H 365
Um jovem com mente de mestre
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por Peter Bogdanovich
Peter Bogdanovich: Como foi que se deu a sua primeira tentativa de direção? Alfred Hitchcock: Fui convencido a fazer Number Thirteen [1922] pela mulher que fazia a publicidade na Famous Players-Lasky, ela começou a ver algo em mim antes mesmo de eu ter começado a fazer roteiros e a trabalhar na direção de arte quando eu ainda era apenas um jovem que circulava pelo departamento editorial. Ela tinha trabalhado com Chaplin e, naquela época, se imaginava que qualquer pessoa que tivesse trabalhado com Chaplin sabia de tudo. Ela escreveu aquela comédia, e tentamos arrumá-la. Mas não prestava, o dinheiro acabou e o filme nunca viu a luz do dia. Como foi que você acabou por dirigir Sempre conte à sua esposa [Always Tell Your Wife, 1923]? Seymour Hicks, o produtor, era um dos grandes nomes do teatro londrino, e esse foi um dos trabalhos que me coube quando Islington se tornou um estúdio rentável. Eu deveria funcionar como assistente, erigir os sets e assim por diante. Então, um dia, esse sujeito discutiu com o diretor e ele o demitiu. Aí ele me disse: Você e eu vamos terminar isto . Foi o que fizemos. ....................................................................................... Nota do Editor: esta é uma compilação de trechos de uma entrevista de 1963 retirados da edição publicada integral e originalmente no livro Afinal, quem faz os filmes: conversas com Robert Aldrich, George Cukor, Allan Dwan, Howard Hawks, Alfred Hitchcock, Chuck Jones, Fritz Lang, Joseph H. Lewis, Sidney Lumet, Leo McCarey, Otto Preminger, Don Siegel, Joseph von Sternberg, Frank Tashlin, Edgar G. Ulmer, Raoul Walsh [entrevistados por]/ Peter Bogdanovich; tradução Henrique W. Leão. São Paulo: Companhia das Letras, 2000. 1