Projeto Arquitetônico para estaleiro Escola no Museu da Vila Bairro Coqueiro | Luís Correia | Piauí
mento adiante. Como afirma Andrés (2018, p. 236): De fato, os jovens não se interessavam mais em aprender: Assistindo aos velhos mestres, detentores do conhecimento, terminarem a vida na pobreza não se sentiam estimulados a abraçar a profissão. Assim, a carpintaria naval parecia condenada à extinção, tendo em vista a diminuição gradativa do número de profissionais na ativa.
Os registros feitos na pesquisa coordenada por Andrés estão materializados em entrevistas, visitas nos locais usados como estaleiros artesanais, fotografias, desenhos artísticos e técnicos, reuniões com associações de pescadores, relatos etc. No que refere às embarcações foram feitos estudos voltados para a técnica artesanal de construir, incluindo o ofício e modos de saber-fazer, os materiais utilizados, as ferramentas, a arquitetura do estaleiro e o profissional construtor envolvido, para cada tipologia encontrada. A partir das informações coletadas foram delineados meios de transformar a técnica empírica em projetos técnicos de embarcações, os chamados de planos de linhas. Para a elaboração dos planos foi necessária uma medição minuciosa das embarcações e o auxílio dos construtores. Na época, com o auxílio de Kelvin Duarte, especialista do Museu Naval e Oceanográfico, foi necessária a adaptação do conceito de um instrumento já conhecido para levantamentos arquitetônicos, denominado “pente”, que serve para registrar perfis, cornijas e cimalhas de fachadas ou detalhes de interiores, criando-se a partir de tal instrumento o nomeado “cavernômetro”, com a função de medir a curvatura das cavernas da embarcação. (ANDRÈS, 1998). Os desenhos técnicos e em perspectivas, coloridos que ilustram o livro foram todos elaborados à mão e pintados com aerógrafo pelo arquiteto da equipe, Edson Fogaça. A pesquisa foi também registrada em fotografias e textos, que relatam o histórico de cada embarcação, local em que foi encontrada, a situação do local de construção e o construtor, fichas padronizadas com informações técnicas de cada embarcação, relatos da pesquisa, acontecimentos registrados, transcrição das entrevistas. Ao visitarmos a biblioteca da Unidade Vocacional Estaleiro Escola tivemos contato com todo o material de pesquisa, materializado em muitos cadernos, organizados em capa dura, contendo cada etapa da pesquisa, minuciosamente ordenado. Nesse material, datilografado, constam diversas informações sobre toda a pesquisa realizada na década de 1980, a partir dos quais foi elaborado o livro, que é uma ferramenta importante para publicizar, comunicar, divulgar a pesquisa e salvaguardar modos de saber-fazer. O material da pesquisa está acessível na biblioteca, assim como o livro 92