HISTÓRIA DE ISRAEL - MÓDULO CALCEDÔNIA - SEMINÁRIO BATISTA LIVRE

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HISTÓRIA DE ISRAEL

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 109 1. AS ORIGENS 111 2. FORMAÇÃO DA NAÇÃO 112 3. GOVERNO TEOCRÁTICO 114 4. PERÍODO DA MONARQUIA 115 5. A DIVISÃO DO REINO 118 6. PERÍODO DO CATIVEIRO 120 7. RETORNO DO EXÍLIO 122 8. PERÍODO INTER-TESTAMENTÁRIO 123 9. TRANSFORMAÇÕES RELIGIOSAS 129 10. PERÍODO NEO-TESTAMENTÁRIO 131 11. O CERCO E A QUEDA DE JERUSALÉM 136 12. PERÍODO HISTÓRICO 139 AVALIAÇÃO HISTÓRIA DE ISRAEL 149 REFERÊNCIAS 151

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INTRODUÇÃO

Há três denominações diferentes para a descendência de Abraão: Hebreus, provavelmente por ser Abraão descendente de Éber (Gênesis 11.14-17). Israelitas, relativo a Israel, nome recebido pelo patriarca Jacó, após seu encontro com Deus no vau de Jaboque (Gênesis 32.27-28). E por último judeu, relativo a Judá, um dos doze filhos de Jacó ao qual foi prometido o cetro do reino (Gênesis 49.10). Sendo assim, não há qualquer diferença na designação deste povo. Paulo usou para si as três denominações (Romanos 11.1; 1 Coríntios 9.20; Filipenses 3.5).

Este foi o povo especial de Deus, com o qual Ele fizera um pacto através de Abraão (Gênesis 15 e 17), para dar-lhe a terra de Canaã e abençoar através dele todos os povos da Terra (Gênesis 12.1-3). O propósito desta eleição foi usar Israel como o canal para espalhar sua salvação por todos os cantos da Terra. As Sagradas Escrituras foram primeiro confiadas a eles (Romanos 3.2). A eles primeiro coube a adoção de filhos, as manifestações da glória de Deus, as alianças, a Lei divina, o culto e promessas (Romanos 9.4). Também coube a eles a tarefa de ser o povo do Messias, o Ungido (Romanos 9.5).

Tudo isto os torna constante objeto da preocupação de Deus em toda a Bíblia, tornando obrigatório estudar e entender o plano de Deus para este povo.

Podemos resumir a questão teológica referente aos judeus em uma pergunta: Há ainda algum propósito de Deus específico para este povo, após o surgimento da Igreja Cristã ou eles serviram apenas até o início desta era, não havendo mais significado para sua existência como nação?

Alguns afirmam que a nação de Israel teve um papel provisório como instrumento dos propósitos de Deus. Este papel terminou com a vinda do Messias. Ao rejeitar a Jesus, Israel teria perdido definitivamente qualquer exclusividade diante de Deus. A menos que eles se convertam e se integrem à Igreja, não há nenhuma outra perspectiva dentro do plano de Deus.

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Para estes a Igreja seria agora o “Israel de Deus”. Por isso, as promessas con tidas no Antigo Testamento dirigidas a este povo, não são literais. São geralmente espiritualizadas. Não existe no futuro algum privilégio, alguma distinção em relação aos demais. Os judeus passaram a ser igual a todos os povos da Terra.

Do outro lado estão aqueles que olham a aliança de Deus com Israel como algo incondicional. Embora quanto ao evangelho eles sejam inimigos, recebem um amor distinto do Pai devido à Aliança com os patriarcas (Romanos 11.28). Isto se tornará evidente no futuro, quando a Igreja for tirada da Terra. Israel reassumirá seu papel e durante o Milênio terá uma posição distinta. Essa visão teológica positiva, quanto aos judeus foi realçada principalmente pela restauração da nação de Israel na Palestina. Seu retorno a terra, bem como a reconstrução da mesma, apesar de todos os desejos contrários, obrigou a teologia a uma revisão de seus conceitos.

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1AS ORIGENS

As origens mais remotas do povo hebreu (israelita) ainda são desconhecidas. A Bíblia Sagrada continua sendo a principal fonte para os estudos desse povo. As origens começaram com Abraão, chefe de uma tribo de pastores seminômades que, aconselhado por Deus, deixou a cidade de Ur dos Caldeus na Mesopotâmia, próxima às margens do rio Eufrates, dirigindo-se para Harã e depois foi se estabe lecendo na terra de Canaã, costa oriental do Mediterrâneo (atual Israel).

A Mesopotâmia foi berço de civilizações antiqüíssimas e importantes, como os sumérios, os acádios, os assírios e os babilônios. Os sumérios construíram a sua civilização na Baixa Mesopotâmia, mais ou menos entre os anos de 2800 e 2370 a.C. As escavações feitas em Uruk revelaram o uso da escrita cuneiforme (sinais em forma de cunha) desde o início do III milênio. Foram os sumérios os inventores da escrita.

Abraão, ao contrário de seu pai, como também de muitos de sua época, acre ditava num único Deus, Criador do mundo, invisível e que lhe havia feito um cha mado especial. Como recompensa à obediência e por sua fé, ele recebeu de Deus a promessa de que sua família seria a origem de um povo destinado a possuir a terra de Canaã, onde segundo a Bíblia, manava leite e mel.

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FORMAÇÃO DA NAÇÃO

Este período vai desde a chamada de Abraão em 2002 a.C., até seu estabe lecimento na terra de Canaã por volta de 1500 a.C. Durante este período não podemos dizer que havia uma nação no sentido exato do termo. Para que haja uma nação são necessários pelo menos três elementos: Um povo com uma cultura única, leis que o regulamentem e um território próprio. Estes elementos foram se unindo no decorrer deste período até completar-se.

Não podemos dizer que Abraão, Isaque e Jacó formaram uma nação. Eles estabeleceram o período patriarcal no processo formativo da nação. Eram assim denominados esses três primeiros chefes do povo israelita: Abraão, Isaque e Jacó.

Eles não passavam de beduínos no deserto, indo de um lugar para outro. Mesmo os doze filhos Jacó, embora tendo se multiplicado, não passavam de um grupo a mais naquele emaranhado de povos que era a Palestina daquela época. O povo só foi se multiplicar e surgir de forma mais numerosa, no Egito. Ali sua cultura e costumes foram se definindo. Ao final de quatrocentos anos era um povo nume roso, mas não uma nação. O segundo passo só seria dado após sua libertação por Moisés.

Os hebreus viveram pacificamente no Egito por gerações, mas um Faraó se inquietou devido ao aumento populacional e poder: decide os tornar escravos e manda matar todos os meninos recém-nascidos. Ora, nessa época nasce, numa fa mília israelita, o pequeno Moisés. Para salva-lo sua mãe o acomodou numa peque na cesta de papiro e o escondeu entre os caniços do rio Nilo. O bebê foi recolhido pela filha do Faraó e educado na corte. Ao se tornar adulto, Moisés fica revoltado com a miséria do seu povo e se isola no deserto do Sinai. Ali, Deus revela a ele

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lhe faz uma dupla promessa: libertará os israelitas da escravidão e lhe dará o país de Canaã. Moisés tem, a partir de então, uma missão grandiosa: guiará o povo de Israel até a Terra Prometida e transmitirá aos homens a mensagens de Deus nos dez mandamentos.

Moisés voltou, então, ao Egito, para junto de Faraó, e lhe pediu que deixasse os escravos israelitas partirem para sua terra, porque era ordem de Deus. Diante da recusa do Faraó, Deus castiga o Egito com dez terríveis pragas, narradas na Bíblia. Finalmente Faraó cede e o povo de Israel parte livre: é o Êxodo, isto é, a saída do Egito.

Moisés conduziu os hebreus através do deserto do Sinai. É aqui que se inicia uma nova fase para este povo. Eles receberam a Lei. Não apenas o decálogo, que se tornou padrão mundial. Receberam também toda uma legislação que detalhava o decálogo, bem como outras instruções que regulamentavam a vida religiosa e civil. Mesmo que o período no deserto pareça uma perda de tempo, foi ele quem possibilitou a existência de um código que garantiria para sempre a existência de Israel como nação. Esta Lei, de certa forma, tornou-se sua pátria.

Josué, sucessor de Moisés, ajudou a consolidar Israel. Liderou a tomada da terra, guerreando e conquistando boa parte dela. Agora era um povo com cultura própria, Leis próprias e em sua própria terra.

Depois que saíram do Egito, os hebreus atravessaram o mar Vermelho e pas saram quarenta anos errando pelo deserto da Líbia e pelo deserto da Arábia até que finalmente chegaram às fronteiras da Terra Prometida (atualmente Estado de Israel). Moisés falecera e Deus convocou Josué como seu sucessor. Este lança uma guerra contra os cananeus e venceu seus adversários próximos. O país dos cananeus torna-se então país de Israel.

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GOVERNO TEOCRÁTICO

Este período vai desde a tomada da terra por Josué até o estabelecimento da monarquia com Saul. É o período descrito principalmente no Livro de Juízes, em bora durante o tempo de Moisés e Josué, podemos dizer que eles exerceram um governo teocrático. Chamamos de teocrático porque não havia um governo defini do. Não havia um homem específico que poderia ser chamado de líder. O governo de Moisés também foi teocrático, todavia, como vimos, não havia uma nação.

Os juízes foram homens e mulheres ungidos em ocasiões especiais e que ser viam como autoridade a quem o povo recorria nas dificuldades. Este período durou cerca de 430 anos. O número de governantes apontados no Livro de Juízes foi: Otniel de Judá, que livrou Israel dos reis da Mesopotâmia, Eúde, que expulsou os moabitas e os amonitas; Déborae Baraquecontra os cananeus; Gideãoque expul sou os midianitas; Tola e Jair; Jefté que subjugou os amonitas; Ibsã, Elom, Abdom; Sansão grande perseguidor dos filisteus.

Este período foi caracterizado pelo caos, cada um fazendo o que bem entendia (Juízes 21.25). A falta de um governo central, forte e definido, fez com que as trans gressões se multiplicassem. A vida moral e religiosa da nação era uma derrocada só. O culto a Baal e à Astarote, era atrativo pela sua sensualidade. Os juízes tinham um campo de atuação muito restrito, geográfica e politicamente. Os capítulos finais do Livro de Juízes contam a história de um crime hediondo e da conseqüente guer ra civil, que serviu para ilustrar o período.

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PERÍODO DA MONARQUIA

Não demorou muito tempo para o povo reivindicar um rei para si, queriam ser como as nações vizinhas que tinha uma autoridade que os regia. Samuel, o último e maior de todos os juízes é levado por Deus a ungir a Saul, benjamita, como mo narca de Israel.

Este período denominado de monárquico abrange o reinado dos três primei ros monarcas: Saul, Davi e Salomão, desde o ano 1040 a.C., até 920 a.C. Foi o período áureo de Israel. Durante este tempo, Israel ainda era uma única nação, entretanto, essa condição não duraria muito tempo.

Este foi um tempo de consolidação, que trouxe para Israel o status de nação. As conquistas anteriores ganharam agora uma forma definida e os limites geográficos foram expandidos alcançando seus maiores limites demográficos, porém sem ainda alcançar as dimensões prometidas a Abraão.

Apesar da desobediência de Saul e do declínio de Salomão nos seus últimos anos, o culto ao único Deus foi totalmente restabelecido e a situação religiosa caó tica do tempo dos juízes terminou.

SAUL

Foi ele o primeiro rei de Israel. Começou a organizar e solidificar a nação. Ele e seu filho Jônatas guerrearam contra os diversos povos que ainda não haviam sido dominados e os derrotaram. Mas Saul cometeu dois erros decisivos. O primeiro foi na guerra contra os amalequitas. A ordem de Deus era para exterminá-los comple tamente sem nada deixar. Todavia Saul desobedeceu e não matou a Agague, rei

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dos amalequitas bem como muitos animais (1 Samuel 15.9). Por isto foi repreen dido por Samuel. Na segunda vez, Samuel estava demorando em vir sacrificar, ele tomou para si o ofício sacerdotal, que não lhe era permitido e fez o sacrifício. Desta feita a repreensão de Samuel foi mais dura e ele proferiu a sentença sobre Saul de que Deus já o havia rejeitado e escolhido outro rei em seu lugar. Sua história está narrada no livro de 1 Samuel.

DAVI

Davi sucedeu a Saul após sua morte. Havia já conquistado grande respeito após ter derrotado Golias e se destacado como chefe militar. Mas o ciúme de Saul obrigou-o a fugir para o deserto de Nobe, até a morte deste, quando então foi ungido rei pelo povo de Judá e depois por todo Israel. Davi então sitiou e tomou Jerusalém, baluarte dos jebuseus, ampliando-a e fazendo dela a capital. Subjugou as nações ao redor, estendendo seus domínios nos limites prometidos a Abraão (Gênesis 15.18). Trouxe o Tabernáculo para a cidade, juntamente com a arca da aliança e os demais utensílios. Após ter cometido adultério com a mulher de Urias, teve de enfrentar a sedição de seu filho Absalão. Morreu em idade avançada, após reinar 40 anos e meio, sendo 7 anos em Hebrom e 33 em Jerusalém. Como era cantor, deixou muitos Salmos devocionais, que vieram a ser uma das mais amadas literaturas do mundo. Sucedeu-o seu filho Salomão, que tivera com Bate-Seba.

SALOMÃO

Salomão não era o herdeiro natural de Davi, o que fez com que sua posse fosse recheada de intrigas e inimizades. Assim, logo após ser coroado, Salomão eliminou drasticamente todos seus inimigos. Mandou matar seu irmão Adonias, também o general Joabe e desterrou o sumo sacerdote Abiatar.

Pediu sabedoria a Deus que não somente lhe concedeu o desejo de seu co ração como também riquezas. Segundo as Escrituras, ele possuía uma imensa e dispendiosa corte. É nos relatado que seus gastos eram de “trinta coros de flor de farinha (1 coro equivale a 450 litros) e sessenta coros de farinha; dez bois cevados,

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vinte bois de pasto e cem carneiros, afora os veados, as gazelas, os corços e aves cevadas” (1 Reis 4.22-23).

Através das alianças de casamento com filhas dos reinos ao derredor, tornou Israel um reino próspero e respeitado. Construiu o Templo de Jerusalém que pode ser apontado como uma das Maravilhas do mundo antigo.

Deixou-nos um grande número de Provérbios, dos quais muitos desaparece ram juntamente com seus cânticos, porém temos ainda alguns deles no livro de Provérbios. Temos preservado também seu relacionamento com a Sunamita, no livro de Cantares e o livro que provavelmente foi escrito no final de sua vida: Ecle siastes. A sabedoria de Salomão não o isentou de pecar contra sue Deus, suas mulheres lhe perverteram o coração e cedeu e construiu templos idólatras além de colocar imagens de esculturas em frente ao Templo. A conseqüência deste pecado foi a divisão do reino que até então ainda era unido.

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A DIVISÃO DO REINO

Após a morte de Salomão ocorreu o inevitável: o reino foi dividido. Dez tribos do norte separaram-se das duas tribos do sul. O norte, com dez tribos, denominou-se Israel, tendo como capital a cidade de Samaria e seu primeiro rei foi Jeroboão. O sul ficou conhecido como Judá, tendo como capital Jerusalém e teve como governante Roboão, filho de Salomão.

Está registrado nas Sagradas Escrituras, o Reino do Norte muito cedo aposta tou do Senhor, passando a servir a Baal e a outros deuses, sendo completamente dominado pela idolatria. Sob o governo de Acabe, filho de Onri, o culto a Yahweh foi praticamente abolido do país, principalmente devido às instigações de sua mu lher Jezabel. Foi neste período que surgiu o profeta Elias, o qual também fundou escolas de profetas e deixou Eliseu como seu sucessor. Mas Israel nunca se emen dou de seus maus caminhos, portanto era inevitável sua destruição. Foi o que ocor reu no ano de 722 a.C., quando a Assíria, sob o governo de Salmaneser V cercou Samaria e retirou o povo da terra levando-os para o exílio (2 Reis 17).

O Reino do Sul, embora algumas vezes tenha falhado e desviado da Lei devido a impiedade de algum de seus monarcas, subsistiu em meio a muitas guerras por mais tempo. Por ocasião do ataque de Senaqueribe sobre a capital Jerusalém, Judá foi poupada devido à fidelidade e fé do rei Ezequias (2 Reis 18). Mesmo assim não tardaria haver novas apostasias dentro das portas de Judá, como foi o caso do rei Manassés.

Por fim então, Judá sofre ataques do rei da Babilônia, na pessoa de Nabucodo nosor, por volta de 605 a.C., quando levou cativo uma parte da população, dentre

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os quais se encontrava o profeta Daniel. Posteriormente, por volta de 596 a.C. ele invade novamente a terra de Judá e leva novamente mais uma parte de seus habi tantes, dentre os quais se encontrava o profeta Ezequiel. Por fim, no ano 586 a.C., ele ataca Jerusalém com uma fúria indomável, destruindo e devastando a cidade e tudo que vê pela frente até se deparar com suntuoso Templo, que não é poupado, ficando totalmente destruído. Os objetos sagrados do Templo são levados para a Babilônia juntamente com seus habitantes, onde permanecera durante 70 anos.

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PERÍODO DO CATIVEIRO BABILÔNICO

Embora tenha sido um período de apenas 70 anos (de 607 a 538 a.C. aproxi madamente) foi determinante para a história e o caráter de Israel. Por volta do ano 605 a.C., Nabucodonosor, rei do Império Babilônico, ataca Jerusalém e leva cativo alguns habitantes de Judá para a cidade de Babilônia, entre eles, Daniel e seus ami go. Em 586 a.C., ele torna atacar Judá, sitiando Jerusalém, destruindo o Templo e levando embora os vasos sagrados, juntamente com a população da terra. Neste período de exílio surgem profetas como Daniel e Ezequiel, enquanto em Jerusalém Jeremias continua também exercendo seu ministério profético.

O cativeiro está baseado na Lei do descanso da terra, conforme predisse o profeta Jeremias (Jeremias 25.11). Pela Lei, os judeus deveriam deixar a terra em descanso a cada 7 anos. Todavia, passaram-se 490 anos e eles não obedeceram. Como conseqüência, os 70 anos foram uma forma de impor esse descanso.

Em 539 a.C., Daniel compreendeu pela leitura do livro do profeta Jeremias que o tempo do cativeiro estava chegando ao fim, assim passou a buscar Deus em oração, que lhe revelou os eventos futuros que estavam por vir.

Daniel escreve suas revelações em um livro. Ele falou sobre a queda da cidade de Babilônia e dos impérios que ainda iriam surgir. Tudo conforme havia predito esse servo de Deus, se cumpre literalmente. Conta o historiador Heródoto que eles estavam em grande festa, seguros, pois os muros da cidade eram inexpugnáveis. Ciro, rei dos persas, usa então de um artifício e desvia as águas do rio Eufrates para um lago artificial. Com isto foi possí-

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vel entrar na cidade por baixo dos muros, com água pelos joelhos. Os persas já se encontravam dentro de Babilônia e Belsazar nem sequer tinha recebido a notícia. Ciro então deixa Dario em seu lugar.

Em torno do ano de 538 a.C., Ciro, rei da Pérsia e novo soberano do Oriente Próximo, autoriza o retorno de Zorobabel para a reconstrução do Templo. Sua política religiosa, diferente dos Babilônios e Assírios, era mais pacífica, permitindo a cada povo continuar adorando os seus deuses, pelo que ele mesmo ajudou a financiar a reconstrução do Templo de Jerusalém.

O livro de Ester representa um parêntese na História de Israel. Não ocorre den tro dos limites geográficos da nação, mas no exílio, a partir da capital do Império Persa, Susã. O rei Assuero, conhecido na história como Xerxes, reinou de 485 a 465 a.C. E dentro deste período que se insere, que foi escrito o livro e a história de Ester. Foi escrito para contar a origem da Festa do Purim e mostrar como os judeus foram salvos nesta época, de serem completamente destruídos pelas maquinações de Hamã. Foi a primeira tentativa de genocídio judaico.

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RETORNO DO EXÍLIO

Este período é abrangido pelos Livros de Esdras, Neemias e Ester, embora a história de Ester tenha se passado fora da Palestina. Sob o domínio de Zoro babel, 42.360 judeus retornam a Jerusalém, por volta de 536 a.C., para recons truir o Templo. A política religiosa de Ciro era bastante branda, permitindo que cada povo adorasse seus próprios deuses. Ele mesmo incentivou e financiou o retorno do povo para Israel e a reconstrução do Templo, todavia, devida a opo sições, o trabalho é interrompido e a obra só volta a ser realizada muitos anos depois, em 520 a.C., quando os profetas Ageu e Zacarias começam a animar o povo.

Em 458 a.C., chega a Jerusalém o sacerdote Esdras com mais 1.755 judeus. Este sacerdote zeloso e instruído terá enorme papel na história Judaica. Ele está diante de uma nação quebrantada, que viu os efeitos terríveis de sua idolatria e, portanto estão prontos para receber forte instrução das Escrituras. No ano de 445 a.C., Jerusalém recebe novo reforço espiritual com a chegada de Neemias, que reconstruirá os muros da cidade e restaurará suas portas. O muro é reedificado e começa um grande avivamento no meio do povo. Provavelmente o ministério do profeta Malaquias deu-se nesses dias, durante uma saída de Neemias para a Pérsia. Mais tarde, em 432 a.C., Neemias retorna à Pérsia definitivamente.

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PERÍODO INTER-TESTAMENTÁRIO

Durante este período Israel esteve primeiramente sob o domínio Persa, depois Grego e por fim sob o julgo Romano. Após Malaquias não houve mais manifesta ções proféticas ou Livros inspirados. Livros como os de I e II Macabeus, por exem plo, que tratam deste período, embora lidos e reverenciados, somente foram aceitos como canônicos por uma parcela minoritária de judeus e cristãos. Para facilitar nosso estudo, falaremos dos persas, depois dos gregos e por fim dos romanos.

8.1 PERÍODO PERSA

Vai de 539 a.C., até cerca de 333 a.C., quando Alexandre o Grande entra em Jerusalém e é recebido pelo sumo-sacerdote Jado como escreveu Flávio Josefo. A política religiosa Persa era totalmente diferente de seus antecessores. Seus monar cas respeitavam os deuses dos povos conquistados. Além disso, Ciro, após conquis tar Babilônia, permitiu que aos desterrados voltassem para suas terras contanto que pagassem tributos a ele. Foi assim que os judeus retornaram a Jerusalém e reconstruíram a cidade e o Templo. Ciro devolveu também todos os vasos sagrados que haviam sido levados por Nabucodonosor para a Babilônia. Como resultados disto, há uma grande consolidação do judaísmo por essa época.

O cativeiro curou os judeus da idolatria, definitivamente. Sob a liderança de Esdras, o estudo da Lei e dos Profetas foi instituído, dentro de lugares específicos chamados de sinagogas.

No geral foi um período calmo para os judeus, exceto por certas disputas internas pelo cargo de sumo-sacerdote.

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8.2 PERÍODO GREGO

Iniciou-se efetivamente com a tomada da Grécia por Felipe da Macedônia. Ele derrota Atenas e Esparta, unificando as cidades gregas debaixo de seu governo. Dois anos depois de consolidar a Grécia, Felipe morre e seu filho assume a lideran ça. Alexandre foi um esplêndido guerreiro conquistando todas as regiões por onde passava.

Alexandre o Grande, entrou em Jerusalém, por volta do ano 333 a.C. Quan do fez um cerco à cidade de Tiro, Alexandre solicitou ajuda dos judeus, que se recusaram por terem uma aliança com os persas e serem fiéis a esta aliança. Após destruir a cidade de Tiro, Alexandre marchou furioso contra a cidade de Jerusalém, entretanto foi recebido com flores pelos sacerdotes. Esse fato histórico pode ser en contrado nas crônicas do historiador judeu Flávio Josefo, que diz:

“Quando este ilustre conquistador (Alexandre) tomou esta última cidade (Gaza), ele avançou para Jerusalém e o sumo-sacerdote Jado, que bem conhecia a sua cólera contra ele, vendo-se com todo o povo em tão grande perigo, recorreu a Deus, ordenou orações públicas para implorar o seu auxílio e ofereceu-lhe sacrifícios. Deus apareceu-lhes em sonhos na noite seguinte e disse-lhes que fizessem espalhar flores pela cidade, mandar abrir todas as portas e ir revestido de seus hábitos pontificiais, com todos os santificadores, também assim revestidos e todos os demais, vestidos de branco, ao encontro de Alexandre, sem nada temer do soberano, porque ele os protegeria...Os fenícios e os caldeus que estavam no exército de Alexandre, não duvidavam que na cólera em que ele se achava contra os judeus ele lhes permitiria saquear Jerusalém. Mas aconteceu justamente o contrário, pois o soberano apenas viu aquela grande multidão de homens vestidos de branco, os sacrificadores revestidos de seus paramentos de linho e o sumo sacerdote, com seu éfode, de cor azul adornado de ouro e a tiara sobre a cabeça, com uma lâmina de ouro na qual estava escrito o

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nome de Deus, aproximou-se sozinho dele, adorou aquele augusto nome e saudou o sumo-sacerdote, a quem ninguém havia saudado. Então os judeus se reuniram ao redor de Alexandre e elevaram a voz, para desejar-lhe toda sorte de felicidade e de prosperidade. Mas os reis da Síria e os outros grandes que o acompanhavam, ficaram surpresos, de tal espanto que julgaram que ele havia perdido o juízo. Parmênio, que gozava de grande prestígio, perguntoulhe como ele, que era adorado em todo o mundo, adorava o sumo-sacerdote dos judeus. Não é a ele, respondeu Alexandre, que eu adoro, mas é a Deus a quem ele é o ministro, pois quando eu ainda estava na Macedônia e imaginava como poderia conquistar a Ásia, Ele me apareceu em sonho com estas mesmas roupas e me exortou a nada temer, disse-me que passasse corajosamente o estreito do Helesponto e garantiu-me que ele estaria à frente do meu exército e me faria conquistar o império dos persas. Eis porque jamais tendo visto alguém revestido com trajes semelhantes aos com que ele me apareceu em sonho, não posso duvidar de que não tenha sido por ordem de Deus que empreendi esta guerra e assim vencerei Dario, destruirei o império dos persas e todas as coisas suceder-se-ão conforme o meu desejo. Alexandre, depois de assim ter respondido a Parmênio, abraçou o sumo-sacerdote e os outros sacrificadores, caminhou depois no meio deles até Jerusalém, subiu ao Templo, ofereceu sacrifícios a Deus da maneira como o sumo-sacerdote lhe dissera devia fazer. O soberano pontífice mostrou-lhe em seguida o livro de Daniel no qual estava escrito que um príncipe grego destruiria o império dos persas e disse-lhe que não duvidava de que era ele de quem a profecia fazia menção. Alexandre ficou muito contente”.15

Mas com a morte de Alexandre em 323 a.C., o Império Grego, que então abran gia a Grécia, o Egito e todo o Oriente Próximo, foi divido entre quatro de seus prin cipais generais. A Ptolomeu coube o Egito, fundando assim a dinastia Ptolemaida. A região da Síria, que abrangia Israel, ficou sob o domínio de Seleuco, iniciando a

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JOSEFO, Flávio. História dos Hebreus. CPAD: Rio de Janeiro. 2001, livro XI.

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dinastia dos Selêucidas. Ptolomeus e Selêucidas vão realizar inúmeras guerras para obter o domínio sobre toda aquela região, com efeitos devastadores sobre os judeus. Poderíamos subdividir ainda este período em 3 partes:

8.3 PERÍODO EGÍPCIO

Foi o período mais longo desta época. Através de severa luta, o Egito e a Judéia caíram nas mãos dos Ptolomeus. O primeiro conquistador foi chamado de Ptolomeu So ter, isto é, Salvador, o primeiro da dinastia. Embora os judeus recusassem fidelidade a ele, atacou Jerusalém e levou cem mil ju deus presos. Embora tenha sido severo com a nação judaica, tornou-se depois amigável.

Seu sucessor, Ptolomeu Filadelfo, foi mais amigável ainda. Em seu tempo os judeus foram solicitados a traduzir suas Escri turas para o grego, dando ao mundo a fa mosa versão chamada de Septuaginta (LXX), escrita por 72 sábios judeus em setenta dias.

O terceiro rei da dinastia ptolemaica também foi favorável e por isto os judeus prosperaram como nunca nesse império. Cidades como Alexandria, tornaram grandes centros de cultura judaica e eles constituíam cerca de um terço da cidade. O quarto rei, Ptolomeu Filopatro, porém, devido às guerras contra Antíoco o Grande da Sí ria, foi hostil aos judeus. Seu principal agravo foi tentar entrar no Santo dos Santos. Ele perdeu a disputa e o rei da Síria apossou-se da Palestina. 8.4 PERÍODO SÍRIO

A administração dos Selêucidas foi na maioria das vezes nociva para os ju

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deus e em alguns casos houve sangrenta perseguição a eles. Foi por esta época que a Palestina foi dividida em 5 províncias: Judéia, Samaria, Galiléia, Peréia, Traconites.

Tanto Antíoco o Grande, quanto seu sucessor, Seleuco Filopatro, foram muito cruéis, embora alguns judeus tenham permanecido com certas liberdades para ad ministrar suas próprias leis. Todavia, com ascensão de Antíoco Epifânio (175-164 a.C.), um reinado de terror sobreveio sobre eles. Ele ficou conhecido como o anti cristo do Antigo Testamento.

Por este tempo surgiram os helenistas, grupo que queriam implantar a cultura grega entre os judeus. Os nacionalistas ortodoxos se opuseram, iniciando-se con tendas e assassinatos. Por fim, Antíoco utilizou esta disputa para descarregar o seu furor sobre eles, fazendo uma grande devastação na terra, em 170 a.C. Jerusalém foi saqueada, os muros derrubados, o Templo profanado e o povo submetido as mais terríveis crueldades. Houve massacres e escravidões. A religião judaica foi proibida. O paganismo foi imposto à força. Uma pessoa foi encarregada de profa nar o Templo de Jerusalém, dedicando-o a Júpiter Olímpio. Todas as cópias da Lei que foram encontradas foram queimadas ou desfiguradas com figuras idólatras. Seus proprietários foram assassinados. Muitos judeus apostataram e perseguiram seus compatriotas. Em 168 a.C., Antíoco ordenou que uma porca fosse oferecida sobre o altar de sacrifícios e a seguir, mandou erguer uma estátua a Júpiter no lugar do altar. Neste período ocorre o famoso martírio dos sete irmãos juntamente com sua mãe, por recusarem-se a comer carne de porco.

8.5 PERÍODO MACABEU

O movimento de resistência se iniciou por meio de um sacerdote idoso, de nome Matatias e desenvolveu-se com seu filho Judas, mais tarde chamado Judas Macabeu, derivado do termo hebraico que significa “martelo”. Este foi um poderoso movimento de resistência sem paralelo dentro do povo judeu. A bravura e a fé destes homens os fizeram lutar até a morte contra o extermínio de sua crença. Refugiados nas montanhas iniciaram seus ataques contra as tropas do exército se

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lêucida.

Judas desenvolveu uma poderosa estratégia de guerrilhas e seu exército cres ceu muito. Combateu os exércitos invasores, sobressaindo nas batalhas. Várias ten tativas do inimigo de vencê-los foram frustradas. Em 25 de dezembro Jerusalém foi retomada e o Templo restaurado (esta é a origem da Festa de Dedicação).

Embora Antíoco tenha planejado vingar-se, os reveses pelos quais passou dei xaram-no extremamente doente. Conta-se que morreu num estado de completa loucura. Para os judeus, ele é a abominação da desolação descrita pelo profeta Daniel.

Com sua morte, seu filho Lísias voltou com um exército de 120.000 homens para atacar Jerusalém. Judas e seu exército foram sitiados na cidade santa e tiveram que render-se. Quando tudo parecia perdido, uma revolta nas regiões da Síria obrigou Lísias a fazer paz com os judeus e restabelecer sua religião.

Com todos os altos e baixos do governo Macabeu sobre a Judéia, o poder per maneceu em suas mãos até o ano de 63 a.C., quando a região passou a ser uma província Romana.

8.6 PERÍODO ROMANO

No ano de 63 a.C., Pompeu entra em Jerusalém, após um cerco de três meses, fazendo da Palestina uma das províncias romanas. Morreram cerca de 12.000 ju deus quando da tomada da cidade, que foi facilitada, pelo fato dos judeus se recu sarem a guerrear em dia de sábado, e nem mesmo a entrada dos exércitos romanos os impediram de continuar sacrificando.

Após apossar-se do trono de Roma, Júlio César nomeia Antípater, procurador da Judéia, 47 a.C. Em 37 a.C., Herodes toma Jerusalém, mata Antígono Macabeu, que havia sido colocado no lugar de Antípater pelos partas, e apodera-se do tro no. No ano de 19 a.C., após haver construído enormes obras na Judéia, Herodes resolve fazer uma grande reforma no Templo de Jerusalém que durou quarenta e seis anos conforme declaram as Escrituras (João 2.20). Este foi o Templo que Jesus conheceu e no qual ele entrou, e sobre o qual ele lançou sua profecia de destruição.

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TRANSFORMAÇÕES RELIGIOSAS

O cânon das Escrituras foi concluído e os judeus se achavam agora em posse de uma coleção de Livros Sagrados, os quais lhes permitiriam criar uma identidade nacional indestrutível. A Lei passou a ser estudada e guardada zelosamente. Agora sim eles agiam como um povo separado, que se guardava da corrupção ao seu re dor. O pesado jugo do exílio fez com que valorizassem suas tradições e sua religião.

Foi neste período que a sinagoga local ganhou enorme importância. Nela as Santas Escrituras eram lidas e expostas, de acordo com a interpretação e tradução dos escribas, que foram tornando-se mais e mais importantes. Ao lado da Lei Escrita, os judeus também haviam preservado a Lei Oral, tão criticada por Jesus, porque seus contemporâneos davam mais valor à tradição do que à própria Palavra de Deus (Mateus 15).

Outro movimento que neste período cresceu e tornou-se excessivamente forte foi a fé na vinda do Messias. Mais uma vez sob o julgo estrangeiro, Israel olhava para o horizonte aguardando a vinda do prometido. Inúmeras interpretações sobre ele foram desenvolvidas com base nas Escrituras. Ele era a esperança de Israel. Além dos escribas, havia outros dois grupos influentes neste período: os fariseus e os saduceus. O primeiro era um grupo extremamente rígido na ob servação da Lei. O nome fariseus, deriva do grego farisaios, e do hebraico perushim, que significa literalmente “separados ou separadores” e pode ser en tendida como “intérpretes ou comentadores”, isto é, que distinguem, separam e expõem à Lei. Buscavam obedecer a letra da Lei. Provavelmente seu nascimento se deu como uma reação contra a politização do sacerdócio judaico, que se tornara um cargo cobiçado, objeto de disputas políticas. Cresceram a ponto

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de se tornarem uma das mais poderosas seitas da época e como prova- sua influência quanto à crucificação de Jesus.

Os saduceus por sua vez têm seu título provavelmente dos filhos de Zadoque, que retiveram o sumo sacerdócio a partir de Davi (2 Samuel 8.17) ou de um Zado que que viveu cerca de 250 anos a.C., ou ainda da palavra hebraica que significa justo, não sendo fácil de determinar com exatidão. Também eram zelosos na guar da da Lei, porém tinham uma visão bastante diferente da dos fariseus. Considerava somente o Pentateuco como Palavra de Deus e eram céticos quanto a certas idéias como anjos e espíritos. Tinham bastante proeminência no Sinédrio e tornaram-se fortes opositores de Jesus.

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PERÍODO NEO-TESTAMENTÁRIO

Este período foi bastante agitado. Sob o governo de Roma, a Palestina tornou -se palco de diversas revoltas e movimentos messiânicos que almejavam a liberta ção. A Judéia foi, por causa disto, anexada à província da Síria e governada por um procurador romano, enquanto as demais tetrarquias permaneceram na mão dos Herodes. Diversos massacres tiveram lugar e inúmeros grupos instigaram o povo a pegar armas contra Roma, até que por fim, estourou a guerra que culminaria com a destruição de Jerusalém e do Templo.

Este período nos foi minuciosamente descrito por um historiador judeu de nome Flávio Josefo, que lutou na guerra de 66 d.C., sendo capturado pelo exército romano e levado a Roma onde escreveu de forma pormenorizada a história dos ju deus e sobre esta guerra que ele presenciou pessoalmente. Em seus escritos temos um amplo panorama que nos dá o pano de fundo no Novo Testamento.

10.1 A DINASTIA HERODIANA

Herodes o Grande era Idumeu, povo do sul da Judéia que fora convertido ao judaísmo no tempo dos Macabeus e que seguia o judaísmo apenas nominalmente. Em 37 a.C. Herodes, com a ajuda dos romanos, derrubam a Antígono, aliado dos partos, e passa a governar a Palestina, dando início a uma dinastia que governara a região até a queda de Jerusalém, isto é, por mais de cem anos. O seu governo foi marcado por inúmeras intrigas familiares, por instigação de sua irmã Salomé. Não foram poucas as vezes em que ele teve a sua vida ameaçada pelos próprios filhos, Alexandre e Aristóbulo, sendo que por fim mandou matá-los, bem como a

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própria mulher, Mariana, a quem amava muito, mas que se viu acusada de tentar envenená-lo. Mandou também matar Aristóbulo, irmão de Mariana, que tinha de zessete anos quando ele colocou na posição de sumo-sacerdote, bem como o avô de Mariana, que tinha na época oitenta anos.

Fez grandes obras públicas, entre elas um anfiteatro e embelezou o Templo de Jerusalém, construiu a cidade de Cesárea em honra a Augusto. Todavia a maioria das suas obras destinava-se ao benefício dos gregos, visto que os judeus abomina vam os jogos desportivos e outros costumes helênicos. Estas obras também gera ram enorme crise econômica.

No final de sua vida, o remorso pelos crimes perpetrados contra a própria famí lia, o levou quase à loucura. O medo de ser envenenado e perder a coroa o afligiam dia e noite. Foi esta loucura que o levou a assassinar as crianças de Belém e ao redor, quando ouviu falar de um rei que havia nascido para reinar sobre os judeus. Após tantas crueldades, sua morte foi de um sofrimento atroz. Assim Flávio Josefo conta sobre seus últimos dias:

Deus queria que Herodes sofresse o castigo de sua impiedade; sua doença agravava-se cada vez mais. Uma febre lenta, que não transparecia exteriormente, queimava-o e o devorava por dentro; ele tinha uma fome tão violenta, que nada era capaz de saciá-lo; seus intestinos estavam cheios de úlceras; violentas cólicas faziam-no sofrer dores horríveis; seus pés estavam inchados e lívidos, suas virilhas também, as partes do corpo que se escondem com maior cuidado, estavam tão corrompidas que já eram devoradas por vermes; seus nervos estavam frouxos e ele respirava com dificuldade e seu hálito era tão mau, que ninguém o queria perto dele. Todos os que consideravam com piedade o estado deste infeliz príncipe, estavam dispostos a admitir que tudo aquilo era castigo visível de Deus, para puni-lo pela sua crueldade.16

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16. JOSEFO, Flávio. História dos Hebreus. livro XVII. CPAD: Rio de Janeiro. 2001

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Morreu Herodes no ano 4 ou 5 a.C., e seu filho Arquelau, passa a governar em seu lugar no governo da Judéia, Herodes Anti pas se torna governador da Tetrarquia da Galiléia e da Peréia e Filipe fica como Tetrar ca da Ituréia e de Traconites.

Arquelau só reinou dez anos como etnar ca da Judéia. Sua crueldade levou os judeus a protestarem diante de Augusto (Mateus 2.22). Então ele foi destituído e a Judéia foi incorporada à Síria e governada por procuradores, dentre os quais, Pôncio Pilatos, que torna-se procurador no ano de 26 d.C., sob quem foi morto Jesus.

Herodes Antipas que governou a Gali léia e a Peréia divorciou-se de sua legítima esposa, que era filha do rei Aretas, rei dos árabes nabateanos, para casar-se com He rodias, mulher do seu irmão Felipe. Este pecado pesou-lhe imensamente, pois foi por isto repreendido por João Batista. Sua mulher o induziu a diversos erros, inclusive ao de mandar matar João. É este Herodes que Jesus chama de raposa (Lucas 13.32).

Entre os anos de 41 e 44 d.C., a Judéia volta a ser governada por um dos He rodes. Por ser amigo de Calígula, quando este se torna imperador, eleva Herodes Agripa, neto de Herodes o Grande, ao cargo de Rei da Judéia. Foi ele quem man dou matar Tiago, irmão do apóstolo João e quem mandou prender a Pedro, o qual foi milagrosamente liberto (Atos 12). Por fim, devido à sua soberba, foi ferido por um anjo e morreu comido de bichos.

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10.2 REVOLTAS JUDAICAS

Vários foram os movimentos internos que viam no julgo romano, uma opres são, que precisava ser destruída. Pelo menos três destes estão descritos no Novo Testamento e a eles refere-se também Josefo. Teudas e Judas (Atos 5.36-37) e ain da há referência a um egípcio (Atos 21.38) que agitaram este período.

Josefo nos informa que este Judas era da cidade de Gamala, que sendo aju dado por um fariseu de nome Sadoque incitou o povo a se rebelar, dizendo que o censo que estava sendo realizado pelo Império Romano, tinha por finalidade escravizá-los. O povo, impressionado, rebelou-se e houve latrocínio, saques e assas sinatos por todos os lados.

Teudas era um mago, que persuadiu o povo a segui-lo até o Jordão, dizendo que era profeta e que deteria o curso do rio com apenas uma palavra. Através disto levou o povo à rebelião, mas por fim o povo foi disperso e Teudas teve sua cabeça cortada e levada a Jerusalém.

Quanto ao egípcio referido no livro de Atos (21.38) era mais um desses fal sos profetas que ilude seus ouvintes com palavras doces. Este dizia ser profeta, conseguiu chamar a atenção de seus ouvintes porque dizia que depois de proferir algumas palavras os muros de Jerusalém cairiam por terra. Quando o procurador Félix soube disso foi atacá-lo com grande número desses soldados. Cerca de 400 pessoas que o seguia, foram mortas e duzentas foram feitas prisioneiras, mas o egípcio escapou.

Em outra ocasião também, Pôncio Pilatos introduziu na cidade, legiões roma nas que traziam em suas bandeiras a imagem do Imperador. Os judeus protestaram tanto, que Pilatos enviou um pelotão de soldados, ameaçando matá-los se eles não parassem de incomodá-lo. Mas os judeus dobraram os seus joelhos e expuseram suas gargantas, mostrando que morreriam de bom grado pela sua fé. Mediante isto, o governador admirou-se e mandou retirar os estandartes.

Também durante o reinado do louco Imperador Calígula, foi ordenado que dentro do Templo de Jerusalém se colocasse uma estátua do Imperador, que agora se dizia ser um deus e queria que todos o adorassem. Os judeus mandaram uma

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delegação a Roma, chefiado pelo célebre filósofo judeu Filo, de Alexandria, mas Calígula nem se quer os recebeu e ordenou ao comandante Petrônio que colocasse a imagem no Templo nem que para isso tivesse que massacrar os judeus. Muitos deles morreram, mas fizeram de seus corpos uma barreira humana, pelo que Petrô nio desistiu diante de tal firmeza. Ao saber disto, Calígula mandou que ele se ma tasse. Todavia, antes da carta chegar, Calígula já estava morto e Petrônio foi salvo.

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O CERCO E A QUEDA DE JERUSALÉM

Cada vez mais os judeus elevavam suas vozes contra a odiada Roma. Ao parti do dos zelotes afluíam fanáticos e rebeldes que reclamavam do domínio estrangei ro. Os abusos dos procuradores romanos tornavam a situação ainda mais delicada. O movimento ia se radicalizando. Quando o procurador Floro exigiu dois talentos de ouro do tesouro do Templo, no ano de 66 d.C., a revolta estourou. A guarnição romana foi atacada e Jerusalém caiu na mão dos rebeldes. A este fato, irrompeu a rebelião por todo país. Na Galiléia a revolta foi abafada, mas na Judéia a guerra ainda prosseguiu e inúmeros judeus refugiaram-se em Jerusalém, que já se encon trava lotada devido a festa da Páscoa. Em meio a esta campanha morre o Impera dor Nero. Vespasiano, que então chefiava a guerra contra os judeus, é chamado a Roma e deixa o cerco de Jerusalém por conta de seu filho Tito.

Os judeus, apesar da fome a que estavam sujeitos, recusavam-se a se render. Por diversas vezes, Tito ofereceu-lhes propostas de paz. Nem mesmo a intermedia ção de Josefo, que mais tarde seria o célebre historiador desta guerra, seria suficien te para levá-los à razão.

Muitos judeus tentavam escapar durante a noite, e uma vez apanhados eram crucificados pelos romanos. Tantos foram crucificados que toda a floresta que havia ao redor de Jerusalém foi devastada. Espalhou-se também entre os soldados ro manos, que os judeus engoliam ouro quando fugiam, na esperança de recuperá-lo depois. Devido a isto, os fugitivos quando apanhados tinham o seu ventre aberto pelos soldados, ainda vivos. Quando Tito soube disso puniu os acusados.

O espectro da fome apoderou-se da cidade super povoada de tal forma que a

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morte fazia uma colheita terrível. A ânsia em comer, fosse o que fosse, não conhe cia mais limites, matava qualquer outro sentimento humano.

A fome, cada vez mais insuportável, aniquilava famílias inteiras. Os terraços estavam cheios de mulheres e crianças desfalecidas, as ruas juncadas de velhos mortos. Crianças e jovens cambaleantes erravam como fantasmas pela cidade, até que caíam. Tão esgotados estavam que não podiam enterrar ninguém e caíam so bre os mortos ao querer enterrá-los.

A miséria e a fome alcançaram tal patamar que a simples sugestão de qualquer coisa comestível, começava logo uma luta para apoderar-se dela, e os melhores amigos lutavam entre si, arrancavam uns aos outros as coisas mais miseráveis. Ninguém acreditava que os moribundos não tivessem algum alimento. Os ladrões se atiravam aos que jaziam nas últimas e revistavam-lhes as roupas. Esses ladrões andavam de um lado para outro, batendo as portas das casas como ébrios. Em seu desespero batiam duas ou três vezes no mesmo dia em uma mesma casa. Mui tos começavam a roer seu cinturão e sapatos e até mesmo o couro dos casacos. Comiam até feno velho e talos de ervas. Muitos percorriam as ruas em busca de alimentos.

Certo dia, de uma casa saía um cheiro de carne assada. Os homens penetra ram imediatamente na habitação e se depararam com Maria, filha da nobre família Bet-Ezob, extraordinariamente rica, da Jordânia Oriental. Ela tinha ido como pere grina a Jerusalém, para a festa da Páscoa. Os famintos a ameaçaram de morte se não lhes entregasse o assado. Perturbada, a mulher estendeu-lhes o que pediam, e eles viram, petrificado, que era um recém-nascido meio devorado – o próprio filho de Maria.

A notícia transpôs os muros e Tito quando soube jurou que este crime não ficaria impune.

Conseguiram por fim penetrar na cidade. Tito pediu todo o tempo que o Tem plo fosse poupado, devido à sua suntuosidade. Mas em meio aos duros combates, um soldado apanhou uma tocha e atirou para dentro do santuário. Cheio de mate

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riais inflamáveis, o fogo logo se alastrou, embora o general tentasse impedir, já não era possível. As chamas a tudo consumiram. E os soldados, impulsionados pelo desejo de saque, nada fizeram para impedir isto. Como havia revestimento de ouro por toda parte, os soldados derrubaram tijolo por tijolo, para apoderar-se do ouro.

Segundo informações do historiador Tácito, havia na cidade 600.000 pessoas. Flávio Josefo registra que só por uma porta da cidade foram retirados, no espaço de três meses, cento e quinze mil e oitocentos cadáveres de judeus. Noventa e sete mil foram feitos prisioneiros.

No ano 71 d.C., Tito mostrava a glória de sua vitória sobre os judeus, fazendo um imenso desfile triunfal. O candelabro de sete braços (o Menorá) e a mesa dos pães da proposição foram conduzidos a Roma. Foram representados no Arco de Tito, o qual ele erigiu para comemorar esta campanha. Começa assim o maior pe ríodo da Diáspora judaica, que só encontraria seu fim quase dois mil anos depois.

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PERÍODO HISTÓRICO

Este é o maior período da dispersão de Israel. Durante cerca de 1900 anos eles ficaram espalhados pelo mundo, vagando entre as nações, vítimas de perseguição e assassinato, tendo como único elo, a esperança de um dia retornar à terra de Is rael. Por diversas vezes foram expulsos de nações onde viviam há tempos. Outras vezes foram cruelmente assassinados. Outras vezes foram obrigados a aceitar pela força da espada uma religião que não era a sua. Assim sobreviveram esses heróis por causa de sua fé.

12.1 A REVOLTA DE BAR KOCHBA

Quando Adriano assumiu o trono em 117 d.C., prometeu aos judeus, liber dade e tolerância religiosa. Mais do que isso, garantiu que lhes daria permissão para reconstruir Jerusalém e restaurar os serviços religiosos no Templo. Mas, em pouco tempo, Adriano provou que suas promessas haviam sido apenas pala vras vazias, mudando de maneira dramática sua política em relação aos judeus causando grande revolta nos habitantes de Jerusalém e redondeza. Esta revolta aumentou mais ainda quando este Imperador, querendo levar avante sua política de tornar homogênea a cultura romana, transformou Jeru salém em uma verdadeira cidade romana, denominando-a Aelia Capitolina. Isto causou enorme agitação e o famoso rabino Akiva tentou conter as massas. Então um descendente da linhagem de Davi por nome de Simão bar Ko zeba torna-se líder da rebelião. Sua linhagem colaborava para que ele pudesse ser considerado o Messias. Até mesmo o sábio rabino Akiva o seguiu e mudou

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o nome dele para Bar Kochba, ou seja, “Filho da Estrela”.

Na primeira fase da rebelião Jerusalém foi tomada pelos judeus e os sacrifícios foram restabelecidos, embora sem o Templo. O próprio Sinédrio foi reorganizado, mesmo que por pouco tempo. Novamente era hasteada a bandeira da indepen dência judaica.

No ano de 135 d.C., na cidade de Betar, próximo a Jerusalém, onde se encon trava o quartel general de Bar Kochba havia focos de rebelião. Adriano sabendo disso enviou várias tropas até o local para conter a agitação, mas o que realmente ocorreu foi a exterminação em massa de homens, mulheres e crianças – que lu tavam contra as determinações do Imperador proibindo-os de seguir os preceitos básicos do judaísmo. A cidade caiu após três anos e meio de cerco. Bar Kochba estava entre os mortos. Rabino Akiva e seus discípulos foram martirizados. Esta seria a última das tentativas de independência dos judeus durante muitos séculos.

12.2 NOVOS CENTROS DA DIÁSPORA

Os judeus tinham agora de encontrar novos territórios para estabelecer-se, e prosseguir com sua existência. Cerca de 400.000 judeus permaneceram em comu nidades espalhadas pela Galiléia, a maioria nas cidades de Tiberíades e Tzipori, existindo menores em Shafram e Bet Shearim. Mas neste período inicial foram pri vados de sua máxima expressão, pois foram proibidos de exercer muitos aspectos de sua religião como a circuncisão, a guarda do sábado, a ordenação rabínica ou qualquer outra observância da Lei.

O sucessor de Adriano, Antonino Pio (138-161), todavia, foi mais liberal, o que possibilitou aos judeus um renascimento. O estudo passou a ser considerado a essência da sobrevivência nacional para um povo ao qual faltavam as condi ções normais de identidade coletiva. Durante um bom tempo a Galiléia teve o cetro da liderança espiritual para a comunidade judaica. Nela viveram homens de grande capacidade, como Shimon ben Iokhai, Iossi bem Halafta e os rabinos Na tan e Iokhanan bar Napakha. Mas o mais famoso foi o rabi Meir, que pronunciava e escrevia o Livro de Ester de cor, sem errar uma única letra. Era famoso pelas

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suas fábulas, e dele se dizia: “Aquele que toca o bastão de Meir, se torna sábio”. Depois houve um deslocamento para Babilônia e Síria, onde grandes comu nidades judaicas se estabeleceram. Embora o povoamento judaico ali tenha se iniciado desde à época de Nabucodonosor, o crescimento do Cristianismo retirou cada vez mais o deslocamento do centro de influência de Jerusalém para Babilô nia, onde haviam cidades quase que completamente judaicas. Aqui foi produzido o famoso Talmude Babilônico, muito mais completo que o Palestino, pois sua for mação levou quase dez séculos para ser escrito. Trata-se de toda uma coleção de lendas, poemas, contos, alegorias, interpretações, reflexões éticas e reminiscências históricas relacionadas com as Escrituras.

Além desta forte comunidade, haviam muitas outras no norte da Europa, onde os judeus foram chamados de asquenazis. Mas o fato do Cristianismo tornar-se religião oficial e de ter dominado toda a Europa fez com que a situação dessas comunidades se tornassem cada vez mais inseguras. Muitas medidas restritivas fo ram promulgadas, proibindo os judeus de casarem-se com cristãos, terem escravos cristãos e construir novas sinagogas.

12.3 A ERA ISLÂMICA

Enquanto isto os judeus que viviam na Europa, viram as nações tornarem-se católicas e passarem a adotar uma política anti-semita. Na Espanha, os Concílios Eclesiásticos de Toledo exigiam a aplicação das leis antijudaicas. Na Franca, du rante a dinastia dos Merovíngios, exigiu-se o batismo ou a expulsão dos judeus em 629 d.C. Isto levou muitos a uma conversão nominal. Com todas estas pressões o número de judeus decaiu em toda região do Império Romano. Dos três milhões de judeus que havia no tempo do segundo Templo, este número caiu para menos de meio milhão no início do século VII.

Por este tempo, a situação na comunidade da Babilônia foi melhor do que nas regiões da Europa. A dinastia Sassanida foi mais branda, com raras exceções. Assim sendo, os judeus construíram nesta cidade o maior reservatório de força espiritual e física judaica.

O ano de 622 d.C. marca o início do calendário muçulmano, quando Maomé

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foge de Meca para Medina. Entrava então no mundo Mediterrâneo e no Oriente Médio uma nova era, dominada pelos seguidores do Alcorão, livro sagrado dos muçulmanos. Em Medina a posição de Maomé, no que tange aos árabes, estava assegurada. Mas encontrou inesperada resistência por parte dos judeus. Por causa da semelhança da nova religião com o judaísmo, Maomé esperava contar com a simpatia dos judeus árabes, contando que eles abraçariam sem hesitação ao ju daísmo. Deixara de reconhecer dois fatores: primeiro, o alto grau de consciência cultural e histórica que existia entre os judeus da Arábia e que era em boa parte responsável pelo desdém em relação a este pretenso profeta e seus discípulos gros seiros e iletrados; segundo, a destacada posição política e social dos judeus árabes, que tornava desnecessário para eles tomar em consideração a conversão como meio de progredir socialmente. De qualquer modo, enfurecido por sua oposição e invejoso de seu êxito financeiro, concebeu Maomé um ódio aos judeus que em anos subseqüentes teria conseqüências graves para os descendentes de Abraão.

Mas no geral, a situação dos judeus foi positiva. Maomé morreu em 632 d. C.e sob a dominação muçulmana os judeus ingressaram num novo período de ex pansão física e intelectual. Em contraste com o Zoroastrismo e o Cristianismo que sofreram grande decadência, os judeus não só conservaram sua crença ancestral como também ganharam uma nova forca nos países da conquista muçulmana. Na região da Babilônia e da Palestina, os judeus floresceram como nunca, bem como nas comunidades judaicas da Síria e do Egito, bem como na região a Oeste, próxi mo ao local da antiga cidade de Cartago.

Haviam certas restrições sofridas pelos judeus, como a proibição de cons truir sinagogas, um imposto especial pago somente pelos não-muçulmanos, a proibição de andar a cavalo e portar armas, de casar com muçulmanos e a conversão só era permitida de uma fé muçulmana para o Islã. Mas estas impo sições raramente eram aplicadas na íntegra. Os judeus não eram obrigados a viver em guetos e podiam manter suas próprias instituições comunitárias. Assim os tribunais judaicos exerciam poder judiciário completo sobre a comunidade e não era necessário recorrer aos tribunais árabes. As comunidades judaicas, na

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maior parte das vezes, puderam funcionar com relativa autonomia na execução de seus negócios internos. Mesmo as leis relativas às cores especiais pelas quais os trajes de infiéis deveriam distinguir-se das dos muçulmanos, eram freqüente mente ignoradas, embora em outros casos fossem não só aplicadas, mas leva das a extremos absurdos. Um califa fatímida, por exemplo, ordenou aos judeus usarem bolas de dois quilos em volta do pescoço, em comemoração a cabeça de bezerro que seus ancestrais haviam adorado. Outra prescrição dizia que cada judeu deveria usar um distintivo amarelo em seu chapéu e pendurar no pescoço uma moeda de prata.

Legislação alguma, porém, podia impedir certo grau de confraternização. E isso principalmente nas camadas mais altas da sociedade. Os judeus galgaram altas posições na área das finanças, medicina e erudição. O respeito árabe pela perícia judaica sobrepunha-se muitas vezes as barreiras legais e sociais.

No sul da Espanha foi constituído um grande reino muçulmano, onde eles foram chamados de mouros. A cidade de Codova tornou-se um grande centro cul tural, onde havia uma biblioteca com cerca 400.000 manuscritos.

O esclarecimento cultural da Espanha muçulmana ia de mãos dadas com a tolerância política. Durante o reinado de Abb-el-Rahman III muitos judeus alcan çaram uma posição de destaque na administração. Dentre eles salientou-se Hasdai ibn Shaput (915-970) que de médico da corte ascendeu à posição de principal conselheiro do califa em questões financeiras e diplomáticas.

Foi com o Rabi Moshê Ben Maimon (1135-1204), conhecido como Rambam, que o período muçulmano atinge o ápice. Foi pela obra de Maimônides que o pen samento do hebraísmo pós-bíblico alcançou ao mundo não judeu. Foi um ilustre médico, da corte da família real de Saladino. Escreveu obras médicas e de ciência natural (astronomia, matemática e física). Apesar de sua debilidade física tomou parte em assuntos seculares judaicos e comunidades judaicas de todo mundo me diterrâneo freqüentemente recorria a ele para questões de Lei e ética judaica, bem como sobre problemas de crença. Tão generalizada era sua fama e tão reveren

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ciada à sua lembrança, que após a sua morte foi homenageado com a frase: “De Moisés a Moisés, não surgiu ninguém como Moisés”.

Dois séculos após a morte de Maimônides houve uma frenética e arbitrária política de discriminação por parte dos árabes com relação aos judeus e a qualquer grupo não-muçulmano. Eles eram culpados por todos os reveses que atingiram os árabes, ferindo seu orgulho e autoconfiança. Chegava ao fim o período áureo das relações árabes judaicas, e conseqüentemente da própria civilização árabe estabe lecida na Península Ibérica.

12.4 OS JUDEUS NA EUROPA ATÉ 1492

Os judeus funcionaram como uma classe medianeira entre a Europa cristã e o mundo muçulmano. O principal motivo foi sua facilidade em comunicar-se com comunidades no mundo inteiro através do idioma hebraico. Tornaram-se também por isto grandes comerciantes. Mas seu principal destaque, onde eles foram sempre difamados, foi o do empréstimo de dinheiro. Como as leis muçulmanas e a Igreja Católica criticavam a usura, legaram esta área aos infiéis. Assim os judeus obtive ram um quase monopólio. Com o passar do tempo, reis e imperadores também ficaram vitalmente interessados no comércio monetário judaico.

A partir do século X e XI existem provas de comunidades judaicas firmemen te estabelecidas em todas as cidades importantes da França e da Alemanha. Depois disso a habitação é consecutiva. Até o final do século XI a relação entre judeus e não-judeus foi relativamente tranqüilas e amistosas. Diversas comunidades desenvolveram uma florescente vida intelectual e sustentaram academias talmúdicas. Depois, nos séculos XII e XIII quando os estados nacionalistas começaram a evoluir na Alemanha (sob Frederico II) e França (sob Felipe Augusto), os judeus mais uma vez foram vítimas das intolerâncias do mundo medieval. Os judeus, que haviam aberto o caminho para o comércio nativo e para a indústria podiam ser dispensa dos. Ficaram na mão de Igreja Católica que constantemente os pressionava para a conversão.

Na Grã-Bretanha o declínio da comunidade judaica foi tão rápido quanto a

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sua ascensão. Eles foram chamados ao país por causa de uma urgente necessida de econômica – o desenvolvimento do mercado monetário. Foram transformados numa classe de usurários reais, cuja principal função era fornecer crédito para em preendimentos tanto políticos quanto econômicos.

Mas a partir do final do século XI a atitude dos ocidentais para com os israelitas mudou repentinamente. As cruzadas geraram intolerância nos cristãos. E o fato de os judeus recusarem veementemente o batismo, agravou esta situação. É possível que com o passar do tempo, motivos econômicos passassem a motivar este anti -semitismo, uma vez que os judeus eram os capitalistas da Europa. A superstição e a sugestão das massas tornaram-se dois fatores importantes da propaganda anti -semita. Acusavam os judeus de profanar a hóstia. Em 1179 e em 1215 o Concílio de Latrão emitiram medidas discriminatórias contra eles. Isolados em certas áreas, assim foi aberto o caminho para os futuros guetos.

Eduardo, rei da Inglaterra, para resolver o problema expulsou os judeus de seu reino em 1290. Os franceses seguiram o exemplo dos ingleses e Felipe o Belo, em sua avidez, ocupou-se dos judeus. Em 1306 todos os judeus da França foram presos e postos na fronteira e os seus bens confiscados. Permitiu que eles voltassem dez anos depois. Mas em 1321 começou a circular um terrível boato de que os leprosos, por instigação dos judeus, teriam contaminado as fontes de água do reino. Apoderou-se do povo uma verdadeira histeria. Mataram-se nesta ocasião apenas leprosos, mas os boatos prosseguiram. Quando estourou a peste negra na Europa, não houve dúvida de que foram os judeus os culpados. O povo exigiu o sangue judaico. Em Estrasburgo foram encurralados no bairro que lhes estava reservado e queimados vivos, cerca de dois mil judeus. Em muitas cidades houve chacinas semelhantes. Foram muitas vezes torturados e para por fim, a esta se confessavam culpados. Outras vezes suicidavam junto com toda a família. Também na Alemanha o anti-semitismo impôs proibições terríveis sobre eles, até o ponto de terem de se retirar.

Na Espanha, por esse período surgem os Marranos, judeus que foram convertidos a força ao catolicismo. Eram chamados também de cristãos-no vos, para diferenciar dos demais cristãos. Foi a primeira vez na história que os judeus se sujeitaram a isto, provavelmente porque sua condição na Península

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Ibérica até então era bastante próspera. Com o tempo, passaram a ser acu sados de estar praticando o judaísmo ocultamente e foram perseguidos pela Inquisição. Também aqui, o principal motivo passa a ser econômico, uma vez que Fernando de Aragão buscava fundos para sua guerra contra os mouros.

Por fim, em 1492 os judeus foram definitivamente expulsos da Espanha. Alguns permaneceram em Portugal em troca de pagamento, mas em 1496, D. Manuel I, desejoso de casar com a filha de Fernando e Isabel, só obteve o consentimento com a condição de que livrasse o seu país dos judeus. E assim fez. Expulso destas terras os judeus emigraram para o norte de África, Roma, Vene za e outras áreas da Itália, Polônia e Turquia (foi nestas duas ultimas áreas que eles mais floresceram). Após a Guerra dos 30 anos foi-lhes permitido emigrarem para a Holanda, Inglaterra e no Novo Mundo. Na Holanda eram donos de cerca de 25% do capital da Companhia das Índias Orientais.

12.5 A AURORA DA EMANCIPAÇÃO

A partir do século XVII os judeus começam uma luta pela ascensão econô mica e por uma aceitação em face dos povos europeus. Talvez não plenamente quando desejavam ao menos em parte eles conquistaram maior espaço na vida cultural, política e social. Isto se deu principalmente devido a três fatores: o ta lento do financista judeu, as estruturas corporativas obsoletas e o crescimento do humanitarismo nacional. Em muitos países foram feitos esforços para que os judeus pudessem receber o título de cidadãos e servir o Estado livremente. Christian Wilhelm von Dohm, escritor, diplomata, aristocrata e publicista holandês, tudo fez no sentido da emancipação dos judeus. A França chegou a oferecer um prêmio para o melhor ensaio sobre o tema: “Há meios de tornar os judeus mais felizes e mais úteis na França?”. A melhor resposta veio de um clérigo, membro da Assembléia Nacional e que se mostrou um dos mais ardorosos defensores e promotores do direito dos judeus franceses.

Napoleão também foi confrontado com a questão judaica, recebendo muitas reclamações dos franceses com relação a isto. Mas quando achavam que ele toma

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ria medidas prejudiciais, o que ele fez foi restabelecer o Sinédrio, como órgão de governo nos assuntos dos judeus.

Dessa forma, a briga por direitos iguais prosseguiu em toda a Europa. Os ju deus já não queriam ser visto como um povo a parte. Queriam assimilação, que riam integração, queriam apenas fazer parte do país no qual residiam. Isto levou muitos a se afastarem do judaísmo como religião e se integrarem como cidadãos de seus respectivos países.

12.6 ANTI-SEMITISMO E MIGRAÇÕES

No século XIX o anti-semitismo assumiu uma nova forma. Apoiava-se em teo rias racistas e foi usado como um instrumento de poder pelos partidos políticos. A desconfiança religiosa em relação aos judeus não era, sem dúvida, um fenômeno novo. Os judeus haviam sido perseguidos através dos tempos. As superstições re ligiosas floresceram na Idade Média, tempo em que não estavam em desacordo com o espírito da época. Mas que persistissem no século XIX numa era de idéias modernas, progressos científicos, industrialização, movimentos de libertação na cional – isso não era, diante das circunstâncias, de se esperar. A mais persistente dessas superstições era a calúnia do sangue, uma velha mistificação segundo a qual os judeus eram assassinos rituais, que recolhiam o sangue de cristãos para a fabri cação do matzot, o pão da páscoa. Nada podia apagar da mente dos camponeses ignorantes essa imagem do judeu como um bebedor de sangue. Em fevereiro de 1840 desapareceu um sacerdote católico, de posição elevada e a culpa foi delibe radamente colocada nos judeus. Essa era a situação dos judeus.

12.7 O PROTOCOLO DOS SÁBIOS DE SIÃO

Em 1894 Nicolau II tornou-se o czar. Foi persuadido pelos que o rodeavam que seus maiores inimigos eram os súditos judeus. O principal instrumento usa do para a propagação dessa idéia foi o protocolos dos sábios de Sião, uma falsificação preparada para o esclarecimento do Czar. Os protocolos foram fabri cados no escritório parisiense da polícia russa entre 1901 e 1905. Nesses anos

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foram divulgados ao público e apresentados ao czar. Como esse não acreditou na sua autenticidade, parece terem sido temporariamente postos de lado.

Foi só depois de 1919 que cópias dos mesmos tiveram circulação ampla, es pecialmente na Europa Ocidental. Os protocolos pretendiam demonstrar, pelos supostos relatórios de um Congresso Judaico Internacional, que muito havia di fundido o movimento judaico internacional para destruir as organizações cristãs existentes e substituí-las pela dominação judaica mundial. Não era a Revolução Russa uma prova disto, uma vez que Trotsky e Bela Kun eram judeus? Os proto colos foram traduzidos na maioria das línguas européias e também em japonês e árabe. Em 1921 jornal Times de Londres desmascarou os protocolos como uma rematada falsificação, baseada em clamorosas mentiras, mas já era tarde demais. Muitos que sentiam necessidade de acreditar neles o difundiram e ele foi usado por todo o século vinte como uma arma contra os judeus.

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Os soldados de Tito carregando o Menorá.
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AVALIAÇÃO HISTÓRIA DE ISRAEL

Nome____________________________________data____/____/____

1. Quais são as três denominações para os descendentes de Abraão?

2. Qual foi o propósito da eleição de Israel?

3. Qual é a principal fonte para o estudo sobre o povo judeu?

4. A Mesopotâmia foi berço de civilizações antiqüíssimas, quais?

5. As escavações feitas em Uruk revelaram qual tipo de escrita?

6. Quais são os elementos necessários para que haja uma nação?

7. Qual o tempo de duração do período teocrático?

8. Quanto tempo durou o período dos juízes?

9. Quem foi o último juiz?

10. Quem foram os reis do período áureo de Israel?

11. Como ficou o reino após a morte de Salomão?

12. Quem foi o monarca que destruiu o Reino do Norte e em que ano ocorreu?

13. Em que ano Daniel foi levado para a Babilônia?

14. Em que ano o profeta Ezequiel foi levado para a Babilônia?

15. Quem foi o rei que autorizou o retorno de Zorobabel e em que ano?

16. Em que ano Esdras retornou a Jerusalém?

17. Em que ano Neemias chegou a Jerusalém?

18. Durante o período inter-testamentário Israel esteve sob domínio de quais países?

19. Quais foram as obras realizadas por Herodes o Grande?

20. Qual é o maior período da dispersão de Israel e quanto tempo durou?

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