Revista Diálogo - Nº 6

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MEMÓRIA VIVA Palácio Tiradentes será restaurado com mão de obra dos servidores TEXTO ROSAYNE MACEDO FOTO JULIA PASSOS

O

Palácio Tiradentes, sede da Alerj até agosto do ano passado, está em restauração para abrigar a "Casa da Democracia Brasileira". A transformação do edifício histórico em espaço cultural e de preservação da memória política do estado e do país já foi iniciada com um minucioso levantamento das peças de arte e mobiliário. Boa parte da revitalização será realizada pelos próprios servidores, na Oficina-Escola de Restauro, curso que será oferecido pela Escola do Legislativo (Elerj). Funcionários da Casa serão treinados na técnicas de limpeza e recuperação por profissionais capacitados na Itália, no Programa Monumenta, do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Quem está à frente do projeto é Maria Lúcia Horta, que já usou essa estratégia na recuperação estética do Palácio Laranjeiras, residência oficial do Governo do Estado. O primeiro passo foi a catalogação de 705 móveis e objetos históricos que decoram os cinco andares do edifício. “O levantamento do acervo do Palácio Tiradentes é de suma importância para o trabalho a ser desenvolvido. Só conhecendo o que temos, podemos desenvolver um serviço com qualidade, estabelecendo as prioridades, tendo em vista a preciosidade do Palácio”, afirma Maria Lúcia. As duas estátuas principais que decoram o Salão Nobre do Palácio, construído em 1926 para abrigar a sede da Câmara Federal, são as primeiras a passar pelas técnicas de restauro. Com três metros de altura e acabamento em finíssimo marmorino, as figuras representam alegorias da paz e do trabalho, e da lei e da autoridade. As peças estão cobertas por várias camadas de tinta aplicadas ao longo dos anos, que deram um ar pesado. Elas vão voltar a exibir as cores e beleza originais, de quando concebidas pelo escultor. O Salão Nobre é um dos ambientes que mais chamam a atenção dos visitantes. Suas poltronas de imbuia em 28

DIÁLOGO

tom noyer-ciré (noz encerado) são forradas com veludo Boticelli, em estilo Francisco I, do período neorrenascentista francês. Frequentemente, o Palácio é cenário de séries e filmes e os recursos da contrapartida da cessão da locação são destinados para as obras de restauro. A minissérie ‘A Eleita’, da produtora Conspiração Filmes, usou as instalações do edifício. Também foi gravado no local a série "Arcanjo Renegado", da Globoplay. Das 226 cadeiras à estátua de 4,5 metros de altura do mártir da Inconfidência, instalada em frente ao Palácio histórico da Rua Primeiro de Março, todo o acervo será fotografado. A obra também envolve recuperação do piso em madeira e pintura. Nesta primeira etapa serão revisadas e removidas instalações elétricas e divisórias, adequando o prédio às atuais normas de segurança. A cor original das paredes, em cinza claro, deverá ser resgatada. “As dependências do Palácio foram adaptadas ao longo dos anos para atender ao uso como casa legislativa. Agora, como Casa da Democracia, o prédio vira o grande protagonista. Cada detalhe é importante para contar essa história. Os novos espaços para exposição deverão conjugar a riqueza arquitetônica original com tecnologias modernas e interativas para o público”, diz a arquiteta Simone Algebaile, que atua na Superintendência da Curadoria do Palácio e é responsável pela Oficina-Escola de Restauro. A Escola de Restauro vai selecionar 60 colaboradores que vão aprender a recuperar parte das poltronas e os metais aplicados às paredes, jarros e lustres do salão e da escadaria do Palácio. “Muitas peças estão oxidadas e precisam ser devidamente limpas. A ação do tempo e o uso de produtos químicos

É emocionante ver o palácio ser restaurado e dar lugar à Casa da Democracia” Patrícia Almeida Bibliotecária do Palácio Tiradentes


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