Atividade 3: Fruição Ao ser transformada em uma história do século XXI, Ana Elisa Ribeiro faz uma adaptação do tempo, da linguagem, dos recursos, dos modos como as personagens diziam e faziam as coisas, incorporando as tecnologias digitais nesta nova versão de Romeu e Julieta, dando vida a Romieta e Julieu. Ao dar este salto no tempo, pode parecer uma esquisitisse manter as bases do patriarcado, as tradições e convenções, a rivalidade e a guerra pelo poder daquela época de Shakespeare. Ou nem soa estranho? Será por quê? Na peça, por exemplo, no ato II, cena II, Romeu vai até o jardim dos Capuleto e fala com a sua amada, que se encontra na sacada: “Zomba da dor quem nunca foi ferido”, traduzido na tecnotragédia de Ribeiro em: “Dureza a gente ter de se odiar se amando tanto”. As palavras da personagem denotam o contexto da época e podem ser compreendidas como uma apelo à empatia pelo casal apaixonado. A situação vivida por essas personagens pode não ser tão distante do que nossos jovens vivenciam nos dias de hoje, em que o individualismo, a intolerância, o preconceito e o capital imperam socialmente. Ana Elisa Ribeiro, antenada a tudo isso, faz uma provocação necessária, logo nas páginas iniciais de Romieta e Julieu: Essa guerra era antiga. E daí? O que os dois tinham com isso? Foi-se o tempo em que os jovens não dialogavam com os pais, não é? Ou ainda não? Bem, paciência então. Depois dessa trombada meio de propósito, vejam só o que aconteceu... e cuidado: é uma tragédia. (p. 23)
Então, dando continuidade ao trabalho, propomos usar a arte para nos ajudar a pensar sobre questões que remetem a problematização das relações humanas, a partir da abordagem da capacidade da empatia. “A empatia não é unicamente uma compreensão racional do lugar do outro – ela implica também uma conexão que se dá no nível emocional e pessoal. Nesse sentido, é importante que a escola seja um ambiente de convivência entre pessoas bem diversas” (CUPERTINO, 2016), onde a empatia seja uma prática corrente nas relações vivenciadas no ambiente de aprendizado, para que ecoem em nossas relações sociais amplamente. Nesta perspectiva, damos sequência ao trabalho transdisciplianar, agora, com foco no desenvolvimeto da empatia, uma das dez Competências Gerais da Educação Básica definidas na BNCC (2018), que consiste em Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, fazendo-se respeitar e promovendo o respeito ao outro e aos direitos humanos, com acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes, identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de qualquer natureza. (BNCC, 2018, p. 10). 27
Romieta & Julieu: Tecnotragédia amorosa – Material Digital do Professor