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@Revista_Salve
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Escola Superior de Propaganda e Marketing Curso de Graduação em Design - DSG3B 2022/1 Projeto Integrado do 3° Semestre Projeto III Marise de Chirico Produção Gráfica Mara Martha Roberto
Uma revista animal para você que está imerso nas discussões do meio urbano, para você que quer fatos claros e acessíveis sobre como você impacta o mundo, para você que cansou da exploração do meio ambiente e dos animais em prol do consumo das pessoas e para você que quer sair da sua zona de conforto e SALVAR o mundo. Nessa edição, descubra como são feitas as carnes que você provavelmente come e dê o primeiro passo para refletir sobre o veganismo. Acompanhe dicas de nutrição e de produtos veganos para você consumir com segurança. Por último, mas não menos importante, veja o que nossos colunistas, como a Rita Von Hunty, tem a dizer sobre esse estilo de vida. A edição de abertura da Salve! está recheada de conteúdo importante e essencial para embarcar no veganismo, não deixe de aproveitar nossa revista e acompanhar nosso trabalho!
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Cor, Percepção e Tendências Paula Csillag Marketing Estratégico Leonardo Aureliano da Silva Finanças Aplicadas de Mercado Alexandre Ripamonti Ergonomia Auresnede Pires Stephan Projeto Editorial e Gráfico Bruno Eduado Ruba Ellen Nogueira Ramos Gabriela Kaori Kubota Gabriela Valladares de T. Corrêa Gustavo Carjuela Ruano
@Revista_Salve
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Colaboradores
Rita Von Hunty Guilherme Terreri Lima Pereira, mais conhecido pelo nome artístico Rita von Hunty, é um professor, ator, YouTuber, comediante e drag queen brasileiro.
Nátaly Neri
Formada em Ciências Sociais, ela é criadora de conteúdo desde 2015 desenvolvendo temas como veganismo, e relações raciais, sociais e de gênero.
Amanda Clark
Fotógrafa ativista, que se tornou vegana no ensino médio e assim dedica seu trabalho ao movimento vegano, assim como sua vida ..
Fabio Chaves
Fundador e infoativista do Vista-se, o maior portal vegano da América Latina, foi colunista do portal de notícias da Record TV, o R7, por três anos.
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Glossário
A B C @Revista_Salve
Abate humanitário
Um eufemismo para definir o assassinato de animais na pecuária. No abate humanitário, segundo a indústria, os animais sofrem menos do que em outros tipos de abate.
Agave
Um substituto do mel com mesma aparência e textura. Tem um sabor meio adocicado muito próximo do mel também, mas sua origem é um cacto, o mesmo que dá origem à tequila.
B12 (vitamina)
Vitamina muito falada no meio vegano por ser encontrada naturalmente apenas em produtos de origem animal. Ela não é, no entanto, produzida por animais. A vitamina B12 é produzida por bactérias e é encontrada em produtos animais porque eles tornam-se depósitos dessa vitamina por consumir alimentos sem muita higienização. Sua reposição por meio de suplementação é obrigatória para vegetarianos. Muitas pessoas que comem carne também apresentam deficiência dessa vitamina e também devem fazer a suplementação.
Carnismo
Cruelty Free
É a crença de que certas espécies podem ser mortas para consumo. É um tipo de ideologia de quem defende o consumo de carne. Termo em inglês que significa “livre de crueldade”. Usado principalmente na indústria de cosméticos, usado para definir apenas produtos que não foram testados em animais. O selo Cruelty Free, portanto, não garante produtos realmente livres de crueldade.
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05 10
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Point do Semestre Sanando dúvidas Entrevista Colunista
6 8 9 10
Carta do leitor Colaboradoes Glossário Básico do Básico
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O que há de novo? Pata na porta! Fábrica de Carnes Quando a embalagem esconde a realidade
32 Afinal os peixes sentem dor? 38 O frango, programado para morrer em 42 dias 44 No Brasil, movimento vegano tenta se popularizar
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@Revista_Salve
50 União entre o mercado financeiro e o agronegócio 58 Agronegócio, ultraprocessados e destruição ambiental
78 Muuuita saúde! 80 Conselho Regional de Nutricionistas e vegetarianismo 86 Ministério da saúde reconhece veganismo como saudável
66 Para entender o que é agro 70 Agro é pop? 72 Aposto que não conhece
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Raízes comestíveis Aprenda a montar um prato 100% vegetariano Faça você mesmo
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O Básico dos Básicos
Indústria da carne PARCERIA COM O JOIO E O TRIGO por
Marcos Hermanson Pomar
Brasil, país onde a carne é cultuada, país do churrasco no chão ou na laje, dos pastos que invadem a floresta. O maior exportador de carnes do mundo, e um dos seus maiores consumidores. Pensando nessa conjunção folclórica de fatos o Joio decidiu montar uma página geral da carne. A partir de dados públicos disponibilizados por ibge, Ministério da Agricultura e INSS. Entre 1970 e 2020, a tendência mais óbvia evidenciada pelos dados do Censo Agropecuário do ibge é o deslocamento da população bovina para às regiões Centro-Oeste e Norte do Brasil. A marcha do boi em direção a essas regiões é mérito, em parte, da política de ocupação de territórios da ditadura militar (1964-1985). Naquela época o proprietário que recebia um lote de terra do governo era obrigado a desmatá-lo e substituí-lo por pasto ou pela monocultura.
Bovinos | deslocamento de plantel
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Abates por segundo (2019) 500 bois
(1 por seg - 32 mi anuais)
60.000 frangos
(120 por seg - 3,8 bi anuais)
700 porcos
(1,4 por seg - 46,3 mi anuais)
Evolução do número de animais abatidos Abatidos
1970
1975
1980
1985
1996
2006
2019
Suínos
12,4 mi
10,8 mi
15 mi
14,5 mi
26,6 mi
43 mi
46,3 mi
Bovinos
10,7 mi
17,7 mi
19,5 mi
22,9 mi
29,8 mi
35 mi
32 mi
Aves
115 mi
91 mi
787 mi
2 bi
3,3 bi
3,8 mi
Consumo de água
Segundo dados do Relatório Conjuntura dos Recursos Hídricos no Brasil, da Agência Nacional de Águas (ANA), o “uso animal” é a segunda finalidade mais intensiva em termos de consumo da água no Brasil. São 11,6% dos recursos hídricos consumidos, atrás apenas da irrigação agrícola, com 66%.
5.700 litros
de água por quilo produzido no sistema intensivo
15.400 litros
de água por quilo produzido no sistema extensivo
11,6%
do consumo de água brasileiro
@Revista_Salve
Acidentes de Trabalho
Sobre os trabalhadores envol-vidos nessa cadeia, os números impressionam negativamente. Dados Abertos da Comunicações de Acidentes de Trabalho registradas no INSS mostram que a indústria da carne segue sendo uma das mais perigosas do país. Entre julho de 2018 e setembro de 2020, foram 44.190 acidentes de trabalho no setor, o que acaba tornando esse setor do mercado um risco para a segurança do trabalhador, o que acaba tornando a profissão insalubre. Abate de reses
14.1624
Abate de suínos e aves
24.675
Fabricação de produtos de carne
4.891
Indústria da carne como um todo
24.875
Trabalhadores acidentados por dia
53 11
Pata na porta!
Cientistas brasileiros dão grande passo para o fim do testes de medicamento em animais
Utilizando miniórgãos artificiais criados em laboratório a partir de células humanas, eles conseguiram testar o medicamento paracetamol e observar que os órgãos de laboratório reagem de forma muito semelhante ao organismo humano real. Até mesmo os efeitos colaterais foram perfeitamente reproduzidos nos miniórgãos.
Novo relatório da ONU reafirma que o consumo de carne está ligado ao aquecimento global
Logo da ONU
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Quase todo ano a Organização das Nações Unidas (ONU) afirma que o consumo de carne é um dos maiores vilões do aquecimento global. Em um novo relatório, mais de 100 cientistas ligados à instituição concordam que é preciso, no mínimo, diminuir a quantidade de carne produzida e consumida se quisermos combater as mudanças climáticas.
14% DA POPULAÇÃO MUNDIAL ESTÁ DEIXANDO A CARNE
DOS BRASILEIROS SE CONSIDERAM VEGETARIANOS
70%
Novo estudo aponto que carne não foi decisiva para o desenvolvimento do cérebro
A ideia de que o consumo frequente de carne teria permitido um salto sem precedentes na trajetória evolutiva da humanidade pode ser resultado de um simples erro metodológico. O estudo mostra que qualquer estimativa sobre a importância dos hábitos carnívoros ao longo do tempo precisa lidar com a amostragem extremamente baixa dos sítios arqueológicos durante o período entre 2,6 milhóes e 1,9 milhão de anos atrás.
Adolescentes não aceitam ser enganados pela indústria de alimentos
Um estudo publicado na revista Nature revelou que os jovens tendem a fazer escolhas alimentares melhores quando sabem a verdade sobre alimentos ultraprocessados. A pesquisa comprovou que os adolescentes expostos aos métodos desleais usados nas propagandas da indústria de alimentos não só fazem escolhas alimentares melhores como também deixam de se identificar positivamente com os alimentos ultraprocessados. De acordo com os pesquisadores, a postura dos jovens busca reafirmar a autonomia frente ao controle dos adultos e assumir uma posição simbólica contra a injustiça praticada pelo marketing da indústria. @Revista_Salve
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Fundadora do Slutty Vegan, Pink Cole, levanta R$ 122 milhões em financiamento da série A
Aisha “Pinky” Cole é uma mulher ocupada. Fundadora e CEO da cadeia de hambúrgueres veganos Slutty Vegan, atualmente a marca também conta com produtos que vão de chips a gomas de CBD (Canabidiol), sem mencionar um acordo para a venda de sapatos, uma fundação e um livro de receitas (Eat Plants Bitch). Além disso, Pink Cole diz que uma grande rede de supermercados encomendou 60.000 unidades de molho Slutty Vegan, que vem em sabores como Bangin’ Hot-Lanta Chik’n e já está nas prateleiras da Target, segunda maior rede de lojas de departamento nos Estados Unidos. E Pink Cole está expandindo seus negócios além das cinco lojas da rede, com sede em Atlanta
Vegetariano em Pantanal, Jovem come carne e é repreendido
Após chocar José Leôncio (Marcos Palmeira) por não consumir produtos de origem animal, Jove (Jesuita Barbosa) comeu peixe pela primeira vez em Pantanal. A cena não foi bem recebida nas redes sociais e igualmente criticada por inflinfluenciadores veganos. “Ele entrou como vegetariano, comeu carne e fez um discurso de dar nojo”, disse o ativista Fábio Chaves.
Trem no Rio ganha campanha de causa animal: “Se você ama um, por que come outro?”
A campanha da Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB) que circulou nos metrôs e elevadores da cidade de São Paulo agora chegou ao Rio de Janeiro. Um trem do VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) ficará um mês adesivado com a frase “Se você ama um, por que come o outro?”, cujo objetivo é sensibilizar o público sobre o consumo de carne de porco, galinha, vaca, entre outros animais.
@Revista_Salve
A mensagem poderá ser vista por quem circula entre as estações Praia Formosa e o Santos Dumond, passando por quem circula entre as estações Praia Formosa e o Santos Dumond, passando por pontos turísticos famosos como o Museu do Amanhã e o Boulevard Olímpico, Vila Olímpica, Candelária e Utopia AquaRio. “A nossa relação com os animais e aquilo que colocamos no prato são temas que dificilmente nos questionamos a respeito. São hábitos cotidianos em que somos levados a acreditar que não têm relevância ou impacto no mundo. mas, no fundo, todos queremos ser compassivos e justos com os animais, precisamos apenas de estímulo para rompermos com heranças culturais
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A fantástica fábrica de carnes A corrida pela produção do bife de laboratório por
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Luisa Coelho
a ideia não é lá muito nova, já que a realizado em 2013 na cidade de Londres. primeira patente foi registrada em 1997, A ocasião reuniu chefs de cozinha e o pai mas a carne cultivada em laboratório é do hambúrguer de laboratório, o farmadefendida hoje como uma solução defini- cologista holandês Mark Post. tiva para a alimentação do futuro. E não se O hambúrguer foi caro porque a produtrata desses hambúrgueres que são feitos ção envolvia 20 mil filamentos de carne com ingredientes vegetais e que tentam que cresceram fora do corpo de uma vaca, imitar a carne. É carne, mesmo, feita de ou seja, sinteticamente. Aquela era a pricélulas animais de verdade. meira aparição pública da novidade, que O responsável por iniciar esse movi- é chamada também de carne cultivada ou mento foi o médico holandês Willem van carne celularpelos especialistas. Hoje não há nada de muito novo a não Eelan. Ele tinha ouvido na universidade algumas discussões sobre a possibilidade ser promessas. O preço também não redude criar tecidos humanos em laboratório. ziu. Para experimentar a iguaria é preciso Tipo órgãos ou pedaços de pele para usar viajar a Cingapura e desembolsar nada meem tratamentos médicos. nos que cinquenta dólares por um único Os pesquisadores estavam tentando nugget de frango cultivado. Mas, segundo manter vivos pedaços de tecido em placas estudiosos no assunto, o valor deve cair de petri. E um dia, olhando aquela cena, nos próximos anos e a oferta aumentar Willem coçou a cabeça e pensou: “E se bastante consequentemente. a gente reproduzir tecido animal desse Para entender como acontece essa projeito, dá pra comer?Tem o mesmo gosto?” dução, a equipe do Prato Cheio conversou Não só dá, como tem gente investindo com a pesquisadora Carla Molento, mépesado nessa nova tecnologia. Trezentos dica veterinária e professora na Universie vinte e cinco mil dólares foi o preço dade Federal do Paraná, onde coordena o pago para produzir um disquinho de carne Laboratório de Bem-Estar Animal durante oferecido a convidados em um evento o passar desses ultimos 20 anos. @Revista_Salve
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É justamente na universidade da Carla, a UFPR, que surgiu a primeira disciplina da América Latina sobre zootecnia celular. Esse é um dos termos usados para falar sobre o cultivo de carne no país. No Laboratório de Bem-Estar Animal, o trabalho dela é desenvolver métodos que amenizem o sofrimento dos animais que são criados para o abate. Para ela, a tecnologia da carne cultivada é incrível justamente porque pode colocar um fim em todo esse sofrimento. Carla é vegana há muitos anos e traz pra vida pessoal o que descobre na universidade. “A gente faz uma biópsia que é a extração de uma pequena quantidade de tecido e leva essas células então para um ambiente onde a gente consegue mantê-las vivas com as condições de nutrição que a célula precisa de temperatura de oxigênio”, conta a pesquisadora, sobre o início de tudo, que é a coleta de algumas células que vão servir de base. E esse ambiente que tem tudo o que a célula precisa é chamado de biorreator. É uma máquina enorme, que, além de manter todas essas condições ótimas de temperatura, pressão etc, fica cheia de um líquido, um meio de cultura que oferece nutrição constante para as células. A ideia é que elas se multipliquem numa velocidade acelerada, já que a intenção é produzir toneladas de carne. Também é importante que as células se diferenciem e criem, por exemplo, fibras musculares. Em linhas gerais, é assim que se cultiva carne em laboratório. Mas não é tão simples tirar um bife certinho de dentro do biorreator. Para que o produto tenha forma e a aparência de carne convencional é preciso apelar para a engenharia. 18
Customização
Um boi criado para corte pesa uns 500 quilos na hora do abate. Mas, em média, só 50% desse peso vira de fato a carne para consumo. A outra metade, que compreende as partes do boi, vira resíduo. Em alguns casos, os produtores conseguem dar outras destinações para essa carcaça. Mas, quando eles não conseguem, sobra uma quantidade enorme de lixo contaminado – um problema ainda não resolvido pela pecuária. Mudando os processos e as configurações do biorreator, é possível mudar. “A gente pode determinar: eu quero uma carne que tenha 10% de gordura, essa gordura eu quero marmorizada ou eu quero ela recobrindo. Essa gordura vou substituir… 10% de gordura mas vou usar 8% de gordura vegetal e só dois por cento de gordura animal”, explica Carla. Ela mencionou a gordura, mas daria pra mexer em praticamente qualquer coisa: adicionar alguns nutrientes, remover outros, criar sabores, texturas diferentes e aspectos diferenciados das demais carnes ja existentes no mercado atual.
O hambúrguer foi caro porque a produção envolvia 20 mil filamentos de carne que cresceram fora do corpo de uma vaca
Redução de riscos biológicos
Já se sabe que a Covid-19 pulou de um animal para os seres humanos e que há diversos casos anteriores de doenças que surgiram assim, como a gripe aviária, a gripe suína e a Sars. Recentemente a ONU divulgou um relatório apontando que 70% das doenças contagiosas modernas têm origem animal. E estão crescendo as evidências científicas que relacionam o nosso modelo de produção de carne ao surgimento dessas doenças. Os ambientes fechados, com milhares de animais aglomerados, são perfeitos para isso porque são ideais para patógenos fluírem, o que, segundo Carla, faz com que o uso de antibióticos seja bem comum e gere resistência bacteriana (ola leitor dedicado, se você ta lendo isso você é muito legal ta, faltou mais algumas). @Revista_Salve
Foto por Porkexpo
Já na produção da carne cultivada, segundo a visão de alguns pesquisadores, não seria necessário usar esses medicamentos. Isso reduziria não só o custo, mas garantiria um produto final mais seguro para os humanos que consumirem. Molento disse que não é bem assim. “Provavelmente o que nós teremos é uma grande redução no uso de antibióticos, tá? Não vai zerar porque nós precisamos naquela primeira etapa, por exemplo, em que a gente retira células de um animal a gente tem potencial de contaminação.” Isso sem mencionar outros possíveis contatos que a carne teria com patógenos. Seja na produção ou depois disso, enquanto ela está sendo manipulada e preparada para venda, por exemplo. Mas, além dos riscos evidentes para a saúde pública, essas doenças podem causar um impacto desastroso na cadeia de produção dos alimentos. “Peste suína africana é uma doença de porcos que dizimou a população de porcos de algumas regiões da China principalmente depois disso a China saiu comprando carne no mundo inteiro, o preço
Exemplo de como é o espaço onde ocorre a criação de suinos
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da carne no Brasil disparou. A gente teve um desbalanço da cadeia de produção de alimentos”, disse Gustavo Guadagnini, diretor do Good Food Institute (GFI) explicando de casos no Brasil. Para explicar, o GFI é uma organização sem fins lucrativos que atua promovendo o consumo de produtos plant-based, aqueles substitutos vegetais para carne, leite e ovos. E também faz a mesma coisa com a carne cultivada. Eles fazem consultorias para empresas, fazem lobby com governos e agências reguladoras e incentivam o desenvolvimento de ciência e tecnologia pro setor em universidades. Aliás, foi o GFI que ajudou a construir o curso de zootecnia celular na UFPR que a gente mencionou anteriormente no texto.
Sustentabilidade
O mais polêmico e mais importante argumento para o futuro da carne cultivada é o de que ela é mais sustentável do que a convencional mais comum. Se ficar comprovado de fato que ela é melhor para o meio ambiente, haverá um impacto gigante sobre as escolhas dos consumidores. Num futuro que vai ser ainda mais marcado pelas discussões sobre sustentabilidade, um produto que gera menos impacto com certeza sai bem na frente dos rivais. E é justamente por isso que os defensores da carne cultivada batem tanto nessa tecla. Ainda assim, há um problema muito grande nesse cenário, como lembra Guadagnini. “Eu acho que a grande complexidade desse momento é que a carne cultivada não é: ela será. Então é muito difícil você fazer uma análise do ciclo de vida de uma tecnologia que ainda não existe.” 20
Como as grandes fábricas ainda não existem, é difícil ter certeza sobre qualquer coisa, ainda que existam vários argumentos favoráveis à carne cultivada. A maior parte se baseia no fato de que ela vai substituir a pecuária tradicional. Então muitos dos impactos ambientais da criação de animais deixariam de acontecer. Um exemplo é a emissão de gás metano, causador do efeito estufa, produzido pelo sistema digestivo dos bois. Segundo Carla, a produção natural desse gás pelos animais não é exatamente a questão. “O problema é que nós criamos uma superpopulação de bois no planeta que não tem antecedentes históricos.” Isso fica muito evidente no Brasil, um país que tem mais cabeças de gado do que habitantes no país. A terra e a água usadas para manter esses animais vivos também causam um impacto enorme. É só a gente pensar que cada quilo de carne demanda em média 15 mil litros de água. E mais de 60% do desmatamento da Amazônia é feito para abrir novos pastos em campo aberto. “E aí além de tudo isso tem também o transporte do animal para abate a fábrica toda que faz o abate e depois o processamento da carne. A gente vai trocar isso por um processo onde em poucas semanas eu consigo fazer essa mesma carne dentro de uma fábrica única”, destaca Gustavo.
Áreas para pastoreio acabam contribuindo para o desmatamento do planeta
Foto por Pok Ri
A terra e a água usadas para manter esses animais vivos também causam um impacto enorme
O tempo de produção da carne cultivada também seria muito menor. Na pecuária tradicional, um boi demora mais ou menos três anos para chegar no ponto ideal de abate. Numa fábrica, uma peça de carne poderia ficar pronta em poucas semanas. O que, novamente, reduz os custos e os insumos usados no processo. A fabricação também deve deixar um volume menor de resíduos. O que sobra, em tese, é só aquele meio de cultura onde as células ficam se desenvolvendo. Ou seja, seria mais fácil se livrar ou achar uma destinação boa para esses resíduos. E, por último, os defensores da carne cultivada dizem que ela pode ser a resposta para a demanda crescente por carne no mundo. Só em 2021 o planeta vai consumir mais de 60 milhões de toneladas de carne bovina. E mercados como China, Índia e países africanos devem aumentar a demanda nos próximos anos. Com a nova tecnologia, daria para supri-la sem ter que desmatar florestas e criar mais gado.
a gente tem muito mais perguntas do que respostas. A tecnologia está sendo desenvolvida agora e numa escala ainda pequena, muito diferente daquela industrial que se projeta para o futuro da humanidade. Quando a gente fala de bem-estar animal, os argumentos a favor da carne cultivada são robustos, mas tem um detalhe que causa bastante polêmica: o meio de cultura usado para nutrir as células. Para elas se desenvolverem direito, esse meio precisa ter nutrientes básicos, como proteínas, açúcares e vitaminas. Além
Revolução na alimentação?
Com tantos argumentos, já é possível até imaginar o futuro. Pessoas todas correndo de mãos dadas em belos campos verdejantes, celebrando a vida e a comunhão com a natureza da fauna e flora. Infelizmente, nada é tão simples assim. A verdade é que existem várias polêmicas envolvendo a carne cultivada e até agora @Revista_Salve
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disso, são necessários vários hormônios, como insulina, transferrina, fatores de crescimento e diversas outras moléculas que não são tão fáceis de produzir, ainda mais em um gigantesca escala. O segredo é que tem um líquido que reúne tudo isso, o sangue. Mas não qualquer um: o sangue mais nutritivo pras células cultivadas é o de fetos de bezerros. Ele é popularmente mais conhecido também como Soro Fetal Bovino. “Usa insumos de origem animal? E quanto eu consigo adicionar desses hormônios para que ele funcione em comparação com a proliferação celular in vivo?”, questiona o engenheiro de alimentos Marco Antonio Trindade, professor da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos da USP, em Pirassununga, no interior da grande São Paulo.
Foto por Angele J
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“A carne é o produto de reações químicas que acontecem no músculo, no mínimo 24 horas após o abate, que são as primeiras reações bioquímicas em termos de abaixamento de pH, pela transformação do músculo em carne, rigor mortis e reações posteriores de hidrólise proteica pelas enzimas naturalmente presentes no músculo que é o que a gente chama de maturação”, explica o professor sobre o processo que gera maciez e sabor da carne. Para os tecidos ganharem forma dentro do biorreator , os produtores usam umas estruturas muito pequenas chamadas scaffolds, uvma espécie de “andaime”. A professora Carla Molento ao afirmar que existirão cortes de carne como filé mignon e picanha, a tecnologia é incipiente e a gente ainda não viu demonstrações públicas dessa nova façanha.
Gasto de energia
A sustentabilidade da carne cultivada é um assunto delicado, que gera bastante divergência. Não houve consenso nem mesmo entre os entrevistados. Gustavo do GFI não tem muitas dúvidas de que o impacto vai ser menor. “A carne cultivada pode ser até 95 por cento mais sustentável do que a de origem animal tradicional” Até o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU, a maior autoridade do mundo sobre meio ambiente, se posicionou sobre o assunto. Os cientistas do painel mostraram algumas preocupações com a tecnologia. Em 2019, eles soltaram um relatório apontando que ela poderia inclusive gerar mais impactos ambientais do que a carne convencional por conta do uso intensivo de energia. Por isso é tão difícil afirmar categoricamente que a carne cultivada vai ser mais ou menos sustentável. Não se sabe ainda qual vai ser a eficiência energética das fábricas e se vai existir energia limpa o suficiente disponível no futuro. O que é certo é que, para viabilizar essas fábricas enormes, deve surgir um ecossistema de empresas secundárias, que vão fornecer todo tipo de insumo pras indústrias da carne cultivada. Das máquinas ao meio de cultura, das embalagens aos scaffolds que a gente mencionou. Diante de tudo isso, mais uma pergunta. Será que a gente investe nisso, ou será que é melhor esperar mais um pouco pra ver se a moda pega mesmo? Carla é enfática. “Nós não temos esse poder, como país. Vai acontecer. Nossa escolha é: vamos participar das oportunidades? Ou vamos ficar refém depois importadores de produtos?” @Revista_Salve
Carne de laboratório, pode ser feita de plantas ou células animais Carne artificial criada por pesquisadores de Harvard
Foto por Site funzen
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Quando a embalagem esconde a realidade Choques, maus-tratos e fraudes na vida das galinhas “livres de gaiola” por
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Marcos Hermanson Pomar
atrás de imagens de galinhas passeando no campo, uma história de condições duvidosas de bem-estar animal e violações trabalhistas Joana Ayres, de 30 anos, é uma psicóloga preocupada com a questão do bem-estar animal. Moradora de Santo André, no ABC paulista, sempre que vai às compras faz a opção pelos ovos de galinhas “livres de gaiola”. Essa modalidade apareceu nas gôndolas do mercado há alguns anos, e acaba servindo como meio-termo entre os ovos convencionais, muito baratos, e os orgânicos, geralmente mais caros. No Pão de Açúcar, por exemplo, uma cartela com doze ovos orgânicos Fazenda da Toca custa R$ 15. No mesmo supermercado, dez ovos “livres de gaiola” da Qualitá saem por R$ 9,90. Apesar de ter de pagar um pouco a mais do que nos ovos comuns, Joana acredita que o bem-estar animal deve entrar na conta. Como não vê muita diferença entre as nomenclaturas dos ovos alternativos – livre de gaiolas, caipira e orgânico – acaba optando pela versão mais barata e não pela mais fiel. Outro fator que pesa na escolha é a embalagem. A cartela dos ovos “livres de @Revista_Salve
gaiola” exibe uma galinha ciscando solta sobre a areia e um selo de certificação de bem-estar animal. Então, o produto que ela acaba de escolher parece tão bom quanto os demais.Na outra ponta dessa cadeia está a Fernanda*. É ela quem cuida das galinhas “livres de gaiola”, as mesmas que produziram os ovos que Joana acaba de comprar no supermercado. O que Fernanda tem para contar a Joana talvez a faça repensar suas escolhas como consumidora. E esse é só o começo da história. Sozinha, Fernanda é responsável por um galpão com 11 a 12 mil aves. Suas tarefas? Coletar os ovos, que são cerca de 10 mil por dia, administrar água e ração, enterrar as galinhas mortas e limpar os banheiros. Tudo isso em apenas oito horas. A funcionária da granja sabe que ali as galinhas não são exatamente felizes. São submetidas a choques elétricos, só têm acesso à área externa do galpão muito esporadicamente, e passam por debicagem, ou seja, pela amputação de uma parte dos bicos. O dono da granja onde ela trabalha mantém milhões de galinhas presas em gaiolas, 25
mas destina uma fração de sua produção à criação “consciente”, já que esse é um nicho de mercado que vem crescendo nos últimos anos. Além disso, uma série de importantes compradores desse empresário – como as redes Carrefour e Pão de Açúcar – fizeram compromissos públicos relacionados ao fim da venda de ovos produzidos no sistema convencional. No Brasil, a legislação não reconhece diferenças entre os tipos de criação convencional, livre de gaiola e caipira. Por isso, basta atender aos critérios sanitários do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) para rotular o produto com o nome que mais lhe convenha do ponto de vista publicitário. Por fim, no meio dessa confusão toda estão as certificadoras de bem-estar animal, criadas com o intuito de dar algum grau de confiabilidade ao produto que chega nas prateleiras. Para isso, instituem parâmetros de criação aos quais os donos da granja teriam de se sujeitar. Mas veremos que burlar as regras dessas novas entidades não são exatamente tão difícil assim. Foto por Nam intibus.
Promessas
Começamos a olhar para os fornecedores de ovos dos grandes supermercados depois de uma visita a uma unidade da rede Pão de Açúcar na cidade de São Paulo. Havia uma profusão de embalagens que chegava a tornar confuso, se não impossível, escolher o ovo certo. Entre mais de uma dezena de fornecedores e várias modalidades de criação, decidimos que era preciso investigar se tudo o que se promete na embalagem é de fato cumprido. O que revelamos vai além de galinhas e trabalhadores infelizes. É 26
Criação industrial de galinhas dentro de gaiolas
O plano geral
Pra você ter uma ideia, a ave tem o espaço de meia folha A4 pra viver.
@Revista_Salve
um episódio emblemático dos limites de se tentar construir um sistema alimentar saudável e justo se valendo de grandes empresas multinacionais. A própria Qualitá, marca do Grupo Pão de Açúcar, sugere que se escolha de acordo com três graus diferentes de bem-estar na criação das galinhas. No nível mais alto – e mais caro – estão aves alimentadas com ração orgânica, direito a passeio no campo e livres de gaiolas. Depois, a escala vai descendo até as galinhas que não vivem enjauladas, mas também não são alimentadas com ração orgânica e tampouco têm direito a um rolê do lado de fora do galpão. Abaixo disso, fora da tabela, vêm os ovos comuns, produzidos por galinhas que vivem dentro de gaiolas. Entre mais de uma dezena de fornecedores e várias modalidades de criação, decidimos que era preciso investigar se tudo o que se promete na embalagem é de fato cumprido. O que revelamos vai além de galinhas e trabalhadores infelizes. É um episódio emblemático dos limites de se tentar construir um sistema alimentar saudável se valendo de grandes empresas.
Segundo dados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), em 2019 o consumo de ovos per capita no Brasil atingiu a marca recorde de 230 unidades, 65% a mais do que no ano de 2010, quando consumíamos “apenas” 148 ovos. Se uma década atrás o Brasil produziu 28 bilhões de ovos, agora esse número chega ao alto patamar de 49 bilhões de ovos. Para dar conta de todo esse consumo, o país ostenta um verdadeiro exército de galinhas poedeiras: são 118 milhões de aves espalhadas pelo território nacional, 95% delas criadas em modalidade de confinamento intensivo, isto é, dentro de gaiolas. Desde 2012 o manejo em gaiolas é proibido em toda a União Europeia, mas por aqui segue sendo um negócio legal e extremamenter lucrativo. Em galpões que chegam a abrigar cem mil galinhas, essas aves se amontoam em números de oito, dez, às vezes doze animais por gaiola. “Pr a você ter uma ideia, a ave tem o espaço de meia folha A4 pra viver. É fácil entender o prejuízo em termos de bem-estar”, explica a zootecnista Paola Rueda, especialista em bem-estar animal da ONG World Animal Protection (WAP). Ali dentro das gaiolas essas galinhas são impedidas de desenvolver os comportamentos naturais mais básicos, como abrir as asas, ciscar, caminhar, brincar na terra e se empoleirar. Com o tempo, o grau de estresse é tanto que as aves passam a desenvolver comportamento canibal: bicam e muitas vezes ferem de morte as “companheiras de cela” – daí a debicagem, que serve para impedir que se machuquem. 27
Foto por Granja Faria
Parte dessas substâncias ingeridas pelas aves acaba no ovo do consumidor
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O problema é que esse manejo causa dor crônica e dificuldade para as aves na hora de se alimentarem. Também é comum ver essas galinhas desenvolverem deformações de perna e de pata, já que passam a vida toda se equilibrando em cima do metal vazado das gaiolas. Magras, estressadas, constantemente com calor – por conta da “superpopulação” nas granjas – essas aves passam por um processo gradual de depressão imunológica, o que as torna muito suscetíveis a organismos invasores. Como forma de evitar o adoecimento do plantel, os produtores fazem a administração preventiva de antibióticos na ração todos os dias. Se, por um lado, esses antibióticos evitam que doenças se alastrem como pólvora entre as galinhas amontoadas, de outro acabam por promover
uma seleção nada natural de patógenos super resistentes, o que aumenta o risco de aparecimento de doenças altamente nocivas ao humano. A gripe aviária é um exemplo desse processo. Como risco adicional, parte dessas substâncias ingeridas pelas aves acaba no ovo do consumidor, o que pode aumentar a resistência de vírus e bactérias também no organismo humano. A origem do novo coronavírus ainda não é clara, mas a doença levantou novamente a discussão sobre os métodos de criação de animais e o risco de surgimento de epidemias e pandemias com o passar dos anos.
Os tais métodos alternativos
Tanto produtores quanto ONGs de proteção animal são unânimes em dizer que nos últimos anos houve crescimento da demanda dos consumidores por ovos produzidos em sistemas alternativos, o que incentivou a indústria a apresentar produtos que correspondessem a essa vontade do consumidor. Foi no auge desse movimento que surgiu a modalidade “livre de gaiola” (cage free),
uma espécie de “modelo de transição” entre a criaç ão intensiva e os manejos caipira e orgânico. Enquanto os dois últimos se parecem mais com o modo tradicional de criação de galinhas poedeiras, típico de pequenas propriedades, o “livre de gaiolas” é um filho legítimo da avicultura industrial de uma gigantesca escala. A Granja Faria, de propriedade do megaempresário catarinense Ricardo Faria, se encaixa nessa categoria. Das seis milhões de galinhas poedeiras pertencentes ao grupo, apenas 192 mil aves são criadas de maneira não convencional, em uma unidade de Palhoça, em Santa Catarina.
A embalagem, não confie nela
Já mencionada na reportagem, a unidade de Palhoça do conglomerado Granja Faria é um exemplo do que o furo na legislação pode permitir. Ali a empresa produz ovos “livres de gaiola” para a marca Qualitá, do Pão de Açúcar, e uma linha própria de ovos “caipiras”, a Ares do Campo, vendidos em diversas redes de supermercado pelo Brasil, entre elas o Carrefour. Ambas as modalidades produzidas na Granja Faria ostentam o selo Certified Humane, da Humane Farm Animal Care (HFAC), entidade internacional de certificação de bem-estar animal que exige alguns parâmetros na criação de galinhas cage-free e caipiras. Segundo o relato de funcionários ouvidos pela reportagem, no entanto, o manejo das aves na granja viola os parâmetros da hfac para ambas as modalidades. Entre as quebras narradas pelos empregados está a aplicação de eletrochoque como forma de desencorajar as galinhas poedeiras a colocar ovos no chão do galpão @Revista_Salve
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Afinal, os peixes sentem dor? A opinião pública ficou sensibilizada pelos oceanos, tudo devido ao documentário Seaspiracy por
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João Lara Mesquita
esta é a discussão do momento. Ela chegou à tona depois do sucesso do documentário Seaspiracy qule escancara o que se vem dizendo há anos sobre os maus tratos impostos aos oceanos pela indústria da pesca mundial, ou as fazendas de criação de peixes, a poluição por plástico, pesca incidental, poluição po esgoto, etc.
Em seu artigo três está escrito: “Nenhum animal será submetido a maus tratos e a atos cruéis’’ e ‘Se a morte de um animal é necessária, deve ser instantânea, sem dor ou angústia como é feita atualmente”. No Brasil são comuns as polêmicas levantadas por grupos de defesa de animais. O ápice aconteceu em 2013, quando ativistas invadiram o laboratório Royal, Seaspiracy em São Roque, para soltar cachorros da Seaspiracy mostra barbaridades como a raça Beagle, supostamente sofrendo maus morte maciça de tubarões que têm suas tratos (mas deixaram os ratos intactos barbatanas decepadas e depois são jogados em suas gaiolas dentro de laboratórios). É oportuno lembrar que as atividades de volta ao mar para morrerem, e ainda essenciais com animais em laboratórios registra cenas de mortes de baleias no litoral das Ilhas Faroe a poder de macha- são regulamentadas pela Agência Nacional dadas. O diretor, então, levanta a questão de Vigilância Sanitária (Anvisa). Também dos grupos que defendem os direitos de são comuns nas redes sociais os questodos os animais vivos no planeta. tionamentos sobre a morte de animais O documentário não aborda a questão em abatedouros, ou discussões sobre a dos direitos dos animais diretamente, mas “justiça” de se matar pintinhos machos em deixa implícito. Para quem não sabe, eles granjas (próxima matéria explica melhjor são “protegidos’’ até em fóruns internacio- esse tópico sobre os pintinhos machos nais como a ONU. Em 1978 foi aprovada que são sacrificados apenas por não sea Declaração Universal dos Direitos dos rem capazes de botar ovos assim como as Animais pela Unesco – Organização das fêmeas de sua espécie, que são utilizadas Nações Unidas para a Educação e a Ciência. para indústria de ovos). @Revista_Salve
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Foto: UN Environment Programme
Mas afinal, os peixes sentem dor?
Mas, e os peixes? Seaspiracy levanta a questão depois que o diretor diz, em off, que sempre pensou apenas na sustentabilidade da pesca, mas depois dos horrores que testemunhou ele se pergunta o quanto os peixes podem sentir? Em seguida, surge na tela a figura carismática de Sylvia Earle, uma das maiores referências na ciência marinha mundial. “Peixes sentem dor? Acho espantosa a pergunta. Como cientista, é senso comum. Peixes têm um sistema nervoso e têm os elementos básicos que todos vertebrados têm, então o que o diferencia dos demais?” Sylvia prossegue dizendo que fingir não saber disso nada mais é que “uma justificativa para fazer coisas covardes com criaturas inocentes”. E finaliza, “é a única explicação que encontro para tratarem os peixes com uma atitude tão cruel. Peixes sentem dor e medo e, assim como mamíferos marinhos, também têm uma vida social. Mas diferentes de alguns mamíferos que possuimos mais contato, os peixes também são capazes de demonstrar essas emoções eventualmente. 32
Sylvia Earle, uma das maiores referências na ciência marinha mundial.
A Falta de ética está na raiz da indústria mundial da pesca
@Revista_Salve
Os problemas nas fazendas de criação de peixes
Um relatório, publicado na revista Science Advances, descobriu que a falha em fornecer o ambiente certo e no manejo correto dos animais aquáticos pode levar a defeitos congênitos, mobilidade restrita, comportamento agressivo e dor extrema durante o abate, desta forma apresentando características de que eles realmente podem possuir sentimentos. E recomenda que a indústria da aquicultura se concentre no cultivo de espécies mais simples, com menos bem-estar e riscos ambientais – algas marinhas e bivalves como ostras, mexilhões e amêijoas. Segundo o Guardian, a indústria de aquicultura global, avaliada em US$ 250 bilhões, cresceu muito nas últimas décadas. Embora tenha sido enquadrada como uma resposta à exploração das populações de peixes selvagens, a aquicultura tem sido criticada por impactos negativos, incluindo poluição, dependência de peixes selvagens para alimentação e uso excessivo de antibióticos implementados na sua alimentação diariamente.
O estudo diz que o bem-estar também deve ser considerado. Os peixes têm memória de longo prazo, podem resolver problemas, cooperar entre espécies e – ao contrário do que se acreditava anteriormente – sentir dor. E conclui:”Embora existam padrões de bem-estar legalmente consagrados para animais de criação terrestre, o relatório diz que os padrões são frequentemente fracos ou ausentes para animais aquáticos. Muitas das espécies cultivadas geralmente não são biologicamente adequadas para a vida em cativeiro, diz o relatório”. Lynne Sneddon, bióloga da Universidade de Gotemburgo ouvida pelo Guardian, declarou: “Esses animais são seres sencientes, eles são capazes de sentir dor, medo, estresse e, ainda assim, nós os criamos em condições que não seriam aceitáveis p ara mamíferos ou quaisquer outros pássaros”. Com estas informações, a matança anual de milhares tubarões amputados de suas barbatanas, e devolvidos ao mar para morrerem, é não só antiética mas cruelPor falar nisso, a falta de ética está na raiz da indústria mundial da pesca
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O frango nasce, cresce e morre em 42 dias Como foram desenvolvidas as aves que permitiram fornecer um produto barato à população mundial por
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João Peres
quando decidi que era hora de voltar a mais de um ano para ser colhida. E, no comer frango caipira, o primeiro trabalho entanto, existe um animal que cresce mais foi procurá-lo. Não estava no açougue da veloz que muitos vegetais. esquina, nem no mercado do bairro. Já “Ele é uma maquininha, é programado”, não era tão fácil quanto antes, embora disse Iran José da Silva. Um estarista (um ainda existisse uma oferta razoável. Isso especialista em bem-estar animal na criaaconteceu há uns cinco anos. ção intensiva de aves, bois e porcos). Diante da primeira mordida, fui tomado Ele coordena um núcleo de pesquisa um por sentimento dúbio. O sabor era em ambiente animal na Escola Superior completamente diferente. Era bem mais de Agricultura Luiz de Queiroz, a Esalq, marcante. Mais forte. A carne rígida de- da USP, e é consultor do Ministério da mandava mastigar por mais tempo. Era Agricultura. “É um modelo matemático tudo tão diferente que nem parecia se exato. Porque você põe na conta o que tratar do mesmo animal. De fato, hoje sei ele está comendo de energia. Não estou que não se trata do mesmo animal. falando de gramas de ração, não: é lisina, Afinal, que frango é esse? Não o frango metionina. A quantidade de energia que caipira: que frango é esse que vendem está recebendo, o quanto ele está convernos açougues e nos supermercados? Que tendo em ganho de peso. Então tudo isso frango é esse que se transformou no si- é um modelo matemático.” A comparação entre frango e máquina nônimo-mor de carne barata, fácil de ser consumida em várias refeições ao longo não partiu dos críticos da indústria da da semana? Que frango é esse que nasce, carne. Ao longo do nosso processo de cresce e morre em, no máximo, 42 dias? pesquisa, fomos entendendo que os defenSim, 42 dias: esse frango cresce tão sores desse modelo encaram o frango de rápido quanto um pé de alface. Uma ba- nossos tempos como uma espécie de carro tata-doce não sai da terra em menos de de Fórmula Um: a avicultura de precisão quatro meses. Uma mandioca pode levar é tão matemática quanto a engenharia. @Revista_Salve
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Numa corrida de Fórmula Um, a diferença entre os carros deve ficar na casa dos décimos de segundo, pois se não o prejuízo pode ser inimaginável diante de seus adversários. Essa mesma ideia é aplicada na avicultura de precisão. O problema é que, em vez de vinte carros, a gente tá falando de vinte mil, trinta mil aves que precisam crescer praticamente num mesmo ritmo. A equação entre músculos e gordura, entre calor e frio, entre estresse e calma, tem de ser muito precisa. E sempre depende de qual é a finalidade daquela carne. “Não mais para um frango, para uma carne in natura. Então vai levando para almôndegas, para salsichas, para presuntos, para produtos processados”, continuou Elsio. Um dos motivos para o sucesso do frango nessa empreitada – se é que dá para falar em sucesso – é o ciclo de vida relativamente curto, já que o período para o abate são próximos a apenas um mês e meio. É mais fácil testar inovações em aves do que em porcos e bois. Também por esse motivo, tudo se torna mais rentável: mesmo hoje em dia, um boi demora três anos pra ser abatido, e um porco, no mínimo, quatro ou cinco meses. Fazendo com que os testes em aves acabe se tornando mais rápido com os resultados. Tudo isso começou nos anos 1930 nos Estados Unidos. Naquela época, o tempo médio de abate era de 105 dias. Mas, durante várias décadas, conseguiu-se uma redução extraordinária, de um dia por ano. Nos anos 1970, já eram 49 dias. E, hoje, são 42 dias, 7 semanas. Sendo assim um período muito curto de vida e se diferenciando dos outros animais, se tornando a melhor opção para novos testes, ja que demonstrariam resultados mais rápidos. 36
Pintinhos machos na indústria de ovos são considerados inúteis porque não conseguem botar ovos.
Foto por Animalequality
Eficiência ou morte
Quando comprava frango de bandejinha, havia uma coisa que não me chamava atenção, mas, hoje, me chama muito a atenção: o peito tem uma altura de três ou quatro dedos. É algo gigantesco. Comparando agora com frangos caipiras, me espanto com a diferença em termos de magreza. O frango mais eficiente do mundo, ou um dos dois mais eficientes, é o Cobb 500, um sucessor do Cobb 100, que foi uma das primeiras aves a ser convertida em clone. O Cobb 500 chega aos 42 dias de vida com 2.952 gramas. Essa ave pode ganhar quase 100 gramas num único dia, tendo consumido o dobro disso, 200 gramas. Hoje, ele precisa de menos de cinco quilos de ração pra chegar a três quilos de carne. Parece muito? Quando comparado com um boi, é muito pouco.
@Revista_Salve
Foto por Ueniweb
Toda essa eficácia barateou a carne do frango. O que levou a uma explosão no consumo. Se a gente olha pras estatísticas do IBGE, o número oficial é que o Brasil abateu quase seis bilhões de aves no ano passado. O país é hoje um dos grandes consumidores, com 45 quilos ao ano, e um dos maiores exportadores – no ano passado foram quatro milhões de toneladas. Mas, do ponto de vista genético, esse modelo de avicultura abateu meia dúzia de espécies, porque todo mundo é cópia. Cobb 500 é uma marca, e não um nome. Esse é um aspecto central pra que a avicultura de precisão funcione: todos os frangos precisam ser iguais. Cobb, Aviagen e Hubbard: três empresas e nada mais. Três empresas controlam todas as bisavós de aves comerciais do planeta Terra. Mas o avicultor não pode criar os próprios pintinhos? Muito difícil. Porque, se ele estiver integrado a uma corporação, como Seara e BRF, o trabalho dele é simplesmente fazer crescer os pintinhos. Mesmo que ele quisesse, do ponto de vista genético seria muito difícil porque a cada geração essas aves têm uma perda 37
1. Foto: Aviculturaindustrial
Elas comem muito porque são forjadas a serem animais que comem muito para produzir muita carne.
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grande de eficiência. É como na Fórmula Um: entre uma temporada e outra, é preciso projetar um carro novo. Cobb, Aviagen e Hubbard criam as bisavós. As empresas matrizeiras já recebem as avós – as matrizes. Essas matrizeiras criam as galinhas que finalmente vão para a indústria da carne, onde são reproduzidas. É só então que os pintinhos são levados para os criadores. Durante o curso de Medicina Veterinária, Pedro Xavier começou a trabalhar na indústria da carne. Com muito otimismo. “Sendo um veterinário progressista, eu poderia me envolver com uma indústria que alimentava o mundo.” Mas a esperança começou a desmoronar diante da realidade em que estão vivendo. Enquanto os filhotes morrem por volta de 40 dias, as mães e os pais precisam durar em torno de 40 semanas. “Elas vivem em sistema com menos luz durante uma época da vida justamente para não ativar uma puberdade muito cedo”, conta. Nesse estágio, a ideia é que essas aves engordem o mais devagar possível, pra que coloquem muitos ovos ao mesmo tempo, para consseguirem vender mais.
“Essas aves são aves glutonas, por natureza são aves que têm aptidão pela gula. Elas comem muito porque são geneticamente forjadas a serem animais que comem muito para produzir muita carne.” Mas não no caso dos pais e das mães: algumas pesquisas mencionam uma restrição de até 80% na ração durante a fase reprodutiva. Em alguns dias, o jejum é total. Nessas fases, as aves são vendidas e exportadas de duas maneiras. Como ovos fecundados, que vão eclodir todos ao mesmo tempo. Ou como pintinhos. “O nível de vibração dos caminhões, a qualidade das nossas estradas, afeta diretamente o desenvolvimento embrionário”, conta Iran, da Esalq. “Se você soubesse o quanto o nível de vibração numa carga de ovos férteis ocasiona a eclosão de pintos sem olhos, sem cérebro, abdome aberto com o bico deformado, que a gente chama de animais de segunda linha ou animais para serem descartados.” Nós começamos a nos questionar sobre o argumento-chave para justificar esse sistema de criação de animais: a eficiência. Lemos uma série de pesquisas científicas. .
Bombado
Quando passamos das mães para os pintinhos, a lógica é o exato oposto: fazer com que comam o máximo possível, no menor intervalo de tempo possível. Então, os galpões têm luz quase o tempo todo para induzir a que esses animais fiquem acordados para acelerar seu metabolismo. Pra ter uma base de comparação, os humanos brasileiros consomem 21 bilhões de quilos de arroz e feijão por ano. Muito menos que o consumo dos frangos. No começo, os pintinhos demandam temperaturas mais altas. Mas, à medida que crescem, a temperatura dos galpões precisa baixar. O corpo dos animais produz o chamado calor metabólico. Um estudo estima que uma ave de dois quilos produza o equivalente a 15 watts de calor. Agora, multiplica isso por 30 mil aves e
você conclui que dentro de um galpão gigantesco esse calor fica em 450 mil W. Na avicultura de precisão, a diversidade é uma ameaça. Ter um plantel homogêneo é fundamental para garantir o manejo eficiente de tantos animais num espaço tão pequeno. “Por exemplo, se em determinado momento aquela ave precisaria ter um quilo e seiscentos gramas e um grupo de aves não chegou a um quilo e trezentos, a própria linhagem já indicava: bom, esse grupo de aves precisa ser descartado”, conta novamente Pedro Xavier. Essas aves tão modificadas têm dificuldade em controlar o calor do próprio corpo, e precisam da ajuda da tecnologia. Então, nessa fase o gasto de energia é com resfriamento, e não mais com aquecimento. Um caso extremo
1. Galinha presa se alimentando no viveiro
2. Galpão de criação de frango que esta sempre iluminada
2. Foto por Aviculturaindustrial
@Revista_Salve
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aconteceu faz pouco tempo, em outubro de 2020, em Bastos, no interior de São Paulo, quando mais de um milhão de aves morreram. Foi com galinhas poedeiras, e não com frangos de corte. “Num país tropical como o nosso os animais sofrem muito com o calor e eles acabam indo a óbito por estresse térmico”, explica Iran sobre essas aves. Em parte, é por isso que algumas condições de bem-estar avançaram: porque o sofrimento dos animais significa uma perda econômica. No Brasil, nos anos 90, as granjas colocavam até 40 aves por metro quadrado – imagina o que seriam 40 aves no box do banheiro. Essas aves sofriam um superaquecimento, e com isso não comiam. Sem comer, elas engordavam mais devagar ou morriam. “Quando os animais estão estressados existe um desequilíbrio no sangue chamado alcalose respiratória. E essa alcalose respiratória leva os animais a óbito. E essas perdas são significativas. Algumas situações elas chegam de 3 a 5 por cento, certo?”, continua o estarista. Hoje, segundo o relato dos nossos entrevistados, os avicultores que fornecem pras grandes indústrias usam uma concentração mais baixa, de até 15 aves por cada metro quadrado em um galpão. Tão impressionante quanto o crescimento acelerado é o declínio de uma ave como o Cobb 500. Aos 43 dias, ele simplesmente perde rendimento. Precisa de cada vez mais ração para converter em cada vez menos carne. O que o gráfico da própria empresa mostra é que o animal se torna ineficiente. O que o gráfico não mostra é que, a essa idade, o Cobb 500 já é um aninal senil e com um corpo castigado. “É igual você pegar um cara bombado 40
aí, que toma bomba na academia, está lá todo musculoso, mas o coraçãozinho continuou pequeno, os órgãos continuam pequenos e o corpo vai crescendo. Então chega uma hora que entra num colapso, certo?”, compara Iran. Pra ele, os 42 dias são o limite: não dá mais pra acelerar esse processo de crescimento do frango
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No Brasil, movimento vegano tenta se popularizar Veganismo é a filosofia e que é possível encontrar tudo que um vegano precisa em supermercados comuns e na feira por
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Gabriella Sales
no dia 1º de novembro é comemorado o Dia Mundial do Veganismo, e cada vez mais pessoas fazem parte desse grupo, que não consome nada de origem animal, seja na alimentação, no vestuário ou qualquer outro produto. Fazem parte dessa lista, inclusive, aqueles testados em animais. Um levantamento do Ibope Inteligência, de abril de 2018, mostrou que 14% da população brasileira já se declara vegetariana, ou seja, não consome alimentos com carnes. Esse índice representa um total de 30 milhões de pessoas. Nas capitais, a porcentagem de vegetarianos sobe para 16%. Em 2012, o Ibope havia contabilizado 8% nessas áreas, portanto o número de pessoas que deixaram de comer carnes dobrou no período. A pesquisa do ano passado também revelou que 55% dos entrevistados consumiriam mais produtos veganos se eles estivessem melhor indicados no mercado, e 65% comprariam mais desses produtos se eles tivessem o mesmo preço que os consumidos normalmente. Nesse contexto, as discussões sobre o veganismo e o vegetarianismo têm @Revista_Salve
ocupado cada vez mais espaço na mídia e nas rodas de conversa. O Dia Mundial do Veganismo acaba sendo uma oportunidade para divulgar ainda mais essas ideias e atingir mais pessoas. É o que acredita Fabio Chaves, criador do Portal Vista-se, que é vegano há 11 anos: “É um dia no ano para sites e jornais que não falariam sobre veganismo começarem a falar. Acho positivo. Além disso, é um momento para avaliarmos o movimento e pensar sobre como tudo está andando.” O Dia Mundial do Veganismo existe desde 1994, quando foi estabelecido pela então presidente da Sociedade Vegana da Inglaterra, Louise Wallis, na comemoração do aniversário de 50 anos da instituição. Desde lá, vem servindo como um momento para divulgar o veganismo e refletir sobre ele. Entretanto, divide opiniões dentro do movimento. Igor Oliveira, administrador da página Vegano de Quebrada, no Instagram, afirma que não tem certeza sobre o efeito real dessa ação para a causa. “Acho que as megaempresas e grandes corporações que estão de olho no mercado vegano irão transformá-lo. 43
Igor traz em seu perfil a ideia de que o veganismo não tem a ver com uma concepção elitista que, para ele, vem tomando conta do movimento. “Alguns eventos grandes veganos realizados em São Paulo, por exemplo, com palestras e pessoas com conteúdo que poderiam ajudar a propagação, são restritos e com cobranças exorbitantes do ingresso, o que afasta quem mais precisa saber sobre o movimento e quem mais consome carne, derivados e ultraprocessados. A periferia.” Nessa mesma linha, Eduardo Santos mantém junto ao seu irmão, Leonardo, a página Vegano Periférico. “O veganismo, como a maior parte das causas começou na classe média e na elite. Logo, foi propagada por pessoas da classe média e da elite, com uma comunicação difícil de entender, em sua grande maioria publicadas em inglês. Os restaurantes pela mesma razão são voltados para uma elite intelectual e financeira”, explica. “O acesso hoje, ao veganismo como uma causa é de fato segregado, mas o veganismo em essência é muito mais simples, popular, político e acessível do que se imagina.”
1. Itens de mercado feitos a base de plantas
2. Brasileiros em protesto na Av. Paulista no dia mundial do veganismo
1. Foto por Canal Agro Estadão
Novo mercado “plant based”
Essa situação de elitização vem acompanhada de uma mercantilização do movimento. Cada dia mais, marcas gigantes e multinacionais anunciam o lançamento de linhas veganas e produtos “plant-based”, o que também é uma questão polêmica dentro do veganismo, já que a maior parte dessas marcas não compartilha dos ideais do movimento e o interesse pelo mercado é o que fala mais alto. Fábio Chaves acredita que há um lado positivo nesses lançamentos, mas também 44
Eduardo também acredita que, apesar não se pode perder a verdadeira essência do veganismo. “É importante que quem da elitização, o movimento vem alcanqueira investir no mercado de produtos çando mais pessoas de outras realidades: veganos o faça de forma consciente, de “Existem bastante coletivos e grupos de que há várias regras para que um produto amigos e ativistas que estão levando o seja considerado vegano”, afirma. Porém veganismo pra comunidade onde moram”. destaca que a maior oferta de produtos Contudo, para ele, ainda está longe do significa que mais pessoas se sentem con- ideal e considera que é importante transfortáveis a se tornarem veganas e, assim, mitir a informação de uma forma coerente menos animais morrem. “Mas eu também com a realidade das pessoas, o que muiacho que nunca podemos esquecer que o tas vezes não é feito. Igor concorda: “O principal do veganismo é a filosofia e que movimento precisa se politizar cada vez é possível encontrar tudo que um vegano mais, ser mais pé no chão. Parar de usar precisa em supermercados comuns e na inglês e uma comunicação acadêmica pra feira”, completa, se justificando. tudo. Facilitar o acesso dos mais pobres De um jeito ou de outro, o veganismo vem em feiras, eventos, palestras, restaurantes, chegando a mais pessoas e ganhando mais lanchonetes, debates, ações, etc.” adeptos. “Com mais informação circulando e mais produtos para facilitar o dia a dia, as pessoas aderem mais”, pondera Fabio.
2. Foto por Animal Equality
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Crescimento nas redes
Nesse processo de disseminação, as redes sociais também são um ponto-chave, como explica Fabio. “A causa é muito coerente e autoexplicativa. Gosto do termo ‘comunicação não violenta’. Precisamos entender o contexto em que as pessoas vivem para adequar o discurso para que a mensagem chegue de forma mais assertiva”, sugere. Igor também enxerga esse papel das redes: “Muitos perfis veganos estão crescendo nas redes sociais o que potencializa a propagação do veganismo, dependendo da classe alvo”. Uma pesquisa do Sebrae identificou, por exemplo, um aumento na procura por cosméticos orgânicos, naturais, veganos e cruelty-free (livres de testes em animais). Foram monitoradas 2252 mensagens nas redes sociais com termos relacionados ao veganismo. Segundo o estudo, a maior parte dos que comentam (50%) sobre os termos são da geração millenial (nascidos após o início da década de 1980 e até ao final da década de 1990). A rede preferencial (89%) é o Instagram. A popularização do veganismo e as maiores possibilidades de produtos para se consumir têm feito mais pessoas se sentirem capazes de seguir esse estilo de vida, e, aos poucos, ele parece estar alcançando uma maior diversidade de pessoas. “Eu acho que vai ganhar muitos adeptos [entre pessoas da periferia]”, afirma Eduardo. “O movimento está elitizado atualmente sim, muito. Mas vejo que pode e vai ser com certeza diferente”
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Manifestação da Animal Equality em homenagem ao Dia Internacional dos Direitos Animais
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Foto: Alfredo Brant
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O passo a passo da união entre mercado financeiro e agronegócio Unidos pelo golpe de 2016, os dois setores dão sustentação a Bolsonaro por
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João Peres, com colaboração de Carol Almeida
em 7 de outubro de 2021, a edição do Jornal Nacional foi aberta com a notícia de que a economia patina. O comércio sofre, a indústria virou pó, o consumo segue no congelador. O telejornal mais importante do país passou à margem de um acontecimento que, talvez, tenha sido o mais importante do dia: a Brasil Agro, empresa do agronegócio, vendeu uma fatia de sua fazenda em Alto Taquari, no Mato Grosso, por R$ 589 milhões. Tem sido assim sempre que se trata do agronegócio: cifras astronômicas sobre balança comercial e recorde de exportação, sem uma explicação do que significam na prática. Bom, na prática, a venda de 3.723 hectares de uma empresa desconhecida do público é o ápice de um processo tão bem organizado que os recordes que vão se renovando com o passar de cada dia. Não importa que a economia esteja mal. Não importa que metade da população esteja na miséria. Na verdade, alguns dos péssimos indicadores econômicos colocam ainda mais combustível no motor do agronegócio. Agricultores combalidos, inflação de alimentos e supervalorização @Revista_Salve
dos grãos criam um cenário perfeito para um ciclo de expansão sem precedentes. Cada hectare da Brasil Agro custou ao comprador (cujo nome não foi divulgado) o equivalente a R$ 218 mil. O dobro do que a empresa conseguiu por uma outra fatia dessa mesma fazenda apenas um ano antes. E quase o triplo em relação a 2019. Usando os preços atuais da soja, o comprador precisaria de 23 anos de produção intensa para recuperar o montante de R$ 589 milhões. Um exemplo evidente de que não é de soja que estamos falando. Se antes as terras brasileiras já haviam se transformado num dos investimentos mais lucrativos do mundo, agora avançamos a um novo patamar. Na verdade, o fato mais importante do dia não se deu em Alto Taquari, mas a 1.040 quilômetros dali. É na Avenida Faria Lima, no centro de São Paulo, que pulsa o coração do agronegócio. Lá, são tomadas as decisões sobre o destino de nossas terras, da Amazônia e do Cerrado e da produção dos nossos alimentos. É ali que fica a sede da Brasil Agro, uma empresa que você vai ouvir nos próximos anos. 51
Foto por Manuela Silva
O edifício situado no número 1309 da Faria Lima tem o mesmo visual de muitos outros que abrigam empresas de agro e tecnologia. São prédios enormes, espelhados, com torres envidraçadas, cascatas e fontes. Não há mais resquício dos sobradinhos de classe média que foram demolidos para dar espaço à operação de verticalização da região. Brasil Agro e SLC Agrícola são as duas empresas mais importantes em um processo simples: comprar terras, deixá-las prontas para cultivo, esperar a especulação fundiária e vender no melhor momento. Poucas semanas antes de anunciar o negócio em Alto Taquari, a Brasil Agro havia lucrado com um outro pedaço de fazenda na Bahia, por um valor que até então altíssimo: R$ 130 milhões. Mas aqueles R$ 53 mil por hectare ficaram parecendo uma brincadeira para crianças. Desde que Jair Bolsonaro vislumbrou o poder, a Brasil Agro vislumbrou as nuvens. O valor das ações da empresa mais que triplicou desde as eleições de 2018. “Eu falo que a gente está dez anos à frente do mercado. Por que eu falo dez anos à 52
frente do mercado? Nós começamos a terceirizar nossa operação lá no início da companhia, em 2006 e 2007. O mercado está começando a terceirizar operações agrícolas agora, depois que passou a reforma trabalhista em 2016”, disse André Guillaumon, presidente da empresa, durante uma transmissão online. Ou seja, estar à frente do mercado é desafiar leis que em algum momento serão revogadas. Cada vez que uma peça do tabuleiro se movimenta em Brasília, o mercado financeiro responde em São Paulo. Ou
em algum lugar na nuvem digital que faz negócios em cima de milho, boi e soja com a mesma facilidade com que negocia armas, petróleo, carros,entre outros. Nem sempre é fácil entender qual peça do tabuleiro se mexeu. A ofensiva do agronegócio é tão bem coordenada e tão vertiginosa que se torna complexo procurar uma relação direta entre um pico de movimentação financeira e uma medida política. Mas o balanço geral não deixa qualquer dúvida: o agronegócio abraçou de vez o mercado financeiro. Ou o contrário. No final de abril, a Comissão de Valores Mobiliários, que regula o mercado, enviou um questionamento à Brasil Agro: o que estava acontecendo com as ações da empresa? A movimentação era gigantesca: R$ 770 milhões em um único mês. Foram cinco milhões de papéis negociados num único dia – apenas um ano antes, a empresa raramente ultrapassava o patamar de duzentos mil, e durante o mês inteiro movimentou apenas R$ 53 milhões. A empresa respondeu que não tinha conhecimento de nenhuma irregularidade. E informou que dois relatórios @Revista_Salve
importantes, do BTG Pactual e da Empiricus, recomendavam o investimento em seus papéis. “Tais relatórios, apesar de não trazerem nenhuma informação nova não divulgada anteriormente pela Companhia, são utilizados por agentes de mercado em suas decisões de investimento e podem ter contribuído para tudo isso”. Como tem sido a praxe entre os atores do agronegócio relacionados ao mercado financeiro, o recorde da Brasil Agro rapidamente ficou para trás. Em maio a empresa chegou a 819 milhões de reais.
o agronegócio abraçou de vez o mercado financeiro. Ou o contrário. 53
Assim como se dá em outros investimentos relacionados ao agronegócio, a Brasil Agro passou a atrair parte do enxame de pessoas que investem na bolsa – abordamos esse fenômeno na primeira reportagem da série. “A gente viu uma entrada importante de pessoas físicas na companhia. A gente teve aí, em seis meses, um salto de 3 mil CPF para 9 mil CPF na companhia”, disse André Guillaumon. Não custa lembrar que isso foi em julho de 2020, antes de um novo boom da empresa multinacional Brasil Agro. Em outubro de 2021, foi a vez de a SLC Agrícola responder ao questionamento da CVM sobre por que havia tanta movimentação em torno dos papéis da empresa. Foram seis meses seguidos com mais de R$ 1 bilhão em negociações, a começar pelo recorde de maio. O R$ 1,7 bilhão daquele mês representa 17 vezes mais do que o obtido um ano antes. O recorde se deu na semana em que a Câmara aprovou o projeto de lei que dispensa o pedido de licenciamento ambiental para vários empreendimentos. Relatado pelo deputado e ex-ministro da Agricultura Neri Geller (PP-MT), o PL 3.729, de 2004, facilita o uso agrícola de terras indígenas e quilombolas que não tenham sido demarcadas. Mas, nesse caso específico, a CVM estava questionando sucessivos dias de frenesi durante setembro. De um lado da Praça dos Três Poderes, o Supremo Tribunal Federal discutia (e não concluía) o marco temporal para a demarcação de terras indígenas. Do outro, o Senado avançava com o projeto sobre licenciamento ambiental. Os papéis da SLC e da Brasil Agro tiveram forte movimentação. 54
Este ano, a SLC comprou uma outra gigante, a Terra Santa, e arrendou uma grande área em Correntina, na Bahia. A estimativa da própria empresa é de chegar a 660 mil hectares, um crescimento de 40% em relação ao começo de 2021 e o equivalente a quatro cidades e meia do tamanho da grande São Paulo.
poderia ser dona de terras no Brasil, a menos que tivesse obtido autorização do Incra e do Congresso Nacional. A Brasil Agro é investigada desde 2016 por aquisições ilegais de terras. Se havia alguma incerteza sobre a possibilidade de estrangeiros comprarem imóveis rurais, a Brasil Agro não parecia ter dúvida alguma de que conseguiria autorização. Tanto Terra e água à disposição assim que os dois principais gestores dos A mistura de desmatamento da Amazônia novos investimentos do agronegócio, BTG e do Cerrado, queimadas, avanço sobre Pactual e XP Investimentos, têm listado terras indígenas, revogação de subsídios a Brasil Agro como um ótimo negócio. para a agricultura familiar e ode eterna ao O maior banco de investimentos da agro pode fazer algumas pessoas arranca- América Latina é um emblema do casarem os cabelos, mas é motivo de euforia mento entre agronegócio e mercado finanentre investidores, para quem tudo isso é ceiro. O BTG lançou os primeiros fundos uma garantia de que o enorme território ligados ao setor, esperando atrair um total e as reservas de água brasileiras estarão à aproximado de R$ 1 bilhão. disposição pelos próximos anos, até que O prédio da empresa é, também, um se encontre uma maneira para especular. emblema da nova fase da Avenida Faria Até 2020, a Brasil Agro havia negociado Lima, que se transformou no coração do 85 mil hectares e um total de R$ 925 mil- mercado financeiro. As duas torres do hões. Bastante. Mas pouco, perto de 2021. Edifício Pátio Victor Malzoni, com 19 anCom apenas 9.546 hectares vendidos, a dares, são ainda a morada do Google e empresa fez R$ 786 milhões de caixa. Se ficam no ponto-chave de um processo de nos 14 anos anteriores a média de nego- valorização imobiliária que tem os fundos ciação foi de R$ 10 mil por hectare, agora já está no preço de 80 mil reais . A Brasil Agro controla 280 mil hectares, duas vezes a cidade de São Paulo. “Nós somos a única empresa do mercado que de fato combina resultados. A gente tem um resultado imobiliário e o resultado operacional, e isso está no nosso DNA”, afirmou Guillaumon, em referência ao modelo de negócios que mescla a venda de terras com a produção de diversos como por exemplo a soja, milho e cana-de-açúcar. Criada em 2006 e controlada por investidores argentinos, a empresa nem @Revista_Salve
foto da fachada do Edifício Pátio Malzoni
Foto por CTE
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de investimento como fator-chave. Nas últimas duas décadas, dezenas de sobrados foram abaixo para dar lugar a um mar de edifícios gigantes e espelhados que abrigam corporações de tecnologia, startups e, agora, o agronegócio. É esse processo que o mercado financeiro espera replicar na zona rural. No ano passado, os fundos imobiliários bateram recorde de movimentação, com mais de um milhão de pessoas físicas investindo. O montante de R$ 53,9 bilhões representou um crescimento de 67% sobre 2019. Como mostramos na primeira reportagem da série, este ano foram aprovados e regulamentados os fundos de investimento do agronegócio, Fiagro, que já começam a movimentar seus primeiros milhões.
Sem cercas
Já em junho de 2020, a Climate Bonds Initiative e a Iniciativa Brasileira de Finanças Verdes publicaram um estudo conjunto, o Plano de Investimento para a Agricultura Sustentável, encampado com tanta ênfase pelo Ministério da Agricultura que se torna difícil saber onde estão as linhas entre público e privado – o trabalho foi coordenado por um servidor do BNDES que, em seguida, migrou a uma corporação privada de saneamento. O documento aposta que o agronegócio pode atrair R$ 692 bilhões em finanças “verdes”. E comemora várias das mudanças introduzidas pela Lei do Agro, em particular aquelas que atrelam as terras brasileiras a investidores estrangeiros. “Esse desdobramento recente pode promover e facilitar emissões de títulos verdes para produtores médios, cooperativas e outras empresas do setor de agronegócio.” 56
A Climate Bonds é financiada pelos pesos-pesado do mercado financeiro, como BlackRock, State Street Global Advisors, Citigroup, Goldman Sachs, HSBC, Credit Suisse, Barclays e BNP Paribas. Como mostra a investigação feita pelo Intercept dos Estados Unidos em parceria com o Joio, a empresa não verifica se os títulos “verdes” estão de fato cumprindo com o prometido: ela repassa essa atividade a terceiros. Em outra frente, as grandes gestoras de investimentos do mundo fizeram lobby contra mecanismos que poderiam definir padrões obrigatórios, e não voluntários. “Estamos abertos a ambas abordagens”, disse Leisa Souza, líder da CBI para a América Latina. “Claro, não vamos dizer que é preciso haver regulação e que isso precisa ser feito, porque, mesmo que consideremos apenas o mercado como um todo, o processo de autorregulação funciona muito bem.” No formulário apresentado ao mercado financeiro, a EcoAgro lista os riscos relacionados a seu negócio. E um chama atenção: “Movimentos sociais podem afetar as atividades dos emitentes dos
O documento aposta que o agronegócio pode atrair 692 bilhões em finanças “verdes”
Foto: Tom Fisk
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Créditos: movimentos sociais, como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra e a Comissão Pastoral da Terra, são ativos no Brasil. Invasões e ocupações de terrenos agrícolas por grande número de participantes desses movimentos são comuns e, em algumas áreas, os proprietários não contam com a proteção efetiva da polícia nem com procedimentos eficientes de reintegração de posse.” Nesse sentido, a conjuntura fortemente repressiva atenua bastante o risco para os investidores – em outras palavras, repressão vira dinheiro. Assim como tem a primazia em relação aos CRAs, a EcoAgro explicitamente aposta em liderar a era dos CRAs verdes. Em mais uma mistura entre público e privado, em abril de 2021 Tereza Cristina anunciou a emissão, em caráter experimental, de CRAs com garantia do BNDES. O valor total de R$ 29 milhões é intermediado pela EcoAgro paraa empresa que é uma das maiores cooperativas do país, a Cotrijal, do Rio Grande do Sul. Em paralelo, a EcoAgro esperava captar mais R$ 60 milhões, dessa vez para a usina Rio Amambai, em Naviraí, no Mato Grosso do Sul. O mercado de títulos verdes vai passando do papel à prática. A Climate Bonds, via de regra, aparece em cena acompanhada de uma outra empresa que você provavelmente desconhece: a EcoAgro. Criada em 2009, é a maior emissora de CRAs do Brasil 57
Agronegócio, ultraprocessados e destruição ambiental Produção de alimentos in natura é soterrada por falta de estímulos. por
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Anelize Moreira
assim como o solo de Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, Vilma de Jesus Barbosa carrega no corpo a devastação do trabalho nos canaviais. A agricultora de 54 anos é uma das pacientes que aguardam atendimento no posto de saúde do assentamento Mário Lago, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), na manhã de 17 de novembro de 2021. Ela convive com inúmeros problemas de saúde: já foi operada da coluna, tem artrose, fibromialgia, depressão, ansiedade e diabetes. Antes de ir morar no assentamento, trabalhou durante muito tempo no corte da cana-de-açúcar em Pontal e na região de Ribeirão Preto, mas ficou desempregada devido ao seu estado de saúde. “Eu perdi meus empregos várias vezes, porque eu não conseguia trabalhar direito. E patrão, você sabe, só quer a gente quando tá trabalhando bem. Eu trabalhava cortando cana, na colheita de café, e isso acabou com meu corpo, meus nervos, meus ossos, e depois passei a trabalhar em casa de família”, lamenta Vilma. “Tem dia que não aguento fazer nada de tanta dor no corpo, dor em tudo. Muitos @Revista_Salve
desses problemas que eu tenho, tudo veio causado a partir disso tudo aí.” Ribeirão Preto foi a primeira capital do agronegócio. Localizada no nordeste do estado de São Paulo, foi uma porta de entrada para o agro avançar pelo Cerrado. Hoje, superada pelas cidades do Mato Grosso e do Matopiba, região formada pelos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, a cidade ainda acolhe a Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), uma das principais organizações do setor, e sedia a Agrishow, a maior feira de agronegócio da América Latina. Além disso, é um importante polo de produção de cana-de-açúcar que é muito importante para o mercado de exportação brasileiro. Para nós, Ribeirão era o lugar perfeito para pensar no encontro entre devastação ambiental, agronegócio, consumo de ultraprocessados e doenças crônicas. Enquanto se acumulam evidências científicas e exemplos de problemas associados a cada uma dessas questões, a confluência entre elas é algo ainda pouco analisado. Então, decidimos que valia a pena contar essa história desde o início. 59
Saúde humana e do planeta em jogo
Há um consenso entre especialistas e evidências científicas de que os padrões alimentares no Brasil estão se tornando potencialmente mais prejudiciais à saúde humana e ao planeta. Portanto, uma reversão na tendência atual seria necessária para melhorar sistemas alimentares, tornando-os mais saudáveis e sustentáveis. Poucas semanas antes da conversa com Vilma, Ribeirão e também Franca, cidade vizinha, foram tomadas por uma nuvem de poeira. Tudo indica que a tempestade de poeira de setembro do ano passado está relacionada a esse modelo de produção de cana: o vento forte, a seca e o solo desprotegido e vulnerável formam um cenário propício para que isso ocorra. As formas agrícolas tradicionais e o desmatamento têm relação com esses eventos.
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“Se lá houvesse uma cobertura de vegetação, florestas, era bem provável que não haveria aquela quantidade de matéria suspensa. Isso em função do nível de exposição do solo, de empobrecimento da cobertura vegetal naquelas áreas”, afirma Guilherme Eidt, assessor para políticas públicas do Instituto Sociedade, População e Natureza. No momento da colheita da cana, a terra fica totalmente descampada de qualquer vegetação. O MapBiomas monitora, com o uso de satélites, o desmatamento e a produção agrícola em todo o Brasil. E nos mostra que São Paulo é uma espécie de espelho do futuro dos demais estados do agronegócio: hoje, tem a menor porção de mata nativa remanescente do Cerrado. É em meio a esse cenário da monocultura da cana que encontramos o assentamento Mário Lago, que está prestes a completar 19 anos, onde era a antiga Fazenda da Barra. O assentamento se tornou um Projeto de Desenvolvimento Sustentável, uma referência nacional no campo agroflorestal e de proteção das águas do Aquífero Guarani. Mário Lago
poderia ser também um exemplo na produção de alimentos, mas fica escondido em meio ao império dos usineiros da região. Ao todo, são 464 famílias. Destas, 268 são do MST, algumas entrevistadas pela reportagem durante a visita ao assentamento, e as demais famílias são de outros três agrupamentos e de outros movimentos. Atualmente, 35% de toda a área é destinada para reserva ambiental. Vilma, que mora no local há 14 anos, foi criada na roça na Bahia e diz que prefere comida natural, que vem do chão dela. Ela conta que o médico pediu que fizesse mudanças na alimentação e, com isso, passou a controlar melhor a diabetes. “Depois dessa dieta, comecei a maneirar em muita coisa, bolacha, coisas assim. Aí eu consegui perder peso, me senti melhor também. Porque antes eu pesava muito, 90 e tantos quilos”, recorda. “Como eu sou baixinha, piorava o problema de coluna e as dores nos braços. Tem dia que eu não tava aguentando nem me mover.” Segundo Vilma, a falta de incentivo público compromete a produção para subsistência e para adquirir renda. “A gente sofre muito e eles acham que é muito fácil, mas o que você ganha aqui dentro não dá para sobreviver direito, porque depende de chuva. Às vezes você planta, não colhe ou colhe muito pouco, e tem muita coisa que deveria ser feita aqui para ajudar nós e tem muita gente que só promete nos dias de política e depois esquece”, completa.
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Foto por Marcos Aurélio
Baixa renda, maior consumo de ultraprocessados
O médico de família Nélio Domingos atende no posto de saúde do assentamento e faz visitas domiciliares – são cerca de 70 atendimentos por semana na área rural. Os primeiros casos que atendeu, em 2011, eram de doenças relacionadas ao álcool e ao tabaco, mas, com o tempo, passaram a predominar as doenças crônicas, como obesidade, hipertensão e diabetes, sendo a maior parte relacionada à alimentação. Ele nota que, nos períodos de baixa produção e comercialização e quando há perda de auxílios governamentais, aumenta o consumo de ultraprocessados. O Guia Alimentar para a População Brasileira, do Ministério da Saúde, é considerado uma referência mundial em termos de diretrizes alimentares. A recomendação-chave de evitar ultraprocessados definiu um novo padrão de objetividade e clareza no diálogo com a sociedade. Além disso, o documento de 2014 inovou ao abordar uma alimentação que leve em conta os impactos ambientais e sociais na produção e na comercialização.
Mapa da América do Sul que explica a localização do Aquífero do Guarani
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“Quando eles não têm dinheiro, é o que Quem escolhe de verdade eles conseguem comprar, e muitas vezes a As nossas escolhas alimentares não estão molecada começa a ter que comer miojo. pautadas só por nós, mas por uma série de Comer alimentos saudáveis é algo que decisões políticas e interesses econômicos melhora demais a saúde. Só que a gente de grandes corporações que respingam na conta nos dedos quem tem uma exube- saúde da população. rância de produção [agricultura familiar]. O lobby vai desde a propaganda masO médico também afirma que tratou siva de ultraprocessados, a distribuição e pacientes com doenças crônicas e notou grilagem de terras, a falta de acesso aos que uma mudança na alimentação me- alimentos saudáveis, até o incentivo do lhorou o quadro da doença. “O que está governo à produção de ultraprocessados. carecendo ainda é que as pessoas se sintam mais libertas da miséria. Pelo menos Os preços não refletem seu impacto com dinheiro na mão as pessoas vivem Existem propostas nesse sentido. O Mémelhor, é lógico, e isso impacta a saúde, a xico, por exemplo, adotou impostos espealimentação. Essas pessoas com dinheiro ciais sobre refrigerantes e outras bebidas na mão, com auxílio, conseguem agregar adoçadas, um modelo que vem sendo seno lote. Se tivessem mais incentivo para guido em outros países. a produção, ficaria tudo muito melhor.”
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Pelo menos com dinheiro na mão as pessoas vivem melhor
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Como começa o adoecimento?
Há uma desigualdade imensa no acesso à terra no Brasil. De um lado, poucas pessoas são proprietárias da maior parte das terras. De outro, milhares de famílias possuem propriedades muito pequenas, mas com participação significativa na produção dos alimentos que vão para a mesa dos brasileiros. A estimativa é de que 309 mil posses em áreas públicas federais aguardem por regularização fundiária, segundo o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Isso significa que milhares de hectares poderiam ser destinados à reforma agrária e à produção de alimentos, enquanto o Brasil agoniza com o aumento da insegurança alimentar e de doenças. Em extensão, a agricultura familiar ocupa o equivalente a 23% da área total dos estabelecimentos agropecuários brasileiros. A agricultura familiar inclui pequenos produtores rurais, povos tradicionais, assentados da reforma agrária, aquicultores, extrativistas e pescadores. “Nós deveríamos estar apoiando o fortalecimento da agricultura familiar e a garantia de que eles consigam produzir e se manter no campo, pois é fundamental para evitar uma maior concentração da terra no Brasil, que já é altíssima” afirma Tereza Campello, ex-ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. “A agricultura familiar cumpre um papel central na dinamização das economias locais. Quando a agricultura familiar é forte o local têm uma dinâmica mais saudável, sustentável, e maior renda no campo”
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Para entender o que é o Agro Introdução aos conceitos básicos do Agro. por
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Redação O Joio e o Trigo
de onde vem o agro? Ruralista é tudo igual. Só que não. Em Formação política do agronegócio, o antropólogo Caio Pompeia rende uma contribuição inestimável ao debate público sobre o setor que dá as cartas na política e nas leis brasileiras. O lançamento da Elefante em parceria com O Joio e O Trigo dá nomes nos bois. À diferença do senso comum que considera o agronegócio como um setor homogêneo e igualmente reacionário, Formação política do agronegócio mostra quem é quem, quais são as divisões e os pontos de convergência entre proprietários rurais, parlamentares e organizações públicas e privadas ligadas ao agro. Ao longo de anos o autor foi buscar a origem da tal expressão “agribusiness”, que reconstituiu o momento da importação desse conceito no Brasil e também conduziu um aprofundado trabalho de campo, dialogando com vários atores políticos e empresariais para que fosse mais fácil entender como a articulação intersetorial foi fundamental para a bancada ruralista se tornar a princial fiadora de vários governos recentes. @Revista_Salve
Também em oposição ao senso comum, Formação política do agronegócio mostra que, a partir dos anos 1990, quando essa articulação intersetorial começa a ganhar forma no Brasil, sucessivos governos tiveram relações tensas e contraditórias com o agro: a resistência de FHC àquilo que enxergava como o “passado”; a política morde-assopra de Lula; a escalada de pressões contra Dilma; e o golpe. De 2016 em diante, os ruralistas encontram porteiras escancaradas no Palácio do Planalto: sucessivas medidas provisórias abrem terreno para a regularização da grilagem; a demarcação de terras indígenas e quilombolas é freada definitivamente; queimadas e derrubadas abrem novas áreas em plena Amazônia, sob protestos de organizações, governos estrangeiros e instituições do mercado financeiro. Pela primeira vez, alguns setores do agronegócio estão à esquerda do governo. O lançamento da Elefante em parceria com O Joio e O Trigo dá nomes nos bois. À diferença do senso comum que considera o agronegócio como um setor homogêneo e igualmente reacionário. 67
Glossário
Balança comercial: Relação entre importações e exportações do país. Há anos tenta-se vender a ideia de que o agro sustenta a economia brasileira na balança, ideia que a gente já discutiu aqui. Banco de investimentos: Instituições privadas especializadas em compra e venda de investimentos. BTG Pactual e XP Investimentos, dois dos principais bancos de investimento da América Latina, têm listado a Brasil Agro como um ótimo negócio. Cédulas de Produto Rural (CPR): Cédula que representa a entrega de parte da produção em troca de financiamento. Alterada pela Lei do Agro, antes, se um produtor ficava endividado, para tomar as terras dele era preciso entrar com uma ação judicial. Agora, basta ir direto no cartório, apresentar a cédula de produto rural que comprove a dívida, e pronto. Commodities: Mercadorias com produção em larga escala e com alto nível de exportação. Milho e boi gordo representam as principais commodities do agro brasileiro. Especulação fundiária: Prática de adquirir terrenos e imóveis e não fazer uso, aguardando valorização. Brasil Agro e SLC Agrícola são as duas maiores empresas de compra e venda de terras no país.
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Foto por Todd Trapani
Financeirização do agro: Deslocamento do centro de decisões do agronegócio para as salas do mercado financeiro. Letras de Crédito do Agronegócio, Certificados de Recebíveis do Agronegócio e Certificado de Direitos Creditórios do Agronegócio: Facilita a entrada de investidores estrangeiros e pessoas físicas no agronegócio. Aprovada com lobby do agronegócio e conchavos com alto escalão da política brasileira. Lei do Agro (Lei 13.986/20): Instituições privadas especializadas em compra e venda de investimentos. BTG Pactual e XP Investimentos, dois dos principais bancos de investimento da América Latina, têm listado a Brasil Agro como um ótimo negócio.
Investimentos de renda fixa: Investimentos que crescem de acordo com taxa pré-determinada. Instituto Pensar Agro (IPA): Organização criada em 2011 e atua para coesionar atuação da bancada ruralista no Congresso Nacional. É do IPA que saem as diretrizes que guiam a atuação de deputados e também de diversos senadores. Mercado de títulos verdes: Investimentos em finanças tidas como “mais sustentáveis”. A EcoAgro, uma das empresas que emite títulos verdes, aponta movimentos sociais como Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra e a Comissão Pastoral da Terra como “riscos” ao negócio.
@Revista_Salve
MP do Agro (MP 897/2019): Define uma série de instrumentos que atrelam o agronegócio e o mercado financeiro. “Um divisor de águas” para o crédito rural brasileiro, segundo a ministra Tereza Cristina. Plano Safra: Representava a principal fonte de financiamento do agro, mas, em 2021, responderá por apenas um terço do montante total movimentado pelo setor. PL da Grilagem (2633/20): Afrouxa o licenciamento ambiental e dá fim à demarcação de terras indígenas, entre outras medidas
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Agro é pop?
O impacto do agronegócio INFLUÊNCIA DO AGRONEGÓCIO NO MEIO AMBIENTE E NA SOCIEDADE por
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Maria Clara Moraes de Souza
97%
da produção de farelo de soja no Brasil vai para a alimentação do gado
72%
da emissão dos gases estufa no Brasil em 2019 foram do agronegócio.
62%
da área desmatada da Amazônia é consequência do agronegócio.
2 Mil
litros de água são usados na produção de 0,45kg de carne no mundo
Foto por Todd Trapani
Existem muitas pesquisas que apontam as consequências ambientais do agronegócio e o modelo extrativista – agravamento do aquecimento global, desmatamento, gasto abrupto de água e todo o desequilíbrio ambiental de só extrair da natureza são exemplos. Quando se trata das questões sociais é preciso analisar como a expansão do agronegócio na Amazônia legal está causando mortes por conflitos agrários – principalmente de comunidades indígenas – queimadas não estão matando só animais e plantas, também matam seres humanos.
@Revista_Salve
Dados da Comissão Pastoral da Terra (CPT) apontam que ano passado 914 mil pessoas morreram em conflitos agrários em áreas maiores a 77 milhões hectares, sendo 41,6% dessas pessoas eram indígenas e 34,87% dos agressores eram “fazendeiros”. É cruel e injusto pensar 80% das crianças famintas vivem em países onde alimentos são administrados aos animais e que boa parte da produção de soja e milho do mundo vão para alimentar animais de consumo humano ao invés de ir direto para a própria população evitando todos os danos e crueldades do agronegócio
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Aposto que não conhece Tinder dos veganos: Veggly
É uma questão de estilo de vida e crenças. Faz sentido buscar alguém com valores similares aos seus
Cowspiracy
Documentário norte-americano expõe todos os problemas ambientais da produção e consumo de carne no Brasil
Guia Vista-se: Lista de experiências veganas
A ideia do Guia Vista-se não é ser uma lista imensa com todos os lugares que servem opções veganas pelo Brasil. 72
Fazenda do Futuro
Marca de produtos feitos 100% de plantas. Os ingredientes são naturais, não transgênicos e com muito sabor.
Seaspiracy
Um documentário de 2021 disponível na Netflix sobre o impacto ambiental da pesca, dirigido e estrelado pelo Ali Tabrizi.
Urban Flowers
Além de levar em consideração a causa animal, a marca se preocupa com a produção de sapatos unissex. @Revista_Salve
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@Revista_Salve
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Muuuita saúde saúde!
Pelos animais, pelo meio ambiente e por sua saúde VOCÊ JÁ OUVIU A FRASE “VOCÊ É O QUE VOCÊ COME!” E, A CADA DIA, ESTUDOS COMPROVAM QUE ESTA EXPRESSÃO É VERDADEIRA. por
Vista-se
Doenças modernas
A humanidade poderia se ver livre de sete em cada dez doenças que apareceram nas últimas décadas, caso nosso apetite por produtos de origem animal não fosse tão forte como é hoje. Carnes – especialmente de frango, porco e boi -, peixes, laticínios e ovos estão entre os vilões da saúde segundo um novo estudo publicado pelas Nações Unidas (onu). Através da FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura), a onu alertou em seu relatório intitulado Pecuária Mundial 2013: Mudando o Panorama das Doenças” que a busca por mais alimentos de origem animal tem deixado nossa sociedade mais doente: “O aumento da população, a expansão agrícola e a existência de cada vez mais cadeias de abastecimento alimentar globais alteraram dramaticamente a forma como as doenças emergem, como passam de uma espécie para outra e como se espalham.” – diz o texto
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Nutrição e Saúde Animal
Cativeiro de galinhas
Com o meio ambiente afetado, a tendência de novas doenças surgirem é maior. Por causa da globalização, há ainda maior facilidade de um novo vírus se espalhar, como já aconteceu com as gripes aviária e suína. Criações intensivas como as de frango para carne, de galinhas para a produção de ovos e a de porcos são grandes celeiros de novas doenças, uma vez que a proximidade dos animais e as condições quase sempre insalubres do ambiente colaboram para a proliferação de doenças. Contudo, ainda segundo o relatório, mesmo nos casos em que os animais são criados de forma extensiva, há risco de doenças serem levadas por grandes distâncias e afetarem outras regiões. Quanto mais o mundo consome produtos de origem animal, mais animais precisam ser criados em espaços cada vez menores e mais antibióticos e hormônios são dados a eles. É um ciclo perigoso.
@Revista_Salve
Em resumo, quando você consome algum produto de origem animal, está prejudicando os animais, sua saúde e a saúde da humanidade como um todo, colaborando para o surgimento de doenças através da criação dos animais que deram origem ao produto que você consumiu
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Conselho Regional de Nutricionistas fala sobre dietas vegetarianas O CRN-3, finalmente admitiu refeições à base de alimentos vegetais são viáveis sob o ponto de vista nutricional. por
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Fabio Chaves
a associação dietética americana, ADA, órgão sediado nos EUA e um dos mais respeitados do mundo, já recomenda todas as dietas vegetarianas há anos. E se posiciona dizendo que dietas vegetarianas apropriadamente planejadas são saudáveis, adequadas em termos nutricionais e apresentam benefícios para a saúde na prevenção e no tratamento de determinadas doenças. Dados científicos indicam relações positivas entre a dieta vegetariana e a redução do risco de várias doenças e condições degenerativas crônicas, como obesidade, doença arterial coronariana, hipertensão, diabete melito e alguns tipos de câncer. As dietas vegetarianas, como todas as dietas, precisam ser apropriadamente planejadas para serem adequadas em termos nutricionais.
O vegetarianismo em perspectiva
Os padrões alimentares dos vegetarianos variam de maneira considerável. O padrão alimentar dos ovo-lacto-vegetarianos baseia-se em cereais, leguminosas, verduras, frutas, leguminosas, amêndoas @Revista_Salve
e castanhas, laticínios e ovos e exclui carne, peixe e aves. O padrão alimentar do vegan, ou vegetariano total, é semelhante ao do ovo-lacto-vegetariano exceto pela exclusão adicional de ovos, laticínios e outros produtos de origem animal. Mesmo dentro desses padrões, pode haver variação considerável na extensão em que se evitam os produtos animais. Portanto, é necessária a abordagem individual para avaliar com exatidão a qualidade nutricional da ingestão dietética de um vegetariano. Estudos indicam que vegetarianos costumam apresentar taxas de morbidade e mortalidade inferiores aos não vegetarianos no caso de várias doenças degenerativas crônicas. Embora fatores não dietéticos, como atividade física e abstinência de fumo e álcool, possam ter algum papel, a dieta é, claramente, um fator contributivo. Outras considerações que podem levar uma pessoa a adotar um padrão dietético vegetariano incluem a preocupação com questões ligadas ao meio ambiente, à ecologia e à fome mundial. 79
Vegetarianos também citam razões econômicas, considerações éticas e crenças religiosas como motivos para seguir este tipo de padrão dietético. A exigência de opções vegetarianas por parte dos consumidores resultou no número crescente de serviços alimentícios que oferecem tais opções. Atualmente, a maioria dos serviços universitários de alimentação oferecem opções vegetarianas. Relacionado a isso, o CRN-3 (Conselho Regional de Nutricionistas), que reúne profissionais dos estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul, um dos principais do país, finalmente admitiu, por meio de newsletter, que todos os tipos de dietas vegetarianas, incluindo a dieta vegetariana estrita, utilizada por veganos e que exclui todos os produtos e ingredientes de origem animal, são nutricionalmente
The Ordinary Bean
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A exigência de opções vegetarianas resultou no número crescente de serviços alimentícios que oferecem tais opções.
A opinião do CRN-3
O Conselho Regional de Nutricionistas – 3ª Região, dando continuidade ao Projeto “Ponto e Contra Ponto”, para discussão de diversos temas polêmicos e de interesse para a atuação do nutricionista, divulga o resultado das discussões sobre Vegetarianismo, quando profissionais analisaram as questões nutricionais, sociais e culturais inerentes ao tema. Desta maneira, nessa discussão, destacaram-se as seguintes considerações sobre a dieta vegetariana:
1) Os seres humanos são animais onívoros que podem consumir tanto os produtos de origem animal como vegetal. Por sua natureza biológica, o homem pode comer o que quiser. As vicissitudes ambientais, associadas à pulsão de vida vêm determinando as alterações evolutivas nos costumes alimentares; 2) Vegetariano é aquele que exclui de sua alimentação todos os tipos de carne, aves e peixes e seus derivados, podendo ou não utilizar laticínios ou ovos; 3) A alimentação vegetariana é praticada, atualmente, por diversas razões – científicas, ambientais, religiosas, filosóficas, éticas. Estudos científicos demonstram que é possível atingir o equilíbrio e a adequação nutricional com dietas vegetarianas – ovolactovegetarianas, lactovegetarianas, ovovegetarianas e até veganas, desde que bem planejadas e suplementadas; 4) A dieta vegetariana estrita (vegana) não apresenta fontes nutricionais de vitamina B12, que deve ser fornecida por meio de alimentos fortificados ou suplementos. Os elementos que exigem maior atenção na alimentação do ovolactovegetariano são: ferro, zinco e ômega-3. Na dieta vegetariana estrita deve haver atenção, além de vitamina B12, para cálcio e proteína;
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5) Os seres humanos são animais onívoros 7) A alimentação vegetariana é praticada, que podem consumir tanto os produtos atualmente, por diversas razões – científide origem animal como vegetal. Por sua cas, ambientais, religiosas, filosóficas, étinatureza biológica, o homem pode comer cas. Estudos científicos demonstram que o que quiser. As vicissitudes ambientais, é possível atingir o equilíbrio e a adequaassociadas à pulsão de vida vêm deter- ção nutricional com dietas vegetarianas minando as alterações evolutivas nos – ovolactovegetarianas, lactovegetarianas, costumes alimentares; ovovegetarianas e até veganas, desde que bem planejadas e suplementadas; 6) Vegetariano é aquele que exclui de sua alimentação todos os tipos de carne, aves e peixes e seus derivados, podendo ou não utilizar laticínios ou ovos;
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Recomendações do CRN-3
Diante destas considerações, o CRN-3 RECOMENDA aos nutricionistas para que estejam atentos ao seguinte: 1) Qualquer dieta mal planejada, vegetariana ou onívora, pode ser prejudicial à saúde, levando a deficiências nutricionais. 2) As dietas vegetarianas, quando atendem às necessidades nutricionais individuais, podem promover o crescimento, desenvolvimento e manutenção adequados e podem ser adotadas em qualquer momento. 3) Indivíduos com distúrbios alimentares (anorexia nervosa, bulimia, ortorexia e outros), em algum momento da evolução da doença, estão sujeitos a adotar dietas restritivas de qualquer tipo, vegetarianas ou não e devem ser avaliadas; 4) A adequação nutricional da dieta vegetariana estrita (vegana) é mais difícil de atingir e exige planejamento e orientação alimentar cuidadosos, incluindo suplementação específica. Ao nutricionista cabe orientar o planejamento alimentar dos indivíduos, visando à promoção da saúde, respeitando as individualidades e opções pessoais quanto ao tipo de dieta. Aspectos biológicos, psicológicos e socioculturais da relação entre o indivíduo e os alimentos devem sempre ser considerados, no processo da atenção dietética
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Ministério da Saúde: alimentação vegana é saudável Alerta sobre produtos de origem animal por
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Fabio Chaves
no Guia Alimentar Para a População Brasileira, lançado em novembro de 2014, o governo brasileiro admite que produtos de origem animal podem ser prejudiciais à saúde e certamente são prejudiciais ao meio ambiente. O documento será distribuído em escolas e hospitais gratuitamente para os interessados e também está disponível no endereço eletrônico oficial do Ministério da Saúde. O novo material, que substitui o guia lançado pelo Ministério da Saúde em 2006, muda completamente o tom em relação à alimentação que não inclui produtos de origem animal. O texto de 2014 – atualizado por pesquisas oficiais publicadas ao longo dos anos em todo o mundo – trata a alimentação sem nada de origem animal de forma mais natural e cotidiana. O novo guia reconhece que não é necessário consumir carne, laticínios ou ovos para ser saudável, embora mantenha o posicionamento presente no guia antigo ja está desatualizado pois diz que vegetarianos precisam ter atenção na hora de combinar todos os tipos de diversos alimentos. @Revista_Salve
“Por diversas razões, algumas pessoas optam por não consumir alimentos de origem animal, sendo assim denominadas vegetarianas. A restrição pode ser apenas com relação a carnes ou pode envolver também ovos e leite ou mesmo todos os alimentos de origem animal. Embora o consumo de carnes ou de outros alimentos de origem animal, como o de qualquer outro grupo de alimentos, não seja absolutamente imprescindível para uma alimentação saudável, a restrição de qualquer alimento obriga que se tenha maior atenção na escolha da combinação dos demais alimentos que farão parte da alimentação. Quanto mais restrições, maior a necessidade de atenção e, eventualmente, do acompanhamento por um nutricionista.”.Ao nutricionista cabe orientar o planejamento alimentar dos indivíduos, visando à promoção da saúde, respeitando as individualidades e opções pessoais quanto ao tipo de dieta. Aspectos biológicos, psicológicos e socioculturais da relação entre o indivíduo e os alimentos devem sempre ser considerados, no processo da atenção dietética. 85
O Ministério da Saúde continua indicando que a população brasileira consuma carnes, ovos e laticínios, mas cada vez menos. Na versão 2014, o Ministério alerta que, embora sejam boas fontes nutricionais, produtos de origem animal podem ser fortes colaboradores para a obesidade, para doenças do coração e para outras doenças crônicas. O posicionamento se alinha perfeitamente aos grandes estudos de nutrição da década. “Alimentos de origem animal são boas fontes de proteínas e da maioria das vitaminas e minerais de que necessitamos, mas não contêm fibra e podem apresentar elevada quantidade de calorias por grama e teor excessivo de gorduras não saudáveis (chamadas gorduras saturadas), características que podem favorecer o risco de obesidade, de doenças do coração e de outras doenças crônicas.” – diz a página 30. Outro ponto importante que o guia aborda é a questão do meio ambiente. Sobre este assunto, o Ministério da Saúde é enfático em dizer que a produção de produtos de origem animal é um dos maiores problemas ambientais do Brasil e motivo de preocupação. O guia aponta danos desde o desmatamento para abertura de pastos e uso intenso da água até os problemas causados pelas monoculturas de soja e milho utilizadas para a fabricação de ração para animais da pecuária. “A diminuição da demanda por alimentos
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de origem animal reduz notavelmente as emissões de gases de efeito estufa (responsáveis pelo aquecimento do planeta), o desmatamento decorrente da criação de novas áreas de pastagens e o uso intenso de água. O menor consumo de alimentos de origem animal diminui ainda a necessidade de sistemas intensivos de produção animal, que são particularmente nocivos ao meio ambiente.
A produção de produtos de origem animal é um dos maiores problemas ambientais do Brasil
Frutas e vegetais numa feira
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Típica desses sistemas é a aglomeração de animais, que, além de estressá-los, aumenta a produção de dejetos por área e a necessidade do uso contínuo de antibióticos, resultando em poluição do solo e aumento do risco de contaminação de águas subterrâneas e dos rios, lagos e açudes da região. Sistemas intensivos de produção animal consomem grandes quantidades de rações fabricadas com ingredientes fornecidos por monoculturas de soja e de milho. Essas monoculturas, por sua vez, dependem de agrotóxicos e do uso intenso de fertilizantes químicos, condições que acarretam riscos ao meio ambiente, seja por contaminação das fontes de água, seja pela degradação da qualidade do solo e aumento da resistência de pragas, seja ainda pelo comprometimento da biodiversidade. O uso intenso de água e o emprego de sementes geneticamente modificadas (transgênicas), comuns às monoculturas de soja e de milho, mas não restritos a elas, são igualmente motivo de preocupações ambientais.” – explicam as páginas 31 e 32. O Guia Alimentar Para a População Brasileira é o material mais importante do país e o posicionamento oficial do governo a respeito da alimentação dos brasileiros. Serve também para formar a opinião de milhares de profissionais de saúde como médicos e nutricionistas. Por isso, o novo jeito do Ministério da Saúde encarar a alimentação praticada pelos veganos é uma excelente notícia, principalmente para os animais
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Raízes comestíveis: saiba inclui-las na sua alimentação Uma dieta balanceada inclui, antes de tudo, as raízes comestíveis por
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Superbom
em qualquer aspecto da vida, tanto o excesso quanto a carência, podem nos trazer prejuízos. No caso da alimentação, uma dieta balanceada é crucial para manter os parâmetros de um organismo saudável. Não adianta ingerir a quantidade de água recomendada ou praticar atividades físicas regulares se você não mantém hábitos alimentares saudáveis. Isso quer dizer que é preciso conhecer os alimentos e seu valor nutricional para combina-los. As pessoas estão mudando o comportamento quando o assunto é escolher entre alimentos. Mesmo não sendo vegetarianos ou veganos há um público expressivo, com preferência por legumes e verduras, ao invés de carnes. Além disso, todas as possibilidades de alimentos vegetais e saudáveis devem ser consideradas na hora de compor o cardápio, sobretudo, nas principais refeições do dia. No geral, quando se fala em raízes, imaginamos as plantas e árvores deixando a mostra suas raízes longas e pouco atrativas ao paladar.
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Entretanto, quem gosta de legumes, invariavelmente terá no prato um tipo de raiz comestível, quase sempre colorida e sempre saborosa. Antes de mais nada, queremos apresentar um pouco mais dos tipos de raízes e a composição nutritiva para que seu consumo seja o mais saudável possível. As raízes comestíveis fazem parte do grupo de vegetais que armazenam grande parte dos seus nutrientes na raiz. Assim, oferecem benefícios incríveis à saúde, sobretudo, na prevenção de doenças, pois são ricas em carboidratos complexos, vitaminas e minerais. Entre os benefícios mais notáveis podemos citar estão o baixo índice glicêmico, ou seja, favorece a absorção mais lenta da glicose e são livres de glúten, sendo ideais para quem sofre com a doença celíaca. A relação de raízes comestíveis que trouxemos neste artigo pode não surpreender, mas quando você souber da capacidade nutritiva de cada uma delas, nunca mais deixará de incluir raízes comestíveis no seu prato.
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1. Batata doce
Quem pratica atividades físicas regulares, costuma andar com um potinho de batata doce a tiracolo. Isso pois a raiz é capaz de fornecer uma quantidade considerável de energia, pela composição de carboidratos complexos e baixo índice glicêmico. Além de saboroso, o alimento carrega uma substância, o amido resistente, que funciona como uma fibra insolúvel, parecida com a dos grãos integrais. Seu potencial de atração das moléculas de gordura e açúcar faz com que tenham uma absorção mais lenta no organismo. A batata doce é rica em fibras, vitaminas A, C, E, do complexo B, minerais como ferro, magnésio, cálcio e potássio. É eficiente na regulação do colesterol e fortalecimento da imunidade por seu alto teor de antioxidantes. Foto por Freepik
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2. Inhame
Como uma raiz que contém vitamina B6, potássio e diosgenina, responsável por impedir que as moléculas de gordura sejam absorvidas, o que pode auxiliar na perda de peso. É essencial para aumentar as defesas do organismo e combater o colesterol ruim. Com propriedades antioxidantes, que evitam o envelhecimento precoce das células, o inhame contém também substâncias que ajudam na redução dos sintomas da TPM e depressão. 92
4. Beterraba
Primordialmente rica em ferro, com propriedades antioxidantes e verdadeira fonte de fibras, vitaminas A, C, do complexo B a beterraba é eficiente na desintoxicação do organismo. Sua boa concentração de ferro ajuda a prevenir e combater a anemia. Com pouca gordura é um alimento que não pode faltar no prato de quem deseja perder peso.
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3. Gengibre
As propriedades anti-inflamatórias e analgésicas do gengibre fazem dessa raiz um poderoso aliment. Portanto, além de auxiliar a digestão é também eficiente para acelerar o metabolismo, eliminando toxinas. Muito usado em chás para aliviar os sintomas da gripe e dor de garganta é também uma excelente alternativa para fortalecer a imunidade. O gengibre é rico em fibras, potássio, magnésio, cobre e vitaminas do complexo B.
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5. Cenoura
A mais popular, porém, não menos importante, das raízes é rica em betacaroteno, a substância que se transforma em vitamina A no organismo sendo benéfica, tanto para a saúde dos olhos quanto da visão. Sendo rica em fibras e em potássio, o sistema imunológico agradece o consumo contínuo da cenoura.
6. Mandioca
De fato, a mandioca é mais que só uma deliciosa raiz. Usada no preparo de receitas deliciosas, a mandioca é rica em fibras, vitaminas do complexo B, potássio e cálcio. Além disso, é também fonte de energia ao mesmo tempo que auxilia no processo de digestão e controle do colesterol. Além de manter a saúde dos ossos, músculos e do sistema nervoso, a raiz contribui para a liberação de serotonina, o hormônio responsável pela agradável sensação de bem-estar que, por sua vez, revelam o bom humor e o positivismo.
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7. Rabanete
Rico em fibras e cálcio, o rabanete é pouco calórico, sendo um excelente colaborador da hidratação corporal, devido à presença de água no interior da raiz. É antioxidante e ainda ajuda a reduzir o colesterol ruim. O rabanete é excelente para a digestão e seu alto teor de vitamina C, previne gripes e infecções, retarda o envelhecimento precoce da pele e oferece maior resistência aos ossos e aos dentes.
Como usar as raízes comestíveis no preparo das refeições?
Preparar refeições com raízes comestíveis pode ser uma verdadeira aventura. Em diversas receitas a presença de um ou mais tipos de raiz será o toque final para deixar tudo muito mais saboroso. Veja alguns pratos e o que você pode preparar sem muitos esforços! Ainda que seja comum, utilizar combinações de cenoura, beterraba crua ou cozida e rabanete — fontes de fibras, vitaminas e minerais — adicionando verduras de sua preferência e temperos como azeite pode ser uma opção nutritiva!
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Veja alguns pratos e o que você pode preparar sem muitos esforços!
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Pratos principais
Com a mandioca é possível preparar escondidinhos, com recheios que você desejar. Além disso, preparar essa raiz molho de soja texturizada, purês, bolinhos ou até mesmo usar como base para o preparo do nhoque podem ser opções surpreendentemente saborosas e saudáveis.
Sobremesas
Um bolo de cenoura ou mandioca é sempre bem-vindo, ainda mais se incluir um café de milho bem quentinho.
Sucos e chás
Apesar de ser comum encontrar receitas de suco detox orientando reunir apenas cenoura com a beterraba, acrescentar um pouco de suco de laranja ou algumas gotas de limão com lascas de gengibre ou uma folha de couve pode ser um poderoso reforço nutritivo melhorar a imunidade
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Aprenda como montar pratos 100% vegetarianos As refeições à base de alimentos vegetais com porções ideais são benificiosas a saúde. por
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Camila Oliveira e Superbom
adotar uma dieta vegetariana é saudável? A resposta para essa dúvida, que ainda é muito comum, é SIM! Aqueles que pensam que esta dieta não é suficientemente rica em nutrientes, fibras e proteínas estão enganados. Já foi comprovado que a adoção desse plano alimentar traz inúmeros benefícios para a saúde. Nós vamos te contar um pouco mais sobre eles. Porém, é importante lembrar que há diferentes tipos de dietas vegetarianas. A decisão de se tornar vegetariano é individual e pode ser tomada visando beneficiar a própria saúde. Mas saiba que, ao fazer essa mudança, você também estará poupando a vida de muitos animais explorados para consumo. Ao adotar uma dieta vegetariana, você estará consumindo muitos nutrientes. Isso acontece porque aumenta-se o consumo de oleaginosas, vegetais, frutas e legumes. E adivinha só o que tem nesses alimentos? Sim, nutrientes de sobra. É importante conhecer o que cada alimento oferece para saber o que colocar no prato e garantir um consumo @Revista_Salve
equilibrado de nutrientes. Por exemplo, as oleaginosas e leguminosas são ricas em proteínas. Enquanto isso, os vegetais verde-escuros são boas fontes de cálcio. Além disso, um Estudo realizado pelo Comitê dos Médicos para uma Medicina Responsável (EUA) mostra que diminuir o consumo de produtos de origem animal pode reverter a diabetes. Isso acontece porque uma dieta vegetariana turbina a ação das células beta do pâncreas, responsáveis pela produção de insulina. Assim, os alimentos são quebrados mais lentamente no organismo por conta dos grãos integrais e fibras, o que ajuda a manter os níveis de açúcar baixos no sangue na corrente sanguínea. A dieta vegetariana também diminui os níveis de colesterol pois o consumo de carnes, ovos e leite está diretamente ligado ao aumento do nível de colesterol, o que leva a obstrução de artérias e muito se engana quem pensa que os vegetarianos são fracos e não consomem proteínas suficientes para realizar exercícios. Afinal, uma alimentação tem menos ingestão de gorduras saturadas. 99
Assim, dito anteriormente, a adesão ao vegetarianismo está cada vez mais crescente devido as preocupações das pessoas em ter um estilo de vida mais saudável. Entretanto, para uma transição adequada é importante aprender a montar um prato vegetariano nutritivo e totalmente balanceado. As refeições à base de alimentos vegetais devem considerar as porções ideais de itens dos chamados grupos alimentares. São as combinações diárias que permitem maior equilíbrio dos nutrientes. Veja como montar um prato sendo totalmente vegetariano!
1. Carboidratos como tubérculos, cereais integrais e massas integrais
Principal fonte de energia do corpo, sem dúvida são excelentes fontes de fibras e vitaminas do complexo B e E. O grupo é formado pelas massas (pães, bolos e macarrão), cereais diversos (arroz, trigo, aveia, cevada, linhaça e granola) e tubérculos (mandioca, batata, mandioquinha, inhame, batata doce). Os carboidratos devem compor 1/4 do prato vegetariano. Cereais combinados com leguminosas (feijões) formam proteínas completas que são essenciais para a manutenção da vida.
2. Frutas
Ricas em vitaminas, minerais e antioxidantes, as frutas (banana, maçã, mamão, uva, melancia, kiwi, morango, limão, laranja) dão força à imunidade do corpo. Contudo, seu consumo frequente inibe a ação oxidante dos radicais livres e previne o envelhecimento precoce, além de alguns tipos de câncer. 100
Vários vegetais diferentes reunidos em uma barraca de um vendedor na feira
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3. O benefício de legumes e verduras em prato vegetariano
Esses alimentos são verdadeiras fontes de vitaminas e minerais. Exemplo disso são as batata, cenoura, cebola, berinjela, beterraba, brócolis, ervilha, couve-flor, alface, quiabo, maxixe, aipo, agrião, alho-poró, taioba, mostarda, repolho. O ideal é que 1/2 do prato vegetariano seja composto por estes alimentos. As verduras verde-escuras são ricas em minerais como ferro e cálcio, essenciais para a alimentação vegetariana. No entanto, é recomendável incluir diariamente nas refeições uma fruta rica em vitamina C para favorecer a absorção do ferro.
4. Leite e derivados
Ovolactovegetarianos admitem o consumo desse gru po de alimentos. Leite, iogurtes e queijos, possuem proteínas e cálcio, mineral essencial para o fortalecimento dos ossos. Além disso, podem ser consumidos puros ou usados em receitas.
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5. Leguminosas e oleaginosas
Dois grupos essenciais na alimentação, pois são ricos em proteínas, fibras e em minerais como o ferro, que combate a anemia, dessa forma ajudam a transportar oxigênio para o cérebro. Entre os mais usados nas refeições estão feijão, grão-de-bico, ervilha, lentilha, castanhas, nozes, avelãs, favas, soja, amendoins. Eles devem compor 1/4 do prato vegetariano.
6. Óleos e gorduras
Gorduras de boa qualidade como as presentes em oleaginosas (castanhas e sementes), azeitonas e abacate, auxiliam na absorção de vitaminas lipossolúveis como a A, D, E e K. São fontes de energia, ajudam a combater o acúmulo do colesterol e atuam como hidratantes naturais. Porém devem ser consumidos com moderação. Alimentos industrializados gordurosos e frituras favorecem o risco de aumentar o colesterol ruim.
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7. Como incluir carnes e ovos em prato vegetariano
Alimentos como carnes e ovos, no geral, não fazem parte de uma dieta vegetariana, seja por questões de saúde, ideologia ou cuidados com o meio ambiente. De fato, uma combinação adequada e nutritiva a proteína animal pode ser facilmente substituída por carnes vegetais feitas a partir de leguminosas e seus deriados, conforme já vimos.
8. Açúcares e doces
Açúcares e doces são considerados calorias vazias, pois possuem pouco ou quase nenhum nutriente. Portanto, devem ser evitados, pois os excessos são prejudiciais à saúde, favorecendo o aumento da pressão arterial e surgimento de outras doenças como o diabetes. Os doces são saborosos, mas comprometem o bom funcionamento do organismo. Existem muitas opções doces na natureza que podem substituir e ainda trazes inúmeros benefícios como as frutas secas
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Faça Você Mesmo
Cookie vegano Modo de Preparo
1. Em uma tigela, misture o açúcar mascavo, o leite de coco, o óleo de coco, a essência de baunilha e o sal. 2. Acrescente a farinha de trigo e o fermento, misture bem. 3. Por último, adicione o chocolate amargo e misture. 4. Molde os cookies e coloque-os em uma forma. 5. Deixe na geladeira por 20 minutos. 6. Em seguida, leve ao forno preaquecido (200° C) por cerca de 20 minutos.
Ingredientes: 4 colheres (sopa) de açúcar mascavo 2 colheres (sopa) de leite de coco 2 colheres (sopa) de óleo de coco 1/4 de colher (chá) de essência de baunilha 1 pitada de sal 8 colheres (sopa) de farinha de trigo
1/2 colher (chá) de fermento em pó chocolate amargo vegano, deve ser picado a gosto
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Coxinha de jaca Modo de Preparo
1. Leve ao fogo a água com o alho, a salsinha, o azeite e o sal até ferver. Quando estiver em ebulição, despeje a farinha toda de uma só vez e mexa vigorosamente até incorporar e se tornar uma massa bem lisa. Acrescente a batata e misture bem a massa. Deixe esfriar.
Prepare o recheio
2. Cozinhe a jaca em fatias grandes na panela de pressão até ficar bem macia. Retire a casca e as sementes, e desfie. Em uma frigideira grande, faça um refogado com o alho, a cebola e o azeite. Acrescente a jaca, o cheiro-verde e o curry, e refogue mais um pouco. Espere esfriar. 3. Para fazer a coxinha, molde uma bola com a massa e abra em disco na palma da mão. 4. Coloque uma colherada de recheio, feche e modele a coxinha. Faça uma mistura de farinha de trigo com água e passe ligeiramente a coxinha nessa mistura e depois na farinha de rosca. Frite em óleo bem quente, até dourar..
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Ingredientes: 3 xícaras (chá) de Água 1 dente de alho amassado 1/2 xícara (chá) de azeite de oliva 3 1/2 xícara (chá) de farinha de trigo 1 xícara (chá) de batata amassada 1 jaca verde 1 dente de alho roxo tritura... 1/2 cebola picada 1 colher (sopa) de azeite de oliva salsa (ou salsinha) picada a gosto sal marinho a gosto farinha de rosca e farinha de trigo para empanar óleo vegetal para fritar cheiro-verde a gosto curry a gosto
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Point do Semestre
Jardim Secreto O MELHOR ROLÊ VEGANO PRA VOCÊ
Foto do site Jardim Secreto
Um evento que reúne artesãos e produtores independentes, economia criativa, consumo responsável e consciente. A feira conta com um espaço super gostoso, na maioria das vezes, ao ar livre, onde os produtores expõem seus trabalhos, que vão desde roupas, sapatos, bolsas, até comidas, bebidas, jóias e cosméticos. a maioria é vegano, um ótimo espaço para conhecer novos produtos, ficar ligado nas tendências e passear fora dos shoppings de São Paulo. A feira sempre muda de local e está cheia de novidade, portanto, acompanhe suas novidades nas suas redes sociais!
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@jsecreto @feirajardimsecreto feirajardimsecreto.com.br
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Sanando Dúvidas @Chovinista É MUITO CARO SER VEGANO?
Todos os produtos de origem animal são excluídos da dieta vegana; isto é, é mais barato ser vegano. Imagine suas receitas livres de carnes, ovos, queijos e leites: você economiza, não consome colesterol e descobre incríveis maneiras de incrementar suas receitas maximizando o paladar e a saúde.
@Chicken Little É TÃO DIFÍCIL ACHAR PRODUTOS VEGANOS NA MINHA CIDADE!
Não importa onde você mora, sempre haverá produtos veganos. Simples exemplo é a feira-livre em seu bairro: frutas, verduras, legumes, folhagens, caldo-de-cana, tudo isso é vegan! Também a casa de cereais: variedades de arroz e feijão, grão-de-bico, farinhas, cereais, castanhas, sementes e nozes, ou seja, infinitas combinações!
@Ben PARA SER VEGANO, BASTA NÃO COMER NADA DE ORIGEM ANIMAL?
A alimentação é o que você faz várias vezes ao dia, então é uma etapa importante no Veganismo, mas não somente isso: não adianta deixar de comer bife e em seguida comprar um calçado feito de couro de boi, ou comprar xampu ou sabonete feitos com banha animal, ou ir divertir-se no rodeio.
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@Gordy QUERO ADOTAR UM ANIMAL, SEM ALIMENTÁ-LO COM CARNE, COMO?
Cães podem comer o mesmo que humanos (dieta 100% vegetal) e continuar saudáveis. Converse com seu veterinário sobre alimentos proibidos para eles. Já gatos são carnívoros, necessitam de carne (mais especificamente: proteína taurina) para continuar saudáveis. Em outros países já existe ração vegana com taurina sintética.
@Pintadinha SER VEGANO SIGNIFICA SER NATURAL?
Natural significa relativo à natureza, não feito pela mão do homem. Então, ser natural seria comer alimentos não industrializados, utilizar frutas ou ervas para higiene em vez de produtos processados, e assim por diante. Ser vegano é outro assunto: é viver respeitando os animais, seja fazendo isso seguindo formas “naturebas” ou não.
@Bud VEGANISMO É POLÍTICA?
Em nenhum país do mundo, seja de regime capitalista, socialista ou comunista, infelizmente, os animais se deram bem. Em todos os lugares, animais são negligenciados, abusados e explorados além da morte e do sofrimento inominável. Portanto, sim, veganismo é um movimento político.
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Kombuchinha com um vegano
Jean Wyllys EX-DEPUTADO DO RIO DE JANEIRO O que te motivou a passar um mês vegano?
Quais são as dicas que você
Eu já estava havia muito tempo querendo me propor esse desafio. pode dar para quem também quer Minha primeira preocupação com o mundo é a erradicação da caminhar em direção ao veganismo? fome. Não quero passar a mensagem para as pessoas de que ser A primeira dica é parar de comer carne vegano é fácil. Eu hoje posso escolher o que como, enquanto vermelha, trocá-la por alimentos vegetais tem pessoas buscando na lata do lixo o seu alimento. Eu sei o que tenham proteínas. que é passar fome. Esse desafio foi feito sem eu perder de vista Depois, parar com os ovos e leite, o que essa minha preocupação maior: erradicar a fome do mundo. é mais difícil porque às vezes eles estão Ter participado tem a ver também com minha preocupação em bolos, pães etc. com a saúde do planeta. Se há mais pessoas veganas no mundo, Por último, dedicar uma parte da vida há menos demanda de carne no mundo, haverá menos plan- a pensar na comida. Os Estados Unidos tações de soja, menos macrogranjas e criadouros da indústria têm um papel muito grande na nossa má alimentícia, e, portanto, mais sustentabilidade no planeta. educação alimentar, é uma população que come como se abastece um carro, sem pensar naquilo que come. E a coVocê vê o veganismo como um ato político? mida precisa ser pensada. Eu acho que O veganismo é hoje sobretudo um ato político. Ele vai deixar de ser quando tornamos esse modo de vida mais capilar, mais o veganismo permite pensar no que se popular. Quando superarmos a fome. Ele é importante inclusive come, pensar no alimento em si. para superar a fome. Ou seja, se o veganismo for promovido e, junto com ele, políticas de reforma agrária, de direito à terra, de agricultura familiar, de subsídio para agricultores e agricultoras familiares, aí sim a questão da fome se resolve. Resolve-se a questão da fome e também uma questão de doenças que ameaçam a humanidade. O veganismo pode deter pandemias como a do coronavírus, é o reconhecimento de que existem outras espécies e de que não precisamos invadir o espaço delas. Não podemos nos esquecer: o coronavírus foi transmitido de uma espécie animal para a espécie humana. E isso só aconteceu porque criamos animais para o abate, para o consumo humano em larga escala. Os meus motivos para aderir ao desafio foram a defesa de um planeta e de um futuro para filhos que eu não tenho. E se isso servir de incentivo para alguém, bacana, mas não quero entrar em brigas com ninguém. 112
Fábio Santos EMPREENDEDOR, QUÍMICO E CEO DA CACAU COSMÉTICOS Como surgiu a ideia para criar a Cacaus Biocosméticos?
O projeto nasceu por volta de 2013, quando estava terminando o mestrado vi uma reportagem sobre cacaus e como produtores podem identificar doenças, assim, como químico, pensei que poderia pesquisar sobre isso no laboratório da Unicamp, em conjunto com meu doutorado. Com isso, conheci o Guilherme Mouro, um produtor de cacau, que me convidou para a sua fazenda, onde conheci o processo de produção do cacau e reparei como a maior parte do cacau era descartado (apenas 10% do cacau é utilizado para o chocolate). Levei alguns frutos e mel de cacau para o laboratório para pesquisar melhor sobre seus possíveis ativos e benefícios. No meio do caminho participei de vários projetos e competições de pequenos empreendedores, assim, ganhando o reconhecimento e validação que precisava para dar continuidade ao projeto. Em 2019, entrei na Cietec com a minha primeira empresa, SupportLab, que buscava dar auxílio à outros laboratórios, com a oportunindade de fazer uma nova identidade visual com a parceria da Cietec com a ESPM, o projeto se concretizou, finalmente fundando a Cacaus Biocosméticos, em breve com seus primeiros produtos.
De que modo a abordagem zero resíduo e vegana da empresa afeta a inserção da marca no mercado?
Percebi que para rotular a empresa como vegana e sem crueldade animal é necessário comprovar e certificar que todas as etapas do processo se encaixam neste padrão, mesmo conhecendo as fazendas e todo o processo, ainda estamos trabalhando para certificar nossos produtos. Sobre o mercado, com o programa da FAPESP pudemos entrevistar os possíveis usuários, seus critérios e preferências, e percebi que neste nicho, o interesse varia de pessoa pra pessoa, de acordo com suas causas e convicções.
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Quais impactos a Cacaus Biocosméticos quer deixar?
Há pouco tempo atrás eu acreditava que a Cacaus não havia causado nenhum impacto. Mas analisando mais, percebi que mesmo sem vender nenhum produto ainda, nesses 2 anos de pesquisa já retiramos 500L de mel de cacau, aproveitando ele para pesquisas, assim como com as cascas de cacau. Todos esse itens foram comprados de 5 fazendas, cada uma com pelo menos 4 famílias, ainda que soe pouco já é uma grande diferença para elas, visto que são comprados, somando 10mil reais para renda dessas pessoas. Antes da Cacaus Biocosméticos, não existia esse mercado de venda de Mel de cacau, assim estamos criando um novo mercado para eles, reposicionando resíduos, com o mel de cacau deixando de ser lixo para se tornar uma nova matéria prima. Esperamos zera também a pegada de carbono, com o reflorestamento de árvores de cacau na amazônia e mata atlântica, de modo que não só retira CO2 da atmosfera como também produzem seus frutos e geram uma cadeia de valor. 113
Colunistas
Ilustração por Gabriela Kaori
Descubra como ser vegano e por que isso pode mudar a sua vida
Nasci vegetariana em Santa Catarina numa família gaúcha comedora de carnes. Mas, desde bebê, nunca consegui (por instinto) comer nenhum bicho, nem nas papinhas. Chorava, vomitava de horror. Mas eu comia ovos e derivados de leite, que mais tarde descobri ser a fonte de vários problemas de saúde que eu tinha desde muito cedo. Sempre tive bronquite, sinusite, muita rinite, amigdalite crônica e muito refluxo. E, a partir dos 12 anos, comecei a ter muita enxaqueca e ela era o gatilho para minhas crises de ansiedade e pânico que tive por mais de 10 anos. Eu sempre ia em médicos, e nunca me perguntavam o que eu comia, só me entupiam de remédios. Eu não vivia, eu sobrevivia a base dessas drogas.
E esse foi o início de um despertar para estudos e descobertas. Comecei a estudar fisiologia humana porque queria entender como meu corpo funcionava. Quanto mais eu me aprofundava, mais apaixonada eu ia ficando pelo Universo como um todo. Porque tudo está conectado. Até então, eu não sabia o que acontecia com os animais e com o meio ambiente para que aqueles alimentos que eu estava acostumada a comer chegassem a minha boca, e que me faziam mal. Mudei para São Paulo há 17 anos por causa da música, eu era cantora e compositora. Tinha pouco dinheiro para me manter, mas queria me alimentar e usar no meu corpo apenas o que me fizesse bem. Assim, eu virei vegana. Tirei tudo que fosse de origem animal: ovo, leites, derivados, tirei também açúcar, glúten e qualquer industrializado. Em 1 semana meu corpo já era outro. Na verdade era assim que eu deveria ter me sentido desde que nasci. Mas meu corpo ficava se defendendo de mim mesma desde sempre. Tornar-me vegana não mudou apenas minha saúde, mudou meu comportamento, atitudes, sentimentos, conexão com o mundo. Tornou-me uma pessoa mais empática, leve e consciente.
Alana Rox
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Ilustração por Gabriela Kaori
Se você odeia veganos fazendo propaganda de suas escolhas o tempo todo, entenda uma coisa
Realmente, veganos costumam falar muito sobre o veganismo e isso acontece inclusive em conversas entre os que já são veganos. Eu mesmo publico sobre o tema várias vezes ao dia. Imagino que possa chatear quem não está nem um pouco a fim de saber o que acontece com os animais na indústria da carne, ovos e laticínios. Mas o fato de veganos receberem constantemente acusações de que são chatos por supostamente quererem impor novos hábitos fazendo propaganda é algo que merece uma reflexão. Ligue a sua televisão e aguarde os comerciais. Conte quantos deles estão dizendo o que você deve comer. Agora perceba que praticamente todos estão dizendo que você deve comer algo de origem animal. Pessoalmente, nunca vi uma multinacional especializada em brócolis anunciando no intervalo da novela. Não existe no Brasil uma organização vegana que tenha dinheiro para isso, então, partimos para a internet. Produtos de origem animal recebem incentivos do governo para serem produzidos e geram muito, mas muito lucro mesmo!
Não é à toa que quase todos os comerciais sobre comida na televisão mostram carnes de boi, peixe e frango, embutidos como salsicha, hambúrguer, linguiça e mortadela, laticínios como iogurtes, leites e queijos e por aí vai. O tempo todo, durante a sua vida toda, estão dizendo por meios de comunicação em massa que você deve incentivar a indústria que mata animais para o prazer de suas papilas gustativas. Aí, chega um pequeno grupo de pessoas dizendo que você precisa se questionar sobre os bilhões de animais mortos nessa indústria e você os chama de radicais? Radicais são as empresas que matam, esquartejam e vendem pedaços de animais e suas secreções como se fosse comida. Não é. Não compre, não consuma, não incentive.
Fabio Chaves
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Colunistas
Ilustração por Gabriela Kaori
Vegano compra couro em brechó?
1. A compra em brechó é só opção? Há poder aquisitivo para Como sabem, eu to sempre procurando poder investir em marcas de slow fashion que produzem artigos formas de reduzir meus impactos indi- de moda comumente feitos de couro com a mesma beleza e viduais no mundo, por mais que muitas qualidade? Então é isso, invista nessas pequenas marcas. vezes não dependa só da gente, acredito 2. Não há condições financeiras para esses investimentos e muito no nosso poder de mudar a forma comprar em brechó não é uma opção, é uma necessidade de como vemos e outras pessoas veem as quem quer se expressar através da moda mas não consegue coisas e o mundo. financeiramente desenvolver seu estilo em outros espaços. Então para mim comprar couro velho, de itens que já foram E como tudo está conectado, minhas feitos e já estão lá, é dos males o menor! escolhas conscientes sempre esbarram Acho que independentemente do contexto, o importante é umas nas outras: sou vegana e só commudarmos a forma como enxergamos peças de origem animal pro roupa em brechó! E agora? O que eu faço quando vejo uma peça LINDA, mas (couro, casacos de pele): no fim é carne que estaria decomposta percebo que é de couro animal? e foi tratada com dezenas de produtos químicos. No fim são Saiu um vídeo no canal em que eu dezenas de raposas, gatos é uma série de outros animais selelaboro todas essas contradições com um vagens mortos e esfolados para o que: te aquecer? O objetivo é mudarmos essa ideia que há muitos anos é fopouco mais de profundidade mas vamos mentada pela indústria de que couro e pele representam o que adiantar um pouco por aqui, claro. Pra mim existem só dois cenários que há de melhor e mais refinado na moda! De que é lindo, de boa qualidade e bom gosto. são fundamentais:
Nataly Neri
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Ilustração por Gabriela Kaori
Morte por todos os lados
Existe uma tristeza imensa e um pesar profundo em perceber e comunicar que o bolsonarismo é uma ilha gigantesca, cercada de morte. À medida que nos aproximamos de três anos do pesadelo distópico, as palavras parecem perder o sentido, e o cenário de terra arrasada desafia a nossa imaginação política por um futuro melhor. É ultrajante reconhecermos, em setores de mídia hegemônica, um discurso que busca a construção de uma “terceira via” ao advogar sobre os malefícios da “polarização” política em nosso país. Usam a palvra polarização sem pudor, consciência ou compromisso com a verdade. De um lado da “polarização”, há a luta pela criação de um portal da trasparência. Do outro, o orçamento secreto aprovado pelo Centrão. De um lado, há o Brasil tendo sido a sexta maior economia do mundo. Do outro, a maior desvalorização da moeda na história recente do País. De um lado, há o Brasil sendo retidado do mapa da fome da ONU. Do outro, a fila por resto de ossos. Veremos que lado da polarização será apoiado por aqueles que buscam a terceira via.
O mês de novembro de 2021 foi marcado por uma vergonhosa Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas que mais nos preocupa do que oferece recursos para esperança. As questões ambientais e climáticas são outro campo de desastre do nosso tempo histórico. A gestão da morte à qual estamos submetidos liberou, por exemplo, em um único dia, 53 novos agrotóxicos para uso extensivo. Hoje, há mais de 3,4 mil produtos agrotóxicos contaminando o Brasil e envenenando a população. Enquanto cidades inteiras são engolidas por nuvens de poeira, como reflexo da nossa destruição ambiental, lutamos para que as nossas visões não se turvem ou se distorçam, para que o desespero não nos paralise e, acima de tudo, para que a tristeza nos radicalize.
Rita Von Hunty
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