Alfred Hitchcock
não é apenas um filme Pedro Butcher
“Whenever I found myself getting overwrought over problems with one of my films, I would say to myself, ‘Remember, it’s only a movie.’ It never worked. I was never able to convince myself.” “Sempre que me via sobrecarregado com os problemas de um dos meus filmes, eu dizia para mim mesmo: ‘Lembre-se, é apenas um filme’. Isto nunca funcionou. Eu nunca fui capaz de convencer a mim mesmo.” Alfred Hitchcock em It’s Only a Movie – A Personal Biography de Charlotte Chandler (Simon & Schuster, 2005).
Naughty boy (Menino levado) Alfred Joseph Hitchcock nasceu no dia 13 de agosto de 1899 – um domingo, e não uma sexta-feira 13, como ele mesmo teria preferido. Filho temporão de Emma e William Hitchcock, um casal de verdureiros do East End londrino, Alfred veio ao mundo nove anos depois do irmão mais velho, William, e sete anos depois da irmã do meio, Nellie. Foi uma criança gordinha e solitária. “Nas reuniões familiares eu ficava no meu canto observando tudo. Não me lembro de ter tido nenhum companheiro de brincadeiras.” O fato de fazer parte de uma família católica – uma excentricidade na Inglaterra, país protestante – contribuiu para seu isolamento. Os pais o matricularam em um colégio jesuíta, onde se tornou bom aluno, mas nunca o primeiro da turma. “Era sempre o quarto ou o quinto. Criticavam-me por ser distraído.” Desde pequeno ia ao teatro na companhia da família. Adolescente, depois de perder o pai, aos 15 anos, continuou frequentando o teatro, quase sempre sozinho. Quando já era cineasta consagrado, Hitchcock adorava contar uma história de sua infância. Tinha cinco ou seis anos quando o pai o mandou à delegacia do bairro, com um bilhete nas mãos. O policial de plantão o recebeu, leu o bilhete e o trancou na cadeia, dizendo apenas: “É isso o que se faz com garotos levados” (“That’s what we do with naughty boys”). O pequeno Alfred não passou mais do que dez minutos trancado, mas o episódio, evidentemente, o marcou de forma definitiva.
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