Projeto Arquitetônico para estaleiro Escola no Museu da Vila Bairro Coqueiro | Luís Correia | Piauí
A Unidade Vocacional Estaleiro Escola oferece diversas oficinas e cursos como também espaços adequados para cada uma delas, além de refeitório, alojamentos e área de exposição da pesquisa e livro Embarcações do Maranhão, e produtos provenientes das oficinas. Segundo Andrés (2018, p. 237), uma forma de “assegurar a perpetuação dos conhecimentos tradicionais da arte da construção artesanal de embarcações de madeira [...]”. Em janeiro de 2019, agendamos uma visita técnica, diretamente com o Professor Mestre Luiz Phelipe Andrés, que nos informou do início das atividades de cursos e oficinas previsto apenas para o início do mês de abril de 2019, porém os espaços oficinais estariam em funcionando, com os funcionários do estaleiro, em plena produção, só não teriam alunos em aprendizado das diversas atividades exercidas no local. Marcamos, então a visita para 15 de janeiro, com possibilidade para um retorno quando começassem as aulas da unidade. Foi organizado um cronograma para a visita. Iniciamos por uma apresentação com uma visão geral da pesquisa sobre as Embarcações do Maranhão e da gênese do Estaleiro Escola, para em seguida conhecer o Centro de Pesquisa e Documentação e o salão de exposições da Escola e visita às oficinas. Por um imprevisto, nosso roteiro de atividades foi modificado, não prejudicando o aproveitamento do conteúdo. Portanto, iniciamos nossa visita somente na parte da tarde do dia 15/01/2019 e continuamos durante todo o dia 16/01/2019. Chegando ao Estaleiro Escola, fui apresentada aos professores das oficinas e instalações gerais. Durante todo o tempo ouvia relatos do Professor Luiz Phelipe sobre como teve início o Projeto, com uma pesquisa conveniada à Financiadora de Estudos e Projetos – FINEP, órgão do Ministério da Ciência e Tecnologia, na década de 1980. A pesquisa teve início em 1996, quando foi constituída uma equipe multidisciplinar, que viajava ao longo da costa praieira do Estado, e que adentrou a cidades onde havia rios e lagos, trabalhando em busca de três vertentes: embarcações, operários navais e estaleiros artesanais. (ANDRÉS, 1998). Os estudos e pesquisas que deram origem ao livro perduraram por cerca de 2 anos, permeado pela busca das tipologias de embarcações, principalmente feitas de forma artesanal, em madeira. Foi-se aprofundando na temática e as descobertas se ampliaram para a identificação não só das embarcações e suas características, mas também, os estaleiros onde eram construídas e o perfil das pessoas, os operários navais, carpinteiros e calafates, pintores, veleiros e toda a hierarquia da atividade de construção naval. (ANDRÉS, 1998) Percebemos que os mestres e operários são detentores de um conhecimento empírico transmitido por tradição oral; que se trata de um ofício e modos de saber-fazer em risco, uma vez que os filhos e netos dos construtores navais não mais se interessam por atividades dessa natureza. A desvalorização da profissão e as necessidades de adaptações sociais foi um fator condicionante para que os construtores não mais passassem este conheci91