Sextante 2018/1 - Toda Forma de Poder

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o poder dos animais

ADORADOS A águia, como reflexo do espírito estadunidense; a vaca, como fertilidade; e o gato, como proteção, são exemplos de como os animais são símbolos de poder em várias culturas Texto e fotos: Camila Medroa camilamedroa@gmail.com Fotos: Gabrielle de Luna gabideluna209@gmail.com

Gatos, cachorros, peixes, coelhos ou pássaros. Hoje é difícil encontrar um lar que não tenha um animal doméstico. Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Produtos de Animais de Estimação (Abinpet), o Brasil ocupa o quarto lugar em população total de animais de estimação no mundo. Contudo, nas sociedades antigas, como o Antigo Egito, e em certas práticas religiosas, como o Hinduísmo e o Xamanismo, os animais representam muito mais do que bichos de companhia: são seres sagrados que ajudam a entender o mundo, a vida e até a individualidade das pessoas.

EGITO ANTIGO

As civilizações do Vale do Nilo, no Egito Antigo, desenvolveram-se no nordeste do continente africano, por volta de 3.200 a.C. Foi uma das maiores civilizações da antiguidade, destacando-se pelos grandes monumentos arquitetônicos, como as pirâmides; pela escrita, com os hieróglifos; e pelas ciências, com a mumificação. O solo fértil da região – graças às enchentes do rio Nilo – ajudou a sociedade egípcia a estabelecer um sistema de agricultura, com

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SEXTANTE julho DE 2018

a plantação de cereais, como trigo e cevada. Para o armazenamento, foram instalados celeiros e depósitos. Com isso, os alimentos ficaram à mercê de uma infestação de roedores, e os gatos foram a solução perfeita para evitar a disseminação da epidemia. Com o tempo, os gatos ficaram próximos dos seres humanos e tornaram-se os animais protetores da sociedade egípcia. A deusa Bastet – deusa retratada com cabeça de felino e corpo de mulher – era considerada a protetora das mulheres grávidas. Também chamada de Ailuros, que significa “gato” em grego, a deusa era relacionada à fertilidade e à sexualidade e em sua homenagem foram criados centros de culto na cidade de Bubastis para o ensinamento das práticas obstétricas. Nem todos os gatos eram considerados divindades. Os escolhidos tinham sido selecionados porque acre- ditava-se que eram reencarnações dos deuses. Esses gatos chegaram a ser domesticados em templos e eram tratados como membros da elite – com o direito de usar joias como os faraós. Para Wellington Balém, professor de História do Centro Universitário Metodista (IPA),


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