Actualidade Economia Ibérica - nº 298

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Actualidad

Economia ibérica abril 2022 ( mensal ) | N.º 298 | 2,5 € (cont.)

Alimentação animal: tempos difíceis e de muitos desafios PÁG. 32

“Estratégia de combate à corrupção em Portugal não tem sido eficiente” pág. 14

Liderança: menos de um terço dos cargos mais altos das empresas é ocupado por mulheres pág. 18


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Índice

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Nº 298 - abril de 2022

Actualidad

Grande Tema

Economia ibérica

Diretora (interina) Belén Rodrigo

32.

Coordenação de Textos Clementina Fonseca Redação Belén Rodrigo, Clementina Fonseca e Susana Marques

Copy Desk Julia Nieto e Sara Gonçalves Fotografia Sandra Marina Guerreiro Publicidade Rosa Pinto (rpinto@ccile.org)

Alimentação animal: tempos difíceis e de muitos desafios

Assinaturas Sara Gonçalves (sara.goncalves@ccile.org) Projeto Gráfico e Direção de Arte Sandra Marina Guerreiro Paginação Sandra Marina Guerreiro Colaboraram neste número Eduardo Silva, Lyana Bittencourt e Maria João de Almeida Contactos da Redação Av. Marquês de Tomar, 2 – 7º 1050-155 Lisboa Telefone: 213 509 310 • Fax: 213 526 333 E-mail: actualidade@ccile.org Website: www.portugalespanha.org Impressão What Colour is This? Rua Roy Campbell, Lote 5 – 4ºB 1300-504 Lisboa Telefone: 219 267 950 E-mail: info@wcit.pt Website: www.wcit.pt Distribuição VASP – DISTRIBUIDORA DE PUBLICAÇÕES Sede: Media Logistics Park, Quinta do Grajal – Venda Seca 2739-511 Agualva-Cacém Nº de Depósito Legal: 33152/89

Editorial 04.

Opinião E mais... 06.

Descarbonização da Indústria: o desafio inevitável - Eduardo Silva

22.

As boas práticas do mercado brasileiro - Lyana Bittencourt

52.

Vamos organizar o enoturismo? - Maria João de Almeida

Nº de Registo na ERC: 117787 Estatuto Editorial: Disponível em www.portugalespanha.org As opiniões expressas nesta publicação pelos colaboradores, autores e anunciantes não refletem, necessariamente, as opiniões ou princípios do editor ou do diretor. Periodicidade: Mensal Tiragem: 6.000 exemplares _________________________________________ Propriedade e Editor CÂMARA DE COMÉRCIO E INDÚSTRIA LUSO-ESPANHOLA - “Instituição de Utilidade Pública” NIPC: 501092382 Av. Marquês de Tomar, 2 – 7º 1050-155 Lisboa Comissão Executiva Miguel Seco, Luís Castro e Almeida, Ruth Breitenfeld, Enrique Hidalgo, Berta Dias da Cunha, Carla Rebelo, Pablo Forero e Maria Celeste Hagatong

Escalada de preços trava indústria de rações

Gestão e Estratégia 20.

El “Mobile World Congress” muestra su visión humanista de la tecnología

08. Apontamentos de Economia 14. Entrevista 18. Gestão e Estratégia 24. Marketing 28. Fazer Bem 40. Advocacia e Fiscalidade 42. Ciência e Tecnologia 46. Vinhos & Gourmet 48. Eventos 54. Intercâmbio Comercial 56. Oportunidades de Negócio 58. Calendário Fiscal 59. Bolsa de Trabalho 60. Espaço de Lazer 66. Statements

Câmara de Comércio e Indústria

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Escalada de preços trava

indústria de rações

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o subsetor da produção de alimentos para animais, a situação começa a ficar “incomportável”, segundo referem muitas empresas, dada a atual conjuntura internacional, desencadeada pela guerra travada na Ucrânia e pelo boicote aos produtos de origem russa. O aumento dos preços dos cereais, que já se fazia sentir antes mesmo deste conflito, está a atingir valores insustentáveis, devido à escassez destes alimentos, matéria-prima essencial para muitas indústrias do agroalimentar. A alimentação animal representa a terceira maior indústria agroalimentar em Portugal e, além da escalada de preços de matérias-primas, está a enfrentar outros custos acrescidos, também ligadas à situção daquela região. É o caso do aumento dos preços do gás natural. Muitos constrangimentos para uma indústria que movimenta anualmente cerca de 1.500 milhões de euros, gerados por apenas uma centena de empresas, de acordo com Jaime Piçarra, secretário-geral da Associação Portuguesa dos Industriais de Alimentos Compostos para Animais (IACA). O responsável frisa que os alimentos compostos para animais de criação têm como base cereais que vêm essencialmente da Ucrânia e que, com a atual situação naquela região, o abastecimento fica comprometido e têm de ser encontradas alternativas. Este subsetor, além dos animais de criação para consumo humano, conta ainda com o nicho das rações para animais de estimação (essencialmente cães e gatos), e que “também são afetados pelos impactos dos preços das matérias-primas

que se generalizaram para além dos alimentação animal”, a qual é concereais, combustíveis, embalagens, dicionada perante as necessidades e da energia, em valores inimaginá- alimentares das populações. veis no final de 2021”. O problema, segundo algumas Por outro lado, muitos dos pro- empresas que apenas aceitaram dutores de rações nacionais são falar com a “Actualidad€” em off, também criadores de gado, e a seca é que muitas dessas importações atual está a dificultar e a encarecer de locais alternativos irão demorar a alimentação dos animais atra- a chegar, porventura meses, e, por vés de pastagens, sublinha ainda o isso, muitas encomendas de clienresponsável da IACA. Um “proble- tes estão já a ser recusadas. Só as ma grave”, que enfrenta também empresas com maior capacidade de armazenamento conseguem ainda Espanha. A solução passará por encontrar operar com custos comportáveis, fontes alternativas de abastecimen- explicam ainda. Os próximos tempos serão, assim, to de cereais e das outras matérias-primas essenciais, nomeadamente muito desafiantes para este sub“dentro da Europa e América do Sul setor e para todo o setor agroalie do Norte. Esperamos que estes mentar.  países não fechem as suas exportações, o que obrigaria a limitar a Email cfonseca@ccile.org


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Descarbonização da indústria: o desafio

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rosseguindo os compromissos nacionais com a União Europeia de atingir a neutralidade carbónica até 2050, Portugal definiu um conjunto de metas a ser alcançado até 2030, de entre as quais: redução de emissões de gases com efeito de estufa (45% a 55%); incorporação de energias renováveis no consumo bruto de energia final (47%); promoção da eficiência energética (35%). Trata-se de um conjunto de metas bastante ambicioso e cujo sucesso depende, em muito, da materialização das Ações definidas para este efeito (ver primeiro quadro). Uma destas ações, e que muito tem suscitado o interesse do tecido industrial, é o Aviso Apoio à Descarbonização da Indústria (Aviso 02/C11 i01/2022),

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aberto no âmbito do PRR. Este Aviso contribui diretamente para dois dos pilares do PRR: a Transição Ecológica e a Transformação Digital. Como o próprio nome do Aviso indica, este visa apoiar as empresas do setor industrial a investirem em: - Processos e tecnologias de baixo carbono na indústria; - Medidas de eficiência energética na indústria; - Incorporação de energia de fonte renovável e armazenamento. Em termos práticos, o foco é impulsionar as empresas a reduzirem a sua pegada carbónica, tornarem-se mais sustentáveis e a caminharem para uma economia que, inevitavelmente, terá que ser cada vez mais verde. Para isso, as empresas são convidadas a apresentar

Por Eduardo Silva*

projetos de investimento que incidam nas três tipologias de investimento previamente mencionadas (ver quadro). Ao nível dos processos e tecnologias de baixo carbono na indústria, pretende-se que as empresas revejam aquilo que são os seus processos produtivos, matérias-primas e até composição dos produtos, percebendo onde podem intervir, seja pela via de substituição, seja pela modificação, do que já possuem, de forma a criar novos processos, produtos e modelos de negócio assentes na descarbonização e digitalização. As hipóteses são várias, mas todas com o mesmo racional: substituir equipamentos alimentados por fontes de energia menos respeitadoras do ambiente por equipamentos alimentados por fontes de energia mais amigas do ambiente (elétricos). Através da redução do consumo de energia e das emissões de gases com efeito de estufa, por via da adoção de medidas de eficiência energética na indústria. Também neste ponto as possibilidades são variadas. Desde logo, porque em muitos setores industriais, em especial os mais tradicionais, a presença de tecnologia obsoleta é significativa. Aqui, o foco é a aposta em soluções e equipamentos que produzam mais, consumindo menos, que otimizem aquilo que são os custos de energia, mas também em soluções que promovam a redução de desperdícios, resíduos e ineficiências. Para tal, além do investimento em equipamentos que permitam isto, a aposta é também em soluções digitais (1) de apoio à medição,


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monitorização e tratamento de dados para a gestão e otimização de processos; (2) que visem a redução de consumos e diminuição de emissões poluentes; (3) que permitam aumentar a eficiência de utilização de recursos (matérias-primas, água, energia); (4) e que promovam a economia circular e a consequente diminuição da pegada de carbono. Por último, através da incorporação de energia de fonte renovável e armazenamento, que já é uma realidade em parte relevante da indústria, mas que terá que ser reforçada de forma significativa. Aqui, as empresas são convidadas a investir em fontes de energia renovável para alimentar as suas unidades industriais. E tal pode acontecer por via da inclusão de painéis fotovoltaicos para autoconsumo – aposta mais tradicional–, mas também de outras formas, como por exemplo, por via da incorporação de hidrogénio e de outros gases renováveis, em particular naquelas situações em que as opções mais tradicionais não são adequadas.

E a seguir?

Definido o plano de investimentos, e para assegurar que este efetivamente contribui para a descarbonização da empresa, é necessária uma avaliação, efetuada por uma entidade independente, que identifique o valor de emissões de gases com efeito de estufa (GEE) da empresa e fundamente a redução média de emissões diretas e indiretas de GEE propostas pelo plano de investimentos definido. O objetivo é que, com o projeto, a empresa atinja uma redução igual ou superior a 30% das emissões de GEE. Um dado importante, até pelo impacto que terá no apuramento da despesa elegível, remete para o conceito do sobrecusto, uma vez que o incentivo, em diversos investimentos, incidirá sobre este e não sobre a totalidade do investimento. Considera-se como sobrecusto a diferença entre o valor do investimento a realizar, face a um investimento semelhante, menos respeitador do ambiente. Esta diferença constitui-se como o custo elegível, e sobre o qual será apurado o incentivo. Na prática, e de acordo com o exemplo

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Exemplo 1 - Sobrecusto

Exemplo 2 – Despesa Total

1 (primeiro quadro em cima), a aquisição investimento. Não obstante, para uma de um empilhador elétrico, com o custo pequena empresa este deverá rondar de 60 mil euros, vai ser comparada os 60%, já para uma média empresa, com um empilhador com características o incentivo deverá andar em torno semelhantes, mas a gasóleo (que custa dos 50%. De realçar, que o concurso prevê ainda 20 mil euros) – valores meramente indicativos. Assim, o sobrecusto é de 40 mil a possibilidade de financiar projetos de euros, e é sobre este valor que incide o adaptação antecipada a normas de proteção ambiental já anunciadas pela UE, incentivo. Para se considerar um investimento o que permite às empresas financiar como elegível na sua globalidade, este investimentos que, a curto prazo, terão tem que visar, na totalidade, o objetivo que fazer. Em suma, já ninguém dúvida que o descarbonização. Assim, se uma empresa adquirir um novo equipamento elétrico, problema das alterações climáticas é real que substitui um equipamento a gás, e que urge mudar paradigmas de atuaaplica-se a regra do sobrecusto. No entan- ção. E tal não pode acontecer sem ter a to, se o investimento de uma empresa for Indústria a fazer a sua parte, uma vez que nos componentes necessários para que é um setor que consome intensivamente este equipamento– que era alimentado energia e recursos. O aviso, aberto até a gás– passe a ser alimentado por energia 29 de abril, disponibiliza mais de 700 elétrica, é o valor total do investimento milhões de euros à indústria, para que é considerado elegível. apoiar um conjunto de investimentos No que diz respeito ao incentivo, e de que, a curto e médio prazos, terão obriacordo com o exemplo 2 (ver quadro), gatoriamente que acontecer.  este assume a forma de não reembolsável, variando as taxas de apoio consoante *Diretor técnico da Yunit Consulting a tipologia onde se insere cada item de E-mail eduardo.silva@yunit.pt ABRIL DE 2022

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apontamentos de economia apuntes de economÍa

Iberdrola Portugal investe oito milhões de euros em central fotovoltaica em Palmela

A Iberdrola Portugal investiu oito milhões de euros na construção da Central Fotovoltaica do Conde, em Palmela, distrito de Setúbal. De acordo com um comunicado da Câmara Municipal de Palmela, “trata-se de um investimento de oito milhões de euros, da Iberdrola Portugal, com uma área de cerca de 20 hectares, que irá produzir mais de 20 GWh/ ano, o suficiente para garantir o abastecimento médio de cerca de cinco

mil habitações, e evitar a emissão de cerca de seis mil toneladas de CO2 [dióxido de carbono] anuais”. A cerimónia de lançamento da primeira pedra para a construção da Central Fotovoltaica do Conde, na freguesia de Quinta do Anjo, teve lugar no dia 16 de março e contou com a presença da presidente executiva da Iberdrola Renewables Portugal, Renata Rodrigues, que garantiu que “a central estará concluída e a funcionar até ao final do ano”. Em comunicado, a Iberdrola lembrou que esta “é uma das quatro centrais no distrito de Setúbal, adjudicadas no leilão de 2019”, que estão “incluídas no plano de aceleração assumido pela empresa, com o objetivo de terminar todas as obras ainda este ano”. “A

energia produzida de mais de 20 GWh/ ano equivale ao abastecimento médio de cinco mil habitações e evitará a emissão de cerca de seis mil toneladas de dióxido de carbono (CO2) por ano”, adiantou a empresa. Por seu lado, o presidente da Câmara Municipal de Palmela, Álvaro Amaro, destacou a “importância da criação deste tipo de infraestruturas junto ao Parque Industrial da Autoeuropa e à zona industrial de Vila Amélia, onde estão localizados muitos fornecedores do cluster automóvel e diversas outras empresas, ligadas, principalmente, à robótica, automação, logística e distribuição, que poderão beneficiar de sinergias com centrais solares fotovoltaicas, com vantagens económicas e ambientais”. No concelho de Palmela estão, atualmente, duas centrais fotovoltaicas em funcionamento e três em construção, adianta o “DinheiroVivo.pt”.

Bankinter e Moneris celebram parceria para apoiar empresas a aceder a incentivos comunitários O Bankinter e a Moneris celebraram uma parceria para apoiar as empresas no acesso aos fundos do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e do Portugal 2030, que previsivelmente abrirá as primeiras candidaturas no segundo semestre deste ano, adiantam as duas instituições. Desde a elaboração e acompanhamento das candidaturas aos fundos até ao financiamento dos projetos, o Bankinter e a Moneris apoiarão as empresas ao longo de todo o processo, contribuindo para uma melhor compreensão da estrutura dos incentivos comunitários, das várias medidas e do contexto em que esses incentivos possam ser aplicáveis a cada empresa. Através desta parceria, o Bankinter e a Moneris disponibilizarão às empresas conteúdos especializados e direcionados, dinami-

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zarão ações de sensibilização e work- Digitais e membro da comissão execushops e prestarão aconselhamento per- tiva do Bankinter Portugal, “esta parsonalizado no âmbito das candidaturas ceria insere-se no plano de desenvolem aberto e das linhas de financiamen- vimento da proposta de valor para o to disponíveis, num serviço articulado segmento de empresas e vem reforçar e operacionalizado, criando condições o posicionamento do Bankinter como para um acesso mais informado aos um especialista no financiamento comfundos comunitários e para a identi- plementar às soluções de crédito que o ficação das oportunidades que estes banco disponibiliza”. incentivos possam representar para as Na mesma linha, Pedro Neto, partner estruturas empresariais. da área de Apoios e Incentivos da Para José Luis Vega, diretor de Banca Moneris, reforça a importância desta de Empresas e membro da comissão parceria entre a Moneris e o Bankinter, executiva do Bankinter Portugal, “esta “que para além de alavancar a amplitude parceria permite dar maior impulso ao dos apoios que ambos disponibilizam trabalho comercial iniciado há vários aos seus clientes, se traduz também meses através do contacto com os nos- num esforço conjunto na implementasos clientes, para os apoiar nos seus ção de soluções integradas de apoio à projetos de investimento”. promoção da competitividade empreTambém Vítor Pereira, diretor de sarial, através do acesso aos incentivos Produtos, CRM, Marketing e Canais comunitários”.


Resultados consolidados do Millennium bcp aumentam para 138,1 milhões O Millennium bcp obteve um resultado O resultado operacional core, excluinlíquido consolidado de 138,1 milhões do os itens específicos, atingiu 1.291,4 de euros, em 2021, valor que ficou milhões de euros, correspondendo a abaixo dos 183 milhões alcançados no um crescimento de 10,9%. ano anterior e que foi influenciado por O rácio de capital total e rácio CET1 encargos de 532,6 milhões, associados fully implemented estimados de 15,8 e à carteira de créditos em francos suíços 11,7%, respetivamente, ficaram acima concedidos pela subsidiária na Polónia, dos requisitos regulamentares, adianta e ainda por itens específicos de 90,7 a instituição liderada por Miguel Maya. milhões (essencialmente custos com o O aumento do crédito performing do ajustamento do quadro de pessoal) em grupo em 3,1 mil milhões de euros, mais Portugal e por contribuições obrigató- 5,9% face a dezembro de 2020 (+1,9 mil rias para o setor bancário em Portugal, milhões de euros em Portugal, +5,2%). de 56,2 milhões. Excluindo os encargos De registar ainda, neste perído, a reduassociados à carteira de créditos em ção dos NPE, em 500 milhões de euros, francos suíços, o resultado líquido do “mesmo em contexto adverso”, salienta grupo ascenderia a 404,9 milhões de o banco. euros (mais 56,6% face a 2020). O banco salienta ainda o “crescimento O resultado líquido em Portugal foi de da base de clientes, em 571 mil”, de 172,8 milhões de euros, mais 28,5% que se destaca os clientes mobile, que face a 2020. aumentaram 20%.

Greenvolt investe 26 milhões de euros na aquisição de 35% da alemã Maxsolar A GreenVolt concluiu uma transação com vista à aquisição de uma participação de 35%, suportada em direitos de participação e intervenção na gestão, na MaxSolar, uma empresa de referência no desenvolvimento, implementação e gestão de projetos fotovoltaicos solares nos mercados alemão e austríaco. Esta participação está reforçada por direitos de participação ativa na gestão, em contrapartida de um investimento de 26 milhões de euros, tendo a GreenVolt ainda o direito de, no futuro, vir a reforçar o seu nível de participação acionista. A MaxSolar desenvolve projetos fotovoltaicos solares assentes no solo ou em telhados na Alemanha e na Áustria. Tem um pipeline de projetos de 3.2 GW, dos quais 0,8 GW estão em estado avançado de desenvolvimento.

Fundada em 2009, a MaxSolar está atualmente a fazer uma forte aposta em sistemas de armazenagem de energia, bem como em soluções de carregamento, onde opera com a marca Esolution by Maxsolar”. A Alemanha é hoje um dos principais mercados mundiais de energias renováveis, quer em termos de capacidade instalada (cerca de 60 GW de solar em 2021), quer no ecossistema de renováveis, incluindo tecnologia, fornecedores, produtores e consumidores. As mais recentes políticas neste setor têm como objetivo o aumento da capacidade solar instalada para 300 GW até 2030. A aquisição da totalidade do capital social da MaxSolar é feita em parceria com o investidor financeiro Nature Infrastructure Capital e com a equipa de gestão da sociedade.

Breves Bruxelas cria “quadro temporário” de apoios a empresas em dificuldades A Comissão Europeia autorizou, no passado dia 23, a flexibilização das regras da concessão de ajudas de Estado, no sentido de poderem ser apoiadas as empresas afetadas pela guerra na Ucrânia. O apoio à liquidez das empresas e a compensação pelos custos adicionais da subida dos preços da energia são alguns dos novos instrumentos à disposição dos Estados-membros. De acordo com o “Jornal de Negócios”, tendo em conta o “momento crítico” que a União Europeia vive com a invasão russa da Ucrânia e as sanções aplicadas à Rússia, Bruxelas aprovou a criação de “um quadro temporário de crise”, com vista a responder “de forma coordenada” ao impacto económico da guerra nas empresas e setores mais dependentes da Rússia. Na prática, esta flexibilização dos auxílios estatais vai permitir aos Estados-membros dar apoios ao tecido empresarial, que podem ir de 35 mil euros para empresas no setor da agricultura, pescas e aquicultura, a 400 mil para empresas de outros setores. Exportações de carne de porco para a Coreia do Sul batem recordes Com perdas acentuadas nas exportações para a China, 2021 foi o ano em que o mercado sul-coreano mais sobressaiu, com um crescimento das exportações de carne de porco de Portugal a sextuplicar. Apesar das exportações de carne de porco e derivados em 2021 registarem uma quebra de 11,5% no total do valor exportado, houve países que aumentaram as suas encomendas, saldando-se o ano com um total de 169 milhões de euros de faturação do comércio externo da carne de porco portuguesa, dos quais 76,15 milhões dizem respeito ao mercado intracomunitário, com Espanha a representar 98%. No que respeita às exportações para países terceiros, foram registados 92,88 milhões no ano passado, com uma quebra de 15% face ao ano 2020. Em termos absolutos, a China foi o país com maior quebra de exportações (menos 19 milhões de euros em 2021), apesar de continuar a representar 40% das exportações do país. No lado das subidas, o destaque vai para a Coreia do Sul que teve um acréscimo de 570% no valor exportado em 2021 por comparação com 2020, tornando-se no sétimo país para onde Portugal mais exporta carne de porco e derivados. Cabo Verde e Japão são dois países que também aumentaram as suas importações de carne de

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porco portuguesa, pelo segundo ano consecutivo. De assinalar ainda que este setor tem em curso a iniciativa “Let’s Talk About Pork From Europe”, a qual pretende esclarecer, “de forma séria e transparente, o modelo de produção europeu de carne de porco, demonstrando que os padrões de qualidade e segurança alimentar da União Europeia são os mais elevados do mundo e os mais exigentes em termos de bem-estar animal, biossegurança e ambiente”. A campanha de esclarecimento “Let’s Talk About Pork From Europe” arrancou em julho de 2020 e decorre até julho deste ano, em Portugal, Espanha e França, dirigindo-se essencialmente a públicos jovens entre os 18 e os 30 anos. Fileira da casa aposta na “Maison & Objet” A edição da “Maison & Objet” de 2022, que decorreu nos passados dias 24 a 28, contou com um elevado contingente de empresas nacionais, mas destacou-se ainda por ter sido a primeira edição de sempre a ter uma área exclusivamente dedicada às empresas e produtos portugueses, designada por “Made in Portugal naturally at Maison & Objet”. O espaço de cerca de 700 metros quadrados, reservado para as empresas portuguesas, contou com a coordenação da Apima e da Aicep, e incluíu mais de uma centena de produtos de cerca de 40 empresas, “procurando promover os valores de diferenciação, arrojo e complementaridade que caracterizam esta fileira”. NielsenIQ adquire plataforma de fidelização e personalização ciValue à Sonae IM A NielsenIQ, empresa global de informação, dados e medição do comportamento do consumidor, adquiriu a ciValue, uma empresa de software as a service para retalhistas, que utiliza inteligência artificial para potenciar programas de fidelização e personalização. A operação representou um desinvestimento para a Sonae IM, o braço de investimento tecnológico da Sonae. A startup israelita integrava o portefólio da Sonae IM desde 2018, quando o investidor português participou na ronda de seis milhões de dólares (5,45 milhões de euros), motivado pela capacidade da solução de permitir aos retalhistas implementar estratégias de personalização e marketing de precisão de forma autónoma e diferenciadora. “Para a NielsenIQ, esta aquisição é um passo em frente na geração de soluções mais inteligentes, automatizadas e escaláveis aplicadas ao setor do retalho”, adianta a empresa.

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Novobanco obtém primeiros resultados positivos O novobanco apresentou lucros de 184,5 milhões de euros no final de 2021, que comparam com um prejuízo de 1.329,3 milhões no ano anterior. Esta performance “representa o primeiro resultado positivo anual do grupo desde a sua criação, sendo determinante para o fim do processo de restruturação iniciado em 2017”, refere o banco em comunicado. O resultado (antes de impostos) ajustado de 2021 é de 282,7 milhões de euros, equivalente a um RoTE ( pre tax ) de 8,8%; a margem financeira e serviços a clientes atingiu o valor de 855,9 milhões de euros, o que correspondeu a um crescimento anual de 3,3 e 3,9%, respetivamente, que contribuiu para a melho-

ria do produto bancário comercial em mais 3,5%. “A melhoria da margem financeira reflete a redução das taxas médias dos depósitos, o menor custo de financiamento de longo prazo e a manutenção da política de preços”, adianta a instituição liderada por António Ramalho. O resultado operacional core (produto bancário comercial – custos operativos) aumentou para 447,6 milhões de euros, o que significa uma subida de 13,3% face a 2020, resultado da melhoria do produto bancário comercial e da redução dos custos operativos (-5,4% face ao ano precedente), com investimento digital continuado e otimização operacional.

Mercadona reforça a qualidade e segurança alimentar com comité científico consultivo em Portugal

O Comité Científico Consultivo (CCC) da Mercadona para Portugal foi apresentado esta quarta-feira no Centro de Coinovação da empresa em Lisboa, onde esteve presente também a subinspetora-Geral da ASAE, Filipa Melo de Vasconcelos. “O CCC, criado agora em Portugal e implementado em Espanha há 18 anos, é mais uma prova do compro- frentes, desde a origem do produto até misso da Mercadona com a qualidade e ao consumo do mesmo por parte dos segurança alimentar”, frisa aempresa. chefes (clientes)”. Este comité é composto por seis espe- “Num contexto em que os consumidores cialistas de renome no campo da nutri- são cada vez mais exigentes e em que ção, biotecnologia, ciências farmacêuti- existem novas tendências no mercado, cas, cosméticos, microbiologia, biologia o conhecimento e experiência dos elemolecular, toxicologia e alergologia. A mentos do CCC vão ajudar a validar os inclusão destes especialistas indepen- processos internos da Mercadona e vão dentes, que são uma fonte de conheci- dar apoio técnico e formação à equipa mento e experiência, vai aprofundar o responsável pela Qualidade e Segurança processo de análise alimentar e a própria Alimentar, com vista ao crescimento do operação da Mercadona em diversas talento interno”, destaca a mesma fonte.


Santos e Vale abre nova plataforma na região de Lisboa

A Santos e Vale abriu uma nova plataforma logística na região de Lisboa, no concelho de Odivelas. Esta nova plataforma, que inicia hoje operações, para além de aumentar a proximidade geográfica da Santos e Vale ao centro de Lisboa, vem também possibilitar a utilização de meios mais ecológicos nas entregas de proximidade e promover assim a diminuição da pegada ecológica da atividade. Integrada na estratégia de expansão, crescimento e sustentabilidade ambiental da empresa, a plataforma está equi-

pada com os mais sofisticados meios logísticos e digitais que vão possibilitar um aumento na capacidade de processamento dos envios nas zonas de atuação, permitindo assim, a otimização das entregas e recolhas na região. “A nova plataforma de Odivelas irá permitir estarmos ainda mais próximos dos nossos clientes da cidade de Lisboa. Com uma localização geográfica preferencial, dá-nos a possibilidade de utilizarmos veículos mais ecológicos e outras formas de entrega e recolha mais sustentáveis e que nos garantem uma total fiabilidade de serviço. Apesar dos tempos difíceis que todos passamos e ainda estamos a viver, iremos continuar com a nossa Estratégia de Crescimento e com a nossa Política Ambiental de que tanto nos orgulhamos.”, referiu Joaquim Vale, administrador da Santos e Vale.

Maior parque eólico do distrito do Porto instala-se em Penafiel, duplicando a produção de energia no distrito O Município de Penafiel fechou com a empresa Espanhola, Capital Energy, a instalação de dois parques eólicos, de última geração, no concelho de Penafiel. As duas centrais eólicas da “Carlinga” e “Zonda”, vão estar geograficamente instaladas em terrenos nas freguesias de Capela, Lagares e Figueira, Valpedre, Duas Igrejas, Luzim e Vila Cova. O investimento, totalmente privado, ronda os 250 Milhões de euros tornando-se assim o maior investimento alguma vez realizado em Penafiel. As centrais eólicas serão constituídas por 19 aerogeradores, de última geração, que terão capacidade para produzir 253 GWh/ano, ou seja com capacidade para fornecer eletricidade a cerca de 200.000 habitações. Em termos comparativos a potencia ins-

talada dá para alimentar toda a região do Tâmega e Sousa ou em alternativa toda a cidade do Porto, em termos de consumo doméstico. Este será o maior parque eólico do distrito do Porto e será responsável por mais que duplicar a produção anual de energia eólica no distrito. A capacidade instalada no distrito é de 65 Mw e passará a ser de 171 Mw. Inserida na estratégia ambiental da Câmara Municipal de Penafiel, as novas centrais eólicas quando comparadas com uma central e carvão, vão permitir poupar a emissão de 225 mil toneladas de CO2 para a atmosfera. O projeto conta já com luz verde da Agência Portuguesa do Ambiente, que aprovou o estudo de impacte ambiental, pelo que avançará no verão, devendo estar a funcionar em pleno no segundo semestre de 2023.

Gestores

em Foco

António Guterres (na foto), atual secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), é o vencedor do Prémio Universidade de Coimbra (UC). O galardão – que tem o apoio da Fundação Santander Portugal – foi entregue a 1 de março, na sessão solene comemorativa do 732.º aniversário da UC. António Guterres sucede, assim, ao cardeal, poeta, ensaísta e teólogo português, José Tolentino de Mendonça, vencedor no ano passado. “Enquanto secretário-geral das Nações Unidas, o engenheiro António Guterres chama a atenção para a necessidade de uma solidariedade global e da criação de uma nova mentalidade que transcende nações, religiões e territórios. Pelo exposto e pela importância que os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)representam para o Santander, esta é uma escolha de elementar justiça”, justificou a presidente da Fundação Santander Portugal, Inês Oom de Sousa, vice-presidente do júri.

António Fuzeta Eça (na foto) é o diretor executivo do novo Centro de Excelência para a Inovação e Novos Negócios do BPI. O cofundador e ex-administrador executivo da fintech portuguesa Raize tem como missão apoiar o desenho de uma visão de futuro do BPI, identificando tendências relevantes no setor financeiro e novas oportunidades de geração de valor para clientes e para o acionista, o grupo CaixaBank. O Centro estará focado na promoção de ecossistemas colaborativos que facilitem e acelerem a implementação de oportunidades de negócio em áreas como o open banking, financiamento sustentável, metaverso/ web 3.0 e finanças descentralizadas (DeFi). Afonso Fuzeta Eça iniciou a sua carreira profissional em 2006, como trader no Math Fund, um hedge fund. Em 2015, destacou-se no ecossistema empreendedor português, como cofundador da fintech Raize, a primeira plataforma de empréstimos online em Portugal, que reúne investidores e micro e pequenas empresas e onde desempenhou diferentes cargos executivos. É, ainda, professor auxiliar da Nova School of Business & Economics (Nova SBE).

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Breves Mercadona logra un récord de ventas en 2021 de 27.819 millones Mercadona cerró el ejercicio 2021 con un récord de ventas brutas que se situaron en los 27.819 millones de euros, lo que supone un aumento del 3,3% sobre los ingresos de 2020 (26.932 millones). El grupo de supermercados ha incrementado su cuota de mercado un 0,8% hasta el 27,1%. Sin embargo, el beneficio de la compañía se contrajo un 6%, hasta los 680 millones, por el impacto, entre otros factores, del aumento de los precios de las materias primas y el transporte El presidente del grupo, Juan Roig, explicó en la presentación de los resultados anuales que el año pasado se produjo un aumento del 36% del precio de la energía pagado por la compañía, así como un 28% del precio de las materias primas, un aumento de 65 millones en los costes de transporte, y una inflación en torno al 5%. Grupo Ortiz invertirá 2.000 millones de euros en sus concesiones en el mundo Grupo Ortiz redoblará su apuesta por el negocio de concesiones en los próximos años y proyecta inversiones por valor de cerca de 2.000 millones de euros en sus activos ya contratados en España, Colombia, México e Italia. La compañía de infraestructuras madrileña cuenta con una cartera de 25 activos concesionales, de los 21 que están en explotación y cuatro en ejecución, con una inversión acumulada superior a los 1.089,5 millones de euros. Restan 816,6 millones, hasta alcanzar los 1.904 millones. Grupo Ortiz participa en concesiones de infraestructuras viarias con una longitud de 654 kilómetros, dos hospitales, 3.550 plazas de aparcamiento, 415 megavatios pico (MWp) de instalaciones renovables, 24 kilómetros de líneas de transmisión eléctrica y ocho subestaciones. De las inversiones totales, Grupo Ortiz ha aportado hasta el momento 370,4 millones y tiene pendientes 305,1 millones más para los próximos ejercicios. Novartis invierte 63 millones de euros en su fábrica de Barcelona Novartis realizará una inversión de algo más de 63 millones de euros hasta 2024 en sus instalaciones de Palafolls (Barcelona). La operación empresarial servirá para convertir a la fábrica en uno de los dos centros de producción de antibióticos de la compañía en Europa. El otro está situado en Austria. El movimiento de Novartis permitirá la creación de 84 nuevos puestos de trabajo y la ampliación de la capacidad de fabricación de las instalaciones en un 150%, de 200 a 500 toneladas anuales. “Nuestro objetivo es asegurar el suministro esencial y sostenible de estos tratamientos con una reorganización estratégica de nuestra producción,

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Repsol tendrá una planta de biocombustibles avanzados de España que reducirá las emisiones

Repsol invertirá 200 millones de euros en la construcción de la primera planta de biocombustibles avanzados de España en las instalaciones del Complejo Industrial de Cartagena. Esta planta permitirá suministrar 250 mil toneladas al año de dichos productos, como biodiésel, biojet, bionafta y biopropano, que podrán usarse en aviones, barcos, camiones o coches sin

necesidad de hacer modificaciones en los motores. Estos ecocombustibles se producirán a partir de residuos y su uso permitirá reducir 900.000 toneladas de CO2 al año. El presidente de Repsol, Antonio Brufau, ha asegurado que “Cartagena se va a consolidar con este proyecto como un centro de abastecimiento de productos fundamentales para el presente y para el futuro, y en un ejemplo del compromiso de Repsol con la movilidad sostenible”. Ha destacado además la importancia de apostar por la neutralidad tecnológica para avanzar en el objetivo de alcanzar las cero emisiones netas en 2050.

SCNF compra la lusa Takargo El gigante francés SNCF da un paso más en su expansión en la península y compra la compañía ferro viaria de transporte de mercancías lusa Takargo, hasta ahora propiedad de MotaEngil. La operación, que llevaba años sobre la mesa, permitirá a la compañía integrar la lusa en la red de Captrain, uno de los principales rivales de Renfe Mercancías. La operación, que todavía está sujeta a su aprobación definitiva por las autoridades de competencia, supone un paso más del operador galo en el mercado ibérico. El grupo galo opera en España tanto en mercan-

cías como en viajeros a través de varias filiales y va ganando cuota de mercado a pasos agigantados. Takargo se creó en 2006 pero tiene una alianza con Captrain España para los tráficos transfronterizos desde 2009. Esta unión, bajo el nombre de Ibercargo, tenía como objetivo desarrollar una posición fuerte en el corredor ferroviario entre España y Portugal.


Breves Acciona y Enagás inauguran la primera planta de hidrógeno verde de España

El Proyecto Power to Green Hydrogen Mallorca, liderado por Enagás y Acciona Energía y en el que participan también IDAE y Cemex, ha sido lanzado por la vicepresidenta tercera y ministra para la Transición Ecológica, Teresa Ribera. La planta, ubicada en Lloseta (Mallorca), es la primera de hidrógeno renovable del país. El pasado mes de diciembre, inició las pruebas de puesta en marcha, generando las primeras moléculas

de hidrogeno renovable y posicionándose así como el primer proyecto de generación de hidrógeno verde a escala industrial en España. La producción industrial de hidrógeno renovable en la planta se realizará de manera gradual y a medida que estén disponibles las infraestructuras y equipamientos para su consumo dentro del proyecto subvencionado por la Unión Europea Green Hysland, del que Power to Green Hydrogen Mallorca forma parte.

El fondo Apollo compra el 49% de la empresa de transportes Primafrio Apollo Infrastructure, una filial de la firma de inversión Apollo Global Management Inc, ha acordado comprar una participación en el operador español de transporte terrestre de mercancías Primafrio. La familia fundadora Conesa Alcaraz ha explicado en comunicado que mantendrá una participación mayoritaria y seguirá dirigiendo el negocio, que exporta frutas y verduras desde España y Portugal a otros países europeos. La empresa se está expandiendo

a sectores con mayores márgenes, como el minorista y el farmacéutico, en un momento en que los altos precios de la energía reducen la rentabilidad de los servicios de transporte y logística. El codirector de Infraestructuras Globales de Apollo, Dylan Foo, dijo que considera que la operación se ha cerrado “sorteando la actual volatilidad del mercado” y reconoce que su empresa se sintió “atraída por la escala, la resistencia y la excelencia operativa de Primafrio”.

repartida entre esta planta y otra en Austria. Para Novartis España, esta inversión es una gran satisfacción y una prueba rotunda de la apuesta de la compañía por nuestro país”, explica el presidente del Grupo Novartis en España, Jesús Ponce. Hispasat compra Axess Networks por más de 100 millones de euros Hispasat ha llegado a un acuerdo para la adquisición de la compañía Axess Networks, operadora de telepuertos y prestadora de servicios por satélite con presencia en América Latina, Europa, Oriente Medio y África. La firma adquirida tiene un valor de unos 105 millones de euros. La adquisición de Axess forma parte de las acciones definidas en el plan estratégico 2020-25 de Hispasat, orientado a convertir a la compañía en un proveedor de soluciones y servicios por satélite en sus mercados objetivo y permitirá crecer especialmente en Latinoamérica. La operación supone una mayor implicación de Hispasat en la cadena de valor de servicios gestionados. Esta operación permitirá a la compañía controlada por Red Eléctrica y presidida por el exacalde de Barcelona, Jordi Hereu, optimizar su oferta en segmentos como la extensión de redes celulares por satélite, las redes de conectividad para clientes corporativos o la digitalización de zonas remotas en países con amplias brechas tecnológicas. Telefónica y Mapfre se alían en los seguros para automóviles Mapfre y Telefónica han alcanzado un acuerdo a través del cual la aseguradora ofrecerá sus seguros de automóviles en condiciones preferentes a los clientes de la compañía de telecomunicaciones que instalen o tengan ya un dispositivo Movistar Car en sus vehículos. En un comunicado, la operadora señala que el servicio Movistar Car, con el que ya cuentan más de 65.000 clientes, permite conectar el vehículo y dotarlo de conexión wifi, además de ofrecer diferentes funcionalidades que aportan mayor seguridad al vehículo y al propio conductor. Así en caso de accidente, el dispositivo lo detecta de forma automática y contacta con los servicios de emergencia. Además, Movistar Car facilita a los usuarios información sobre el propio vehículo (estado general del automóvil, kilometraje, trayectos…) y sobre la conducción del usuario (horario, velocidad, duración del recorrido, localización). Gracias a esta información, es posible realizar ofertas más personalizadas (seguro, gasolina, talleres) así como elaborar un diagnóstico con el que anticiparse a averías y tener el vehículo siempre a punto.

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“Estratégia de combate à corrupção em Portugal não tem sido eficiente” A corrupção em Portugal não baixou significativamente na última década e o país continua abaixo da média europeia no que se refere a transparência. Susana Coroado, presidente da Transparência Internacional Portugal, considera que a dificuldade em obter dados e a falta de vontade política travam sobretudo o combate à grande corrupção. A investigadora avança que tanto em Portugal, como no resto da Europa, as perspetivas de evolução neste capítulo não são animadoras.

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Texto Susana Marques smarques@ccile.org Fotos DR

que a fez interessar-se por me parecer que a corruppelas questões relacio- ção é um dos fatores que mais nadas com a transpa- contribui para minar as estrurência e combate à cor- turas dos regimes democráticos rupção, na qualidade de e o funcionamento pacíf ico das investigadora? Com que entraves sociedades. se depara, enquanto investigado- Enquanto investigadora, deparora? -me com muita falta de dados - a

Eu fui parar a este tema por eterna questão da transparência mero acaso, por ter concorrido - e a falta de colaboração por a uma vaga de emprego. Mas parte de entidades e responsáveis mantive esta linha de trabalho políticos. 14 act ACT ualidad€ UALIDAD€

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Quais os seus objetivos à frente da Transparência Internacional, quer no contexto empresarial, quer público?

Como articulam a vossa atividade com as congéneres internacionais? Qual tem sido a recetividade de empresas e entidades públicas ao trabalho do organismo que lidera? A missão da Transparência Internacional Portugal (TI PT) é contribuir para uma democra-


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cia de qualidade e para o combate à corrupção, promovendo a participação cívica, o acesso à informação, a transparência dos processos decisórios e a regulação eficaz dos sistemas e organizações no sentido de reforçar a prevenção e combate à corrupção. O movimento TI é composto pelos capítulos nacionais e pelo Secretariado, sediado em Berlim. Existem linhas e posições gerais do movimento, mas cada organização a nível nacional tem liberdade para avançar com as suas prioridades e projetos. Nessa medida, em Portugal, participamos em projetos com outros países europeus, como os Pactos de Integridade, mas também com projetos relacionados com os países lusófonos, como por exemplo a capacitação da sociedade civil na Guiné Equatorial ou a recuperação dos ativos roubados ao povo angolano. As entidades públicas, depois de muitos anos a olharem para a TI PT com alguma desconfiança, começaram a olhar para as questões de integridade e transparência como prioridades. Por isso, nos últimos anos temos tido relações mais próximas e positivas com algumas entidades do setor público. A relação com o setor privado, ainda tem muito que ser explorada, mas já começamos a trabalhar nesse sentido. Li que “A corrupção tem um custo estimado de mais de 18 mil milhões de euros por ano para Portugal, um montante superior ao previsto no Orçamento do Estado para o SNS para 2022, que não chegava a 14 mil milhões”. Como calculam este valor?

Esse valor surgiu num estudo do grupo parlamentar “Os Verdes” no Parlamento Europeu. Não é um estudo da TI, pelo que não tenho conhecimentos profundos sobre a metodologia aplicada. Portugal recupera a posição de 2019 no Índice de Perceção da Corrupção 2021, da Transparência Internacional, mas deixa de fora dados relativos à corrupção política e aos altos cargos. Em que assenta afinal a estratégia de combate à corrupção quando não é aplicável aos órgãos de soberania?

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e da União Europeia (66 pontos) e é um dos 26 países da Europa Ocidental e União Europeia abrangidos pelo relatório em que não se registaram evoluções significativas na última década e desde 2012 que regista variações anuais mínimas. Esta estagnação sugere que os esforços de combate à corrupção não têm dado frutos. A Estratégia Anticorrupção era necessária (a TI promoveu uma campanha pública a favor da criação de uma estratégia) e tem aspetos positivos, em especial nas obrigações que coloca nos setores privado e público. O problema é que não toca, a não ser a nível penal, na grande corrupção, que pelo que os estudos de opinião e as grandes investigações mostram, é bem mais preocupante do que a pequena corrupção do funcionário público. Assim, será sempre uma estratégia coxa. A Entidade da Transparência, criada na lei em 2019, ainda não saiu do papel por inércia do Tribunal Constitucional que tem a competência de a operacionalizar. Nessa medida, ainda não teve oportunidade de cumprir o seu papel. Mas, na realidade, a questão nem é se, no futuro, cumprirá ou não. A questão é que o seu papel é, desde logo na lei, tão fraco e reduzido, que dificilmente deixará uma marca positiva em questões de integridade pública.

Desde a criação, em 1995, o CPI é o indicador de corrupção mais utilizado em todo o mundo, pontuando 180 países e territórios a partir da perceção de especialistas e executivos de negócios sobre os níveis de corrupção no setor público. É um índice composto, ou seja, resulta da combinação de fontes de análise de corrupção desenvolvidas por um conjunto de organi- Concorda com a possibilidade de zações independentes de referência, “imunidade parlamentar” ou qualque permite classificar de 0 (per- quer tipo de imunidade? Qual é a cecionado como muito corrupto) a posição da União Europeia neste contexto? 100 (muito transparente). Portugal continua abaixo dos A imunidade dos políticos é funvalores médios da União Europeia damental para que possam exercer (64 pontos) e da Europa Ocidental os seus mandatos com liberdaAb a Br R iI lL d De E 2022

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de, sem medos ou pressões. Serve para que não sejam processados por difamação ou injúrias, mas também para que não sejam falsamente acusados de crime, com o objetivo de prejudicar as suas carreiras políticas. Em muitos países, esta imunidade é abusada pelos políticos que, sob esta proteção do cargo, cometem vários crimes, nomeadamente corrupção, sem que sejam punidos por isso. Esse não tem sido o caso em Portugal, onde a Assembleia da República tem uma visão bastante aberta nesta matéria e tem levantado a imunidade parlamentar dos deputados e publicado essas informações no site oficial. Com frequência, são os próprios que solicitam o levantamento da imunidade para se defenderem em tribunal. Nessa medida, não é a existência de imunidade que está errada, mas por 16 ACT UALIDAD€

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vezes a forma como é utilizada e (não) controlada.

duas vezes se esteve perto de aprovar a regulação. Em 2019, foi o PSD a bloquear o processo e, em A declaração patrimonial e de inte- 2021, foi o PS. Não me parece que, resses e a proposta de regulação num contexto de maioria absoluta do lobbying têm sido continuamen- e com as divisões internas no PS te travadas pelos diferentes gover- neste tema, a regulação seja apronos. Como se pode desbloquear vada nesta legislatura. Mas gostava este combate? de estar errada e de ver a regulação A declaração patrimonial existe do lobby aprovada. desde os anos 1980s e a declaração de interesses desde a década de Tem afirmado que Portugal estagnoventa. O que se passa hoje em nou no que se refere à evolução dia nessa matéria é que, com o da transparência e que a Europa pacote de transparência de 2019, também. A que se deve esta estagembora as obrigações declarativas nação? O que é mais desafiante e tenham aumentado, o nível de o que trava o combate à corrupção detalhe acessível ao público dimi- em Portugal? nuiu. Por outro lado, foi prometiA estagnação deve-se à falta de do que as declarações passariam a vontade política em avançar no estar disponíveis online e, mais de combate à corrupção. Temo que o dois anos depois, tal ainda não se aumento da polarização política e verificou. a maioria absoluta de um só parRelativamente ao lobby, já por tido venha a diminuir ainda mais


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a vontade política nesse sentido. Esta é a parte mais desafiante. Estamos a atrair investimento para Portugal que poderá vir de fonte ilegal ou corremos esse risco? Como deveremos impedir que tal aconteça?

Estamos já a atrair fundos ilícitos e a aumentar os riscos de que essa atração venha a aumentar. Com a crise financeira e a necessidade desesperada de capital estrangeiro, Portugal abriu os braços a vários investimentos de origem obscura, como a elite angolana, ou através dos vistos gold , cuja atribuição não controla a origem dos fundos investidos. Estes fatores, juntamente com uma fraca implementação da lei de branqueamento de capitais, expõe o país a investimentos de origem criminosa e de pouca confiança. O resultado está à vista com a Efacec, por exemplo. É fundamental olhar sempre para a origem dos fundos e não fechar os olhos a situações opacas ou de risco. Como se melhora a prevenção da corrupção nas empresas e no setor público?

Penso que se melhora com lideranças interessadas em criar uma cultura de integridade, em boas políticas de gestão de conf litos de interesse e com canais seguros de proteção de denunciantes. A Transparência Internacional elaborou uma lista de medidas de combate à corrupção que enviou a todos os partidos. Quais são essas medidas? Que seguimento os partidos deram a essas sugestões?

As medidas podem ser encontradas em https://transparencia. p t /c a d e r n o - e n c a r g o s -l e g i s l a t i vas-2022/ e dividem-se em dois tipos: i) umas que os partidos podiam incluir como propostas eleitorais e apresentarem no

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parlamento no futuro; ii) outras toral, os partidos têm que entremedidas que são práticas e que gar um orçamento de campanha os grupos parlamentares e/ou os junto da Entidade das Contas e deputados podem adotar por si Financiamentos Políticos. Após a próprios, como a publicação das campanha, são também obrigados reuniões mantidas com grupos a entregar o relatório de contas da de interesse, independentemente campanha, para além de anualde haver regulação de lobby. Em mente entregarem as contas do relação ao primeiro tipo de medi- partido. das, alguns partidos acolheram as A questão do financiamento polínossas propostas. Relativamente tico em Portugal é que a sua moniao segundo tipo, só será possível torização é muito formal, ou seja, verificar o seu bom acolhimento prende-se muito com as “contas quando o parlamento retomar a certas” no papel e menos com atividade. as formas informais de financiamento ilícito, como empréstimos Qual será daqui para a frente a bancários ou o “súbito” desapareVossa forma de atuação junto do cimento das dívidas dos partidos. poder político? Também se presta pouca atenção Será como tem sido até agora: aos fundos dos próprios candidade tentativa de inf luência junto tos. de partidos e governo com vista à melhoria das políticas públicas, Considera que a comunicação monitorizando e denunciando ris- social em Portugal cumpre a sua cos e práticas, mas sempre com função de informar neste capítulo? uma postura construtiva. Portugal tem uma imprensa livre, o que é fundamental para o comO que defendem que poderá ser bate à corrupção. Infelizmente, feito para melhorar a fiscalização atravessa problemas financeiros e da aplicação dos fundos europeus de audiência, o que incentiva o que Portugal irá receber? escândalo imediato em detrimento Dois aspetos nos parecem funda- de notícias mais complexas e do mentais: primeiro, boas práticas de jornalismo de investigação, que integridade e prevenção de conf li- são as formas mais adequadas para tos de interesse, de forma a evitar lidar com a questão da corrupção que os fundos sejam desperdiçados a nível mediático. em projetos cujos promotores recebem os fundos não pelo mérito das Que expectativas tem face à evosuas propostas, mas por relações lução da transparência em países de proximidade ou poder junto como Portugal e Espanha, quer no dos decisores; segundo, disponibi- setor público, quer nos privados? lização dos dados sobre os fundos As expectativas não são animaeuropeus de forma transparente, doras, uma vez que por toda a eficaz, em formato reutilizável e Europa assistimos, em maior ou em tempo útil, com vista ao desin- menor grau, a retrocessos democentivo e à deteção precoce de más cráticos. Penso que só a pressão práticas. externa, sobretudo de investidores estrangeiros que estão fora dos Como poderemos fiscalizar melhor circuitos tradicionais de inf luêno financiamento e os gastos dos cia, e a sociedade civil dentro de partidos? A lei é suficiente, neste cada país poderão exercer pressão âmbito? junto das autoridades para mais e Antes de cada campanha elei- melhor transparência.  ABRIL DE 2022

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Gestão e estratégia

gestión y estrategia

Liderança: menos de um terço dos cargos mais altos das empresas é ocupado por mulheres Há mais licenciadas do que licenciados em Portugal, mas nas empresas comerciais as mulheres representam 41,5% de um total de cerca de 2,8 milhões de empregos, de acordo com um estudo divulgado pela Informa D&B, em março. A consultora avança que, em 2021, nas quase 40 mil empresas criadas em Portugal, 27% têm liderança feminina.

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Texto Susana Marques smarques@ccile.org Fotos Shutterstock

igualdade de género é um dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável que as Nações Unidos atribuíram às empresas, exigindo-lhes um sério compromisso com a mudança”, como recorda Teresa Cardoso de Menezes, diretora-geral da Informa D&B, no comunicado sobre o estudo ‘A Diversidade de Género nas Empresas em Portugal’, enviado às redações no passado dia 7 de março, um dia antes do Dia da Mulher. Com a análise da representatividade das mulheres no tecido empresarial português, a consultora pretende “contribuir para esta mudança, mostrando as realizações das 18 act ualidad€

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empresas que caminham nesse sentido”. Porém, o estudo mostra que “a representação feminina em cargos de direção executiva evoluiu positivamente na maioria das áreas, sendo, no entanto, uma evolução lenta e que deixa a situação bastante distante da paridade”. A presença feminina no mundo laboral é equilibrada, começa por mostrar este estudo: “Em Portugal, não existem grandes diferenças de género na população ativa”, já que “no universo das empresas comerciais, as mulheres representam 41,5% de um total de cerca de 2,8 milhões de empregos, valor que recuou um ponto percentual (p.p) desde 2019”. A balança começa a dese-

quilibrar-se à medida que se sobe nos organigramas de recursos humanos das empresas: “Onde estas diferenças são muito notórias é nos cargos de gestão, direção e liderança. Apesar da evolução registada nos últimos anos e do facto das mulheres corresponderem a cerca de 60% de todos os licenciados, a sua representação nestes cargos está ainda muito longe da paridade. Nos cargos de direção, cargos de gestão e cargos de liderança*, a situação da participação feminina praticamente não mostra evolução face a 2019, com a representação de mulheres nestes cargos a registar, respetivamente, 28,3% (+0,1pp), 29,7% (-0,2pp) e 26,8% (+0,2pp). Em 2021,


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nas quase 40 mil empresas criadas em Portugal, 27% têm liderança feminina, valor 1 pp superior ao de 2019.” A Informa D&B indica que “as presidências dos Conselhos de Administração das sociedades anónimas são ocupadas por mulheres em apenas 16,4% dos casos, que corresponde aos mesmos valores registados em 2019”. No que concerne aos cargos de Direção Geral, apenas “são ocupados por mulheres em 13,1% dos casos, mais 1,7pp que em 2019”. No universo das empresas cotadas, “a representação de mulheres nos conselhos de administração é de 22,6%, apesar da lei de 2017 que prevê a representação equilibrada entre mulheres e homens nos órgãos de administração e de fiscalização das entidades do setor público empresarial e das empresas cotadas em bolsa”. A representação feminina, ainda não atinge sequer um quarto da representação, mas traduz “uma evolu-

ção positiva, já que há 10 anos, em 2011, era de apenas 5,7%”. Analisando a representatividade de mulheres em cargos de gestão consoante a dimensão das empresas é possível constatar que a presença feminina cresce à medida que as empresas diminuem de dimensão: “Nas grandes empresas, apenas 19% dos cargos de gestão são ocupados por mulheres, enquanto nas microempresas esse valor é de 31%”. Os setores dos serviços gerais, alojamento e restauração e retalho são “os que apresentam maior percentagem de emprego feminino (os três com mais de 50%) e são também aqueles onde há mais mulheres a ocupar cargos de gestão”, informa o comunicado, ressalvando que “ainda assim, nos serviços gerais os cargos de gestão feminina não chegam aos 50% e nos outros dois setores é de apenas um terço”. Os setores da construção, tecnologias de informação e comunicação e energias e

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ambiente são dominados por homens, que ocupam 82% dos cargos de gestão. Também são estes os setores, juntamente com o de transportes onde é maior a representação masculina no emprego. As mulheres estão em maioria na direção executiva das áreas de qualidade/ técnica e na direção de recursos humanos, respetivamente com 59% e 57%. Já nas direções comercial, operações/ produção, geral e sistemas de informação, a presença de mulheres é sempre inferior a 20%. O estudo permite concluir que “quando estão à frente das empresas, as mulheres revelam maior atenção à diversidade de género”. Assim, “nas empresas com liderança feminina, apenas 23% das equipas de gestão são exclusivamente femininas e 77% são equipas mistas”. Já, “nas empresas lideradas por homens, mais de metade (52%) das equipas de gestão são compostas exclusivamente por homens”.  PUB

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Gestão e estratégia

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El “Mobile World Congress” muestra su visión humanista de la tecnología

“GSMA Mobile World Congress Barcelona 2022” transformó a Barcelona en la capital mundial del sector de las comunicaciones inalámbricas, con 1.500 expositores y participantes de 150 países, con temas como la tecnología financiera, el 5G, la inteligencia artificial, la tecnología en la “nube”, la Internet de las cosas, los problemas climáticos y la ciberseguridad.

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Texto Belén Rodrigo brodrigo@ccile.org Foto DR

l “Mobile World Congress 2022” ha supuesto el retorEl congreso ha perno al formato presencial de la feria de tecnología y mitido confirmar cuacomunicaciones más grande les son las e importante, tras un parón de dos años por culpa de la pandemia. En tendencias tecnolósu 17ª edición, ha contado con gicas a corto plazo, la presencia de 60 mil asistentes de 200 países y según el análisis que pasan por el 5G económico preliminar el congreso y el metaverso aporta más de 240 millones de euros a la economía de Barcelona y ha creado más de 6.700 pues- presencial, ha sido emocionante tos de trabajo a tiempo parcial reunir a nuestra comunidad, que es en 2022. “Nada supera al MWC tan apasionada por la conectividad,

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para discutir las oportunidades que se avecinan”, ha manifestado el consejero delegado de GSMA, John Hoffman. Hoteleros y restauradores se han mostrado muy satisfechos con los resultados a pesar de que las cifras de ocupación y facturación estén aún lejos de las de antes de la pandemia. El congreso ha permitido confirmar cuales son las tendencias tecnológicas a corto plazo, que pasan por el 5G y el metaverso. Y además ha sido especialmente fructuoso para los ordenadores, especialmente los portátiles, que han sido ines-


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perados protagonistas de una era donde la atención ha estado en otros dispositivos como smartphones, relojes inteligentes o gafas de realidad aumentada. En esta ocasión, las grandes marcas de móviles (LG, Sony, HTC, entre otras) han decidido no presentar sus mejores terminales durante la feria, y se ha desviado la atención a otras propuestas. Algunos de los productos más destacados han sido los nuevos dispositivos Samsung Galaxy, los “superdispositivos” Huawei, Spot, el perrobot de trabajo 5G de Boston Dynamics e IBM y los cascos VR listos para el metaverso de HTC Vive. Startups El espacio dedicado a las startups ha sido otro de los protagonistas de la cita con más de 600 compañías en el recinto 4 Years From Now (4YFN). “Cerramos un MWC22

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muy intenso, a la altura de las gran- ya Grau, responsable del organismo des ediciones”, opina el director de encargado de potenciar el ecosistela Mobile World Capital, Carlos ma tecnológico de Cataluña. Grau, que destaca como eje central El Rey de España, Felipe VI, y el del congreso “la visión humanista presidente del Gobierno español, de la tecnología”. Hasta la próxima Pedro Sánchez, fueron algunas de cita, el reto y el compromiso de la las personalidades más destacadas organización de MWC22 pasa por que pasaron por el evento celebrado “extender su impacto a lo largo de entre el pasado 28 de febrero y el 3 todo el año y del territorio”, subra- de marzo.  PUB

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As boas práticas do mercado brasileiro

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e, por um lado a Europa surge como um chamariz ao investimento, devido à estabilidade de que goza e aos seus 500 milhões de habitantes. Por outro, pelas suas dimensões, pelas recentes privatizações e reformas estruturais, o Brasil tem suscitado o interesse por parte de investidores internacionais, quer portugueses quer espanhóis. Ao longo do tempo as economias emergentes tornaram-se numa nova possibilidade para mercados mais tradicionais por diferentes fatores, que se converteram em oportunidades para quem deseja expandir, criar escala, seja no mercado local ou no mercado internacional. A diversidade e a multidisciplinaridade étnica e social muito presentes no mercado brasileiro, são cada vez mais relevantes nas empresas, não só pela questão social, mas também pela questão de inovação. Ter pessoas com histórico de vida diferente, com visões de mundo diferentes, é fundamental para inovar. Além de estarmos a falar de um mercado de grande dimensão e com muitos recursos. Há uma proximidade cultural importante entre o mercado brasileiro e o mercado ibérico, além da facilidade de comunicação que a língua permite, mesmo no caso da Espanha. São mercados bastante abertos a novos modelos de negócios. As relações entre Portugal e Brasil dispensam apresentações, mas recentemente o interesse de Espanha pelo Brasil tem vindo a crescer, tal como o mercado ibérico se constitui uma porta de entrada dos empresários brasileiros para a Europa. Espanha é uma grande investidora na economia brasileira, em setores tão diversificados como banca, indústria e tecnologia ligada a startups, só para

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citar algumas áreas. Em 2020, Espanha tornou-se o terceiro país do mundo com mais investimento no Brasil1. O mercado português atrai pela inexistência de barreiras linguísticas, acesso a contactos internacionais, obtenção de ativos estratégicos, incentivos do governo e pela receita concentrada que existe no país. De salientar que o Brasil ocupa um lugar cimeiro no que diz respeito a investimento direto em Portugal e que as relações entre ambos têm uma densidade incomparável a qualquer outro país com o qual Portugal tenha relações. Com a internacionalização das empresas brasileiras, Portugal vê um crescimento económico e a possibilidade de criação de mais postos de trabalho. Se formos a olhar para empresas brasileiras que estão há muitos anos em Portugal, o caso d’O Boticário, que é a maior rede de franquias de perfumarias e cosméticos do mundo, ou das Havaianas, por exemplo, é fácil perceber o valor agregado que trouxeram à economia nacional, mas mais do que isso, são marcas que passaram a fazer parte da própria identidade portuguesa. Atualmente, um aumento de produtividade por via tecnológica, uma valorização dos ativos das empresas, um crescente know-how qualificado e a consolidação de Portugal como principal hub para tecnológicas da Península Ibérica, têm atraído ainda mais investimento de fora. Tal como as relações comerciais com Espanha que, historicamente, são parceiros comerciais. Esta relação advém de uma afinidade cultural e evidente proximidade geográfica, que se constitui no mercado ibérico. Só no primeiro trimestre de 2021, o investimento feito por brasileiros em Portugal ascendeu aos 33,39 milhões de

Por Lyana Bittencourt*

euros2. Estas transações incluem investimentos diretos de empresas ou investidores do Brasil em ações e mercado imobiliário. Portugal é uma plataforma para outros mercados, Espanha é a consolidação dessa presença na Europa. Já em 2012, Mariano Rajoy, na altura primeiro-ministro espanhol, apelou à expansão das empresas brasileiras em Espanha, como forma de ultrapassar a grave crise económica que Espanha (e outros países europeus), atravessavam na altura. Com a pandemia, o interesse mútuo de investimento entre estes três países e a vontade de fomentar o intercâmbio, não parece ter abrandado. Intercâmbio esse que não é unicamente financeiro, é igualmente uma troca de conhecimento, de criatividade, de vivências. Portugal apresenta-se como uma porta de entrada para a Europa e graças ao programa Portugal 2030, que tem várias linhas de incentivos tanto para se iniciar um projeto, como para fazer a ampliação da empresa, a tração de investimento continua a crescer. E encarar Portugal como uma porta de entrada para a Europa não se prende unicamente com a posição geográfica do país. Mas também, com o aumento dos espaços de co-work, grande atração para os nómadas digitais, tornando desta forma possível a proximidade entre empresas de todos os pontos do globo. Um cenário que não só potencia a troca de conhecimento especializado, como o conhecimento de como outros países europeus funcionam. Marcando, assim, o início da globalização de uma empresa. É comum os empreendedores considerarem Portugal uma “escola” onde aprendem como se internacionalizar. A relação entre Espanha e Brasil, embo-


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Espanha é o principal parceiro comer- o que é a experiência do consumidor ao ra não tão longa, tem vindo a ser estreitada de ano para ano. Os dois países cial de Portugal, sendo a proximidade longo de todo o processo de compra, o veem-se como grandes aliados para o um valor essencial para o aprofunda- ponto de venda e até mesmo a melhor investimento e a atual situação pandé- mento das relações bilaterais. É impor- forma de expandir negócios. Com promica marca um tempo de aproximação. tante potenciar os relacionamentos de cessos e ferramentas que podem trazer A união de Brasil, Portugal e Espanha, complementaridade e de integração das um elevado nível de especialização ao que culturalmente são bastante próxi- cadeias de produção, aproveitar a ten- mercado ibérico, como sendo o desenmos, visa um maior desenvolvimento e dência para uma maior diferenciação, volvimento de novas soluções integradas customização e personalização do pro- para marketplaces, live commerce, novas expansão dos mercados. Em 2020, Espanha sofreu uma contra- duto e acompanhar as oportunidades parcerias estratégicas entre empresas, ção do PIB de 10,8%3 como resultado nas plataformas de e-commerce. boas práticas de gestão e governança, ou do impacto da pandemia de covid-19. Além disso, este é o tempo certo para seja, o ESG aplicado na prática. Esta situação refletiu as principais fragi- garantir que os negócios cresçam de A importância da união dos três merlidades da economia espanhola, como forma sustentável e com canais integra- cados vai além da expansão económias elevadas taxas de desemprego e de dos para atender a uma procura cada vez ca, é uma partilha de conhecimentos dívida pública, bem como uma estru- maior por conveniência do consumidor, e de informação que a todos benefitura produtiva muito dependente do a título de exemplo. cia. Vai desde o imobiliário, às startups turismo. Já em 2021 assistimos a um O mercado brasileiro tem um bom tecnológicas, passando pelo marketing crescimento de 5%, a taxa mais elevada track record em internacionalização digital e e-commerce, ao mundo das dos últimos 21 anos, que contrasta com das suas empresas, na modernização do artes, à música, à literatura e à pintura. a queda de 10,8% registada em 2020, ponto de venda, é um dos países mais Simboliza um olhar novo sobre as realisegundo os últimos dados publicados desenvolvidos do mundo em termos de dades que cada país vive.  pelo Instituto Nacional de Estatística expansão de redes de negócios, inovação Notas (INE) espanhol. Esta recuperação da de soluções que potenciem a fidelização 1 Relatório de Investimento Mundial 2020 (ONU) atividade económica, sobretudo a partir do consumidor às marcas e tem muito 2 do segundo semestre, foi grandemente a contribuir para o mercado ibérico, 3 Banco de Portugal Instituto Nacional de Estatística (INE) impulsionada pelo investimento e pelo em termos de profissionalização e boas consumo, em consequência do plano práticas. *CEO do grupo Bittencourt nacional de recuperação. O país está bastante avançado em tudo E-mail: contato@bittencourteurope.com PUB

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ABRIL DE

Av. Marquês de Tomar, 2 - 7º 1050-155 Lisboa Telefone: 213 509 310 2 0 E-mail: 22 ccile@ccile.org Website: www.portugalespanha.org

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Biscoitos portugueses já vendem mais de 6.500 unidades por dia em Espanha A

Mercadona colocou à venda nos lineares dos seus supermercados em Espanha os Lagartos da sua marca própria Hacendado, dos quais já vende 6.500 unidades por dia. A aposta nestes biscoitos, fabricados pela Confeitaria Carlos Gonçalves, localizada no concelho de Mafra (norte de Lisboa), “continua a revelar a forte aposta da Mercadona nos fornece-

dores nacionais, cuja qualidade é agora também reconhecida além-fronteiras”, refere a empresa de distribuição espanhola. Com um “agradável aroma a limão e uma textura firme, estes biscoitos são ideais para o pequeno-almoço, para acompanhar um chá pela tarde, ou como snack , a qualquer hora do dia”, adianta a mesma fonte. 

Epson comercializa o seu scanner topo de gama em formato A4 A Epson inicou a comercialização do WorkForce DS-790WN, um scanner auto-duplex de alta velocidade, em formato A4, com conetividade Wi-Fi e Ethernet. Este scanner é ideal para empresas e organizações que procuram melhorar a eficiência dos seus processos com recursos livres de PC e capacidades avançadas de autenticação de utilizadores e trabalhos. Os controlos avançados de autenticação de utilizadores permitem aos administradores de sistemas limitar certas características do equipamento e opções de utilização, determinar o acesso a locais de rede e pré-definir tipos e processos de utilização com base nas necessidades de cada utilizador, e conceder direitos de acesso com base no LDAP. As funções predefinidas de “trabalhos” e “digitalizar para” ajudam a minimizar os riscos de erro de envio para destino e arquivo, enquanto as funções de processamento de imagem, tais como melhoramento de texto, asseguram que os ficheiros digitais de alta qualidade são fiéis ao documento original. Além disso, quando utilizado em conjunto com o software Epson Device

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Admin, permite aos administradores gerir à distância toda uma frota de dispositivos, reduzindo a necessidade de viagens e acesso físico ao produto para manutenção ou resolução de problemas. A digitalização sem PC é possível utilizando a funcionalidade Epson ScanWay, que permite aos utilizadores digitalizar diretamente para pastas de rede, pastas em nuvem, contas de correio eletrónico ou pen USB sem necessidade de estar ligado a um PC. Uma característica que melhora a eficiência e produtividade dos utilizadores e reduz a necessidade de hardware no processo. Com um ecrã tátil personalizável de 10,9 centímetros, é possível selecionar certas funções e tipos de trabalho de uma forma simples e ágil. Antonio Fernández, gestor de Vendas de Scanners da Epson Ibérica, explica que “este scanner de documentos de alta qualidade é capaz de trabalhar a alta velocidade sem necessidade de ligação a um PC, proporcionando um processo simples de digitalização, arquivo e partilha de documen-

tos entre equipas, departamentos ou escritórios, eliminando a necessidade de múltiplas cópias impressas de documentos e o risco de perda ou desaparecimento. Eficiência e redução de custos estão entre os desafios enfrentados por muitas organizações, juntamente com a capacidade de digitalizar processos e estabelecer os mais altos níveis de segurança de dados nos seus fluxos de trabalho”. Algumas das características adicionais do WorkForce DS-790WN: conetividade wi-fi, wi-fi Direct, Ethernet, USB3.0; 50 contas de utilizador separadas num único dispositivo, entre outras. 


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El Corte Inglés associa-se a Portugal Fashion na promoção dos criadores portugueses O El Corte Inglés juntou-se, pela primeira vez, ao Portugal Fashion, numa parceria que tem como objectivo promover marcas e criadores de moda portugueses. De 16 a 19 de março, durante o evento “Portugal Fashion”, o El Corte Inglés marcou presença com um espaço “instagramável” e com novas tendências. O El Corte Inglés procura, desde sempre, “estar ao lado dos criadores portugueses e da moda nacional” e, em abril, terá na loja de Gaia um espaço exclusivo que será uma extensão do “Portugal Fashion”, com peças para venda das marcas Sophia Kah, Pé de Chumbo e Diogo Miranda, revelou o retalhista. Sophia Kah nasceu em 2011 pelas mãos de Ana Teixeira de Sousa e já deu cartas internacionais sendo uma marca de referência nos vestidos de noiva. Sophia Kah que já vestiu a cantora internacional Beyoncé terá à venda na loja de Gaia peças únicas e exclusivas. Pé De Chumbo é uma marca de roupa

feminina desenhada por Alexandra Oliveira e está presente em mais de 30 países. “A marca tem vindo a impor as suas características na concepção e fabrico de tecidos e malhas, utilizando processos artesanais únicos. Misturar tecidos, fios e transparências com diferentes texturas, criar contrastes de materiais e cores, realçando os detalhes de cada peça, é o objetivo da sua criadora”, revela a marca. Diogo Miranda iniciou o seu percurso profissional, em 2007 e tem apresentado todas as suas coleções no Portugal Fashion, adianta a organização. “As suas peças, têm corrido o mundo, pelas suas marcantes campanhas, pela presença em editoriais de grande notoriedade e pelas figuras públicas que as fazem desfilar nomeadamente a modelo internacional Sara Sampaio, a it-girl brasileira Helena Bordon, a atriz indiana Sonam Kapoor, a blogger Carolina Engman, e

a francesa it-girl Caroline D´Maigret”, revela ainda a organização. “O El Corte Inglés procura oferecer aos seus clientes o melhor da moda, os artigos mais exclusivos com a mais alta qualidade. Neste sentido, a parceria com o Portugal Fashion reafirma este objetivo e a aposta na moda nacional e nos seus artistas. O El Corte Inglés pretende continuar a investir na moda portuguesa tanto online como nas lojas físicas e mesmo as suas marcas próprias tendem a incorporar uma componente de produção nacional cada vez maior”, adianta o retalhista. 

Burel Factory lança Burel Architecture D urante anos apenas usado para fazer os capotes dos pastores, o burel tem vindo a alargar o seu espetro de utilização. A marca portuguesa Burel Factory, sedeada em Manteigas (serra da Estrela) tem-se empenhado em aumentar o valor gerado por este material feito a partir da lã da ovelha, “recuperando técnicas, costumes e ensinamentos de outros tempos, e levado a matéria-prima da região aos quatro cantos do mundo”. Assim, nasceu a Burel Architecture, vocacionada para os interiores arquitectónicos, explica a empresa em comunicado: “O novo passo vem no seguimento de uma investigação levada a cabo durante três anos, num consórcio (NewAppBurel) entre a Trendburel, o Itecons e a Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, que visou a conceção e o

desenvolvimento de soluções acústicas inovadoras, recorrendo ao burel e respetivos desperdícios, para a criação de produtos modelares com grande desempenho térmico e elevada absorção acústica. Desta investigação surgiu ainda uma nova linha de burel reciclado que se mostrou igualmente eficaz nas suas propriedades acústicas, dando continuidade à política desperdício-zero da marca, alcançando a certificação RCS (recycled claim standard) concedida pelo Citeve, evidenciando todo o empenho

com as questões da sustentabilidade.” A apresentação internacional da nova marca aconteceu em Londres no passado mês de fevereiro, na “Surface Design Show”, mostra internacional de design de interiores focada em novas soluções para revestimentos, novos materiais, peças e abordagens diferenciadas no design. Na webpage Burelarchitecture. com podemos encontrar as novas peças e propostas de revestimentos de parede, painéis, pontos de burel feitos à mão, tangram’s, azulejos de burel e peças de mobiliário e decoração complementares”. O objetivo é produzir em burel várias “possibilidades de isolamento acústico e térmico”, que “continuarão a levar a matéria-prima portuguesa a construções em todo o mundo e a dar ao burel mais uma nova forma de existir e fazer parte das nossas vidas”  ABRIL DE 2022

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Repsol amplia portefólio de serviços, com instalação de smartlockers nas suas estações A Repsol torna-se a empresa do setor com a maior rede de smartlockers em Portugal, com a parceria estabelecida com a DPD, empresa líder no mercado doméstico do transporte expresso, que prevê a instalação de 100 cacifos nas estações de serviço da marca enerética em todo o país. A sinergia vai ao encontro das novas tendências de consumo e mobilidade e insere-se na estratégia de diversificação de negócio e transformação digital de ambas as empresas. Esta nova solução, desenhada tendo em consideração os novos hábitos de consumo, dará uma maior autonomia aos Clientes da multienergética, que têm, agora, a possibilidade de levantar a sua encomenda no horário que lhes for mais conveniente, sete dias por semana, 24 horas por dia e durante o período de três dias. Com uma simples leitura de QR Code, código de barras ou inserção manual de código, será possível recolher encomendas e/ ou entregar outros produtos para expedição. Os clientes de ambas as marcas poderão

utilizar este novo serviço em diversas regiões do território nacional, nomeadamente em Lisboa, Sintra, Cascais, Almada, Setúbal, Santarém, Leiria, Aveiro, Porto, Braga, Barcelos, Viana do Castelo, Bragança, Chaves Guarda, Vila Real, Castelo Branco, Évora, Portimão, Faro, Lagos, Olhão e Tavira. “A mobilidade inteligente não pode ser dissociável da mobilidade sustentável. Como empresa multienergética, com um ecossistema de produtos e serviços cada vez maior, podemos desempenhar, também aqui, um papel preponderante e proporcionar aos nossos clientes novos soluções, que acompanham o crescimento do e-commerce”, afirma Armando Oliveira, administrador-delegado da Repsol Portuguesa. “O paradigma da estação de serviço como local apenas para abastecer as viaturas é obsolescente. Hoje, as estações de serviço da Repsol são verdadeiros ecossistemas de serviços, onde os clientes, para além de abastecerem as suas viaturas, podem usufruir de

um vasto leque de produtos e serviços, fazendo das deslocações à estação de serviço verdadeiras experiências, com a máxima comodidade e conveniência”, reforça Armando Oliveira. Em 2022, a Repsol foi distinguida, por mais um ano consecutivo, pelos principais sistemas de avaliação de marcas em Portugal, sublinha a companhia. “Prémios que ganham ainda mais valor para a empresa, na medida em que estes são a demonstração do reconhecimento dos seus clientes. Queremos continuar a inovar, a proporcionar novas soluções para aqueles que depositam a confiança na Repsol”, conclui Armando Oliveira. 

The Foodies regressam para premiar PME A Federação das Indústrias Portuguesas Agro-Alimentares (FIPA) associa-se à confederação FoodDrinkEurope no lançamento, em Portugal, da segunda edição dos The Foodies, os prémios europeus que pretendem distinguir as micro, pequenas e médias empresas do setor agroalimentar. Estes galardões contemplam três categorias: The Greener Planet Award, para iniciativas na área da redução do impacto ambiental, podendo contemplar projetos desde a diminuição das emissões de carbono à melhoria de embalagem; The Healthier Living Award, no campo da promoção de estilos de vida saudáveis e iniciativas como o desenvolvimento de novos produtos e reformulações ou ações junto da comunidade; e Next-Gen Innovator Award, que

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pretende premiar jovens empreendedores e start-ups dedicadas ao desenvolvimento de sistemas alimentares mais resilientes, sustentáveis e seguros. “Estes prémios europeus são uma excelente oportunidade para as empresas portuguesas do setor agroalimentar demonstrarem o seu valor e o enorme empenho e capacidade de inovação nestas áreas. A edição do ano passado foi um sucesso, com sete empresas a apresentarem candidaturas, sendo que Portugal conseguiu ter presença entre os finalistas. Esperamos superar o número de candidaturas este ano, pelo que apelamos às PME que se candidatem aos The Foodies”, sublinha Pedro Queiroz, diretor-geral da FIPA. Para esta segunda edição a

FoodDrinkEurope desenvolveu uma parceria com a BBC Global no âmbito do debate sobre sistemas alimentares sustentáveis, sendo que todos os participantes nos The Foodies terão a oportunidade de contar a sua história na próxima série da BBC Sustainable Food. Podem candidatar-se empresas que empreguem menos de 250 pessoas e que tenham um volume de negócios anual não superior a 50 milhões de euros e/ou um balanço total anual que não exceda os 43 milhões de euros. Já na categoria “Next-Gen Innovator Award”, os candidatos devem ter 40 anos ou menos e uma empresa em fase de arranque. As candidaturas podem ser feitas no site da Thefoodies.eu, até 31 de maio. 


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Estudo indica que experiência do consumidor deverá crescer exponencialmente na próxima década S s operações dos contact centers deverão ser alvo de transformações substanciais de forma a melhorar os seus serviços, refere um estudo desenvolvido pela Frost & Sullivan, a pedido da Webhelp. O inquérito foi respondido por mais de 1.000 gestores seniores da área de Experiência do Consumidor (CX) e conclui que as empresas estão cada vez mais a integrar tecnologia e novas metodologias de forma a melhorar o serviço ao cliente, com 98% dos inquiridos a planear modificações nos próximos dois anos. O estudo revela que quase um a cada dois gestores sénior de CX esperam um aumento de novos

canais para chegar ao consumidor, com base em tecnologia com assistentes de voz e Realidade Aumentada, ao longo da próxima década. Algumas destas mudanças foram aceleradas pelo contexto pandémico dos últimos dois anos: 90% dos inquiridos acredita que o teletrabalho fará parte dos modelos de experiência do cliente no futuro, com 78% a referir que os colaboradores terão liberdade de determinar onde querem trabalhar. Os desafios de trabalhar remotamente permanecem uma realidade, de forma que o estudo menciona que a motivação dos colaboradores deve ser uma prio-

ridade das empresas, seguindo-se o acompanhamento do avanço tecnológico na área de CX e a sua implementação a larga escala. “O estudo dá-nos perspetivas interessantes sobre o futuro do setor da experiência do consumidor”, comenta Alexander Michael, diretor de Consultoria da Frost & Sullivan. “Com a indústria a transformar-se rapidamente, é positivo que as empresas estejam a planear que o trabalho remoto faça parte integrante dos seus modelos. Quem reconhecer que tal deve ser implementado corretamente, de forma sustentável, vai ter benefícios futuros nos seus negócios e com os clientes”. 

Getir lança categoria de produtos locais D epois de lançar a sua primeira campanha publicitária em Lisboa, a Getir, empresa pioneira na entrega ultra-rápida de mercearia em casa, continua a reforçar o seu compromisso com a comunidade, com o lançamento de uma nova categoria dedicada aos produtos locais na sua app de compras. Desta forma, ao mesmo tempo que contribui para facilitar a vida dos consumidores com a entrega ultra-rápida de uma seleção de aproximadamente dois mil produtos de uso diário, em poucos minutos, a empresa apoia também os produtores e o comércio locais. A Getir irá disponibilizar as melhores marcas locais de cada uma das cidades onde está disponível, juntando mais de 50 novos produtos à aplicação. Para já, apenas disponível em Lisboa, a app irá contar com uma seleção de marcas de referência em Portugal, nomeadamente a Gleba

(pão fresco); a Urban Foods, Ippie e Frutta Nature (snacks), a Swee (gelados) e muito mais. O portfólio de produtos locais continuará a crescer, com a entrada prevista de várias outras marcas muito brevemente. Para Hunab Moreno, diretor-geral da Getir Iberia, desde o lançamento da operação em Portugal, que o objetivo da empresa tem sido “estabelecer

uma relação forte com os portugueses. Este lançamento reforça o nosso compromisso com a cidade e com o país, onde prevemos continuar a aprofundar o nosso envolvimento local nos próximos meses, refletindo a nossa cultura fortemente focada nas pessoas, sejam elas clientes, colaboradores ou produtores”, conclui o responsável. 

Textos Actualidad€ actualidade@ccile.org Fotos DR ABRIL DE 2022

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Minsait lança proposta inovadora e ambiental para ligar o mundo físico e digital A

Minsait, uma empresa da Indra, anunciou o lançamento do Phygital, uma proposta inovadora de soluções end-to-end, com o objetivo de ligar o mundo físico e digital (OT/ IT) em cinco áreas prioritárias: operação de infraestruturas, gestão de ativos, fabrico e logística, cidades e territórios, e sustentabilidade e clientes. O seu objetivo é melhorar a eficiência, rentabilidade e flexibilidade das operações em todos os tipos de ativos, produtos ou infraestruturas físicas, transformar a interação das empresas com os seus clientes e contribuir para os objetivos de sustentabilidade nas suas múltiplas vertentes de redução da pegada de carbono, economia circular e impacto social. A proposta Phygital da Minsait baseia-se, também, nas principais práticas técnicas da empresa, tais como análise de dados e inteligência artificial, experiência do utilizador,

arquiteturas e plataformas, internet das coisas (IoT) e tecnologia geoespacial e mobilidade. “O Phygital é um vetor estratégico para o crescimento da Minsait, que surge para dar resposta à transformação acelerada da gestão do mundo físico através da digitalização com foco em três tendências: o desaparecimento das barreiras entre TI e OT, o crescimento exponencial da conectividade e da capacidade de análise de dados através da IA e a transformação das cadeias de valor que têm cada vez mais peso na sustentabilidade”, refere Leonardo Benítez, diretor de Phygital na Minsait. Graças à introdução de tecnologias digitais na gestão do mundo físico, a Minsait oferece sistemas avançados de controlo e monitorização em tempo real que permitem o funcionamento eficiente de infraestruturas críticas e impulsionam a transição

energética para uma economia descarbonizada através da implementação de soluções inteligentes de contagem e gestão distribuída de recursos energéticos. Estes sistemas facilitam também a gestão de todos os tipos de bens (concentrados, lineares e distribuídos) com inteligência artificial e tecnologias gémeas digitais para reduzir incidentes e aumentar a sua vida útil. O Phygital engloba, também, outros âmbitos, tais como tecnologias de localização e rastreabilidade, para melhorar a eficiência das cadeias de abastecimento e a segurança das pessoas, soluções de gestão energética e melhoria do ciclo da água, para reduzir o impacto das operações no ambiente, e a implementação de plataformas que facilitem a gestão integrada e inteligente dos serviços públicos e atividades económicas como o turismo e a agricultura. 

Banco Santander concede 388 mil bolsas a estudantes, empresários e outros profissionais O Banco Santander apoiou em 2021 mais de 162 mil estudantes, profissionais, projetos empresariais e PME através do Santander Universidades, com um investimento de 106 milhões de euros. Desta forma, o Banco Santander encerrou os últimos três anos com a atribuição de 388 mil bolsas e reforça a sua aposta na aprendizagem contínua (lifelong learning), privilegiando a excelência e a igualdade de oportunidades. Isto representa um aumento de 94% em relação ao seu compromisso para este período, em que o banco tinha como meta ajudar

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200 mil pessoas a progredir através dos seus programas de bolsas, estágios e empreendedorismo. Só em 2021, mais de 40.600 pessoas acederam a uma bolsa de estudo, investigação ou mobilidade académica; mais de 23.100 foram beneficiados por programas de empreendedorismo através da iniciativa global Santander X; e quase 98.500 por uma bolsa de estágios profissionais e programas de formação de reskilling e upskilling para promover a empregabilidade. Um dos principais fatores que tem marcado os programas desenvolvidos em 2021 no novo

cenário de emprego após a crise socioeconómica pós-Covid tem sido a importância de promover a reciclagem profissional ( reskilling ) e a necessidade de adquirir novas competências ( upskilling ). E nesse sentido, o Santander tem feito um esforço significativo para aumentar a oferta de bolsas, incluindo programas abertos a todos os perfis e idades, oferecer roteiros de formação que promovam competências digitais, desenvolvimento das competências mais procuradas pelas empresas, acesso aos estudos universitários, excelência académica e igualdade de oportunidades. 



fazer bem Hacer bien

BPI e Fundação La Caixa disponibilizam 1,4 milhões de euros para combate à pobreza e desigualdade O BPI e a Fundação La Caixa acabam de lançar a terceira edição da Iniciativa Social Descentralizada (ISD 2022), que se destina a apoiar projetos de inclusão social de âmbito local promovidos por instituições privadas ou públicas sem fins lucrativos, que sejam clientes BPI, através das Redes Comerciais do banco– particulares, empresas e institucionais. Com uma dotação de 1,4 milhões de euros, a ISD 2022 é promovida pela Fundação La Caixa e conta com a colaboração de cerca de 350 unidades comerciais do BPI – balcões, e centros de empresas– que, em todos os distritos e nas regiões autónomas dos Açores e da Madeira, podem selecionar os melhores projetos sociais locais. Artur Santos Silva, presidente honorário do BPI e curador da Fundação La Caixa em Portugal, salientou o “compromisso

das duas instituições em apoiar respostas de proximidade aos grandes problemas sociais do país: combater a pobreza, mitigar situações de vulnerabilidade social agravadas pela crise da pandemia, e apoiar as pessoas mais velhas que estejam em situação de grande solidão. Para a concretização destes objetivos é fundamental o conhecimento dos colaboradores do BPI na identificação dos melhores projetos de intervenção social nas respetivas regiões, dando assim o seu contributo para construirmos uma sociedade menos desigual”. Os apoios da ISD 2022 destinam-se a projetos sociais que promovam a melhoria da qualidade de vida e a igualdade de oportunidades dos setores mais vulneráveis da sociedade: crianças, adolescentes e jovens em situação de pobreza; pessoas com mais de 65 anos, em especial as que vivem em situação de solidão; pessoas

com deficiência; inserção laboral; saúde, doença ou incapacidade permanente; interculturalidade e coesão social. Em 2021, a edição da Iniciativa Social Descentralizada (ISD 2021) apoiou 188 projetos sociais de âmbito local, numa dotação total de 1,2 milhões de euros, que ajudaram mais de 42 mil beneficiários. A Fundação La Caixa iniciou em 2018 a sua implantação em Portugal, consequência da entrada do BPI no CaixaBank. Em 2022, destina 40 milhões de euros a projetos sociais, de investigação, educativos e de divulgação cultural e científica. A Fundação mantém o seu compromisso de alcançar um investimento de até 50 milhões de euros anuais nos próximos anos, quando todos os seus programas estiverem implementados e a funcionar em pleno. 

Efapel aposta no desenvolvimento de jovens talentos A Efapel, maior fabricante nacional de aparelhagem eléctrica de baixa tensão e líder de mercado em Portugal, assinou protocolos de parceria com o ISEC - Instituto Superior de Engenharia de Coimbra, a FEUC - Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra e a APEU-

FEUC – Associação Para a Extensão Universitária, com vista a desenvolver uma cultura de cooperação, aberta à partilha de conhecimento e aprendizagem num contexto empresarial. Ao aproximar-se das principais Instituições de Ensino Superior da Região Centro, a empresa pretende criar oportunidades de desenvolvimento de talentos num ambiente em que estejam aliados conhecimento teórico e prático. Essas parcerias incluem estágios curriculares e profissionais, projetos de investigação, palestras, seminários e laboratórios de investigação,

com o objetivo de apoiar os futuros profissionais que atuarão no mercado de trabalho, existindo também a possibilidade de os mesmos poderem vir a tornar-se colaboradores da Efapel. Constituída por uma equipa com mais de 450 colaboradores, distribuídas por cinco modernas áreas industriais, em Serpins e na Lousã, a Efapel promove uma aposta contínua em tecnologia de ponta, no desenvolvimento de programas produtivos e num rigoroso controlo de qualidade. O fabricante exporta cerca de 30% da sua produção, para mais de 50 países de todo o mundo, desde a Europa, a África, até ao Médio Oriente e América Latina. Tem duas subsidiárias no exterior– uma em Espanha e outra em França. 

Textos Clementina Fonseca cfonseca@ccile.org Foto DR

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Alimentação animal: O agroalimentar, e nomeadamente o seu subsetor das rações, é um dos mais afetados pela atual situação de conflito na Europa Oriental, que impôs uma forte pressão sobre os preços das matérias-primas essenciais para esta indústria, como o milho, o trigo e as oleaginosas, mas também sobre custos associados à produção, como o do gás natural, cujos valores voltaram a disparar nas últimas semanas. Para as PME portuguesas, a situação está a ficar insustentável e é difícil cumprir as encomendas feitas pelos clientes. Textos Clementina Fonseca cfonseca@ccile.org Fotos DR

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abril de 2022

Fotos Shutterstock

tempos difíceis e de muitos desafios


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atual conjuntura macroestratégica na Europa está a afetar as indústrias agroalimentares dependentes de cereais, e, deste modo, o subsetor das rações para animais é um dos mais prejudicados. Esta é uma das áreas do setor agroalimentar que está fortemente condicionada pela evolução da capacidade de abastecimento vinda do leste da Europa, onde atualmente se vive um confronto militar que ameaça restringir as importações de cereais, como o trigo, o milho e a cevada, bem como as oleaginosas, enquadra Jaime Piçarra (na foto), secretário-geral da Associação Portuguesa dos Industriais de Alimentos Compostos para Animais (IACA). O responsável frisa que os alimentos compostos para animais de criação têm como base os cereais, muitos deles provenientes da Ucrânia, e que, com a atual situação naquela região, o seu abastecimento fica comprometido e têm de ser encontradas alternativas. "Para além dos animais de criação, temos ainda o setor da petfood (cães e gatos), que também são afetados pelos impactos dos preços das matérias-primas que se generalizaram para além dos cereais, combustíveis, embalagens, e da energia, em valores inimagináveis no final de 2021". Este subsetor, que é o terceiro maior do setor agroalimentar, integra ainda segmentos como alimentos para aquacultura, pré-misturas (vitaminas, minerais e outros suplementos) e aditivos. O volume de negócios do subsetor rondou os 1.500 milhões de euros, representando, assim, 11% de todo o setor agroalimentar nacional, apenas estando atrás das produções de carne e de leite. Este volume de negócios representou uma subida de 2% face a 2020, mas esta evolução deriva essencialmente "do aumento do preço das rações, que se situou entre os 20% a 30%, em função das espoécies" no espaço de um ano, e não tanto de um crescimen-

to em volume, comenta Jaime Piçarra. Por outro lado, muitos dos produtores de rações nacionais são também criadores de gado, e a seca atual está a dificultar e a encarecer a alimentação dos animais através de pastagens. Um "problema grave", que enfrenta também Espanha. O ano em curso "pode ser, segundo o IPMA, o segundo mais seco da história, se se mantiverem as atuais condições climatéricas", cita o

Subsetor fatura cerca de 1.500 milhões de euros, essencialmente no mercado interno, já que as exportações são ainda residuais mesmo responsável. O trigo e a cevada produzidos na Península Ibérica foram afetados pela falta de chuva no inverno, enquanto a cultura do milho, que vai agora arrancar, já beneficiará de mais humidade e alguma precipitação, equaciona a IACA. Produção nacional não assegura todas as necessidades desta indústria A produção de alimentos compostos (misturas de milho, trigo, ou

oleaginosas com vitaminas e outros nutrientes) para animais feita pela centena de empresas produtoras em Portugal é assegurada pelo recurso a matérias-primas importadas em cerca de 80%, dos quais a maioria são cereais. Trata-se de um subsetor de atividade com pouca tendência de exportação, já que todas as 4,2 milhões de toneladas de alimentos compostos produzidos em Portugal são consumidas internamente. Mas a indústria reconhece que, "se houver oportunidade, querem apostar mais em Espanha e nos PALOP". Para tal, necessitam ainda de algum apoio institucional para o fomento do comércio de animais e carne, que representa, normalmente, a principal atividade dos grupos detentores destas empresas, sublinha a IACA. É este também o caso da Racentro (ver caixa na pág. 34), uma das maiores empresas nacionais de produção de alimentos compostos, que apenas no ano passado começou a exportar. O mercado escolhido foi São Tomé e Príncipe, "onde queremos crescer este ano", adianta a diretora-geral da empresa, Teresa Duarte. Apenas no nicho da alimentação para animais de estimação é que as empresas têm maior capacidade exportadora, adianta a IACA. Mas estas não são mais do que meia dúzia no mercado nacional, exportando para países como a Rússia e Israel, PALOP, Norte de África, mas sobretudo para Espanha. "Espanha é um grande cliente e um grande fornecedor", conclui Jaime Piçarra, que se mostrou, por isso, muito preocupado com as consequências da paralisação dos transportadores em Espanha e o impacto da greve na economia portuguesa. No caso das rações para gado e outros animais de criação, embora as exportações portuguesas sejam incipientes, a IACA espera que os produtores tenham condições para assegurar a sustentabilidade da atividade. Há ainda outro fator de peso que é o ABRIL DE 2022

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grande tema gran tema

Racentro inicia exportação pelos PALOP

A Racentro é "uma empresa de referência no mercado nacional, focada na produção e distribuição de alimentos compostos para animais", pertencente ao grupo Lusiaves. "A Racentro prima não só pela vasta gama de produtos, mas também pela modernização tecnológica das suas linhas de produção, sendo, a nível nacional, a unidade com maior capacidade produtiva instalada e uma das mais evoluídas do setor", destaca Teresa Duarte, diretora-geral da empresa. Para atingir esta performance, a empresa "tem investido, permanentemente, na inovação, implementando modernos sistemas de automação e recursos digitais, que permitem o rastreamento contínuo e total dos produtos". Em termos de mercados-alvo, a empresa produz essencialmente para clientes portugueses. Numa incursão fora de Portugal continental, o Arquipélago da Madeira é outro dos mercados onde a Racentro estima crescer. "Pretendemos também fornecer as nossas ilhas, processo já iniciado este ano, com o fornecimento de ração para o Funchal". "Estamos muito virados para o mer-

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cado nacional. No entanto, iniciámos no ano passado exportações para o mercado de São Tomé e Príncipe, onde queremos crescer este ano". Quanto à produção em concreto, "traçámos um objetivo de crescimento no mercado livre [lojas, revendedores e outros clientes além do grupo Lusiaves] e um alargamento da nossa gama de produtos" comercializados, adianta a mesma gestora. "Os próximos tempos serão bastante desafiantes para as empresas produtoras de alimentos compostos. Dos grandes desafios que se vislumbram no horizonte, podemos destacar as questões relacionadas com a disponibilidade de matérias-primas, a sustentabilidade ambiental, a eficiência energética e a digitalização de processos", enumera. "A disponibilidade de matérias-primas deixará de ser uma certeza. O impacto cada vez mais notório das alterações climáticas na produtividade das colheitas, juntamente com uma demanda crescente levará a uma maior pressão nas cadeias de fornecimento. Nesse sentido, será necessário apostar em estratégias que minimizem esta exposição, pela via de utilização de novas matérias-primas, pelo aumento

da capacidade de aprovisionamento e por uma melhor digestibilidade do produto acabado", preconiza a responsável. Ao nível do desafio da sustentabilidade ambiental, Teresa Duarte considera que "o compromisso com a questão ambiental será um requisito incontornável. Teremos que ter em mente que será para fazer sempre mais e melhor. A quantificação da 'pegada' ecológica dos produtos finais, a garantia de que são utilizadas matérias-primas provenientes de zonas sem risco de desflorestação e respeitadoras de boas práticas produtivas, a redução dos recursos hídricos e de emissões gasosas serão desafios cada vez mais presentes no nosso dia a dia". Por outro lado, "face aos crescentes encargos com o fornecimento de energia, impõe-se nos próximos tempos uma constante procura por sistemas e equipamentos que promovam uma maior poupança e eficiência de energia", considera Teresa Duarte. Por último, o desafio tecnológico: a empresa continuará o seu "investimento na digitalização de processos, com o objetivo constante de maior produtividade na organização". Apesar das dificuldades que se avizinham para este subsetor, a gestora procura ser otimista quanto à capacidade de adaptação das empresas e relembra o passado recente. "Como se pôde comprovar durante a pandemia que atravessámos, o setor não só não parou, como mostrou uma extraordinária resiliência e um crescimento constante. Apesar de todas as dificuldades que encontrámos até agora e de novas que possam vir a surgir, podemos afirmar que este crescimento e esta capacidade de adaptação é o mindset a manter, não só nos próximos meses, mas também nos próximos anos", conclui ainda Teresa Duarte.


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Petmaxi aposta em várias gamas de rações para animais de companhia A petMaxi é uma empresa de pet food , ligada ao grupo Rações Zêzere, e produz alimentos secos de várias gamas para cães e gatos. Nascida há sete anos, numa altura em que "50% da ração para animais de estimação consumida em Portugal era importada, maioritariamente de Espanha". Assume-se como um "projeto pioneiro em Portugal, no fabrico de rações premium e super premium" e com o objetivo de liderar este mercado. Em entrevista à "Actualidad€", Luís Guilherme, administrador e CEO da petMaxi, frisa que esta é uma "fábrica moderna e certificada para a produção de alimentos secos para cães e gatos, com capacidade de produção de alimentos sem cereais e com introdução de ingredientes frescos". "Iniciámos a atividade no mercado em 2015 e, desde então, temos vindo a crescer de forma sustentada em todos os segmentos. Quer as marcas económicas, como o Campeão, Rufia, EnergyPet e Domus; a marca happyOne, e as marcas premium e super premium – happyOne Premium e happyOne Mediterraneum, disponíveis no canal profissional e especializado, todas têm vindo a crescer ao longo destes sete anos".

A empresa sedeada em Ferreira do Zêzere exporta, atualmente, "para mais de 30 países, incluindo para Espanha, onde ainda existe espaço para crescer nos vários segmentos de mercado". A petMaxi está, ainda, atenta à possível entrada em novos mercados. "Este ano, vamos voltar a marcar presença na Interzoo [na Alemanha], a maior feira mundial do setor pet , para disponibilizar o fornecimento das nossas marcas para os mercados que demonstrarem interesse", adianta o mesmo administrador. A empresa fechou o ano de "2021 com uma faturação perto dos 30 milhões de euros". Mas o futuro próximo apresenta diversas "nuvens" a pairar sobre esta atividade. "Como qualquer outro setor, numa fase de incerteza mundial, não conseguimos fazer qualquer previsão de evolução. Sabemos apenas que continuamos ao lado dos

nossos clientes e tudo faremos para manter a sua satisfação", afirma Luís Guilherme. "Temos a vantagem de ter várias marcas, desde as mais económicas até ao super premium, o que nos permite ter várias soluções para os nossos clientes", destaca. "Ao longo destes sete anos, conseguimos a reputação de marcas com garantia de qualidade e serviço de parceria e proximidade, o que tem sido valorizado pelos nossos parceiros, e que pretendemos continuar a manter", frisa ainda Luís Guilherme. A empresa integra o universo da Rações Zêzere, grupo com 40 anos, que produz e comercializa desde cereais, a misturas e alimentos compostos para animais de criação, mas também derivados de ovos. Dentro das rações, tem aínda uma área de produtos biológicos. Entre as suas participadas mais conhecidas, estão ainda a Derovo e a Zêzerovo.

"facto da alimentação representar 70 a da ou o milho "em apenas uma semana Mercados alternativos de forne80% dos custos de uma produção agro- [terceira semana de março], devido à cimento podem vir do continente pecuária", o que significa que esta é uma Ucrânia". A Ucrânia fornece cerca de americano componente muito importante e que as 20% do milho consumido a nível munAinda de acordo com a IACA, oscilações de preço das matérias-primas dial e, no caso da indústria nacional, 30 "isto é um estrangulamento enorme. influenciam muito o custo produtivo. a 40% do aprovisionamento de milho Temos de arranjar alternativas, dentro Jaime Piçarra sublinha a escalada nos feito pelos produtores de alimentos para da Europa e América do Sul e do Norte. preços dos cereais como o trigo, a ceva- animais de criação. Esperamos que estes países não fechem ABRIL DE 2022

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Ovargado exporta para outros mercados da Europa, e ainda para África e Médio Oriente A Ovargado é uma das maiores empresas em Portugal no subsetor da produção e comercialização de alimentos para animais. Com duas fábricas em Ovar– uma de produção de alimentos para espécies zootécnicas que entram na cadeia de alimentação humana (aves, bovinos, coelhos, ovinos, caprinos, suínos e equinos) e onde também se produzem extrusados vegetais, e uma segunda unidade dedicada ao fabrico de rações para animais de companhia (cães, gatos, aves ornamentais, roedores e peixes)–, a Ovargado não tem participadas de criação de animais. "Todos os alimentos que produzimos são vendidos a distribuidores, revendedores e cadeias de distribuição tanto para Portugal como para outros países. Exportamos para o mercado Europeu, Africa e Médio Oriente", revela Lígia Pode Coelho, CEO da Ovargado. Quanto à expansão para novas regiões, afirma que "considerando a atual conjuntura internacional, não estamos focados em prospetar novos mercados. Estamos focados no crescimento dos mercados onde já temos parceiros". Esta empresa industrial comercializa várias marcas próprias, sendo a mais conhecida a InterNutri, e também produz sob "marca de cliente– alias, 30% da nossa capacidade de produção está alocada

as suas exportações, o que obrigaria a limitar a alimentação animal", a qual é condicionada face às necessidades alimentares das populações. A Ucrânia e o Brasil são os principais fornecedores destas matérias-primas, estando também agora a crescer o mercado norte-americano, devido ao levantamento de algumas taxas às importações de milho que exitiram 36 ACT UALIDAD€

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ao private label", enquadra a gestora. Quanto ao futuro próximo, reina a incerteza. "Vivemos um período de 'ses' e 'mas', o que dificulta a tomada de decisões estratégicas a médio e longo prazo para empresas da nossa dimensão. Penso que o grande desafio para os próximos tempos é chegarmos lá, ao mesmo patamar em que estamos hoje! O desafio imediato é assegurar o integral funcionamento das fábricas e o abastecimento dos clientes!", comenta a gestora. Gerir todos estes constrangimentos que se arrastam nas últimas semanas não tem sido tarefa fácil. Lígia Pode Coelho sublinha que para estas empresas os desafios ainda se irão avolumar, referindo nomeadamente o facto de terem

que "lidar com as dificuldades de tesouraria provocadas pelo impacto da subida dos custos, e que não foi ainda totalmente repercutido nos preços de venda; a greve dos transportadores espanhóis, que está a pôr em causa o abastecimento do nossos setor; garantir a continuidade no abastecimento de matérias-primas, material de embalagem, materiais de reposição e manutenção, que se faz a um ritmo completamente diferente do período pré-pandemia e pré-guerra". Questionada sobre perspetivas de crescimento, afirma: "como poderemos crescer neste contexto económico, financeiro e social? Acredito que, mediante a evolução da guerra na Ucrânia, 2022 será um ano de manutenção e não de crescimento".

entre a União Europeia e os EUA no o transporte das mercadorias. O resmandato de Donald Trump. "Portugal ponsável sublinha que no último ano e Espanha, em termos proporcionais os custos do gás natural mais do que dada a dimensão de cada um dos dois quadruplicaram, o que, considera ser mercados, são os países que mais usam "incomportável". milho na Europa", realça Jaime Piçarra. Outro dos constrangimentos que o Pet food a crescer subsetor enfrenta advém dos custos do As rações pet registaram um grande gás natural para o processo produtivo crescimento com a pandemia, pois e dos preços dos combustíveis para muitos portugueses adotaram ani-


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mais para companhia. Neste caso, a produção interna garante metade do consumo de rações realizado por estes pequenos animais (cães, gatos e outros). A alimentação pet representa um mercado global (indústria e comércio) de mais de 500 milhões de euros. No entanto, uma das principais empresas deste nicho de mercado considera que a pesada fiscalidade também trava o seu crescimento. "A taxa de IVA aplicada – 23%–, ao lado de Espanha, onde se aplica a taxa mínima – 10%–, é um constrangimento para o qual temos alertado desde a nossa implementação no mercado", salienta Luís Guilherme, administrador e CEO da petMaxi (ver caixa na pág. 35). O gestor aponta, ainda, como grande constrangimento ao crescimento para os próximos meses "a disponibi-

lidade e preço da matéria-prima, bem como a previsível diminuição do poder de compra dos tutores de animais", depois de terem sido tantos os portugueses que adotaram animais durante a pandemia. Também Teresa Duarte alerta para algumas das dificuldades com que estas empresas se deparam. "Neste momento, atendendo à situação que se vive, um dos maiores constrangimentos está relacionado com a escalada de preços, quer da energia quer das próprias matérias-primas". A Ovargado (ver caixa na pág. 36) vai mais longe na análise às origens das atuais dificuldades destas empresas: "sem qualquer sombra de dúvidas, o grande constrangimento do nosso setor é a dependência no fornecimento de matérias-primas. Portugal, à semelhança de outros países europeus, nunca foi autos-

suficiente na produção de cereais, importando grande parte dos cereais e oleaginosas utilizados na produção de alimentos compostos para animais. Dados divulgados recentemente, referem níveis de aprovisionamento em Portugal na ordem dos 10%. Em 2018, o nível estava nos 20%. Caminhámos, nos últimos anos, no sentido oposto. A pandemia e a seca serão certamente os principais motivos apontados para esta situação, no entanto, penso que este problema tem uma origem muito anterior, nomeadamente na Política Agrícola Comum, que, acredito eu, tanto por razões políticas como socio-culturais, determinaram a sentença da agricultura, pecuária e pescas do nosso pais", afirma Lígia Pode Coelho, CEO da Ovargado. "Esta dependência não fragiliza somente o nosso setor. Fragiliza o país, pois PUB

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o que está em causa é a capacidade de alimentar diariamente os milhões de animais que temos em Portugal, e, consequentemente, a população. Este é um assunto que deve estar no topo da agenda política", salienta ainda. "Outro grande constrangimento sentido no nosso setor, é o peso da energia e dos combustíveis. Apesar de os preços terem começado a subir no ano passado, desde o início do conflito entre a Rússia e a Ucrânia a evolução dos preços da energia e dos combustíveis está a tornar-se completamente insustentável. Geralmente, o peso destes fatores no custo dos produtos rondava os 10-13%, atualmente já ultrapassa os 20%. Particularmente, o aumento dos combustíveis afeta duplamente o nosso custo, tanto no aprovisionamento de matérias, como na entrega dos produtos". Por outro lado, "outro constrangimento que começa a ter cada vez mais importância é a falta de mão de obra disponível para trabalhar" neste subsetor, acrescenta a gestora da Ovargado. Todas as três empresas entrevistadas são fabricantes de referência, em Portugal, nos respetivos segmentos onde atuam. Entretanto, outras empresas contactadas, mas que não quiseram dar entrevistas em on, revelaram que a 38 ACT UALIDAD€

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Segundo sublinha Jaime Piçarra, existem alterações legislativas e desafios para este mercado, sobretudo ao nível da sustentabilidade, mas a indústria portuguesa tem sabido adaptar-se. Enquanto coordenador dos assuntos de Política Agrícola da FEFAC e seu representante em Grupos de Diálogo Civil da DG AGRI (Comissão Europeia), Jaime Piçarra tem intervindo, nomeadamente, nos dossiês da sustentabilidade, onde se inclui o guia sobre a importação de soja "responsável", ou seja, obedecendo a critérios ambientais rigorosos e certificados. Neste âmbito, está a ser desenvolvido um projeto de soja responsável no estado brasileiro de Mato Grosso. No entanto, segundo Jaime Piçarra, muitas empresas nacionais necessitam O segmento da pet de mais tempo para se adaptar às novas regras de importar apenas soja food é o que tem de origem responsável. maior capacidade A IACA tem uma colaboração com o FeedInov, laboratório colaborativo exportadora, sendo com empresas, universidades e entiEspanha o principal dades públicas ligadas à investigação e inovação, para responder a estes destino novos desafios, que incluem ainda o bem-estar animal e a redução de antiescassez de alguns cereais, sobretudo bióticos, para além da inovação nos o milho, está a ser dramática para a aditivos, entre outros, centrando-se na sua atividade, tendo já suspendido economia circular e na alimentação várias encomendas. Além dos cereais, de precisão. faltam ainda oleaginosas e mesmo Nas negociações comunitárias, exissuplementos importantes para estes te ainda uma convergência de posicompostos alimentares. ções entre Portugal, Espanha, França Os 60 sócios da IACA, com as e Itália, já que os países do Sul, por suas 70 fábricas, representam cerca de exemplo, "são mais dependentes de 80% da produção de ração do mer- cereais do que o resto da Europa". cado nacional. Quanto à origem das Jaime Piçarra, que é, igualmente, empresas, são maioritariamente de vice-presidente do Comité Alimentos capitais portugueses, existindo ainda Compostos da FEFAC, sublinha algumas empresas espanholas e mais ainda que "há uma proximidade duas ou três de outras nacionalidades. muito grande da IACA com a conJá no nicho do fabrico de aditivos, são génere espanhola, a CESFAC", com sobretudo multinacionais químicas. as duas associações a articular os seus Esta associação é uma das principais interesses junto das instâncias comurepresentantes dos interesses do subse- nitárias e europeias. tor junto do Governo ou da Comissão Das várias empresas contactadas Europeia, através da Federação para abordar este tema, algumas Europeia de Fabricantes de Alimentos recusaram conceder a entrevista "por Compostos para Animais (FEFAC). causa da guerra" na Ucrânia. 


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ADVOCACIA E FISCALIDADE

aBOGACÍA Y FISCALIDAD

Antas da Cunha Ecija integra a Lencastre Advogados, sendo a sua terceira fusão em dois anos

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Antas da Cunha Ecija anunciou uma nova fusão no norte do país. Dois anos depois de ter absorvido a Vieira Advogados e 10 meses após a incorporação da Jorge Carneiro & Associados, a firma liderada por Fernando Antas da Cunha (na foto) integra agora a Lencastre Advogados, reforçando as suas áreas de atuação. A Lencastre Advogados é uma sociedade de advogados portuense, com cerca de 40 anos de atividade, focada essencialmente nas áreas de contencioso e direito dos seguros. Com esta fusão, o escritório do Porto da Antas da Cunha Ecija passa a contar com a colaboração de 24 advogados e quatro administrativos. “Estamos muito entusiasmados com esta integração que, não só prestigia o escritório do Porto, como a sociedade, em geral. Nos últimos meses, a nossa área de Contencioso registou um crescimento muito expressivo, especial-

mente a norte, quer no que toca ao volume de trabalho, quer no que respeita à complexidade dos assuntos que nos foram confiados. Nesse sentido, a integração da Lencastre Advogados surge com naturalidade, por se tratar de um escritório com reconhecidas valências nessa área específica, especialmente nas vertentes do contencioso civil e do direito dos seguros”, segundo comentou Fernando Antas da Cunha, managing partner da Antas da Cunha Ecija, em comunicado. Com a integração da Lencastre Advogados, a Antas da Cunha Ecija & Associados passa a contar, no total, com uma equipa composta por mais de 100 colaboradores. Filipa Lencastre integra a Antas da Cunha Ecija na qualidade de of counsel , adianta a “Advocatus”. Com cerca de uma década e meia de experiência, centra a sua prática

nas áreas do contencioso, direito da família, laboral e compliance . De acordo com a mesma publicação, além de Filipa Lencastre, integram também a Antas da Cunha Ecija como associadas séniores Ana Luísa Neves, Márcia Rodrigues, Cristina Santos Sancho e Sofia Rothes Barbosa, bem como o associado António Lencastre e ainda Rita Carvalho de Sousa (como estagiária) e Carla Matos ( business team). 

Ruth Breitenfeld premiada nos “Inspira Law Women Lawyers - Iberian Lawyer”

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uth Breitenfeld, vice-presidente da Cepsa Portuguesa, foi uma das advogadas distinguidas no âmbito dos “Inspira Law Women Lawyers - Iberian Lawyer”, atribuídos pela publicação internacional “Iberian Lawyer”, como uma das 50 melhores advogadas da Península Ibérica. Criada pela “Iberian Lawyer”, a Inspira Law é uma iniciativa que tem como objetivo reconhecer advogadas de excelência, por forma a inspirar e promover o papel feminino no setor legal de Portugal e Espanha. A publicação recebeu centenas de nomeações e candidaturas na sexta edição destes prémios, que mais uma

vez evidencia o trabalho de advogadas in-house ou integrantes de sociedades privadas. Para a sua sexta edição, a “Inspira Law” distinguiu 50 mulheres com base nos seus conhecimentos técnicos, capacidade de liderança, experiência em resolução de problemas, ética de trabalho, capacidade de comunicação, serviço ao cliente e conhecimentos da indústria. A cerimónia de entrega de prémios da “Inspira Law” teve lugar há algumas semanas em Madrid, onde esteve presente Ruth Breitenfeld (na foto) e as outras advogadas distinguidas nesta edição de 2022.  Textos Clementina Fonseca cfonseca@ccile.org Foto DR

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aBOGACÍA Y FISCALIDAD

ADVOCACIA E FISCALIDADE

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ciência e tecnologia

Ciencia y tecnología

Volt-e fornece mobilidade elétrica por medida Foi para responder às necessidades de carregamento de baterias para veículos elétricos que Júnior Braga criou a Volt-e, em 2018, em Braga. O CEO garante que a inovação na empresa é contínua e conta em que novas soluções estão a apostar. Reduzir a pegada ecológica é um dever cívico, pelo que a mobilidade elétrica tem estar ao alcance de todos, defende.

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Texto Susana Marques smarques@ccile.org Foto DR

om o objetivo de poupar custos e minimizar o impacto negativo no ambiente, Júnior Braga, decidiu substituir a frota da empresa têxtil do pai, José Braga, por veículos 100% elétricos. Deparou-se com uma lacuna: o carregamento. “Era necessário criar soluções que permitissem uma autonomização face às escassas ofertas de carregamento, até então pouco preparadas para dar resposta às necessidades de empresas com frotas totalmente elétricas”, recorda o fundador e atua CEO da Volt-e, explicando que foi a consciência dessa necessidade que o fez apostar no negócio das soluções de carregamento de baterias de veículos elétricos. O empresário percebeu que diferentes veículos exigiam diferentes soluções: “A missão passou acima de tudo por garantir que os veículos tivessem a melhor performance possível, revolucionando ao mesmo tempo o mundo automóvel, ao diminuir o número de carros movidos a combustíveis fósseis, minimizando o impacto ambiental. E foi assim que a Volt-e se assumiu, desde a sua génese, como uma empresa inteiramente especializada no fornecimento de qualquer tipo de carregadores destinados à mobilidade elétrica. A visão da Volt-e passa por adaptar a solução de carregamento às necessidades de cada utilizador, tendo em conta caraterísticas como a potência e o modelo de cada veículo, seja num

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carregamento doméstico, empresa- cial, ou situações em que o carrerial, na rede pública, integrando a gamento possa acontecer de forma rede MOBI.E, ou mesmo num car- mais lenta, como por exemplo parques de escritórios, habitações, regamento portátil.” A empresa emprega mais de uma condomínios, entre outros”, infordezena de colaboradores, “em áreas ma o empresário, assinalando que que vão desde o desenvolvimento fornecem “todo o tipo de carregade software e produto, avaliação, dores para todo o tipo de clientes” manutenção, instalação e área co- e que o objetivo é “abarcar toda mercial”, detalhar o gestor, acres- a gama de carregamento”. O que centando que “na Volt-e há sobre- move a empresa é “perceber as netudo o aconselhamento, a formação cessidades de quem compra um e a proximidade em cada uma das veículo elétrico, seja ele para uso diferentes etapas”. A principal es- pessoal, ou profissional, e enconsência da Volt-e é “ser uma janela trar a reposta certa, num caminho aberta para o conhecimento nesta continuo rumo à inovação”. área, esclarecendo eventuais dúviJúnior Braga criou a marca de das e desmistificando conceitos”. carregadores Volt-e e lançou em As soluções integram “opções de simultâneo uma empresa TVDE carregamento mais rápido, para com veículos 100% elétricos. locais em que o tempo de perma- “Está a correr conforme o que foi nência seja de curta duração, como projetado”, comenta o gestor. um parque de um centro comerO fundador da Volt-e destaca a


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criação de “uma solução inovadora que permite às empresas assumirem legalmente o pagamento dos carregamentos elétricos realizados no domicílio dos seus colaboradores”, bem como “uma solução que permite rentabilizar carregamento de veículos elétricos com recurso a energia fotovoltaica”. A empresa “já fez chegar ao mercado as mais diversas soluções de carregamento em carga DC de baixa e alta potência para empresas, frotas e rede pública”. O atual desafio é “a construção de estações de carregamento em aço inox, novo modelo de carregamento na via pública”. A Volt-e “assume-se como um dos principais players do setor, destacando-se pela qualidade e diversidade de produtos, adaptados às caraterísticas de cada veículo e às necessidades do seu utilizador, chegando atualmente a países como Espanha, Suíça, Irlanda, Alemanha, Kuwait e Dubai, com vontade de seguir caminho e continuar”, sublinha Júnior Braga, acrescentando que “os mercados externos representam cerca de metade das vendas da empresa, que pretende reforçar a sua presença internacional com a entrada na América Latina e em África. Fez, recentemente, as primeiras vendas para o Quénia”. A mobilidade elétrica irá crescer e com ela as necessidades de soluções mais eficientes de carregamento. A Volt-e quer estar na linha da frente deste negócio, observa o CEO: “O carregamento aumenta à medida que existem mais carros elétricos. A nossa principal missão é criar soluções ao ritmo do mercado, cada vez mais adaptadas às necessidades de cada empresa e consumidor, mas também às tendências ditadas pela indústria. É nessa quota de mercado que queremos posicionar-nos, sentir que estamos efetivamente a suprir necessidades específicas, sejam elas de nicho ou não.” Enquanto “referência no setor do

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carregamento elétrico em Portugal a missão de tornar as empresas pore no mundo, a Volt-e continua a tuguesas mais verdes e ecologicadesenvolver soluções de software mente responsáveis”, sempre com inteligentes a partir do seu labora- a meta da neutralidade carbónica em perspetiva. Júnior Braga explitório de inovação em Braga”. Com a nova linha de estações de ca o projeto: “Como uma empresa carregamento de última geração, a com forte missão ecológica, temos empresa responde às necessidades como ambição incentivar as emdas principais marcas petrolíferas presas e os empresários a tomarem nacionais, nota Júnior Braga: “ Um decisões conscientes. Foi assim que, novo design, maior robustez, au- dos carregadores elétricos, a Volttonomia e adaptabilidade, assim -e evoluiu para uma nova área de como a redução dos tempos de car- negócio, também ela amiga do amregamento e a facilidade de manu- biente. O laboratório de inovação tenção, são algumas das principais começa agora a desenvolver tecnovantagens destas novas estações de logia destinada máquinas de produ40, 60 e 120 KWs. Trata-se de um ção de plástico de enchimento para upgrade aos nossos produtos com embalamento totalmente reciclável. uma base tecnológica de última Estamos num mercado altamente geração que nos permitiu desenvol- digitalizado onde o e-commerce ver um sistema de carregamento de assume uma enorme fatia nos nealta performance. O facto de ter- gócios. Olhámos para o mercado mos uma vasta gama de produtos e tentamos perceber de que forma no mercado e de operarmos dia- poderiam as empresas embalar os riamente com operadores de frota, seus produtos de forma mais rápida, empresas e clientes finais, permite- com um custo menor, reduzindo a -nos ter uma visão abrangente de pegada ambiental. Acreditamos que um mercado em constante evolu- esta é uma área com futuro e estação, em consonância com aquilo mos já a criar uma empresa dentro que é hoje a realidade da indústria do grupo dedicada ao desenvolvi4.0 e da digitalização. Esta é uma mento de soluções e produtos com área de evolução contínua, parar impacto ecológico que apoiem as significa ficar para trás.”. empresas nessa transição importanA Volt-e incorpora peças de te. Um caminho que prova, acima plástico amigo do ambiente nas de tudo, que desenvolvimento susestações e “prepara-se para avan- tentável e desenvolvimento econóçar para uma nova área de negócio mico podem e devem estar do mescentrada na sustentabilidade, com mo lado.”  ABRIL DE 2022

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Ciencia y tecnología

Revolução da conectividade: iremos interagir com dispositivos inteligentes a cada 18 segundos A Vodafone estudou o impacto da conectividade nos cidadãos e apresenta o relatório Connected Consumer 2030 (CC2030), avançando cinco tendências-chave que vão permitir enfrentar os desafios atuais, tais como o impacto das alterações climáticas, a escassez dos recursos naturais e o envelhecimento das populações. O estudo adianta que em 2030 um cidadão comum poderá interagir com um dispositivo inteligente cerca de 4.800 vezes por dia.

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Texto Actualidade actulidade@ccile.org Foto DR

ançado pela Vodafone, em parceria com o The Future Laboratory, o relatório Connected Consumer 2030 (CC2030) “prevê de que forma a inovação nos cuidados interligados, cidades inteligentes, transportes, conectividade ética, sustentabilidade e tecnologia futura ajudarão a resolver os desafios da presente geração e a melhorar a vida quotidiana”. O estudo, divulgado em março pela Vodafone Portugal, conclui que “a revolução da conectividade permitirá que um cidadão comum interaja com um dispositivo inteligente a cada 18 segundos - 4.800 vezes por dia”. Entre os diferentes avanços, “os dispositivos inteligentes que detetam e previnem doenças vão apoiar a indústria de cuidados de saúde de uma forma sem precedentes” e que “nos próximos 10 anos, as casas terão equipamentos que monitorizam proactivamente a saúde dos indivíduos, podendo diagnosticar mais cedo eventuais doenças e possibilitando assim um modelo preventivo de cuidados de saúde que poderia poupar à indústria da saúde 39 mil milhões de euros por ano”. Por exemplo, os espelhos das casas de banho poderão “ser equipados com sensores que verifiquem o fluxo sanguíneo e as alterações anómalas da cor da pele, ou com microfones inteligentes que solicitem automaticamente uma prescrição através da deteção de sons de tosse e de espirros”. Até 2030, os consumidores serão capazes de controlar os seus hábitos de consumo com os seus pensamentos, já que os

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wearable devices serão capazes de ir além do controlo de voz, passando a interagir diretamente com o pensamento do utilizador, sugere o estudo”. Será possível, os utilizadores darem ordens aos seus smart assistants sem ter de falar em voz alta. A sustentabilidade também será favorecida, já que a “natureza conectada” pode conduzir a um terço das reduções globais de emissões necessárias para atingir os objetivos de 2030, assinala o comunicado da Vodafone: “No final da década, a conectividade será incorporada em árvores, campos e até mesmo nos oceanos, permitindo a monitorização do impacto dos esquemas de regeneração e a avaliação de potenciais ameaças. A recolha de dados permitirá também que as cidades inteligentes identifiquem e reponham o excesso de energia, permitindo que a energia e o calor não utilizados dos edifícios sejam redistribuídos pelas casas ou espaços públicos circundantes. A conectividade será fulcral para alcançar os objetivos de sustentabilidade, juntamente com ferramentas que ajudam os consumidores a tomar decisões mais conscientes, tais como a criação de “certidões de nascimento” digitais que mostram os movimentos e origens dos produtos para avaliar a sua pegada ambiental.” No que se refere à mobilidade, “os veículos autónomos utilizarão hologramas e inteligência artificial para criar espaços de retalho automóvel”. Espera-se que “o impacto do PIB da conectividade nos transportes atinja os 241 mil milhões de euros até 2030”. Por exemplo, “utilizando ho-

logramas imersivos, as marcas de e-commerce poderão mostrar as suas últimas coleções aos passageiros enquanto viajam, permitindo que os clientes passem pelos produtos e até sejam deixados num local de retalho para fazerem uma compra”. Neste contexto, “os dados pessoais tornar-se-ão uma nova forma de moeda”, observa a Vodafone, explicando que “à medida que a consciência em torno do valor dos dados pessoais cresce, os futuros consumidores exigirão serviços e experiências personalizados em troca dos mesmos”. Acresce que “com 44% das pessoas a nível mundial a preferirem renunciar o conteúdo personalizado ao invés de partilhar informação, o relatório prevê que os dados pessoais se tornem uma moeda que as marcas terão de pagar ou oferecer em troca de uma experiência elevada”. Lutfu Kitapci, diretor geral da Vodafone Smart Tech, comenta que “as conclusões do The Connected Consumer 2030 Report destacam a forma como o ritmo de transformação está a crescer, e como estaremos no centro do mesmo com as nossas soluções de conectividade para ajudar governos, empresas e consumidores a enfrentarem os principais desafios da sociedade”. Na mesma linha, Chris Sanderson, co-fundador do The Future Laboratory, considera que nos espera “uma década de mudanças exponenciais”, uma vez que “a conectividade é a chave para esta transformação, ajudando-nos a ser disruptivos e a redefinir aquilo de que a sociedade é capaz”. 


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Vinhos & Gourmet

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Exportações de vinhos portugueses continuam a crescer

As vendas de vinhos portugueses para o exterior ultrapassaram os 925 milhões de euros no ano passado, o que traduz um crescimento de 8,11% face ao período homólogo de 2020, de acordo com os números reportados pela ViniPortugal. Frederico Falcão, presidente do organismo, acredita que as exportações continuarão a crescer e avança algumas alterações na estratégia de promoção, face à atual insegurança no leste europeu.

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Texto Susana Marques smarques@ccile.org Fotos DR

ViniPortugal, Associação Interprofissional do Vinho, que promove a imagem de Portugal enquanto produtor de vinhos, através da marca “Vinhos de Portugal/Wines of Portugal”, chegou a apontar o ano de 2022 como aquele em que as exportações de vinho português ultrapassaria pela primeira vez os mil milhões de euros, no entanto a guerra na Ucrânia, obriga a rever a estratégia de promoção dos vinhos portugueses e abala o otimismo relativamente aos números. Portugal foi em 2021 o quinto fornecedor de vinho para o mercado russo, que apresentava sucessivos cres-

Foto Shutterstock

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cimentos na importação de rótulos portugueses. Frederico Falcão, presidente da ViniPortugal, sublinha a representatividade deste mercado: “As exportações diretas para o mercado Russo atingiram os 10,98 milhões de euros em 2021(+34,50%), representando 1,19% das nossas exportações totais. No entanto, temos conhecimento que muita exportação para países periféricos da Rússia têm como destino final este último país. Estimamos que a Rússia importe anualmente, direta e indiretamente, cerca de 35 milhões de euros de vinho português. O Vinho do Porto, a região dos Vinhos Verdes e o Alentejo são as principais regiões exportadores para a Rússia, em exportação direta.” Desconhecem-se ainda quais as implicações que a gerra na Ucrânia terá no crescimento nas exportações do setor vinícola: “As exportações diretas para o mercado ucraniano atingiram os 3,3 milhões de euros em 2021, representando 0,36% das nossas exportações totais. Ainda estamos a analisar o impacto de queda dos dois mercados (russo e ucraniano). Antes desta situação a previsão era de crescimento entre 5-6%,

sendo neste momento uma incógnita. Tudo dependerá do impacto em outros países e do tempo de resolução do conflito.” Recorde-se que as exportações de vinho português têm batido sucessivos recordes. De acordo com os dados divulgados pela ViniPortugal, “em 2021 registou-se um aumento de 8,11% em valor nas exportações comparativamente com o período homólogo de 2020, tendo ultrapassado os 925 milhões de euros”. Este valor corresponde a 328 milhões de litros de vinho, segundo informa o Instituto do Vinho e da Vinha (IVV). A ViniPortugal salienta “o crescimento das exportações nos mercados dos Estados Unidos da América (+13,08%), alemão (+13,46%) e brasileiro (+8,65%)”, em contraste com as quebras nos mercados angolano e sueco, que “registaram decréscimos de, respetivamente, -7,4% e -4,06%”. Relativamente aos mercados que têm sido palco de ações de promoção da ViniPortugal, “a Polónia foi o país que registou um maior crescimento percentual, aumentando 19,54% no ano de 2021 (ultrapassando os 30,98 milhões de euros), seguida pela Alemanha que aumentou 13,46% (ultrapassando os 54,67 milhões de euros) e Dinamarca, com um aumento de 6,68% (para os 22,97 milhões de euros)”. De realçar a recuperação das vendas para o mercado chinês: “Para a China foram exportados 14,27 milhões de


vinos & Gourmet

euros, um crescimento de 9,55% face a 2020 e uma recuperação, dado que em 2020 este mercado tinha decrescido”. Frederico Falcão faz um balanço positivo do ano de 2021: “Estamos bastante satisfeitos com estes resultados. Este grande crescimento das vendas em valor (de 8,11%) quase duplicou o crescimento de 2020, com grande crescimento em novos mercados, mas também um grande crescimento das exportações para os nossos mercados tradicionais.” A guerra na Ucrânia obriga a uma revisão da estratégia de promoção para 2022, observa Frederico Falcão: “A ViniPortugal tinha previsto um orçamento total de 8,3 milhões de euros, com investimentos em 21 mercados, incluindo Portugal. A nova situação política e militar na Rússia e Ucrânia impede-nos de realizar ações de promoção nesses dois mercados em 2022, pelo que iremos alocar as verbas previstas para estes dois mercados nos demais mercados do plano. Vamos reforçar o investimento em outros países, estando a avaliar as alternativas que temos ao dispor. Os mercados previstos são EUA, Canadá, México, Brasil, Angola, China, Japão, Coreia do Sul, Polónia, Alemanha, Suíça, Bélgica, Reino Unido, Suécia, Noruega, Dinamarca, Espanha e França.” Em nota dirigida aos exportadores de vinhos de Portugal, a que a agência Lusa teve acesso, o IVV indicava que os produtores, exportadores, associações interprofissionais e representativas e comissões vitivinícolas com ações promocionais previstas para este ano na Rússia e na Ucrânia podem realocar esses investimentos noutros mercados, anunciou o Instituto da Vinha e do Vinho: “Queremos ressalvar que estão, desde já, garantidas as condições para, em sede de pedido de modificação, todos os produtores, exportadores, associações interprofissionais e representativas e comissões vitivinícolas

com ações promocionais previstas na Federação Russa e na Ucrânia em 2022 poderem, em alternativa, realocar esses investimentos noutros mercados de países terceiros.” O IVV compromete-se em “ facultar alternativas de investimento nos mercados, através dos apoios consubstanciados no Plano Nacional de Apoio ao Setor Vitivinícola (PNASV)”, acrescentando que no que se refere aos Planos de Promoção para Países Terceiros, no âmbito das candidaturas submetidas ao Programa 1/22, foram contabilizadas atividades promocionais na Rússia e na Ucrânia que totalizam “cerca de 1.150 milhões de euros de investimento”. Entre as alternativas apontadas pelo IVV estão Brasil, EUA e

Vinhos & Gourmet

Canadá, que “continuam a demonstrar uma enorme abertura para as exportações nacionais” estão entre “os mercados prioritários para as exportações dos vinhos nacionais”, já que “têm ainda franco potencial de desenvolvimento”. O IVV aponta para 2023 a meta dos mil milhões de euros: “O momento é difícil para a Europa e Portugal. Mas não nos fará desviar da rota do bom sucesso quanto aos objetivos estipulados pelo setor para as exportações nacionais, nomeadamente o de atingirmos em 2023 o valor total de 1.000 milhões de euros de exportações.” No período de janeiro a dezembro de 2021 foram exportados 328 milhões de litros de vinho no valor de 925,6 milhões de euros. 

Superavit comercial do setor aumenta Nas contas da consultora Informa D&B, as exportações do setor do vinho em Portugal atingiram os 930 milhões de euros em 2021, o que representa um crescimento de 8,6% face a 2020. Na análise setorial, divulgada em fevereiro, a consultora destaca que o superavit comercial do setor do vinho aumentou para os 770 milhões de euros, já que as importações desceram para os 163 milhões de euros, menos 1,8% que em 2020. Nas exportações, é de realçar o protagonismo dos vinhos licorosos, com um peso de aproximadamente 40% do valor das mesmas. Só o vinho do Porto representa 35% do total das exportações. A produção de vinho também aumentou na campanha 2021-2022 para os “7,3 milhões de hectolitros, mais 14,2% do que na campanha anterior, que tinha registado uma queda de cerca de 2%”. A consultora indica ainda que “as

regiões do Douro/Porto e Lisboa são as mais importantes (20% do volume total cada uma delas), à frente do Alentejo (18%), Minho (13%), e Tejo e Beiras, ambas com 10%.” Em relação à distribuição geográfica dos produtores, “existe uma clara concentração na zona Norte, onde estão sediadas cerca de 43% do número total de empresas, seguindo-se a zona Centro (31%) e o Alentejo (14%)”. O estudo revela que “depois da tendência crescente registada entre 2017 e 2019, o número de empresas em atividade no setor do vinho baixou, situando-se nas 1 373 em 2020 (-1,1%)”. Neste setor, “predominam as empresas de pequena dimensão, mantendo-se o número médio de efetivos por empresa nas 7-8 pessoas desde 2014”. Em 2020, o setor empregava “cerca de 10800 trabalhadores”, o que traduz um recuo face a 2019.

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eventos eventos

UNED inaugura uma nova sede nas instalações da Xuventude da GalizaCentro Galego de Lisboa

A universidade espanhola de ensino à distância UNED dá mais um passo na internalização da sua metodologia de estudo online e semipresencial. A abertura deste novo centro é o resultado de um convénio de colaboração entre a Xuventude da Galiza e o Centro Galego de Lisboa.

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Texto Belén Rodrigo brodrigo@ccile.org Fotos DR

Universidade Nacional de Educação à Distância (UNED) conta com uma nova sede em Portugal, nas instalações da Xuventude da Galiza-Centro Galego de Lisboa. É o segundo espaço desta universidade em Portugal, onde já conta com outra sede no Porto. Durante a inauguração do centro lisboeta, o reitor da UNED, Ricardo Mairal (na foto em baixo, à dir, tendo a seu lado Alvaro Muiños e Antonio Miranda), sublinhou que dois dos objetivos estratégicos essenciais são potenciar a figura dos Centros UNED, em Espanha e dentro do mundo, e internacionalizar o nosso compromisso institucional com a universalização da Educação Superior 48 ACT UALIDAD€

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de qualidade. O centro de Lisboa é o número 21 fora das fronteiras espanholas e com ele “vamos continuar a cumprir a nossa missão social e vocacional de serviço público sem importar o lugar do mundo onde se encontrem os nossos estudantes”. Tal e como explicou a vice-reitora de Internacionalização da UNED, Laura Alba-Juez (na foto na pág. seg.), “a criação de este centro é mais um passo do Plano Estratégico 20192022, apresentado pelo nosso reitor em 2018”. A internacio-

nalização é “um eixo transversal onde é fundamental levar o nosso ensino, a nossa metodologia e a nossa investigação mais além das fronteiras de Espanha”. Ressaltou também o tra-


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balho que estão a fazer para cumprir dito objetivo “porque acreditamos na importância do contato internacional e das bondades que se obtém com o diálogo entre instituições, universidades ou pessoas de diferentes pontos do planeta”. Para o presidente de la Xuventude da Galicia-Centro Galego de Lisboa, Álvaro Moreira, esta abertura é “um desafio partilhado em favor da divulgação da cultura galega e espanhola”. Espera que esta colaboração ofereça aos mais jovens uma formação para afrontar o futuro. O secretário-geral de Emigração da Xunta, Antonio Rodríguez Miranda (na primeira foto da pág. ant., entre Miguel Seco, ex-presidente do Centro Galego e atual presidente da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Espanhola, e de Juan Francisco Montalbán), espera que a colaboração entre Administrações públicas e entidades “permite oferecer mais e melhores serviços aos nossos cidadãos no exterior, e espe-

cialmente à juventude”. Desta foram, são oferecidos novos

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serviços, como conseguir a titulação espanhola, que “pode favorecer o retorno dos galegos que vivem em Portugal”. Durante a sua intervenção, o mesmo responsável quis agradecer à UNED a escolha desta entidade que agrupa a coletividade galega, como parte da espanhola em Portugal. Um centro que “ajuda a conectar com os espanhóis no país, através das instituições que historicamente junta-lhes e que nasceram para ajudar à comunidade”. O ministro conselheiro da Embaixada de Espanha em Portugal, Juan Francisco Montalbán, considera que a abertura dos dois centros em Lisboa e Porto a UNED, a maior universidade pública espanhola, “reforça a sua mensagem de internacionalização, a procura da excelência académica e o sue interesse em Portugal para expandir o seu corpo estudantil de diploma universitário e curso superior, os seus programas de investigação e doutoramento e as suas alianças futuras”.  ABRIL DE 2022

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eventos eventos

Los empresarios ibéricos refuerzan el trabajo conjunto en un contexto de gran incertidumbre

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Texto Belén Rodrigo brodrigo@ccile.org Fotos DR

asado lo peor de la pandemia pocos podían imaginar un escenario tan incierto a comienzos del 2022. Cuando la mayoría de los sectores estaban ya en fase de recuperación, e incluso algunos con mejores resultados, a la crisis de las materias primas se ha sumado la de la subida de los combustibles, del gas y de la luz. Y con una invasión rusa en Ucrania que desestabiliza todo e incrementa la gravedad de los citados problemas. “Cada vez es más es necesario estar unidos, hacer un trabajo conjunto, porque si pensamos que solos salimos más rápido, nos olvidamos que, juntos, llegaremos más lejos”, comenzó por referir António Saraiva, el presidente de la Confederación Empresarial de Portugal (CIP), durante la comida organizada por la Cámara de Comercio Hispano Portuguesa (CHP) el pasado

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10 de marzo en la capital española. Tal y como recordó Saraiva, “tenemos retos de distintas soluciones”. Entre ellos “los externos, porque el mundo está muy complicado”, los de la transición climática con todo lo que va a suponer, “costes añadidos que trae, incorporación tecnológica, coste personal…” resaltó el presidente de CIP. Sin olvidar el reto de la digitalización. En este contexto, los fondos comunitarios “van a transformar nuestras economías y modelos económicos. Y eso implica nuevos retos”. António Saraiva recordó también que España y Portugal “deben exigir que las reformas sean transformadoras”. Y que si antes existía una dependencia por la deslocalización ahora es el momento de la reindustrialización. Al hablar concretamente del caso de Portugal, António Saraiva recordó las consecuencias que ha tenido para el

país la crisis de la deuda soberana, seguida de la del covid y actualmente la guerra. “La pandemia nos ha colocado ante el reto de una reducción de facturación y una necesidad de mirar a otros mercados con otros productos”, matiza. La guerra supone también una menor facturación y “un coste brutal de los costes de producción”. La estabilidad política que existe en Portugal “debe conseguir una estabilidad social” y es necesaria “una política fiscal amiga de las inversiones”. Por eso cree que es el momento de realizar “las reformas necesarias: administración pública, justicia y fiscal”. El presidente de la Confederación Española de Organizaciones Empresariales (CEOE), Antonio Garamendi quiso comenzar por recordar el momento del que partía España hace unos años, con la deuda pública al


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98%, y sin la estabilidad política referida por su homólogo luso en relación a Portugal. Con el covid-19, han cambiado muchas cosas, “hemos llegado a endeudarnos al 120% del PIB y hemos hecho políticas populistas con el dinero capitalista de Europa”. Los ERTE, por ejemplo, “fue una medida coyuntural, no estructural” y de los 3,5 millones de trabajadores que estuvieron en esta situación ha pasado a ser actualmente 100 mil. Es decir, “hemos salido adelante con mucho gasto, y era necesario”. Antonio Garamendi considera que la guerra muestra los problemas que ya existían hace tiempo. “Reclamamos unidad y se han hecho cosas mal”. La abierto una hace un año. “Nos han energía, por ejemplo, con una subida cerrado las interconexiones y tenemos imparable “porque Europa gestionó problema de precio, pero no de sumimal las cosas y los tiempos”. En España nistro”, matizó. El año pasado España recordó que ya cerraron once centrales acabó con una inflación de 6,5% y se de carbón cuando en Alemania han está estudiando cómo controla con los

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salarios. “Las empresas están con problemas de solvencia y no se nos puede pedir que se recorten dividendos o que se suban los impuestos”, señaló. En cuanto a los fondos europeos, el presidente de la CEOE no escon-

Encuentro del alcalde de Madrid con la comunidad portuguesa E l alcalde de Madrid, José Luis Martínez-Almeida, fue el invitado de honor de la comida organizada por el Forum dos Portugueses en la capital española, que contó también con la presencia del embajador de Portugal en España, João Mira Gomes (en la foto, de derecha a izquierda, el acalde de Madrid junto al embajador de Portugal en España y al ex-alcalde Álvarez del Manzano.). Un encuentro en el que la comunidad lusa pudo dialogar con el edil e intercambiar algunas ideas y propuestas sobre la gobernanza de la ciudad. MartínezAlmeida, quien mantiene una muy buena relación con el alcalde lisboeta, Carlos Moedas, reconoció ser un gran apasionado de Portugal, país al que visita con frecuencia durante sus vacaciones. Se mostró totalmente disponible para realizar futuros proyectos comunes que permita afianzar aún más la relación entre las dos capitales ibéricas.

Los portugueses pudieron también agradecer al alcalde la buena acogida que la ciudad de Madrid brinda al ciudadano extranjero, sintiéndose un madrileño más en poco tiempo. Los representantes del sector de la restauración aprovecharon también la oportunidad para felicitar al alcalde y a la presidenta de la Comunidad de Madrid por su apoyo durante la pandemia, permitiendo que abrieran

sus establecimientos a pesar de las restricciones existente. El alcalde también respondió las preguntas más comprometidas, como la del futuro del Partido Popular. Tras los “momentos difíciles” que ha vivido su partido, con la salida del líder Pablo Casado, Martínez-Almeida se mostró muy esperanzado con el futuro liderazgo de Alberto Núñez Feijóo. 

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opinião opinión

Por Maria João de Almeida*

Vamos organizar o enoturismo?

O

vinho tem vindo a evoluir qualitativamente ao longo do tempo, graças ao progresso e desenvolvimento de conhecimentos e das técnicas na produção do vinho. O próprio consumidor reagiu a esta melhoria, procurando novos saberes e vontade de realizar atividades relacionadas com o vinho. O boom enoturístico surgiu, assim, nesta realidade. Depois de anos conotado com a produção de vinho de má qualidade, vendido a granel nas tascas e tabernas que lhe davam ainda pior reputação, a entrada de Portugal para a Comunidade Europeia, em 1986, e a existência de novas regras, veio alterar por completo o panorama vitivinícola português. A década de 90 viria a tornar mais visível o resultado dessas alterações e, a pouco e pouco, o enoturismo começou também a ganhar mais força. O mundo do vinho deu uma verdadeira reviravolta. A produção de vinho passou a apostar na qualidade. Passou a ser engarrafado e a vender-se em todo o lado: nas garrafeiras, super e hipermercados, e no canal horeca (restauração). Falar e saber de vinho passou a ser sinónimo de status. Surgiram novos produtores e novas marcas de vinho. As técnicas de viticultura evoluíram e as adegas modernizaram-se trazendo outra qualidade ao vinho. Os enólogos viajaram, fizeram estágios em outros países,

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regressando a Portugal com novos e aprofundados conhecimentos. As feiras nacionais e internacionais multiplicaram-se, havendo um contacto mais direto do apreciador com o produtor. A harmonização de vinho e comida passou a ser frequente nos menus de degustação de reconhecidos chefes de cozinha. O vinho passou a ser divulgado com frequência nos media, a nível nacional e internacional, e nos concursos de vinho os produtores ganham destaque com inúmeras medalhas e prémios. Os cursos de vinho são cada vez mais procurados e os consumidores tornam-se cada vez mais exigentes. Tudo isto levou naturalmente produtores e outras empresas a investir em enoturismo. Hoje, já com algumas cartas dadas no enoturismo, olhamos para trás e vemos que o trabalho realizado é interessante, mas foi feito sem bases. Falamos muito de enoturismo, mas, ao contrário do turismo e do vinho, é um setor sem estatísticas. Quantas adegas em Portugal praticam enoturismo? Que emprego geram? Quantos profissionais nesta área têm formação específica? Qual é a oferta de atividades? Esta e tantas outras questões estão ainda por responder. Só conhecendo e organizando um setor, só conhecendo os seus pontos fortes e pontos fracos, se consegue definir uma estratégia eficaz. E, sendo um setor que engloba dois mundos– o turismo e o vinho–, é preciso andar de mãos dadas, conhecer bem um e

outro, para que o possamos promover bem dando tiros certeiros. Além de uma estratégia global, temos de olhar para o enoturismo de forma mais objetiva, conhecer in loco a nossa realidade, conversar com os players do mercado, definir uma estratégia com objetivos concretos, e não fazer barulho só com campanhas de encher o olho. Quem anda há anos no terreno sabe que faltam recursos humanos ao setor, faltam regras, falta formação, falta certificação, falta aconselhamento às empresas, falta informação, falta promoção eficaz. Se soubermos trabalhar bem, estaremos a nivelar por cima o enoturismo português. Os prémios que temos ganho nos últimos anos nas áreas do turismo e do vinho, e alguns no enoturismo, têm mostrado o nosso grande potencial. Mas, para que estes resultados se multipliquem, é preciso fazer muito mais e melhor. E fazer melhor é começar por fazer um estudo para o enoturismo (porque nem sequer o temos), e, também, promover o enoturismo através de eventos exclusivamente dedicados ao setor, com grande impacto mediático, a nível nacional e internacional, assim como promover a formação de quadros especializados, entre outras atividades, que, literalmente, poderiam abanar o setor. É certo que a pandemia veio, entretanto, provocar alterações profundas na evolução do eno-


opinión

turismo, que aponta agora para uma procura turística de nicho, temática e repartida ao longo do ano. O turista vai continuar a procurar ofertas turísticas com atividades ao ar livre, em regiões menos povoadas, evitando grandes aglomerados e repartidas durante o ano, evitando, assim, grandes concentrações de pessoas. O enoturismo proporciona uma oferta turística com estas características e esse facto é muito importante para a recuperação e sustentabilidade do turismo. Vamos ter de apostar num turismo de qualidade e num turismo durante todo o ano, e o enoturismo pode funcionar como um grande catalisador. A sustentabilidade é, aliás, palavra obrigatória no conceito de enoturismo atual e futuro, não só no que diz respeito ao próprio negócio, como ao nível do respeito pela natureza e responsabilidade social. Sendo a maioria das atividades de Enoturismo praticadas em ambiente rural, resta às empresas serem um modelo a seguir no que à sustentabilidade diz respeito, assim como a sua adaptação às alterações climáticas, tendo Portugal já diversos bons exemplos nesta matéria. Outros dos desafios do setor será

opinião

Para que estas medidas tenham o da digitalização. Se por um lado a pandemia veio provocar o caos, força, é necessário que o Governo pelo meio, veio também abrir uma olhe com outros olhos o enoturisjanela de oportunidade à moderni- mo, dando ao setor apoios especízação das empresas. Muitos foram ficos e fazendo um trabalho mais os que conseguiram implementar incisivo. Se o turismo e o vinho vendas e provas online, e alguns até são setores fortes em Portugal, o disponibilizaram visitas virtuais, enoturismo surge como parte intemas uma minoria mais organizada grante destes dois, afirmando-se que, de forma criativa e dinâmica, contudo como setor independente, ultrapassaram este período com mas sempre de mãos dadas com menor prejuízo. O futuro está à os seus “progenitores”, de forma a porta e é necessário que também o conseguir chegar mais longe.  Enoturismo passe por uma transda Associação Portuguesa de formação digital, que só irá bene- Presidente Enoturismo ficiar o setor. Email mjalmeida@enoturismodeportugal.pt PUB

Sponsors Oficiais Câmara de Comércio e Indústria Luso-Espanhola

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intercâmbio comercial intercambio comercial

Intercambio comercial

hispano-portugués en enero de 2022

E

l año 2022 arranca con dinamismo en lo que al comercio hispano portugués se refiere conforme confirman las estadísticas recientemente publicadas por Datacomex (Secretaria de Estado de Comercio) y que recogemos en los siguientes cuadros. Comparando el mes de enero de este año con igual periodo de 2021 se verifica un aumento tanto en las ventas del 37,8% (2.179,4 millones de euros en 2022 frente a 1.581,4 millones en 2021) como en las compras del 30,8% (1.093,9 millones en 2022 frente a 897,4 millones en 2021). En este primer mes del año, el saldo comercial favorable a Espa-

ña superó los 1.085.588 millones de euros, habiéndose logrado una tasa de cobertura del 199,2%. Los cuadros 2 y 3 recogen la distribución geográfica del comercio exterior español y las posiciones relativas del mercado portugués. Portugal consolida la cuarta posición entre nuestros principales clientes con un peso relativo del 8,5% sobre el total de las exportaciones españolas (25.542,6 millones de euros). En la demanda española, el mercado portugués baja a la sétima posición y su peso relativo superó el 3,5% sobre el total de las importaciones españolas que en dicho periodo superó los 31.665,6 millones de euros.

Entre los principales clientes de España, destacan los mercados francés, alemán e italiano que juntos representan más del 36% de las exportaciones españolas, y entre nuestros principales proveedores la lista está encabezada por el mercado chino, alemán y francés que juntos representan el 31% del total de las importaciones españolas. De señalar la posición líder de China cuyas ventas a España superaron los 3.755,8 millones de euros, consolidándose como el principal proveedor de España. Por lo que a la distribución sectorial se refiere y que se recoge en los cuadros 4 y 5 la partida 87-vehículos automóviles, tractor re-

Balanza

1. Balanza comercial España - Portugal en enero 2022 VENTAS ESPAÑOLAS 22

ene

2 179 446,64

COMPRAS ESPAÑOLAS 22 1 093 858,64

Saldo 22 1 085 588,00

VENTAS COMPRAS Cober 22 % ESPAÑOLAS 21 ESPAÑOLAS 21 199,24

Saldo 21

Cober 21 %

1 581 387,44

897 431,77

683 955,67

176,21

feb

0,00

1 571 724,32

1 009 320,52

562 403,80

155,72

mar

0,00

2 008 010,68

1 095 762,87

912 247,81

183,25

abr

0,00

1 980 168,47

1 071 108,28

909 060,19

184,87

may

0,00

2 118 632,54

1 065 230,82

1 053 401,72

198,89

jun

0,00

2 065 822,03

1 237 518,11

828 303,92

166,93

jul

0,00

2 149 500,37

1 130 197,83

1 019 302,54

190,19

ago

0,00

1 838 711,61

872 511,37

966 200,24

210,74

sep

0,00

2 325 987,73

1 293 862,46

1 032 125,27

179,77

oct

0,00

2 470 465,85

1 208 942,41

1 261 523,44

204,35

nov

0,00

2 478 874,06

1 358 894,23

1 119 979,83

182,42

dic

0,00

2 281 979,08

1 358 692,68

923 286,40

167,95

24 871 264,18

13 599 473,35

11 271 790,83

182,88

Total

2 179 446,64

1 093 858,64

Valores en Miles de Euros. Fuente: A.E.A.T y elaboración propia.

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1 085 588,00

199,24


Rankings 2.Ranking principales países clientes de España enero 2022

cupera en este periodo la primera posición entre nuestros principales proveedores (111,4 millones de euros), seguido de la partida 39-materias plásticas y sus manufacturas (89,6 millones) y la 27-combustibles, aceites minerales (85,1 millones). En la cuarta posición, surge la partida 84-máquinas y aparatos mecánicos (76,9 millones de euros) y la 72-fundición, hierro y acero (74,3 millones). El peso de estas cinco partidas en el total de las compras españolas a Portugal supera 40%. Por otro lado, la oferta española tiene como segunda partida la 27-combustibles, aceites minerales (312,2 millones de euros), seguida de la 87-vehículos automóviles, tractor (144,6 millones), 39-materias plásticas y sus manufacturas (144,2 millones), la 84-máquinas y aparatos mecánicos (140,9 millones) y, por fin, y en la quinta posición, la 72-fundición, hierro y acero (113,8 millones). También en la oferta española, las cinco primeras partidas tienen un peso muy significativo, totalizan 855,8 millones de euros, lo cual representa el 39,3% del total de las compras españolas de Portugal. Respecto a la distribución por Comunidades Autónomas, Madrid, con un total de transacciones de 716 millones de euros, representa el 22% del comercio bilateral, seguido de Cataluña, con 542,8 millones (16,6% del total), y de Galicia, con 441,4 millones (13,5 % del total). Estas tres CC.A A. representaron en este primer mes del año el 53% del comercio hispano-portugués. 

Orden País

Importe

4.Ranking principales productos comprados por España a Portugal enero 2022 Orden Sector

Importe

1

001 Francia

4 125 235,82

1

87 VEHÍCULOS AUTOMÓVILES; TRACTOR

2

004 Alemania

2 681 136,50

2

39 MAT. PLÁSTICAS; SUS MANUFACTU.

89 620,16

3

005 Italia

2 285 673,07

3

27 COMBUSTIBLES, ACEITES MINERAL.

85 080,92

4

010 Portugal

2 179 446,64

4

84 MÁQUINAS Y APARATOS MECÁNICOS

76 874,10

5

006 Reino Unido

1 420 056,73

5

72 FUNDICIÓN, HIERRO Y ACERO

74 298,25

6

017 Bélgica

1 409 755,32

6

15 GRASAS, ACEITE ANIMAL O VEGETA

44 328,48

7

400 Estados Unidos

1 175 158,66

7

48 PAPEL, CARTÓN; SUS MANUFACTURA

37 574,45

73 MANUF. DE FUNDIC., HIER./ACERO

32 673,87

85 APARATOS Y MATERIAL ELÉCTRICOS

8

003 Países Bajos

1 029 160,75

8

9

204 Marruecos

793 846,85

9

10

060 Polonia

610 492,52

11

039 Suiza

454 445,70

12

052 Turquía

438 374,39

13

720 China

423 162,31

14

952 Avituallamiento terceros

330 698,45

15

951 Avituall.y combust. intercambios comunitarios

319 268,50

16

412 México

278 242,58

17

061 República Checa

232 843,34

18

030 Suecia

19

038 Austria

197 983,43

20

075 Rusia

191 734,62

SUBTOTAL

20 787 189,29

TOTAL

25 542 612,85

Valores en Miles de Euros. Fuente: A.E.A.T y elaboración propia.

3.Ranking principales países proveedores de España enero 2022 Orden País 1

1 093 858,64

Valores en Miles de Euros. Fuente: A.E.A.T y elaboración propia.

5.Ranking principales productos vendidos por España a Portugal enero 2022 Orden Sector

Importe

27 COMBUSTIBLES, ACEITES MINERAL.

312 226,37

2

87 VEHÍCULOS AUTOMÓVILES; TRACTOR

144 556,46

3

39 MAT. PLÁSTICAS; SUS MANUFACTU.

144 183,49

4

84 MÁQUINAS Y APARATOS MECÁNICOS

140 944,17

5

72 FUNDICIÓN, HIERRO Y ACERO

113 846,72

6

85 APARATOS Y MATERIAL ELÉCTRICOS

112 868,95

7

76 ALUMINIO Y SUS MANUFACTURAS

59 218,72

8

02 CARNE Y DESPOJOS COMESTIBLES

56 564,06

9

48 PAPEL, CARTÓN; SUS MANUFACTURA

55 993,98

TOTAL

2 179 446,64

Valores en miles de euros. Fuente: A.E.A.T y elaboración propia

Importe

720 China

3 755 828,07

2

004 Alemania

3 054 752,99

3

001 Francia

2 884 237,29

4

400 Estados Unidos

2 504 755,89

5

005 Italia

1 756 372,14

6

003 Países Bajos

1 297 007,89

7

010 Portugal

1 093 858,64

8

052 Turquía

936 227,28

9

017 Bélgica

864 008,04

10

006 Reino Unido

837 696,35 654 777,49

11

039 Suiza

12

208 Argelia

591 118,26

13

075 Rusia

561 234,82

14

288 Nigeria

559 694,11

15

060 Polonia

528 697,36

16

204 Marruecos

473 988,46

17

664 India

441 516,67

18

412 México

418 766,52

19

959 Países y territorios no determinados.Intraco. 061 República Checa

393 843,93

20

32 584,08

TOTAL

1

210 473,11

111 419,53

418 203,34

6.Evolución del intercambio comercial enero 2022

7.Ranking principales CC.AA proveedoras/clientes de Portugal enero 2022 CC.AA.

VENTAS ESPAÑOLAS 22

COMPRAS ESPAÑOLAS 22

Madrid, Comunidad de

500 371,97

Madrid, Comunidad de

215 579,97

Cataluña

398 809,04

Galicia

183 621,29

Galicia

257 770,03

Cataluña

143 967,27

Andalucía

215 092,62

Andalucía

105 862,60

SUBTOTAL

24 026 585,54

Castilla-La Mancha

158 371,27

Comunitat Valenciana

89 663,08

TOTAL

31 665 561,71

Comunitat Valenciana

150 402,25

Castilla y León

88 343,15

Valores en Miles de Euros. Fuente: A.E.A.T y elaboración propia.

Valores en Miles de Euros. Fuente: A.E.A.T y elaboración propia.

ABRIL DE 2022

AC T UA L I DA D € 55


oportunidades de negócio

oportunidades de negocio

Empresas Portuguesas

Oportunidades de

negócio à sua espera

BUSCAN

REFERENCIA

Empresas/inversores que quieran invertir en Portugal

DP220202

Empresas que buscan un representante en Portugal

DP220201

Gestor/a cliente y comercial de lengua materna española (imprescindible) con experiencia profesional en España

OP211101

Consultor imobiliário (m/f), fluente em espanhol, com interesse em desenvolver uma carreira do segmento premium

OP210801

Veterinários para Hospital Veterinário de Viseu

OP210701

Empresas españolas ropa formal para hombres

DP210501

Empresas Espanholas PROCURAM

REFERÊNCIA

Empresas portuguesas fabricantes de roupa Empresas portuguesas produtoras de kiwis Empresas portuguesas de escorredores de louça e tábuas de madeira para cozinha Hotéis em Lisboa para comprar Motoristas perto da fornteira Salamanca-Portugal Empresas portuguesas de Automação, Robótica , Montagem Mecânica e Montagem Elétrica

DE210603 DE210602 DE210601 OE210501 DE210501 DE210401

Legenda: DP-Procura colocada por empresa portuguesa; OP-Oferta portuguesa; DE - Procura colocada por empresa espanhola; OE- Oferta espanhola

Las oportunidades de negocios indicadas han sido recibidas en la CCILE en los últimos días y las facilitamos a todos nuestros socios gratuitamente. Para ello deberán enviarnos un fax (21 352 63 33) o un e-mail (ccile@ccile.org), solicitando los contactos de la referencia de su interés. La CCILE no se responsabiliza por el contenido de las mismas. As oportunidades de negócio indicadas foram recebidas na CCILE nos últimos dias e são cedidas aos associados gratuitamente. Para tal, os interessados deverão enviar um fax (21 352 63 33) ou e-mail (ccile@ccile.org), solicitando os contactos de cada uma das referências. A CCILE não se responsabiliza pelo conteúdo das mesmas.

56 ACT UALIDAD€

ABRIL DE 2022


ABRIL DE 2022

AC T UA L I DA D € 57


calendário fiscal calendario fiscal

>

abril Prazo Imposto Até

Declaração a enviar/Obrigação

S

S

S

D

S

T

Q

Q

S

S

D

1 11 12 13 14 F F 26 27 28 29

T

2 16 30

3 F

4 18

5 6 19 20

7 21

8 22

9 23

10 24

Entidades Sujeitas ao cumprimento da obrigação

Q

Q

Observações

Declaração de rendimentos pagos e de retenções, contribuições sociais e de saúde e quotizações, referentes a março de 2022 (trabalho dependente)

Declaração mensal de remunerações

Comunicação dos elementos das faturas referentes a março de 2022

Declaração recapitulativa: Transmissões intracomunitárias de bens e operações assimiladas/prestações de serviços

Comunicação deverá ser efetuada: • por transmissão eletrónica em tempo real; • por transmissão eletrónica de dados, mediante remessa de ficheiro normalizado estruturado com base no ficheiro SAF-T (PT), criado pela Portaria n.º 321-A/2007, de 26 de março, na sua redação atual; • por inserção direta no Portal das Finanças; • por outra via eletrónica, nos termos a definir por portaria do ministro das Finanças

Mapa de Férias

Elaboração e afixação, pelo empregador, do mapa de férias de 2022

Modelo não oficial

Afixar nas instalações do empregador entre 1 de maio e 31 de outubro de 2022

20

IVA

Envio da declaração periódica referente ao mês de fevereiro de 2022, e anexos, para os contribuintes no regime mensal

Declaração Periódica

Envio de anexos adicionais, em caso de reembolso

20

IRS / IRC / Selo

Pagamento do IRC e IRS retidos e do Imposto do Selo referentes a março de 2022

Declaração de retenções na fonte de IRS/IRC Declaração Mensal de Imposto do Selo (DMIS)

20

Segurança Social

Pagamento das contribuições relativas a março de 2022

n/a

20

IVA

Envio de declaração recapitulativa mensal referente a março de 2022

Declaração recapitulativa: Transmissões intracomunitárias de bens e operações assimiladas/prestações de serviços

Aplicável a: sujeitos passivos no regime mensal; e, sujeitos passivos no regime trimestral quando o total das transmissões intracomunitárias de bens a incluir na Declaração Recapitulativa tenha no trimestre em curso ou em qualquer um dos quatro trimestres anteriores, excedido 50.000 €

20

IVA

Envio de declaração recapitulativa trimestral referente ao 1.º trimestre de 2022

Declaração recapitulativa: Transmissões intracomunitárias de bens e operações assimiladas/prestações de serviços

Aplicável a sujeitos passivos no regime trimestral, quando o total das transmissões intracomunitárias de bens a incluir na Declaração Recapitulativa não exceda 50.000 € no trimestre em curso ou em qualquer um dos quatro trimestres anteriores

20

IVA

Envio da declaração do 1.º trimestre 2022 referente a prestações de serviços de telecomunicações, radiodifusão ou televisão e serviços prestados por via eletrónica a não sujeitos passivos estabelecidos noutro Estado-membro (Mini Balcão Único)

Declaração Periódica (Mini Balcão Único)

25

IVA

Pagamento do IVA referente ao mês de fevereiro de 2022

n/a

30

IRS / IRC

Declaração de rendimentos pagos ou colocados à disposição de sujeitos passivos não residentes em fevereiro de 2022

Modelo 30

30

IVA

Envio da declaração trimestral referente às obrigações declarativas decorrentes do regime da União do Balcão Único, relativa ao 1.º trimestre de 2022

Declaração trimestral

30

IVA

Envio da declaração trimestral referente às obrigações declarativas decorrentes do regime extra-União do Balcão Único, relativa ao 1.º trimestre de 2022

Declaração trimestral

30

IVA

Envio da declaração mensal referente às obrigações declarativas decorrentes do regime de importação do Balcão Único, relativa ao mês de março 2022

Declaração mensal

30

Segurança Social

Entrega de declarações trimestrais por trabalhadores independentes (obrigatório para trabalhadores ao abrigo do regime simplificado e sujeitos ao cumprimento da obrigação contributiva), relativa ao 1.º trimestre de 2022

Declaração trimestral

10

IRS / IRC / Seg. Social

12

IVA

15

Fonte: PwC Portugal

58 ACT UALIDAD€

ABRIL DE 2022

Documento de pagamento gerado no Portal das Finanças, após submissão da Declaração Periódica de IVA


bolsa de trabajo Bolsa de trabalho

Página dedicada à divulgação de Currículos Vitae de gestores e quadros disponíveis para entrarem no mercado de trabalho Código

Sexo

Data de Nascimento Línguas

BE200151

F

ESPANHOL/ FRANCÊS/ INGLÊS/ ITALIANO/ PORTUGUÊS

ADVOCACIA

BE200152

F

19/01/1992

INGLÊS/ PORTUGUÊS

ADVOCACIA

BE200153

F

01/12/1975

ESPANHOL/ INGLÊS/ PORTUGUÊS

ADMINISTRAÇÃO/ LOGÍSTICA/ PRODUÇÃO/ ÁREA COMERCIAL

BE200154

M

18/02/1993

ESPANHOL

ADVOCACIA

BE200155

F

23/10/1980

PORTUGUÊS/ ESPANHOL/ INGLÊS

SECRETÁRIA DE DIREÇÃO / TESOURARIA

BE200156

M

ESPANHOL/ALEMÃO/INGLÊS/PORTUGUÊS/ITALIANO

COMERCIAL DE MÁQUINAS DE PRODUÇÃO INDUSTRIAL

BE200157

F

BE200158

F

06/03/1979

Área de Atividade

INGLÊS

ADVOCACIA

INGLÊS/ ESPANHOL/PORTUGUÊS

ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS / COMÉRCIO EXTERNO MARKETING

BE200159

F

ESPANHOL/INGLÊS/PORTUGUÊS

BE200160

F

ESPANHOL/ INGLÊS/ FRANCÊS/ PORTUGUÊS

DESIGNER DIGITAL

BE200161

F

ESPANHOL/PORTUGUÊS/INGLÊS

Gestão de StockS / Logística / Transporte

BE20162

M

BE20163

M

BE20164

F

BE20165

F

01/09/1971

01/01/1959

PORTUGUÊS/ ESPANHOL/ INGLÊS/ ALEMÃO/ FRANCÊS

GESTÃO

PORTUGUÊS/ INGLÊS/ ESPANHOL/FRANCÊS

ADVOCACIA

INGLÊS/ FRANCÊS/ ESPANHOL

GESTÃO DE PRODUÇÃO DE ARTES GRÁFICAS

INGLÊS

DESIGN E PROGRAMAÇÃO WEB

Os Currículos Vitae indicados foram recebidos pela CCILE e são cedidos aos associados gratuitamente. Para tal, os interessados deverão enviar um e-mail para rpinto@ccile.org, solicitando os contactos de cada uma das referências. A CCILE não se responsabiliza pelo conteúdo dos mesmos. Los Currículos Vitae indicados han sido recibidos en la CCILE y los facilitamos a nuestros socios gratuitamente. Para ello deberán enviarnos un e-mail para rpinto@ccile.org, solicitando los contactos de cada referencia de su interés. La CCILE no se responsabiliza por el contenido de los mismos.

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novembro de 2014

ac t ua l i da d € 59


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Cecilia Krull: “La filigrana es un trabajo artesanal y tradicional precioso” La cantante española Cecilia Krull es la “embajadora” de la Filigrana de Gondomar y una gran admiradora de la musicalidad portuguesa. Después del éxito de su tema “My Life Is Going On”, cabecera de “La casa de papel”, lanza esta primavera su primer álbum, “Now”.

C

Texto Belén Rodrigo brodrigo@ccile.org Fotos DR

on la mitad de la familia años poniendo voz en varias series joyera y la otra mitad españolas como “El accidente” o música, el destino se ha “Vis a Vis”. Cuenta además con encargado de convertir varias formaciones, desde dúos a a la cantante española un cuarteto de jazz y otra más Cecilia Krull en Embajadora de la electrónica que le acompaña en su Filigrana de Gondomar. “Cuando primer disco. Cecilia Krull se dio cuenta de me dieron la noticia me puse super contenta. La filigrana es un traba- la repercusión que comenzó a jo artesanal y tradicional precioso. ganar la canción a través de las He sido muy bien recibida y he redes sociales, recibiendo mensapartes tenido la oportunidad de visitar jes de todas N o la escuela y conocer su trabajo del mundo. marde cerca”, cuenta la artista. Krull h u b o p o r (Madrid, 1986) lleva desde los k e t i n g s u siete años delante de un micró- d e t r á s , hizo fono y como ella misma recono- éxito se ce, “me profesionalicé sin darme cuenta”. Su voz fue una de las elegidas en un casting de niños para realizar distintas producciones y de ahí pasó a hacer doblajes. “Era una niña muy resuelta”, añade. Con su padre pianista de jazz y compositor y su nombre, Cecilia, por ser la patrona de la música, la artista tiene claro que “la música me ha elegido a mí, canto desde siempre”. Su nombre comenzó a sonar especialmente cuando se disparó la popularidad de la serie española “La casa de papel”, por ser ella quien pone voz a su cabecera, “My Life Is Going On”. Pero antes de este éxito hay un camino, una historia detrás que le ha permitido llegar a este gran reconocimiento mundial. Lleva doce 60 ACT UALIDAD€

ABRIL DE 2022

viral (con más de 300 millones de reproducciones), según la serie iba conquistando espectadores de todo el mundo. “Para mí, ha supuesto un antes y un después en mi carrera y en mi vida personal. Es cumplir un sueño, al tener la oportunidad de trabajar con productores de todo el mundo. Me ha puesto en otra posición dentro de mi profesión”, reconoce la artista. Una vez afianzado el éxito de “La casa de papel”, Krull recibió otro encargo del productor de la serie, Álex Pina. Se trataba de cantar, en portugués, Grândola Vila Morena, la canción de Zeca Afonso, símbolo de la Revolución de los Claveles. “La música acompaña una escena muy fuerte e importante, cuando fallece el personaje de Tokio. La canción es un himno pacífico de hermandad con un mensaje muy bonito”, afirma Krull. Fue ella quien pidió que le acompañase Pablo Alborán logrando un doble sueño “cantar con él y volver a colaborar con “La Casa de Papel”. Con orígenes francés y alemán por parte de padre (tiene también la nacionalidad francesa) y español y cubano por parte de madre, Cecilia Krull se siente una


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ciudadana del mundo, también muy madrileña, y no tiene dudas que esta multiculturalidad la ha enriquecido en todos los niveles. “Estás muy abierta de mente y me siento muy afortunada”, reconoce. Haber escuchado boleros, jazz, hip hop…músicas de todo el mundo le han convertido en una cantante de gran versatilidad. “No me gusta encasillarme en ningún estilo, aunque me he considerado más de la cantera del panorama nacional de jazz de España y he hecho colaboraciones con raperos. He explorado la versatilidad, me gusta hacerlo y jugar con mi voz,

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es lo que más me divierte”, confiesa la artista. Primer disco El resultado de todo este camino y sobre todo del momento que está viviendo lo veremos en su primer disco, esperado para esta primavera. “Now” (ahora), “refleja una nueva versión mía. Se me han abierto muchas puertas, estoy trabajando con productores internacionales, descubriendo nuevos sonidos, es como una nueva yo del ahora”, avanza Krull. Cantará en inglés, francés y portugués y se podrán escuchar tanto las canciones de “La casa de papel” como canciones originales “con un sonido más electrónico, pero siempre guardando lo orgánico”. Siente un gran reconocimiento a su trabajo fuera de España y no tanto dentro, reconoce ser “una espinita clavada”, pero está igualmente “muy agradecida por todo lo que tengo”. Este año espera llevar a cabo una gira, con muchos con-

ciertos, “para estar con el público, es mágico”. Ya ha actuado en prácticamente en todo el país y fuera, en distintos escenarios de Francia, Bélgica, Marruecos, Turquía, Argelia… y Portugal. Es una gran admiradora de la música lusa, “y sigo muy de cerca a Maro. Me encantaría actuar con ella, y con los hermanos Sobral”, confiesa. En Madrid, su casa, le quedan algunos sueños por cumplir, como formar parte del cartel de “Las noches del Botánico” o subirse al escenario de WiZink Center. “Siento que en España hay mucho talento musical pero poco apoyo a la cultura, y es primordial educar a los niños desde el cole, la música es la materia más olvidada”. Poco a poco, espera que se consigan progresos porque no duda de que “aprendiendo a escuchar música se desarrollaría una sociedad diferente. Te hace pensar y te alimenta el alma”.  ABRIL DE 2022

AC T UA L I DA D € 61


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A Cozinha, em Guimarães: aqui também renasceu Portugal A primeira estrela Michelin minhota premeia desde 2019 a equipa comandada pelo chefe António Loureiro. Natural de Guimarães, sedeou na sua cidade o projeto A Cozinha, que assenta em três pilares: tradição, inovação e sustentabilidade.

P

Textos Susana Marques smarques@ccile.org Fotos Sandra Marina Guerreiro

ara chegar ao restaurante A galidade, pelos quais o chefe confessa Cozinha terá que penetrar na a sua “paixão”, admitindo que é nos teia granítica vimaranense de restaurantes mais tradicionais que recai ruas, vielas e praças medievais. a sua escolha quando decide “comer Reserve para isso algum tempo fora”. No seu A Cozinha, o objetivo porque é provável que se demora nas é elevar e projetar a identidade da charmosas fachadas, iluminadas todas gastronomia portuguesa: “Foi por ela as noites por cordões de pequenas lâm- que comecei, quando abri também em padas. O espaço que António Loureiro Guimarães o meu primeiro restaurante abriu, em 2016, no Largo do Serralho, na década de 90 (um projeto de grande está rodeado de história e também já fez dimensão, bem sucedido, que vendeu história ao tornar-se, em 2019, o primei- para ter outras experiências). Portugal ro (e por enquanto o único) restaurante tem uma enorme diversidade e riqueza do Minho a ser distinguido com uma de ingredientes. A nossa gastronomia é estrela Michelin: “Nós trabalhamos para rica em temperos e em ‘pecados’. É das fazer as pessoas felizes e procurámos cozinhas mais saborosas que conheço. fazer todos os dias as coisas bem-feitas. Tenho muito respeito pelos produtos e Sermos reconhecidos por isso é muito pelas nossas receitas e procuro homenagratificante, ainda que não estivéssemos geá-las em pratos que utilizam técnicas à espera que a estrela chegasse tão cedo.” mais modernas e que procuram ser António Loureiro conta que fizeram mais equilibrados.” Esta aliança entre “um soft opening” e estiveram “um ano o receituário português e a cozinha de autor produz pratos como a sobremesa a afinar o projeto, de forma discreta”. Se Guimarães se diz o berço da nacio- em que António Loureiro casa o sabor nalidade, espaços como A Cozinha do bracarense pudim Abade de Priscos fazem renascer os sabores da portu- com o de um gelado de framboesa.

62 ACT UALIDAD€

ABRIL DE 2022

O incontornável bacalhau está sempre presente na carta, ainda que as receitas mudem consoante os ingredientes da época. Nesta altura é possível encontrar o prato de samos e cocochas de bacalhau com tapioca e coentros. Pelos diferentes momentos de degustação passam propostas de marisco, de peixe, de suculentas carnes de aves e de carnes vermelhas, que desfilam com igual protagonismo que os hidratos e legumes que as acompanham. Há também pratos que não incluem proteínas animais. As propostas mudam sazonalmente e de ano para ano. Há, no entanto, uma receita que se mantém desde o início, mas apenas na carta de primavera/verão, a da cavala, servida um gelado de tomates coração de boi e cereja. Uma coroa para um peixe algo desprezado nas casas dos portugueses. A carta inclui menus que oscilam entre os 95 euros (12 momentos de degustação) e os 105 euros (14 momentos de degustação), “valores que poderão


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espaço de lazer

aumentar, dada a atual escalada de preços dos alimentos e da energia”, comenta o chefe. O projeto A Cozinha foi assim denominado por traduzir o regresso de António Loureiro à sua cidade Natal, depois de trabalhar no País Basco, na Escócia e na Noruega, bem como em Portugal (em projetos como o Mélia Braga Hotel & Spa). “Esta é a minha cozinha, o sítio onde eu quero estar”, frisa o chefe, acrescentando que o prazer de cozinhar, começou pela atração pelos odores e pela comida feita pelas mulheres da família, com “ingredientes caseiros, do quintal, animais criados em casa”, ou seja “de qualidade excelente”. Reinventar tudo isso agora na sua cozinha é o objetivo, diz o chefe: “A Cozinha é desde o início alicerçado na tradição, na inovação e na sustentabilidade.” A estratégia do projeto foi delineada com a mulher, Isabel Loureiro, docente da Universidade do Minho na área da engenharia: “A Isabel tem sido fundamental para garantir toda a sustentabilidade financeira, social e ambiental do projeto. Todos os anos

concerne aos fornecedores obriga-nos a ser mais criativos e partilhamos esse processo com os fornecedores e clientes.” A proximidade com os fornecedores é comunicada durante a explicação dos pratos e não se limita aos ingredientes comestíveis. “O suporte para talheres, em forma de ramo de oliveira, é feito pelo senhor Joaquim, um ourives vizinho do restaurante, em homenagem à padroeira da cidade, a Senhora

dita na melhoria do setor da restauração: “A cozinha portuguesa deu um grande salto qualitativo nos últimos anos, profissionalizou-se. Os processos passaram a obedecer a um maior rigor e disciplina. O método e a consistência fazem a diferença. Se introduzimos um prato na carta ele tem que ser sempre confecionado e servido com a mesma qualidade. Portugal tem muito potencial gastronómico, mas precisamos de

queremos fazer melhor, partilhamos os lucros com os nossos funcionários, medimos o desperdício por cliente porque queremos continuar a reduzi-lo, queremos gastar menos energia, comprar a fornecedores cada vez mais próximos. Já são quase todos de Guimarães e temos uma excelente relação de parceria com eles, atendem aos nossos pedidos e nós também nos adaptamos ao que nos trazem da horta. O compromisso com a sazonalidade dos ingredientes e com a meta do quilómetro zero no que

da Oliveira”, indica Patrícia Freitas, enquanto dispõe o utensílio na mesa. As práticas de sustentabilidade do restaurante já lhe valeram vários prémios Green Key (rótulo ecológico internacional concedido a acomodações e outras instalações de hospitalidade que se comprometem com práticas comerciais sustentáveis). No ano passado, António Loureiro tornou-se embaixador internacional Green Key. “Continuaremos a fazer cada vez melhor”, garante António Loureiro, que também acre-

uma estratégia política capaz de promover melhor a gastronomia portuguesa.” O chefe estima que em breve, o Minho possa ter mais restaurantes com estrela Michelin: “Estamos num território de excelência de produtos de mar e de montanha, com ótimos peixes, mariscos, carnes, legumes. O potencial do Minho é enorme.” 

A Cozinha Largo do Serralho 4, Guimarães 253534022

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AC T UA L I DA D € 63


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Agenda cultural Livro

“A Mais Breve História da Rússia”, de José Milhazes

Enquanto jornalista, José Milhazes foi durante décadas correspondente em Moscovo da TSF e da SIC, conhecendo de perto a atualidade de um país, cuja história, resume no livro “A Mais Breve História da Rússia”, escrito antes da invasão da Ucrânia pelo governo de Putin. Território de santos, czares, poetas, conquistadores, revolucionários e músicos, a Rússia esconde uma história tão rica, antiga e diversa quanto desconhecida: “A Rússia dos nossos dias abrange um enorme território com uma área aproximada de 17 milhões de quilómetros quadrados, atravessado por mais de dez fusos horários, com terras eternamente congeladas, densas florestas e infindas estepes, extensos rios e lagos, fazendo fronteira com 16 países. Foi difícil escrever este livro, pois uma breve história implica uma seleção dos factos mais importantes, o que lhe dá um cunho muito pessoal e subjetivo. Mas o seu objetivo é meritório, pretende dar ao leitor uma ferramenta útil para a compreensão da vida passada e presente do maior país do mundo. Saber como surgiu e se desenvolveu um país que ao longo da sua história teve vários nomes – Rus, Moscóvia, Império Russo, União Soviética, Federação da Rússia –, conhecer como nesse território coexistiram, e ainda coexistem, cerca de 160 povos com culturas muito diversas, indagar sobre as personagens, acontecimentos e feitos mais marcantes da história do povo russo.” A obra de Milhazes inclui dezenas de fotografias e mapas para ficar a conhecer a geografia, os povos, as grandes figuras, efemérides e feitos. José Milhazes nasceu e cresceu na Póvoa de Varzim. Llicenciou-se em História da Rússia na Universidade Estatal de Moscovo e estabeleceu-se no país enquanto tradutor de obras literárias e políticas. Em 1989 começou a fazer trabalho jornalístico na TSF e depois noutros media portugueses. É autor de “As Minhas Aventuras no País dos Sovietes” (2017) e “Os Blumthal” (2019). 64 act ACT ualidad€ UALIDAD€

Ab a Br R iI lL d De E 2022

Exposições

A 15.ª Festa do Cinema Italiano homenageia Pasolini

“Ennio”, de Giuseppe Tornatore, um filme em antestreia sobre o compositor de filmes mais popular e prolífico do século XX, Ennio Morricone, abre a 15ªa edição da Festa do cinema Italiano a 1 de abril, em Lisboa, no Cinema São Jorge e no Porto, no Cinema Trindade. O festival, que este ano chega a mais de 10 cidades portuguesas, prevê várias outras antestreias: Prémio especial do júri no 78.º Festival de Veneza, Il Buco (Das Profundezas), documentário de Michelangelo Frammartino, que estará presente no festival, retrata os jovens membros do Grupo Espeleológico Piemontês, que descem às profundezas da terra, descobrindo a segunda gruta mais profunda do mundo: o Abismo de Bifurto; “Marx può aspettare” (Marx pode esperar), de Marco Bellocchio também presente no Festival; “Salvatore Shoemaker of Dreams”, de Luca Guadagnino, exibido no Festival de Berlim, é a empolgante história humana, artística e empresarial do estilista Salvatore Ferragamo, desde Nápoles, ao encontro com Hollywood; “Ariaferma”, um thriller poderoso de Leonardo Di Costanzo; “Sempre Perto de Ti” (Nowhere Special), é o terceiro filme de Uberto Pasolini, um sobrenome exigente para um realizador que é efetivamente primo em segundo grau de Pier Paolo Pasolini e sobrinho de Luchino Visconti. Um retrato simples e eloquente sobre a crueldade da vida, foi uma das melhores descobertas da 77.ª edição do Festival de Veneza; “Futura” (Futura, ou o que está por vir), de Pietro Marcello, Francesco Munzi, Alice Rohrwacher, segue as pisadas de filmes como Comizi d’Amore” de Pier Paolo Pasolini. Estreado no Festival de Cannes, trata-se de um retrato de Itália construído através dos olhos de adolescentes que falam sobre os lugares onde vivem e se imaginam, divididos entre as oportunidades que os cercam, o sonho do que querem ser, o medo de fracassar e as provações que esperam ultrapassar; “Diabolik”, de Marco Manetti, Antonio Manetti. Depois da adaptação mais colorida e camp de Mario Bava, a icónica personagem regressa numa adaptação mais clássica e fiel ao universo da banda desenhada, criado pelas irmãs Angela e Luciana Giussani. Para celebrar o centenário do nascimento de Pier Paolo Pasolini (1922-1975), a Festa do Cinema Italiano homenageia o autor e realizador, apresentando uma retrospetiva, em colaboração com a Cinemateca Portuguesa - Museu do Cinema. Para além da exibição dos seus filmes como realizador, Pasolini Revisitado apresentada uma série de obras onde Pasolini colaborou ou que foram inspiradas pela vida e obra do autor, bem como documentários, num total de quase 25 filmes entre curtas e longas metragens. Entre outros eventos, o programa inclui uma homenagem ao “maestro” da música pop italiana Franco Battiato, através de um concerto de Salvador Sobral que irá interpretar alguns dos artistas mais importantes de Itália, incluindo as músicas mais conhecidas de Battiato. Haverá ainda a exibição do documentário Temporary Road - (una) vita di Franco Battiato, de Giuseppe Pollicelli e Mario Tani. A sessão de encerramento da Festa realiza-se no dia 10 de abril, em Lisboa, com o filme “Il bambino nascosto”, de Roberto Andò, que conta a história da amizade entre um professor de piano napolitano e um jovem membro da Camorra que está em fuga está no centro da nova longa-metragem de Roberto Andò, uma tocante adaptação de um romance do próprio realizador que teve honras de encerramento do 78.º Festival de Veneza. De 1 a 10 de abril, em Almada, Alverca, Aveiro, Beja, Caldas da Rainha, Cascais, Coimbra, Lagos, Lisboa, Penafiel, Porto, Setúbal e Viseu


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Culturgest Porto: “Árvores” de Ângelo de Sousa Com curadoria de Bruno Marchand, a exposição “Árvores” reúne cerca de 200 obras de Ângelo de Sousa: “Em 1958, Ângelo de Sousa, à data com 20 anos de idade, iniciou esta série de desenhos que viriam a acompanhar toda a sua carreira. Estes desenhos, que chamava de Árvores, como quem atribui uma alcunha ao invés de um nome, foram, na perspetiva do artista, os primeiros trabalhos mais relevantes da sua carreira. A mostra apresenta os desenhos, expostos por ordem cronológica: “Esta organização evidencia os movimentos de avanços e recuos que o próprio artista descreveu ao longo das décadas em que trabalhou nesta série. Assim, as árvores desenhadas no final da década de 1950 são representações mais virtuosos, por vezes muito detalhadas, enquanto as árvores feitas na viragem do século apresentam-se como massas grumosas, como raízes nodulares ou como tubérculos que se verticalizam na altura da página A5, modeladas de forma irreal pela ponta angulosa de uma caneta flomaster. Entre estes períodos, poderemos encontrar inúmeras declinações e alternativas que representam o mapa da “árvore” aos olhos de Ângelo de Sousa. Para o artista o interesse nesta forma presente na natureza prendia-se com as margens do território formal daquilo que pode ser uma árvore, isto é, experimentar os limites e perceber o quão longe poderia ir sem perder o elo entre um registo (o desenho) e a ideia (de árvore).” Ao artista interessava-lhe “o máximo de

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efeitos com o mínimo de recursos, o máximo de eficácia com o mínimo de esforço, e o máximo de presença com o mínimo de gritos”. Iniciou a sua prática artística pela pintura, mas também trabalhou em escultura, o desenho, o filme ou a fotografia. Entre as suas características mais marcantes estão o não uso da figuração; a economia de meios e formas; ou o uso de séries como meio de experimentação de variações sobre um mesmo tema ou ideia inicial, como acontece com as suas esculturas de chapas metálicas ou de placas de metal dobradas e pintadas. Ângelo de Sousa nasceu em Moçambique, em 1938, e faleceu no Porto, em 2011. Foi na cidade Invicta que vivou desde os 17 anos. Estudou pintura na Escola Superior de Belas Artes do Porto, onde também lecionou. Foi cofundador da Cooperativa Árvore, Porto, e fundou, com Armando Alves, Jorge Pinheiro e José Rodrigues o grupo Os Quatro Vintes (todos acabaram a licenciatura com 20). Até 12 de junho, na Culturgest Porto Textos Susana Marques smarques@ccile.org Fotos DR

Portugal da Ditadura à Democracia, pelo fotógrafo Neal Slavin Fotografou celebridades como Steven Spielberg, Harrison Ford, Barbra Streisand e Phil Collins e expôs em espaços como o Museu Metropolitano de Arte, o Museu de Arte Moderna (MoMA), e o Centro Georges Pompidou. Agora podemos ver parte do trabalho do conceituado norte-americano Neal Slavin na Galeria de Arte World of Wine (WOW), no Porto, que acolhe a exposição “Portugal/ Saudade”. São 100 fotografias que captou em Portugal, metade das quais foram tiradas em 1968, tendo sido um dos poucos fotógrafos estrangeiros a captar imagens do país no final desta década. As restantes fotos foram feitas entre 2016 e 2019. O fotógrafo não esconde “a sua paixão por Portugal, refletida no livro que editou em 1971, “Portugal”, e na longa-metragem documental “Saudade: A love letter to Portugal”, com a colaboração de personalidaes como Carlos do Carmo, Mariza e Nuno Gama”, que será diariamente exibida às 19h, no auditório do museu PRATA (Porto Region Across The Ages) do WOW. Chegou a Portugal em 1968, com uma bolsa Fulbright, Neal Slavinpara Portugal para fotografar ruínas arqueológicas, mas fotografou o povo português e a sua alma, durante o regime de Estado-Novo de António de Oliveira Salazar, com leis que “proibiam fotografar em transportes públi-

cos, como comboios ou autocarros, ou retratar o povo português de outra forma que não feliz - apenas portugueses cantando ladainhas e semeando os campos”, recorda o comunicado do WOW. “Naquela época, de 1967 a 1968, vi o carácter dos portugueses como desesperança, um túnel escuro com apenas um fio de luz. Por fim, em 1974, a luz total inundou o túnel e as pessoas ficaram livres. Nunca esqueci o tempo que estive neste país e passei a admirar a perseverança dos portugueses. O povo emergiu como o vencedor de uma revolução praticamente sem derramamento de sangue, que orgulhosamente apelidaram de Revolução dos Cravos. Fiquei completamente rendido. A minha admiração pela alma portuguesa é inabalável”, sublinha o artista. Em 2016, Slavin regressou a Portugal para registar as diferenças, progressos e desenvolvimentos do país, para fechar o trabalho que considera ser o mais importante da sua vida: “A diferença entre as minhas fotografias de 1968 e de 2018 não está no preto e branco ou nas cores. Está na ausência de desespero e na materialização da saudade, essa essência das pessoas. Está na descoberta da minha própria saudade, o meu próprio sentimento pelas pessoas que tanto amava antes quanto agora.” Até outubro, no WOW, em Gaia aAbBrRi IlL d De E 2022

AC tT ua ac UA lL iI da DA d D € 65


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Statements Para pensar

“A invasão russa da Ucrânia põe fim à globalização tal como a experimentámos nas últimas três décadas (...) [e] remodelará a economia mundial e aumentará ainda mais a inflação, levando as empresas a afastarem-se das suas cadeias de suprimentos globais (...) As ramificações desta guerra não se limitam à Europa Oriental (...) O impacto repercutir-se-á nas próximas décadas de maneiras que ainda não podemos prever” Larry Fink, chairman e CEO da BlackRock, a maior gestora de ativos do mundo, na sua carta anual dirigida aos acionistas, “O Jornal Económico”, 24/3/2022

“A invasão catalisou nações e governos a unirem--se para romper os laços financeiros e comerciais com a Rússia. Unidos num firme compromisso de apoiar o povo ucraniano, lançaram uma guerra económica contra a Rússia. Governos de todo o mundo impuseram sanções quase por unanimidade, incluindo a medida sem precedentes de congelar as reservas do Banco Central Russo (...) os mercados de capitais, instituições financeiras e empresas foram ainda mais além das sanções impostas pelos governos (…) o acesso aos mercados de capitais é um privilégio, não um direito. E após a invasão da Rússia, vimos como o setor privado rapidamente encerrou relações comerciais e de investimento de longa data” Idem, ibidem

“[A busca por alternativas ao petróleo e ao gás natural russos] inevitavelmente retardará o progresso do mundo em direção a zero [emissões] líquidas no curto prazo” Idem, ibidem

“Ante la grave situación del sector energético europeo, acrecentada por la guerra en Ucrania, declaran su apoyo a todas las actuaciones que puedan acometer los Gobiernos de España y Portugal para mejorar, a la mayor brevedad posible, las interconexiones de gas y electricidad de la Península Ibérica con Francia, y, por lo tanto, también con el resto de la Unión Europea. Ello incluye las mejoras en el funcionamiento del mercado eléctrico y del gas” 66 ACT UALIDAD€

ABRIL DE 2022

Comunicado conjunto de la Confederación Española de Organizaciones Empresariales (CEOE), la Confederação Empresarial de Portugal (CIP), la Cámara de Comercio e Industria Luso Española (CCILE) y la Cámara de Comercio Hispano Portuguesa (CHP), 24/3/2022




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