Revista Abigraf 309

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RESÍDUOS SÓLIDOS Texto: Tânia Galluzzi

Uma década de PNRS Muito se avançou com a entrada em vigor da Política Nacional de Resíduos Sólidos. Mas algumas travas ainda precisam ser removidas.

Eduardo Rodrigues Franklin, diretor da Druck Chemie

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julho /setembro 2021

N

o dia 2 de agosto, a Política Nacio­ nal de Resíduos Sólidos completou 11 anos. Todas as pessoas e empresas que geram resíduos sólidos estão sujeitas a ela. Por resíduos sólidos, a PNRS entende qualquer ma­ terial, substância ou objeto que será descartado, o que inclui resíduos de impressão como restos de tinta, adesivos e panos de limpeza. E cabe às gráficas fazerem a correta destinação de seus resíduos, sob pena de multa e até cassação de licença de funcionamento.. Ampla e moderna, a PNRS foi criada com a finalidade de diminuir a quantidade de re­ jeitos direcionada aos aterros e lixões. No seg­ mento gráfico, uma década de vigência da lei surtiu o efeito desejado, obrigando o empresá­ rio a encarar a gestão de resíduos como mais uma etapa de seu processo produtivo. Há até quem este­ ja conseguindo obter retor­ no financeiro da destinação correta de alguns resíduos, diminuindo os custos ad­ vindos desse procedimen­ to, como comenta Eduardo Rodrigues Franklin, diretor da Druck Chemie. Especia­ li zada em produtos quími­ cos para a indústria gráfica e outros setores, a empresa foi uma das primeiras a ofe­ recer o gerenciamento de re­ síduos ao setor em função da necessidade de rea lizar a logística reversa das embalagens de seus produtos. “Quando a grá­ fica aprende a segregar corretamente, a gestão fica mais simples e clara. Descobre­se também que nem todos os materiais devem ser conside­ rados resíduos, além de eventuais desperdícios na operação. Hoje, poucos são os resíduos sem valor.” Eduardo pondera, contudo, que volume é questão decisiva. Para micro e pequenas grá­ ficas, o retorno pode não justificar o controle da operação, e a opção é a contratação de empresas que recolham os rejeitos e cuidem da destinação.

NECESSIDADE DE UNIFICAÇÃO

Apesar dos avanços, o diretor da Druck Chemie afirma que ainda há entraves. O principal, na opinião dele, está na própria legislação. “Falta sinergia entre os órgãos reguladores. Por exem­ plo, o Cadri obedece aos parâmetros estabeleci­ dos pela norma ABNT NBR 10004, que classifica os resíduos sólidos quanto ao seu potencial de risco ao meio ambiente e à saúde pública. Já o MTR 1 segue as normas do Ibama. Isso sem fa­ lar nas diferenças entre os planos estaduais e municipais.” Documento obrigatório para todas as gráficas localizadas em São Paulo e de reno­ vação bienal, o Cadri é o Certificado de Movi­ mentação de Resíduos de Interesse Ambiental. Em outros Estados, é chamado de parecer téc­ nico. “Não defendo uma lei mais branda e sim a unificação das exigências e uma maior vida útil da documentação.” Outra questão levantada por Eduardo re­ fere­se à própria execução da lei. Segundo ele, só é fiscalizado aquele que faz a gestão de seus resíduos. “Quem não está cadastrado simples­ mente não existe aos olhos dos órgãos governa­ mentais, concorrendo deslealmente com quem está em dia. Estamos falando de uma lei puniti­ va e não de determinações voltadas à educação, à mudança cultural”, argumenta. E no caminho da consciência ambiental, de acordo com o executivo, ainda existe em par­ te da indústria a ausência de interesse da alta gerência de inserir a gestão das sobras do pro­ cesso produtivo nos sistemas de gerenciamen­ to da empresa. Para tanto, é preciso investir em um módulo específico para soft wares de ERP2 , o qual apontaria automaticamente o que é sobra e o que é resíduo. Felizmente, muitas gráficas já enxergam esse custo como um investimento, não só no bem­estar ambiental e social quanto na atratividade de suas marcas. 1 Manifesto de Transporte de Resíduos 2 Enterprise Resources Planning DRUCK CHEMIE www.druckchemie.com.br


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