque supunha poder de alguma forma Arlindo fazer o casamento sem que o facto fosse levado ao conhecimento das autoridades”104. A mãe de Maria de Nazareth, de 18 anos, ao perceber que a filha “não tivera mais o incômodo” e que ela abortara um filho de seu vizinho, foi até este: “Que promettera reparar 103 Costa, Macedo Antonio. Deveres da Família. Escola Salesiana, Niterói. 1906. 104 Ver Processo-crime n° 46.

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