Consciência e Liberdade N.º 18 (2006)

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A dinâmica do pluralismo religioso na Roménia

Constantin Cuciuc*

Na Roménia, é frequente que as noções de liberdade religiosa e de liberdade de religião se confundam. A razão deve ser procurada no facto de que a Igreja Ortodoxa, maioritária, é uma instituição e que esta colabora de uma forma permanente com o sistema político, a autoridade religiosa que se identifica com o poder do Estado do momento. Na Idade Média, a Roménia, situada entre o Ocidente e o Oriente, estava sob a influência de três grandes impérios que dispunham, cada um deles, de um sistema religioso próprio: o Império Otomano, que era muçulmano; o Império Austro-Húngaro, que protegia o catolicismo; e o Império dos Czares, que praticava uma ortodoxia bizantina, que, após a conquista de Constantinopla pelos turcos, assumiu a coordenação espiritual e a política das Igrejas Ortodoxas da Europa e do Leste. Tantas influências tornaram-se numa tradição e que, ainda hoje, se sentem na vida religiosa da Roménia. A religião ortodoxa, as práticas, a estética e a organização eclesiástica seguiram o modelo bizan-

tino inscrito no código das leis do imperador Justiniano, o estatuto de Igreja colaboradora do Estado. O poder político regulamentava e defendia os interesses nacionais e os da população. A Igreja Ortodoxa era o outro “braço” que, no conjunto da harmonia social, oferecia à população um modelo de vida espiritual. Esta colaboração entre o poder político e a autoridade da fé manteve-se, mesmo depois de ter começado a modernização, inclusive sob os regimes totalitários e sob o comunismo. A liberdade da vida religiosa, portanto, evoluiu em função dos contextos políticos do momento e das relações entre a Igreja e o Estado. Sob os princípios reinantes, os principados romenos tinham representantes da Igreja no seio das suas instituições políticas, que construíam igrejas e dotavam-nas de propriedades. Depois da formação do Estado romeno, os chefes da ortodoxia figuravam “de direito” nas organizações legislativas. A Convenção de Paris (1858) precisava que “o metropolita, primaz da Roménia, era o presidente do

________ * Professor da Sociologia das Religiões na Universidade de Bucareste e Director do Departamento de Sociologia religiosa no Instituto de Sociologia 69


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