Versus#55

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te disso facilmente se consultares o nosso catálogo. Na verdade, é apenas uma consequência de tocarmos juntos, com os membros da banda a interagirem e a desenvolver sensibilidades. Nunca pararemos de nos reinventar. Estou muito agradecido às pessoas que nos têm acompanhado nesta jornada.

Inércia evolutiva «Immoto», o novo álbum dos Nero di Marte, remete para a inércia, pelo seu título, ideia que é completamente desmentida pelo dinamismo da música. Entrevista: CSA

Penso que o ano está a começar muito bem para a banda, porque têm um novo álbum a apresentar aos fãs depois de um jejum de seis anos. - O que vos impediu de lançar este álbum mais cedo? Sean – Saudações, Versus Magazine. Obrigado pela entrevista. Sempre nos preocupámos em gastar o tempo de que precisássemos para lançar algo que seja significativo para nós em termos de material acumulado, de experimentação e de gestação. Mas aconteceu que, durante estes seis anos, a nossa formação se alterou, entrou um novo baterista e mudámos de editora, passando para a Season of Mist. Tudo isso contribuiu para o “atraso”. - E o que fez pensar que janeiro de 2020 era uma boa altura para lançar o álbum? Não posso referir nada em particular. Tenho de agradecer à Season of Mist ter-se encarregado da produção do álbum, mas também posso dizer que o nosso novo baterista – o Giulio [Galati]

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– nos ajudou imenso a focarmonos na composição das canções e insistiu muito para que a banda lançasse algo novo depois da sua integração. - Como estão a imprensa e os fãs a reagir a este longa duração? Muitíssimo bem, penso eu, as opiniões são essencialmente positivas. Reconheço que o álbum não é para gente com pouca capacidade de concentração e falta de paciência (que são atributos da maior porção da humanidade, haha). É música que exige tempo e múltiplas audições para se revelar. Mas é a isso que este álbum convida criando um espaço de inércia dentro de ti mesmo. Como era isso que pretendíamos, sentimos que alcançámos os nossos objetivos. Este «Immoto» é muito diferente do seu predecessor? Penso que é mais dinâmico, abstrato, íntimo, extremo. Cada um dos nossos álbuns tem testemunhado uma evolução, uma expansão da nossa paleta sonora e parece-me que podes aperceber-

Como descreves a música neste álbum? [A mim parece-me bastante violenta – embora não seja particularmente ruidosa –, um tanto obsessiva, mas extremamente apelativa.] De certa forma, é violenta, mas também é muito delicada, atmosférica e meditativa. Tem qualidades dramáticas, sem dúvida, tanto pela forma como canto como pela narrativa que a voz conta, que te vai guiando através de uma música muito linear que nunca se repete. As composições são complexas e técnicas, mas felizmente os ouvintes não se sentem muito tentados a analisálas por esse prisma. Pessoalmente, pretendo relacionar-me com a música de um modo mais visceral e espero que o ouvinte sinta o mesmo com este álbum. A propósito, o que significa o título do álbum e como o relacionam com as faixas que ele contém? “Immoto” significa “parado” em italiano, O título pretende ser um convite para criar, interagir e ouvir de forma atenta e meditativa. Isto também pode descrever o trabalho que temos feito nestes anos com esta música e as letras que a acompanham. Escolhemos essa palavra para exprimir o facto de nos focarmos na reflexão e também pelas suas qualidades fonéticas. A nossa única preocupação foi se íamos usar “Immotto” como título para uma canção e também para o álbum em si. Acabámos por o fazer, visto considerarmos essa faixa como uma espécie de chave que liga tudo do ponto de vista musical e lírico.


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