RECICLAGEM
Rogério Gomes
Será mesmo que o seu papel é
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ustentabilidade e economia circular são temas cada vez mais im portantes e urgentes em nossa socie dade, onde os recursos naturais ficam cada vez mais escassos e o cuidado com o meio am biente é fundamental para as próxi mas gerações. Nesse contexto, o papel tem sido muito bemvisto, pois tratase de um produto totalmente baseado em matérias primas renováveis, além de ser considerado sustentável por sua “biodegradabi lidade” e “reciclabilidade”. Que o papel sem impressão é reciclável é um fato, mas será que o pa pel impresso é também sempre reciclável? A resposta é: nem sempre! Para que o papel possa ser adequada mente reciclado, primeiro é preciso que a tinta impressa seja retirada das fibras do papel (este processo se chama destinta mento, deinking), pois de outra forma mui tos resíduos aparentes de tintas ficarão visí veis no papel reciclado, diminuindo muito a sua qualidade. Diversos tipos de proces sos de destintamento são possíveis, porém os mais comuns são os de flutuação (flotation deinking) e o de lavagem (wash deinking). Nem todas as tintas são facilmente re tiradas das fibras do papel, podendo ser REVISTA ABIGR AF
julho /setembro 2021
consideradas tintas deinkable. Normal mente, tintas que possuem formação de filme por ligação cruzada — como as do tipo electroink de impressoras digitais, a maioria das tintas UV e alguns vernizes — são fontes de resíduos de difícil retirada das fibras. Mesmo tintas offset convencio nais podem ser de difícil eliminação das fi bras de papel, dependendo de sua formula ção, devido a polimerização dos óleos que ocorre durante a secagem oxidativa (por exemplo: óleo de soja). As características dos papéis também têm importância na capacidade de se reti rar as tintas das suas fibras. Papéis revesti dos e não revestidos podem apresentar re sultados diferentes com as mesmas tintas. Vernizes diversos, por sua vez, também influenciam na capacidade de se reciclar os impressos. Assim como as tintas, os verni zes precisam ser retirados das fibras antes da reciclagem dos papéis. Portanto, não é porque o impresso foi envernizado que ele não é reciclável, mas da mesma forma nem todo impresso que não foi envernizado é necessariamente reciclável. As laminações e plastificações são um caso à parte, pois igualmente devem
ser separadas do papel antes do proces so de reciclagem dos papéis impressos, e este processo normalmente é bastante custoso e difícil. Mas, como garantir que os impressos podem ser reciclados? A fim de se assegurar que os impresso res estão produzindo impressos que futu ramente poderão ser reciclados, uma ava liação pode ser feita usando um teste de acordo com o Método Ingede 11. Este tes te é comprovado por décadas e é otimizado regularmente. Ele tornouse a base da ava liação de acordo com as pontuações de des tintabilidade (deinkability) do Conselho Eu ropeu de Reciclagem de Papel (EPRC), usado para muitos rótulos ecológicos: no Blue An gel, para produtos impressos (RAL UZ 195, na Alemanha); no rótulo ecológico aus tríaco, para produtos impressos; no Nor dic Swan; no European Ecolabel e no Cradle to Cradle C2C. Sugerimos visitar a página http://pub.ingede.com/en/. Rogério Gomes é gerente de Serviços Técnicos / Sheetfed para o Brasil e Colômbia, da Hubergroup Brasil Tintas Gráficas. rogerio.gomes@hubergroup.com