Revista Abigraf 309

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RECICLAGEM

Rogério Gomes

Será mesmo que o seu papel é

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ustentabilidade e economia circular são temas cada vez mais im­ portantes e urgentes em nossa socie­ dade, onde os recursos naturais ficam cada vez mais escassos e o cuidado com o meio am biente é fundamental para as próxi­ mas gerações. Nesse contexto, o papel tem sido muito bem­visto, pois trata­se de um produto totalmente baseado em matérias­ primas renováveis, além de ser considerado sustentável por sua “biodegradabi lidade” e “reciclabilidade”. Que o papel sem impressão é reciclável é um fato, mas será que o pa­ pel impresso é também sempre reciclável? A resposta é: nem sempre! Para que o papel possa ser adequada­ mente reciclado, primeiro é preciso que a tinta impressa seja retirada das fibras do papel (este processo se chama destinta­ mento, deinking), pois de outra forma mui­ tos resíduos aparentes de tintas ficarão visí­ veis no papel reciclado, diminuindo muito a sua qualidade. Diversos tipos de proces­ sos de destintamento são possíveis, porém os mais comuns são os de flutuação (flotation deinking) e o de lavagem (wash deinking). Nem todas as tintas são facilmente re­ tiradas das fibras do papel, podendo ser REVISTA ABIGR AF

julho /setembro 2021

consideradas tintas deinkable. Normal­ mente, tintas que possuem formação de filme por ligação cruzada — como as do tipo electroink de impressoras digitais, a maioria das tintas UV e alguns vernizes — são fontes de resíduos de difícil retirada das fibras. Mesmo tintas offset convencio­ nais podem ser de difícil eliminação das fi­ bras de papel, dependendo de sua formula­ ção, devido a polimerização dos óleos que ocorre durante a secagem oxidativa (por exemplo: óleo de soja). As características dos papéis também têm importância na capacidade de se reti­ rar as tintas das suas fibras. Papéis revesti­ dos e não revestidos podem apresentar re­ sultados diferentes com as mesmas tintas. Vernizes diversos, por sua vez, também influenciam na capacidade de se reciclar os impressos. Assim como as tintas, os verni­ zes precisam ser retirados das fibras antes da reciclagem dos papéis. Portanto, não é porque o impresso foi envernizado que ele não é reciclável, mas da mesma forma nem todo impresso que não foi envernizado é necessariamente reciclável. As laminações e plastificações são um caso à parte, pois igualmente devem

ser separadas do papel antes do proces­ so de reciclagem dos papéis impressos, e este processo normalmente é bastante custoso e difícil. Mas, como garantir que os impressos podem ser reciclados? A fim de se assegurar que os impresso­ res estão produzindo impressos que futu­ ramente poderão ser reciclados, uma ava­ liação pode ser feita usando um teste de acordo com o Método Ingede 11. Este tes­ te é comprovado por décadas e é otimizado regularmente. Ele tornou­se a base da ava­ liação de acordo com as pontuações de des­ tintabilidade (deinkability) do Conselho Eu­ ropeu de Reciclagem de Papel (EPRC), usado para muitos rótulos ecológicos: no Blue An­ gel, para produtos impressos (RAL ­UZ 195, na Alemanha); no rótulo ecológico aus­ tríaco, para produtos impressos; no Nor­ dic Swan; no European Ecolabel e no Cradle to Cradle C2C. Sugerimos visitar a página http://pub.ingede.com/en/. Rogério Gomes é gerente de Serviços Técnicos / Sheetfed para o Brasil e Colômbia, da Hubergroup Brasil Tintas Gráficas. rogerio.gomes@hubergroup.com


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