Revista Kéramica n.º 368 Janeiro / Fevereiro 2021

Page 14

Neutralidade Carbónica

A PEGADA EM RECURSOS DA NEUTRALIDADE CARBÓNICA

po r S o f i a Si m õ e s, Co o rd e nadora da Un i dade de E co no m i a d e Re cur s o s , d o L NE G – L ab oratór i o Na ci o na l d e Ene r g i a e G e o log i a

Já fazem parte do nosso léxico termos como descarbonização, neutralidade carbónica, transição energética e desenvolvimento sustentável. Sabemos que os limites do planeta¹ estão a ser alcançados (ou até ultrapassados) em alguns casos e que temos de mudar radicalmente a forma como produzimos e consumimos energia. Em Portugal, assim como na Europa e um pouco por todo o globo, instalam-se painéis solares fotovoltaicos, turbinas eólicas onshore e offshore e compram-se veículos elétricos, entre outros. O hidrogénio verde, produzido a partir de eletrólise da água alimentada com eletricidade renovável, fez a sua fulgurante entrada na agenda dos Portugueses no ano de 2020. A bioenergia, as biorefinarias e os combustíveis sintéticos de baixas ou nulas emissões de carbono também têm um papel a desempenhar nesta corrida das economias para a neutralidade carbónica. Estamos a postos - investigamos, desenvolvemos, testamos e implementamos soluções tecnológicas inovadoras. Ambicionamos (e ainda bem) criar emprego qualificado e promover um desenvolvimento sustentável.

A neutralidade carbónica (i.e. emissões líquidas nulas) é um objetivo para Portugal em 2050, estabelecido pelo Roteiro para Neutralidade Carbónica 2050 (RNC2050)² onde se refere que o setor energético nacional (eletroprodutor e refinação) deverá reduzir as suas emissões de gases de efeito de estufa (GEE) em 96% face aos valores emitidos em 2005. Em 2030 esta redução de emissões deverá ser de 80 a 81% face a 2005. O setor dos transportes em Portugal deverá reduzir as emissões de GEE em 43-46% em 2030 e em 98% em 2050 face aos valores de 2005. Um pouco mais a nordeste, em Bruxelas, está atualmente em discussão a aprovação de uma Lei do Clima que tornará legalmente obrigatória a meta de neutralidade carbónica na Europa em 2050, o que até agora era apenas uma ambição estratégica. Para chegarmos a 2050 neutros em carbono temos que adotar um ritmo vertiginoso. Em setembro de 2020, num intervalo da pandemia de COVID19, a Comissão Europeia apresentou a decisão de aumentar o grau de exigência de redução de emissões de GEE já em 2030. O valor de redução de emissões de GEE passa a ser -55% das emissões verificadas em 1990 (era -40% na versão anterior). Mais de 65% da eletricidade gerada na Europa em 2030 deverá vir de fonte renovável (atualmente este valor é de 32%). Implementar novas tecnologias a um ritmo sem precedentes Para alcançar estes objetivos será necessário ins-

1 Ver os 9 limites planetários apontados pelo Stockholm Resilience Centre: https://www.stockholmresilience.org/research/planetary-boundaries/planetary-boundaries/about-the-research/the-nine-planetary-boundaries.html 2 Resolução do Conselho de Ministros n.º 107/2019

p.12 . Kéramica . Neutralidade Carbónica

Janeiro . Fevereiro . 2021


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.