O Poder das cores
O COLORIDO QUE REPRESENTA Com o objetivo de desconstruir a ideia da “cor de pele”, que remete somente às pessoas brancas, o Curso de Aperfeiçoamento Uniafro, da UFRGS, propõe estojo de giz com tonalidades que representam a população negra Texto e fotos: Nathalia Sasso nathalianunes15@hotmail.com Fotos: Júlio Câmara julioscamara@gmail.com
Por muito tempo, um padrão de cor foi estabelecido culturalmente nas salas de aula: o “lápis cor de pele”. Com tons rosados, a cor restringia os desenhos somente para brancos, excluindo as pessoas negras que, conforme o censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2014, representam 54% da população brasileira. Refletindo sobre essas questões, o Curso de Aperfeiçoamento Uniafro, da UFRGS, criado para promover políticas de igualdade racial nas escolas públicas, resolveu desenvolver um estojo de giz de cera que contemplasse diversos tons
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SEXTANTE julho DE 2018
de pele. Gládis Kaercher, coordenadora do curso, comenta que o percurso para colocar o projeto em prática foi longo. “Primeiro, houve um movimento para ver se a gente teria como importar um estojo que existia na época, da marca Crayola, que é bem conhecida, mas o curso não tinha dinheiro para isso.” Insistindo na ideia, pensou-se que era possível desenvolver o próprio material, já que o giz é algo relativamente simples de produzir e a sua patente está em domínio público. A partir disso, a Uniafro entrou em contato com diversas empresas de materiais de desenho, mas nenhuma deu retorno. Até que a Koralle, loja de Porto Alegre que trabalha com produtos artísticos, resolveu abraçar a