KÉRAMICA revista da indústria cerâmica portuguesa
POLÍTICAS EUROPEIAS
Publicação Bimestral €8.00
nº369
Edição Março/Abril . 2021
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Index
Editorial . 03
Cultura . 25 O Museu de Olaria, o papel de um agente. Agente cultural: Passado, presente e futuro
Destaque . 04
Economia . 28
Presidência Portuguesa – Lançar as Bases das Transições Verde e Digital
Exportações de Produtos Cerâmicos em 2020, em Portugal e na UE27
Reindustrializar . 06
Estratégia . 31
Por uma Indústria mais Resiliente
A Necessidade de um Posicionamento para a Cerâmica Portuguesa
Mercados . 08
Arquitetura . 34
Acordo União Europeia - Mercosul. Será um dia uma realidade?
Digital . 11 11 A marca Portuguesa na Década Digital Europeia 16 Era Digital, a Verdadeira Importância para as Empresas
Associativismo . 36 Centenário da Valadares
Secção Jurídica . 14
Notícias & Informações . 39
Um Plano de Recuperação e Resiliência à Medida das Empresas?
Novidades das Empresas Cerâmicas Portuguesas
Investigação . 19
Calendário de eventos . 48
19 CRAFT: Activating Pedagogy for Ceramic Education Futures 22 Projeto SUDOKET debate aplicação de KETs em Edifícios Inovadores
Propriedade e Edição APICER - Associação Portuguesa das Indústrias de Cerâmica e de Cristalaria NIF: 503904023 Direção, Administração, Redação, Publicidade e Edição Rua Coronel Veiga Simão, Edifício C 3025-307 Coimbra [t] +351 239 497 600 [f] +351 239 497 601 [e-mail] info@apicer.pt [internet] www.apicer.pt Tiragem 500 exemplares Diretor Marco Mussini Editor e Coordenação Albertina Sequeira [e-mail] keramica@apicer.pt Conselho Editorial Albertina Sequeira, António Oliveira, Marco Mussini, Martim Chichorro e Susana Rodrigues Capa Nuno Ruano
Colaboradores António Oliveira, Albertina Sequeira, Armando Rodrigues, Filomena Girão, Henrique Barros, João Gilsanz Magalhães, Lídia Pereira, Luísa Santos, Maria da Graça Carvalho, Maria Inês Basto, Maria João Andrade, Márcia Vilarigues, Nuno Correia, Pedro Linhares, Ricardo Reis, Susana Coentro e Vanda de Jesus. Paginação Nuno Ruano Impressão Gráfica Almondina - Progresso e Vida; Empresa Tipográfica e Jornalística, Lda Rua da Gráfica Almondina, Zona Industrial de Torres Novas, Apartado 29 2350-909 Torres Novas [t] 249 830 130 [f] 249 830 139 [email] geral@grafica-almondina.com [internet] www.grafica-almondina.com Distribuição Gratuita aos associados e assinatura anual (6 números) ; Portugal €32,00 (IVA incluído); União Europeia €60,00; Resto da Europa €75,00; Fora da Europa €90,00 Versão On line https://issuu.com/apicer-ceramicsportugal Notas Proibida a reprodução total ou parcial de textos sem citar a fonte. Os artigos assinados veiculam as posições dos seus autores. Esta edição vem acompanhada da revista Técnica n.º 8 Março / Abril 2021 (CTCV)
Índice de Anunciantes CERTIF (Verso Contra-Capa) • INDUZIR (Página 45) • Núcleo de Aplicadores (Verso Capa) • Bongioanni Macchine (Contra-Capa) Conteúdos conforme o novo acordo ortográfico, salvo se os autores/colaboradores não o autorizarem Publicação Bimestral nº 369 . Ano XLVI . Março . Abril . 2021
Depósito legal nº 21079/88 . Publicação Periódica inscrita na ERC [Entidade Reguladora para a Comunicação Social] com o nº 122304 ISSN 0871 - 780X Estatuto Editorial disponível em http://www.apicer.pt/apicer/keramica.php
p.2 . Kéramica . Index
Março . Abril . 2021
Editorial
Ainda agora começou e já está quase a concluir-se a Presidência Portuguesa do Conselho da União Europeia, cujo desempenho nunca pode ser avaliado com justiça, sem termos em consideração que a mesma tem decorrido em simultâneo, com a fase mais crítica da pandemia no nosso País. Faço votos para que a mesma simultaneidade aconteça no términus de cada uma, ou seja, que o encerramento da Presidência Portuguesa a 30 de junho de 2021, coincida com o fim da pandemia. E se assim acontecer como desejamos, vamos ficar “apenas” com os efeitos sociais e económicos da COVID-19, com os quais teremos que nos debater por mais não sei quanto tempo, e com uma dimensão que só conheceremos, quando for identificada a verdadeira natureza e profundidade dos danos causados. No meio deste turbilhão de incertezas, sobressai a dimensão da resiliência de que ainda precisamos para recuperar o fôlego, ao qual teremos que recorrer não para voltar ao que fazíamos e ao modo como fazíamos antes, mas para fazermos diferente e para fazermos melhor. Para fazermos melhor, teremos que apurar o zoom para o objetivo da sustentabilidade, preenchido com metas concretas a atingir, as quais nos obrigam nomeadamente a ser mais eficientes, e a recorrer aos
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meios digitais que hoje estão à nossa disposição; para fazermos diferente, teremos que nos servir igualmente dos meios digitais, para alguns dos quais até temos vindo a ser empurrados pela crise, dando lugar a novas formas de organização e de trabalho, mormente ao teletrabalho que, para além de constituir um novo desafio à gestão, é também um novo e veemente apelo à qualificação, sem a qual andaremos sempre à deriva. Aliás, o lema da Presidência Portuguesa é “Tempo de agir: por uma recuperação justa, verde e digital”. E a cumprir-se este desiderato como tudo leva a crer que se cumpra, vamos ter que estar muito atentos à tecnologia, à ciência e às “bazucas” (venham elas de onde vierem), de modo a que as empresas e a indústria de cerâmica no seu conjunto, possam responder com solidez e consistência, procurando soluções para os problemas. Para atingirmos os resultados que todos esperamos, bem sabemos que as responsabilidades têm que ser assumidas por todos também, neste caso e em concreto pelos Empresários, pela APICER e pelo CTCV, cada um na sua esfera de atuação, mas todos em conjunto para que a resposta seja “ justa, verde e digital”. No que respeita à APICER e ao CTCV, o que podemos dizer neste momento é que estamos a preparar-nos em conjunto, para cumprirmos a nossa parte nas soluções. Se o lema é o da recuperação, venha connosco e participe nas suas Unidades Autónomas.
Dr. José Luís Sequeira (Presidente da Direção da APICER)
Editorial . Kéramica . p.3
Destaque
PRESIDÊNCIA PORTUGUESA, LANÇAR AS BASES DAS TRANSIÇÕES VERDE E DIGITAL
p o r Ma r i a d a Gr a ça Ca r v a l ho, Eu r o d e p u t a d a d o P S D
Maria da Graça Carvalho
-
Eurodeputada do PSD
A Presidência Portuguesa do Conselho da União Europeia, que se aproxima já do seu último terço, identificou uma lista de prioridades claramente alinhadas com as grandes metas europeias. Nomeadamente com as transições verde e digital, a resiliência e a afirmação global da União. Foi menos ambiciosa ao nível da articulação das políticas europeias de saúde, desde logo no que respeita à questão urgente das vacinas. E essa falha, evidenciada pelo impacto transversal que a pandemia de COVID-19 continua a ter em todos os setores, contribuiu para
p.4 . Kéramica . Destaque
que tenha até agora passado a imagem de um certo apagamento. Em todo o caso, Portugal continua a ter dossiês muito importantes em mãos, nomeadamente a aprovação de todos os programas, iniciativas e missões que irão materializar o Quadro Financeiro Plurianual e o Mecanismo de Resiliência negociados durante a Presidência Alemã. E é muito importante que não perca essas metas de vista. O programa-quadro de Investigação Científica e Inovação, Horizonte Europa, será particularmente decisivo para a concretização da dupla transição verde e digital. No final de janeiro, durante uma audição a diferentes representantes do governo português na Comissão da Indústria, Investigação e Energia, do Parlamento Europeu, tive ocasião de frisar isso mesmo ao ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor. E devo dizer que, na altura, fiquei bastante agradada com as respostas recebidas do governante. Nomeadamente no que respeita à concretização das parcerias do Horizonte Europa, que assumiu serem uma das grandes prioridades da Presidência Portuguesa. Tenho um interesse particular neste tema, visto ter sido nomeada relatora pelo Parlamento Europeu de todas as parcerias do programa-quadro. Mas a minha principal motivação para as querer ver concretizadas com sucesso, e sem demoras, é a importância que as mesmas terão para ajudar a Europa, e particularmente a sua indústria, a alcançar as metas extremamente ambiciosas e disruptivas a que nos propusemos. Desde a descarbonização da nossa economia à digitalização. Metas que, no seu conjunto, representam uma verdadeira nova revolução industrial.
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Destaque
Em conjunto com as chamadas “missões”, as parcerias representam cerca de 30% do orçamento do Horizonte Europa, o qual contempla investimentos totais de 95,5 mil milhões de euros entre 2021 e 2027. Existe um total de onze parcerias, todas elas intimamente ligadas aos grandes desafios dos nossos tempos. Nesta lista incluem-se as parcerias autónomas sobre computação de alto desempenho (HPC) e metrologia (instrumentos de medida) e outras nove, agregadas num único relatório – Single Basic Act -, abrangendo áreas tão distintas como a aviação limpa, o hidrogénio, a economia circular para o ambiente, a ferrovia, os medicamentos inovadores e saúde global. Pensando na indústria nacional, nomeadamente nos setores que terão de enfrentar maiores desafios em termos de redução das emissões de CO2, como é o caso das cerâmicas, torna-se bastante clara a importância de fazer parte destes projetos inovadores.
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Portugal tem um interesse particular na parceria sobre computação de alto desempenho (HPC), uma vez que se encontra entre os Estados-Membros escolhidos para acolherem os novos supercomputadores europeus. No entanto, todas as outras justificam uma atenção cuidada por parte das nossas empresas e das nossas instituições publicas e privadas. No passado, embora o país tenha conseguido crescer em termos de participação global no programa-quadro, o envolvimento nas parcerias foi ainda tímido. Uma realidade que devemos inverter. Precisamos de mais ciência e inovação, de levar mais tecnologia e inovação para a economia, se queremos manter-nos no comboio de transformação que a União Europeia iniciou. Pela minha parte, como relatora das parcerias, tudo farei para garantir que o acesso às mesmas se torne mais simples, mais aberto e mais equitativo entre os diferentes países e regiões da Europa.
Destaque . Kéramica . p.5
Reindustrializar
POR UMA INDÚSTRIA MAIS RESILIENTE
p o r Lí d i a Pe r e i r a , Eur o d e p u tada do PSD
Lídia Pereira
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Eurodeputada do PSD
É amplamente reconhecido pelos decisores políticos na União Europeia tanto o papel crucial da indústria na economia europeia, como a sua capacidade para liderar as mudanças e inovações que os tempos pedem. A indústria representa quase 25% da economia da UE e emprega cerca de 35 milhões de pessoas, gerando outros tantos milhões de empregos associados a setores que a suportam, tanto na Europa, como no resto do mundo. Além disso, 80% das exportações de bens da União são atribuídos à sua indústria,
p.6 . Kéramica . Reindustrializar
sendo por isso um dos setores com maior relevo no que a investimento direto estrangeiro diz respeito. Tendo em conta os dados descritos, uma das políticas fundamentais da UE é, de facto, a Estratégia Industrial Europeia. Esta estabelecerá as diretrizes necessárias para que a indústria europeia se possa reindustrializar, tendo em conta as tendências que o futuro exige. Já assistimos a este processo no passado, e estamos convictos que, tendo acesso às ferramentas necessárias, a indústria será capaz de se voltar a reinventar e superar os desafios que lhes são apresentados. Os desafios mais críticos são óbvios: o objetivo de neutralidade climática em 2050 e a transição digital. Foram apresentados não só por Ursula Von der Leyen, Presidente da Comissão Europeia, como também por muitos líderes governamentais e corporativos por todo o mundo como sendo o maior desafio da nossa geração. Um não pode existir sem o outro, e ambos estão presentes no coração na grande maioria das políticas europeias a serem desenhadas, e a indústria vai ter se adaptar, da melhor forma possível, para que consiga aproveitar de uma forma eficaz os conhecimentos e fundos disponíveis na União. Sei que muitos líderes da indústria estão sensibilizados para este facto e que estão a levar a nível pessoal a missão de alinharem os seus negócios com os objetivos mencionados. A União Europeia tem de liderar o caminho para garantir que as estratégias e planos apresentados sejam eficientes ao mesmo tempo que não deixam ninguém para trás. Não deixa de ser importante lembrar que diferentes setores da economia partem de posições de partida diferentes, estando uns já mais digitalizados e descarbonizados que outros, e, por isso, os níveis de ajuda e incentivos variam entre setores. Este facto é relevante, pois muitos setores tradicionais da nossa economia, representam uma fonte histórica de crescimento económico e de emprego
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Reindustrializar
bastante significante em todos os países europeus, não sendo Portugal uma exceção. A pandemia de Covid-19 veio, no entanto, dificultar bastante a vida a muitos setores da indústria europeia. Muitas empresas têm lutado durante o último ano para se adaptarem às restrições que lhes foram impostas. A UE e os seus Estados Membros devem fazer tudo o que estiver ao seu alcance para ajudar as suas empresas a recuperar desta grave crise económica, ao mesmo tempo que as ajuda a descarbonizar e no processo de digitalização. Neste âmbito, não posso deixar de lamentar que o Plano de Recuperação e Resiliência apresentado pelo governo português, em vez de optar por colocar as empresas e as indústrias no centro estratégico da recuperação, escolha alocar mais dinheiro para o setor público, e em particular para as zonas metropolitanas de Lisboa e do Porto. As respostas que encontrarmos para esta crise terão um impacto profundo tanto na nossa economia no curto-médio prazo, como na nossa capacidade de aproveitar a oportunidade histórica que os fundos europeus nos fornecem para tornar a nossa economia mais resiliente e preparada para o futuro. Infelizmente o Governo não está a tomar as medidas certas para aproveitar esta oportunidade única. A Comissão Europeia apresentou em março passado a última versão da Estratégia Industrial, onde deixou claro, para além dos objetivos acima descritos, a importância da melhor integração do mercado único, da manutenção de condições de concorrência equitativas e da necessidade de qualificação e requalificação do mercado de trabalho. Porém, esta estratégia foi pensada numa realidade pré-Covid, e, portanto, o Parlamento Europeu solicitou em novembro uma revisão do documento para incorporar os fundos de recuperação provenientes do Next Generation EU e que estabeleça um cenário de duas fases. A primeira é uma fase de recuperação económica onde se consolidem empregos, se reativem as cadeias de produção e de adaptação a um período pós-covid, enquanto a segunda visa a muito necessária reindustrialização. Embora as empresas com maior dimensão, geralmente multinacionais, tenham acesso a instrumentos financeiros que as ajudem a superar esta crise económica, as pequenas e médias empresas muitas vezes não têm. Sendo que estas representam cerca de 99% do total de empresas da União, a Estratégia Industrial tem de se concentrar nelas. O estado agravado das dívidas privadas e a diminuição da capacidade de investimento irá ter um impacto relevante no crescimento destas empresas no longo prazo. Este é um assunto do qual eu, e os meus colegas no Partido Popu-
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lar Europeu, estamos particularmente conscientes e pelo qual iremos continuar a lutar para que tenha a devida relevância no debate político europeu. Durante o último ano observámos também o quão as nossas cadeias de produção podem ser fragilizadas, e como a União Europeia é dependente de países terceiros em alguns setores. Com as restrições vigentes ao comércio internacional, o debate sobre a soberania da UE tem ganho relevância dentro das instituições europeias. Particularmente, a nossa dependência de matérias-primas de um número reduzido de países produtores pode impor desafios extra num futuro próximo se a procura por matérias-primas específicas aumentar e a instabilidade do mercado internacional se mantiver. De forma a mitigar este problema, a Comissão Europeia, apresentou o plano de ação para as matérias-primas essenciais, que propõe o desenvolvimento de cadeias de valor mais resilientes para os ecossistemas industriais europeus, reduzindo a dependência de mercados estrageiros através da implementação de uma economia circular, da comercialização de produtos mais sustentáveis e na forte aposta em inovação. A União Europeia foi pioneira ao comprometer-se com a meta de neutralidade carbónica até 2050, sendo bastante mais ambiciosa que todos os seus parceiros comerciais. Deve, por isso, proteger o seu mercado único de outras economias mais poluentes, através de ferramentas como o Mecanismo de Ajustamento das Emissões de Carbono, de forma a alcançar condições de concorrência equitativas e garantir, que o seu setor da indústria cerâmica seja competitivo desde as PME até às maiores empresas. No que à digitalização diz respeito, a indústria da cerâmica e cristalaria enfrenta uma oportunidade única para transformar os seus modelos operacionais através da implementação de produtos e serviços digitais que permitem melhorar a eficiência operacional, conseguir uma melhor personalização na venda ao cliente, na gestão de stocks que resultam em melhores margens de lucro. Comparado com outras indústrias, como os media ou o retalho, a margem de crescimento é significativa, e aqueles que primeiro aproveitarem esta oportunidade alcançaram uma vantagem competitiva significante. Por outro lado, aqueles que não o fizerem, correm o risco de não se conseguirem adaptar ao mercado do futuro. Acredito que indústria portuguesa seja capaz de aproveitar esta oportunidade, de usar os fundos que vão estar disponíveis para se reinventarem e contribuírem para um mundo melhor, mostrando o verdadeiro potencial que temos no nosso país.
Reindustrializar . Kéramica . p.7
Mercados
ACORDO UNIÃO EUROPEIA – MERCOSUL. SERÁ UM DIA UMA REALIDADE?
p o r Lu í sa S a n t o s, D e p u t y D i re ctor-G e n e ral Bu s i ne s sEur o pe
Deputy Director-General Business Europe
Uma das prioridades iniciais da Presidência Portuguesa era concluir oficialmente e dar início ao processo de ratificação do Acordo entre a União Europeia e o Mercosul (Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai) que foi concluido politicamente a 28 de Junho de 2019. Infelizmente por razões que explicaremos mais à frente este acordo que demorou 20 anos a negociar corre o risco de nunca se tornar realidade, porque os interesses de uma minoria bem organizada e influente estão-se a sobrepor aos interesses da maioria muitas vezes silenciosa. Para Portugal o acordo é importante não apenas devido aos laços históricos e culturais com a região em particular com o Brasil mas também por razões económicas.
Segundo dados da Comissão Europeia¹ 1.786 empresas portuguesas exportam para região, sendo 87% destas Pequenas e Médias Empresas e cerca de 40.000 postos de trabalho estariam ligados às exportações para o Mercosul. O Mercosul ocupa o 3° lugar entre os mercados de destino das exportações portuguesas fora da União Europeia representando um valor de cerca € 2,5 biliões anualmente. O Mercosul é um mercado tradicionalmente fechado, protegido com direitos alfandegários na ordem dos 35% para muitos dos produtos que Portugal exporta como têxteis, vestuário ou calçado. Para arigos de cerâmica os direitos alfandegários no Mercosul situam-se entre 10%-20%. A existência de um acordo comercial e a redução progressiva dos direitos aduaneiros poderia impulsionar as exportações portuguesas num momento importante em que se procuram novas oportunidades de crescimento económico para ultrapassar a crise gerada pelo COVID-19.
Luísa Santos
-
Mas qual a real importância deste acordo para o resto da União Europeia? O Acordo é igualmente importante do ponto de vista geo-estratégico e do ponto de vista económico para o resto da União Europeia. Comecemos pelos números: A região conta com mais de 260 milhões de consumidores 1 https://ec.europa.eu/trade/policy/in-focus/eu-mercosur-association-agreement/eu-mercosur-in-your-town/
p.8 . Kéramica . Mercados
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Mercados
A 5ª economia mundial mais importante (não considerando a UE) com um PIB anual de €2,2 trilliões A região é um mercado para 60.500 empresas europeias Em 2019 as exportações de mercadorias da União Europeia para o Mercosul atingiram €41 biliões e as exportações de serviços €21 biliões O investimento da União Europeia acumulado na região era de €365 biliões em 2017 Estima-se que cerca de 850.000 postos de trabalho na União Europeia estão dependentes das exportações apenas para o Brasil, enquanto no Brasil 425.000 empregos dependeriam das exportações para a União Europeia. Este número poderia ser aumentado com o acordo. Nos setores industriais em que a União Europeia tem mais exportações para o Brasil, nomeadamente maquinaria, automóveis, quimicos e produtos farmacêuticos, espera-se que a redução dos direitos alfandegários possa trazer ganhos de competitividade significativos já que eles são por enquanto bastante elevados- 35% nos automóveis, 14%-20% na maquinaria, 18% nos quimicos e 14% nos produtos farmacêuticos. No estudo final de avaliação do impato do acordo que a Comissão Europeia tornou público recentemente (Março 2021²) prevê-se que num cenário conservador as exportações da União Europeia para o Mercosul poderiam aumentar: ► 47% para produtos químicos e farmacêuticos ► 78% para maquinaria ► 98% para automóveis e componentes ► 311% para têxteis e vestuário ► 91% para os laticínios ► 36% para as bebidas (sobretudo vinhos e bebidas alcoólicas) Alguns setores Europeus, nomeadamente os produtores de carne de vaca, queixam-se que o acordo vai dar vantagens competitivas adicionais aos produtores do Mercosul que praticam preços muitos competitivos e supostamente não têm os mesmos critérios de qualidade e segurança para o consumidor que existem na União Europeia. Importa clarificar que (a) o Mercosul não vai poder exportar toda a quantidade de carne que quer porque as importações vão estar sujeitas a uma limitação quantitativa e (b) todos os produtos vendidos no mercado europeu têm obrigatoriamente que respeitar as regras sanitárias e
de qualidade impostas pela União Europeia, independentemente de haver ou não um acordo comercial com o país de origem. Se há produtos à venda na União Europeia que não respeitam inteiramente a legislação existente cabe às entidades europeias e nacionais da cada país a responsabilidade de realizar inspeções e retirar do mercado os produtos não conformes. Para além da importância económica que é patente nos números acima, há também a importância geo-estratégica que é mais difícil de quantificar. A União Europeia é o primeiro parceiro comercial e primeiro investidor no Mercosul mas a China ocupa o primeiro lugar enquanto fornecedor de mercadorias. O crescente papel da China nos países do Mercosul pode ter consequências importantes no modelo de desenvolvimento na região. Sabemos que a China não opera nos mesmos moldes de economia de mercado da Europa, antes se baseando numa forte intervenção estatal na economia, com um papel determinante dos subsídios públicos e das grandes empresas públicas. Isto cria condições de competição injustas e desiqulibradas face às empresas Europeias a maioria delas PMEs que têm que se bater por ter acesso ao crédito, às vezes em condições muito difiíeis e a preços muito elevados. O que se vem verificando em África e que as empresas portuguesas têm testemunhado é um exemplo a não repetir. Isto vem reforçar a ideia que o Acordo UE-Mercosul é uma oportunidade única para abrir novas áreas de cooperação entre as duas regiões, garantindo que os países do Mercosul permanecem alinhados com valores essenciais para a União Europeia na área do desenvolvimento sustentável, dos direitos humanos, dos valores democráticos, das regras da concorrência e do comércio leal. Considerando o panorama instável que se vive internacionalmente em muitas regiões do globo, com crescentes tensões nomeadamente entre a China e os Estados Unidos, é ainda mais importante estabelecer mais e melhor cooperação com o Mercosul sobretudo em áreas em crescimento como a economia digital e o combate às mudanças climáticas. Falando de desenvolvimento sustentável e do combate às alterações climáticas também neste caso o acordo vai ser benéfico para o Mercosul e para a União Europeia. Em primeiro lugar porque o acordo prevê a obrigatoriedade para os signatários de não baixarem os níveis de proteção laboral e ambiental e também de respeitarem o princípio da precaução na adoção e implementação de legislação quando está em causa a saúde ou a proteção ambiental. O acordo também estabelece que a União Europeia e o Mercosul vão respeitar e implementar o Acordo
2 https://trade.ec.europa.eu/doclib/docs/2021/march/tradoc_159509.pdf
Março . Abril . 2021
Mercados . Kéramica . p.9
Mercados
de Paris sobre o Clima, incluindo a redução das emissões de CO2 e o combate à deflorestação ilegal nomeadamente na Amazónia e finalmente que ambos se comprometem a aumentar a cooperação nesta area. Mas porquê o acordo corre o risco de não ser uma realidade? Primeiro porque alguns ambientalistas consideram que o acordo não é suficientemente forte em matéria ambiental e que era necessario obter ainda mais compromissos nomedamente por parte do Brasil no que diz respeito ao combate à deflorestação na Amazónia. É verdade que a deflorestação na Amazónia vem aumentando nos últimos anos e este é um problema que preocupa bastante a sociedade civil na Europa tendo em conta o acelarar das alterações climáticas. Mas a questão que devemos colocar é que solução serve melhor a resolução deste problema, ter ou não ter o acordo? Se não tivermos o acordo podemos continuar a levantar o problema e a tentar convencer as autoridades Brasileiras a serem mais eficazes no combate à deflorestação, nada mais. Se tivermos o acordo quer a União Europeia quer o Mercosul têm que respeitar os compromissos assumidos que têm carácter vinculativo. O acordo é um instrumento de pressão na área do desenvolvimento sustentável e se algum dos signatários não cumprir as suas obrigações poderá em última instância ser acusado de incumprimento do acordo com as consequências daí inerentes. O acordo também abre novas portas para mais cooperação entre as empresas da União Europeia e do Mercosul nesta área. Muitas empresas já estão a investir e a inovar para criar bens, serviços e tecnologias mais sustentáveis, nomedamente na área da economia circular e das energias renováveis. O acordo UE-Mercosul vai facilitar ainda mais estas iniciativas já que vai promover trocas comerciais através da redução e eliminação dos direitos aduaneiros e da simplificação dos procedimentos alfandegários. O outro segmento de criticas ao acordo vem do setor agrícola e em particular dos produtores de bovinos Europeus. Por um lado, consideram que o acordo vai provocar perdas de rendimentos para os produtores Europeus que já enfrentam ums situação difícil provocada nomeademente pela redução do consumo de carne na Europa. Alegam ainda que a concorrência do Mercosul é desleal porque os produtores da região não estão sujeitos aos mesmos padrões sanitários, de segurança, qualidade e sustentabilidade que os produtores da União Europeia.
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Um acordo comercial nem sempre traz benefícios para todos os setores da economia e poderá haver sempre alguns que perdem. Mas neste caso cabe à União Europeia adotar as medidas de compensação necessárias para mitigar o impato negativo sobre esse ou esses setores. No caso particular do Acordo UE-Mercosul os ganhos para a economia em geral são inequívocos. Os setores industriais, dos serviços e muitos dos setores agrícolas vão beneficiar de forma significativa com o acordo. Se há um ou dois setores que podem sair prejudicados tem que se encontrar uma solução mas esta não pode passar pela rejeição do acordo. Uma minoria não pode decidir o destino da maioria. Importa não esquecer que 2020 foi um ano dramático para as trocas comerciais no mercado interno da União Europeia com uma quebra de € 2. 841,7 biliões por comparação com 2019. As exportaçãoes para fora da UE também sofreram uma quebra significativa de quase 10% no mesmo período. Importa assim aproveitar todas as oportunidades que se apresentam de apoiar as exportações e o crescimento económico na Europa e o acordo com o Mercosul é sem dúvida uma delas. Apesar do panorama atual não ser o mais positivo, é fundamental que aqueles que vão beneficiar deste acordo e são muitos continuem a defendê-lo publicamente. É preciso trazer os fatos e a realidade para a discussão. A maioria não pode ficar silenciosa sob pena de se perder uma oportunidade única de beneficiar do maior acordo comercial celebrado até hoje pela União Europeia e que certamente trará muitos benefícios também para Portugal.
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Digital
A MARCA PORTUGUESA NA DÉCADA DIGITAL EUROPEIA
por Van da de Je s us, D i r e t o ra Exe cu t i v a d a Port u ga l D igit a l
Va n d a d e J e s u s - D i r e t o r a Exe c u t i v a d a Po r t u g a l D i g i t a l créditos PME Magazine e João Filipe Aguiar
Ao longo do último ano, Portugal tem assumido como prioridade a missão de se tornar uma verdadeira Nação Digital. Este desígnio não só é espelhado nas múltiplas medidas e iniciativas definidas pelos três pilares do Plano de Ação para a Transição Digital, como esperamos também deixará a sua marca a nível internacional, marcada por este semestre tão relevante da Presidência do Conselho da União Europeia. No nosso país, temos levado a cabo um trabalho consistente na capacitação dos cidadãos, combatendo a iliteracia digital que ainda é sentida em diferentes camadas da sociedade. Temos ampliado as oportunidades
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para experimentação de novas tecnologias e o potencial digital do diverso tecido empresarial, de norte a sul. Temos fomentado a contratação e a adoção de serviços tecnológicos e digitais por parte do Estado, potenciando a desmaterialização dos principais serviços da Administração Pública e democratizando o acesso a eles. O trabalho desenvolvido e o seu impacto têm ultrapassado as nossas fronteiras, colocando-nos num lugar de destaque enquanto porta de entrada para os principais parceiros da União Europeia, atuais e potenciais, nesta nova geografia e esfera tecnológica e digital. Esta é, aliás, uma das principais mais-valias da digitalização: abrir as portas para o mundo, permitindo transformar a periferia no novo centro e valorizando como nunca os ativos conhecimento e inovação. Desde janeiro e até dia 30 de junho de 2021, Portugal assume a Presidência do Conselho da União Europeia e leva consigo, à semelhança da sua missão nacional, a ambição de tornar a Europa num Continente Digital. O compromisso é inequívoco: uma das centrais prioridades e linhas de ação da nossa Presidência será assegurar a aceleração na utilização de tecnologias digitais verdes, indo ao encontro da estratégia da Comissão Europeia que ambiciona alcançar a soberania digital da União até 2030. Neste sentido, foram já dados passos largos para unir todos os Estados-Membros numa visão que enfrente os desafios desta Transição Verde e Digital: desde a consagração de direitos digitais à conceção de políticas comuns que respondam às potencialidades das startups e scale-ups europeias no mercado global. No passado dia 19 de março, marcado pela edição de 2021 do Dia Digital, organizado pela Comissão Europeia e pelo Ministério da Economia e Transição Digital português, foram reiterados os compromissos da União para a transição verde e digital em três domínios
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Digital
potencialmente diferenciadores: na conectividade, nas startups e nas tecnologias digitais limpas. Cada um destes campos tem o potencial de fortalecer o papel da UE no mercado e na influência internacional. Neste sentido, indo ao encontro do primeiro foco relativo à conectividade, foi assinada por 27 países europeus a Declaração “As plataformas de dados europeias como elemento fundamental da Década Digital da UE”. O compromisso subscrito passa por intensificar a conectividade entre a Europa e os seus parceiros em África, na Ásia, na América Latina e na vizinhança europeia, através do recurso a cabos terrestres e submarinos, assim como a satélites e ligações de rede para reforçar a segurança na partilha de dados. Das quatro plataformas de conectividade previstas nesta declaração, uma delas sai reforçada pelo cabo submarino transatlântico Ellalink, que ligará a Europa à América Latina, através de Sines. Este cabo, ancorado em Portugal no dia 6 de janeiro de 2021, permitirá a transmissão de dados e a ligação a data centers, proporcionando novas oportunidades ao mercado europeu. A melhoria das infraestruturas para a conectividade e armazenamento seguro de dados na UE é essencial para a sua soberania digital que desejamos ver consolidada até 2030. Com esta declaração, saem reforçadas as parcerias internacionais e o potencial da União para se tornar num hub de dados de excelência, tornando-a mais competitivo no mercado global. Em segundo lugar, no domínio das startups – vertente em que o contributo português mais se destacará neste desígnio europeu –, a Declaração EU Startup Nation Standards of Excellence (Declaração sobre Padrões da União Europeia para Nações Startup) responde aos desafios e ao potencial do ecossistema de startups e scale-ups. No contexto em que vivemos, conseguimos evidenciar que a natureza deste ecossistema – inovador, disruptivo e promotor de experimentação de novas tecnologias – pode fazer a diferença na recuperação económica europeia e servir como catalisador para a transição verde e digital com que nos comprometemos. Na Europa, temos a mais-valia de ter o maior número absoluto de startups, mas a sua performance precisa de ser potenciada. Esta declaração, assinada por 25 países europeus, tem o objetivo de apoiar o empreendedorismo na Europa, dando-lhe mais notoriedade. Ao mesmo tempo, promove a padronização deste ecossistema e de políti-
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cas articuladas e standards comuns que o harmonizem e que permitam analisar com maior precisão toda a extensão do mercado europeu. Em estreita colaboração com os Estados-Membros e os stakeholders do setor, a Comissão Europeia criou ainda linhas estratégicas e boas práticas, de forma a contribuir para o empoderamento das startups e scale-ups europeias. Consciente deste potencial no universo das startups, a Presidência Portuguesa do Conselho da UE concretiza as premissas desta declaração através de uma Estrutura Permanente – a “Aliança Europeia das Nações para as Startups” (Europe Startup Nations Alliance) – que será sediada em Lisboa. A Estrutura pretende ser o principal agregador, fonte de informação e promoção do empreendedorismo, estimulando investimento e fomentando a retenção e atração de talento. Portugal posiciona-se, assim, na linha da frente da operacionalização destes compromissos. A aposta nas tecnologias digitais limpas é o terceiro domínio essencial para a Década Digital Europeia, espelhando-se na Declaração por uma Transição Verde e Digital da UE. Assinada por 26 países europeus, pretende ser o principal promotor do recurso às tecnologias digitais verdes, de forma a alcançar a neutralidade climática e acelerar as transformações. A Declaração promove o apoio às cidades europeias nesta adaptação, impulsiona uma vontade de tornar a UE líder na adoção de soluções de inteligência artificial e de contribuir para uma infraestrutura europeia em Cloud e Blockchain que seja sustentável, assim como reforça o investimento na investigação e na inovação, através de programas de financiamento da UE e de capital privado no apoio às PME e startups de tecnologias verdes europeias. Entre outras medidas e iniciativas que engloba, a Declaração por uma Transição Verde e Digital clarifica e potencia esta transformação europeia, sublinhando: a digitalização das pessoas, empresas e Estados é crucial, mas deverá ser acompanhada de uma cuidada responsabilidade ambiental. Para além dos esforços da Comissão Europeia e dos países europeus, também os parceiros sociais compreenderam a importância do seu envolvimento e do papel impulsionador que os líderes podem desempenhar num movimento de transformação como este. 26 CEOs de empresas assinaram uma Declaração de Apoio à Transformação Verde e Digital da Europa, que se materializa na intitulada Coligação Digital Verde Europeia.
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Os membros desta Coligação comprometem-se a investir no desenvolvimento e implementação de tecnologias e serviços digitais mais sustentáveis, promovendo o diálogo intersectorial e ajudando os vários setores a irem ao encontro dos objetivos desta Década Digital Europeia, em estreita colaboração com a Comissão, ONGs e organizações especializadas. O trabalho da Presidência Portuguesa do Conselho da UE em torno da transição digital e em contínua proximidade com a Comissão Europeia, vai mais longe. Sabemos que a identidade europeia está intimamente ligada às premissas de confiança e segurança, principalmente no que concerne a direitos e garantias. Em concordância com o que distingue a União Europeia e com o que acreditamos ser a nossa força, a Presidência Portuguesa tem o claro objetivo de afirmar a UE como líder no respeito pelos direitos digitais e parceiro confiável e competitivo no domínio digital. Neste sentido, durante o mandato da Presidência Portuguesa, será apresentada a Declaração de Lisboa. O documento - que será apresentado em junho, na Assembleia Digital - pretende
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desfragmentar a legislação digital que já existe, reunindo-a numa estratégia comum que assegure a transparência e promova os valores europeus na era digital, podendo servir de referência na União Europeia e além-fronteiras. Juntamente com esta declaração, figurará um conjunto de princípios de Direitos Digitais – que se encontra ainda a ser ultimado – e que sublinhará a importância do respeito pelos direitos digitais individuais, pela defesa dos valores democráticos, pela ética e pela sustentabilidade. A marca portuguesa na Década Digital Europeia é definida por consensos, pela agregação de políticas comuns nos domínios digital e tecnológico e pela aposta no empreendedorismo enquanto catalisador da recuperação económica. Continuaremos a unir forças com os restantes Estados-Membros e parceiros sociais e económicos, na certeza de que a Europa tem todas as potencialidades para se tornar num Continente Digital e Startup. À semelhança da nossa missão portuguesa, tudo faremos para não deixar ninguém, nem nenhum território, para trás.
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Secção Jurídica
UM PLANO DE RECUPERAÇÃO E RESILIÊNCIA À MEDIDA DAS EMPRESAS?
p o r Fi l o m e n a Gi r ã o e Ma r i a In ês B a s t o, FA F A d v o g a d o s
Filomena Girão e Maria Inês Basto
“Reparar os danos e preparar o futuro para a próxima geração” é o mote daquele que é tido como o pacote financeiro mais ambicioso alguma vez aprovado em Conselho Europeu. Por cá tem sido auspiciosamente apelidado como ‘BAZUCA’. Especialmente concebido para impulsionar a recuperação económica e social europeia pós-pandemia COVID-19, este pacote conjuga o Quadro Financeiro Plurianual 2021-2027 (1 074,3 mil milhões de euros) com o instrumento temporário de recuperação “Next Generation EU” (750 mil milhões de euros), a partir do qual se desenvolverá o Mecanismo de Recuperação e Resiliência, a que os Estados-membros poderão aceder uma vez aprovados os seus planos nacionais de aplicação das verbas europeias. No âmbito deste programa de ajuda europeia, Portugal irá receber quase 17 mil milhões de euros - com possibilidade de recurso adicional a empréstimos a solicitar à Comissão Europeia até 2022 em valor até 2.300 milhões de euros - sendo que, daqueles, 13.944 milhões de euros serão financiados através de subvenções e 2.699 milhões de euros a título de empréstimo.
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Estas verbas deverão ser alocadas tendo em conta os seis pilares de intervenção entretanto definidos pela Comissão Europeia: Transição Ecológica; Transformação Digital; Crescimento Inteligente, Sustentável e Inclusivo; Coesão Social e Territorial; Saúde e Resiliência Económica, Social e Institucional; e, Políticas para a Próxima Geração, Crianças e Jovens. O objectivo é, assim, atenuar o impacto económico e social da actual pandemia e tornar as economias e sociedades europeias mais sustentáveis, resilientes e mais bem preparadas para os desafios e as oportunidades das transições ecológica e digital. Neste contexto, Portugal elaborou o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), um plano de reformas e investimentos com um período de execução até 2026, cuja versão final foi aprovada em Conselho de Ministros no passado dia 15 de Abril. O PRR estruturou a alocação das verbas europeias em três grandes eixos: RESILIÊNCIA (66,8% das verbas), TRANSIÇÃO CLIMÁTICA (18,4% das verbas) e TRANSIÇÃO DIGITAL (14,8% das verbas). Estes eixos são depois concretizados através de 20 componentes distintas, sendo a componente C.5. respeitante a Capitalização e Inovação Empresarial aquela que terá mais peso em todo o PRR, com cerca de 3 mil milhões de
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Secção Jurídica
euros de dotação, o que significa um reforço substancial face à versão do PRR prévia à consulta pública realizada no início deste ano. Os maiores investimentos previstos nesta componente são: as agendas/ alianças mobilizadoras ou verdes de reindustrialização; a missão interface para renovação da rede de suporte científico e tecnológico e a sua orientação para o tecido produtivo; a agenda de investigação e inovação para a sustentabilidade da agricultura, alimentação e agroindústria; a recapitalização do sistema empresarial da região autónoma dos Açores; o relançamento económico da agricultura açoriana e a capitalização de empresas e resiliência financeira através do Banco Português de Fomento (que corresponde a metade da dotação da componente C.5.). Outras componentes com atribuição directa de apoios financeiros às empresas são as componentes de Qualificações e Competências (1324 milhões), de Descarbonização da Indústria (715 milhões), de Bioeconomia Sustentável (145 milhões) e da Transição Digital nas Empresas (650 milhões). Além destes apoios directos, o Governo calcula que o PRR tenha ainda um positivo impacto financeiro nas empre-
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sas, de uma forma indirecta, através de obras públicas que serão adjudicadas às empresas nacionais. Com um total de quase 5 mil milhões de dotação diretamente atribuída às empresas, o Plano de Recuperação e Resiliência será sem dúvida um incentivo de recuperação económica às empresas, em especial, através do reforço do Banco Português de Fomento. Trata-se, porém, antes de tudo, de um plano de investimento na Administração Pública (que abrange cerca de dois terços do PRR), já que nem todas as empresas poderão beneficiar das medidas previstas no Plano, por falta de enquadramento nos seis pilares de intervenção da Comissão Europeia a que acima fizemos referência. Por fim, para que o Plano de Recuperação e Resiliência português se concretize, será ainda necessário que todos os Estados membros submetam e vejam os seus planos de recuperação aprovados, e, ainda, que todos ratifiquem a nova Decisão Relativa a Recursos Próprios em conformidade com os respectivos requisitos constitucionais, o que, à data em que escrevemos, apenas 17 dos 27 Estados-membros fizeram, e sem a qual a União não poderá financiar a sua ‘bazuca’.
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Digital
ERA DIGITAL, A VERDADEIRA IMPORTÂNCIA PARA AS EMPRESAS
p o r Ri ca r d o Re i s, G e s t o r d e Exp ortaçõe s & Ma r k e t i ng na Pe r pé t u a , Pe r e i ra & A lme i da - PPA
O processo digital nas empresas começou de uma forma bastante faseada. A rede de internet em Portugal inclusive, foi uma das bandeiras de alguns governos. A grande questão é que as empresas, especialmente as PME, não acompanhavam todo o desenvolvimento e processo com a mesma rapidez que o país que era capacitado desses meios. Apesar disso, as empresas foram evoluindo e digitalizando muitos dos seus processos para otimizar os mesmos e em parte, também ajudar na internacionalização das mesmas. Este foi o decurso normal até ao ano de 2020. Com a pandemia, os sectores que dependem muito de feiras para demonstrar o seu produto, onde estamos incluídos, viram a oportunidade vedada de uma normal apresentação dos mesmos. No ano de 2020 ainda se realizaram alguns eventos, no início do ano, mas à medida que a pandemia se expandia os mesmos foram cancelados, representado perdas para muitas empresas de vários sectores. Para terminar a nota introdutória, a pandemia veio forçar a adaptação, o que não deve ser considerado um
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ponto negativo, uma vez que permitiu a melhoria e inovação de alguns processos. A história provou já várias vezes que, perante uma adversidade fraturante na sociedade sendo ela de ordem natural ou provocada pelo Homem, da mesma nascem sempre novas oportunidades e novas formas de proceder, especialmente com planos de contingência empresarial que são ponto chave para principalmente as PME sobreviverem às vicissitudes. Aplicando todo este pequeno ensaio à PPA – Perpétua, Pereira & Almeida, a pandemia foi um grande “embate”. Em 2020 ainda marcámos a nossa presença na feira Ambiente Fair, em Frankfurt, onde as máscaras e desinfetantes foram uma tendência mesmo que por razões de prevenção e não por obrigação. Dadas as circunstâncias, foi visível que o número de visitantes desceu tendencialmente. Ainda no mesmo ano, e antes da participação com stand, a PPA – Perpétua, Pereira & Almeida visitou a Maison & Objet em Paris, no mês de janeiro, onde ainda não se vislumbrava o desafio que estaria pela frente. Por todas estas razões, como empresa, foi decidido
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aderir ao lay-off em junho de 2020, como medida preventiva, sendo que o número de encomendas suspensas e a escassez de novas encomendas começava a provocar lacunas gravosas no sistema de produção e nos custos imputados à mesma. Após esse mês, a empresa conseguiu sempre manter dentro do “aceitável” a sua produção, sendo que, no fim do ano e com o contínuo cancelamento de feiras, começou a ser ponderada a capacitação da mesma em recursos tecnológicos, para tornar a sua atividade digital mais forte.
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Em 2021 existiam coleções que se encontravam em desenvolvimento e que necessitavam de ser apresentadas, mas a carência de locais físicos para o fazer estava a condicionar-nos. Deste modo foi decidido que a melhor forma de ultrapassar esta barreira, seria avançar com o desenvolvimento do nosso meio digital e de certo modo criar a nossa própria “feira/showroom”. A preparação desta ambiciosa e nova forma de trabalhar começou com um incremento da nossa presença nas redes sociais e com um método de comunicação muito direcionado para a ativação da marca, aproveitando esta “neo” onda digital para desenvolver os nossos canais, de forma a conseguirmos alcançar novos públicos. Posto isto, embarcou-se na experimentação e na conceção de algo que nos podemos orgulhar imenso. Foi contratada uma equipa de filmagem que trouxe ideias muito ambiciosas e próprias que foram ao encontro do que o nosso Marketeer tinha como visão e objetivo. Todo este trabalho foi uma luta contra o tempo, uma vez que o objetivo era arrojado e a data de lançamento estava próxima. Foram realizadas filmagens nas nossas instalações, com depoimentos dos nossos colaboradores que des-
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vendaram a inspiração por detrás do desenvolvimento das coleções e exemplificaram de que forma essa inspiração terá ditado as formas e vidrados das mesmas. Tendo em conta que a primeira etapa estava concluída, avançámos para a próxima fase, a preparação da comunicação para o nosso meio digital. Realizámos 3 posts para as diferentes redes sociais e publicitámos o link do nosso stream de Youtube, onde estivemos durante cerca de 48 horas em diretos passando imagens de coleções e anunciando o nosso lançamento. Optámos por fazer duas apresentações, de forma a cobrir diversos fusos horários e, em paralelo, desenvolvemos um showroom 3D que pode ser disponibilizado a clientes, a pedido dos mesmos. Todas estas atividades foram realizadas sempre mantendo o foco na ativação das redes sociais. De forma breve e sucinta decidimos partilhar convosco a nossa experiência e estratégia que funcionou como um ensaio para o futuro, uma vez que apenas com prática, motivação e novas provações conseguirmos desenvolver as nossas competências e melhorar a nossa marca e o serviço prestado. O feedback obtido foi bastante positivo e desta forma, contamos que o mesmo se converta em novos negócios e parcerias. Ainda dentro da estratégia de digitalização, optámos ainda por aderir a uma plataforma Marketplace, com grande visibilidade mundial, mas como maior foco na Europa, com o objetivo de criarmos oportunidades únicas, tanto para nós como para todos os clientes, através da apresentação de peças únicas. Todas estas estratégias estavam preservadas num dito cardápio para o futuro, e a pandemia foi uma força motriz que estimulou a PPA – Perpétua, Pereira & Almeida e tantas outras empresas a fortalecer e ampliar todo o processo e meio digital. O futuro ainda é incerto e com tantos avanços e recuos, a expansão digital veio para ficar. Com o apoio e desenvolvimento das novas gerações que se apresentam cada vez mais preparadas para este mundo digital, é quase certo afirmar que as negociações transversais aos diversos setores, serão realizadas através da utilização dos canais digitais. Apesar de todo o benefício que podemos retirar deste mundo digital, não podemos deixar de frisar que estamos ansiosos pelo regresso às feiras presenciais, pelo contacto humano com os nossos clientes e potenciais clientes que sempre prezamos e desejamos manter.
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Investigação
CRAFT: ACTIVATING PEDAGOGY FOR CERAMIC EDUCATION FUTURES
por Márc i a Vi lar i g u e s, Nu n o Co r r e i a , Su sa n a Co e n t ro, Ar man d a Ro d r i g u e s, NOVA School of Science and Technology .
NOVA School of Science and Technology é parceira de um novo projeto Erasmus + para preservar as tradições na arte da cerâmica Uma equipa de investigadores da NOVA School of Science and Technology (NOVA SST) integram o projeto “CRAFT: Activating Pedagogy for Ceramic Education Futures”, no âmbito do programa “Erasmus + Parceiros Estratégicos”. Este projeto foi criado com o objetivo de dar resposta à crescente perda de tradições na produção de cerâmica, uma das formas de artesanato mais antigas da história da humanidade. Durante três anos, pretende-se mapear o estado atual das práticas artesanais e indústrias da produção de objectos de cerâmica e reunir o conhecimento fragmentado existente no setor com o objetivo de criar um programa de ensino inovador em educação artística e design, focando no desenvolvimento de novas formas de transferir conhecimento e tradições e criar um repositório sólido de práticas de produção. Na Europa o conhecimento especializado no uso e produção de objectos cerâmicos encontra-se fragmentado, sendo estudado em universidades, centros de investigação, museus ou em áreas de conhecimento especializado da indústria, tendo-se testemunhado o declínio progressivo do ensino da disciplina da Cerâmica. Paralelamente, as instituições de ensino tornaram-se também os guardiões de tradições de produção artesanal, visto a indústria cerâmica enfrentar um declínio potencial de aptidões, face aos desenvolvimentos tecnológicos e pressão económica. A instituição educacional tornou-se muitas vezes a casa das práticas artesanais mais tradicionais e também um laboratório para a combinação experimental dessas tecnologias tradicionais com ferramentas e métodos da indústria 4.0. No entanto, esse ecossistema é frágil e vulnerável a fatores externos, como a recessão, o custo da matéria-prima e materiais ou situações mais contemporâneas, como o Co-
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vid-19. Consequentemente, é crucial mapear este conhecimento em toda a Europa, avaliar a relevância da prática, construir um registo visual e oral de processos e técnicas, e desenvolver métodos para partilhar eficazmente esse conhecimento em redes de ensino, artesanato, indústria e artistas, atribuindo competência e qualificação para garantir que o artesanato tradicional seja relevante para a prática futura. Finalmente, existe a necessidade de repensar abordagens pedagógicas e construir um corpo de ferramentas de ensino coerentes, que se pretende criar neste projeto. Assim, o projeto CRAFT tem como objetivo apoiar a manutenção e transferência de conhecimento associado à produção e objetos de cerâmica através i) do mapeamento de locais de produção, competências e aptidões, processos, tecnologias, conhecimento intangível e práticas formativas (O1); ii) do desenvolvimento de abordagens pedagógicas e métodos de ensino inovadores para um ensino da cerâmica sustentável (O2); iii) da produção de recursos para o desenvolvimento de competências, oferecendo programas educacionais de prática da produção de cerâmica (O3). Os Departamentos de Conservação e Restauro e de Informática, através das unidades de investigação VICARTE (Vidro e Cerâmica para as Artes) e NOVA LINCS (NOVA Laboratory for Computer Science and Informatics), da NOVA SST, são os líderes de um dos três tópicos deste projeto (IO1: European Mapping of Ceramic Know-
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Investigação
ledge) e contam com Márcia Vilarigues, Susana Coentro, Armanda Rodrigues e Nuno Correia como membros da equipa. Temos como objetivo criar e disponibilizar um mapa europeu onde se identifiquem diferentes tipologias de competências, seguindo-se os locais onde essas competências existem e/ou podem ser adquiridas, possíveis relações com os materiais disponíveis e tradições locais históricas e, finalmente, aqueles que podemos partilhar e ensinar. As competências estarão relacionadas com o conhecimento existente, resultando numa abordagem intercultural e transdisciplinar entre os campos relacionados com o artesanato, arte e tecnologia, tanto a nível prático como teórico. O processo de documentação e transferência de conhecimento e experiências será baseado em processos participativos com entrevistas e demonstração de processos práticos por parte dos intervenientes. O VICARTE está responsável por mapear e entrevistar os fabricantes para rastrear a relação entre tradição e inovação, e revelar o movimento de ideias, pessoas e artesanatos relacionados com a cerâmica. A equipa do NOVA LINCS irá usar tecnologias digitais para armazenar e interagir com vídeos, imagens, textos e modelos 3D que representam os artefactos e pro-
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cessos mapeados, permitindo posteriormente a sua consulta e pesquisa georreferenciada suportada por um mapa europeu interactivo. O trabalho com materiais cerâmicos no contexto universitário e profissional europeu sofreu mudanças consideráveis nos últimos anos. O quadro é hoje muito diverso: ao lado de cursos ainda focados na formação técnica e artesanal, centrados em materiais e práticas, existem abordagens artísticas por vezes fortemente conceituais, onde o trabalho com materiais cerâmicos ocorre de forma interdisciplinar, tanto dentro da instituição quanto em parceria com a indústria e institutos de investigação. Nesta evolução corre-se o risco de ver desaparecer o património de conhecimento e práticas. O projecto CRAFT irá desenvolver pedagogias ativas e métodos de ensino a que os educadores possam aceder e usar para ensino e demonstração em sala de aula ou por meio de plataformas virtuais. Assim, o segundo tópico deste projeto tem como objetivo compilar, testar e tornar acessíveis várias abordagens e métodos para transmitir conhecimentos e permitir práticas educacionais transformadoras, abrindo a porta a novas abordagens experimentais em torno dos materiais
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cerâmicos e tecnologias no contexto do sistema de ensino universitário e profissional. Os resultados deste projeto serão partilhados numa rede europeia. O terceiro objetivo do projecto CRAFT é construir um repertório aberto de técnicas e práticas e partilhar/ transferir esse conhecimento por meio de um kit de recursos de ensino físico e suporte a um sistema de acreditação, aplicável em uma ampla gama de ambientes educacionais. Este objectivo surge da necessidade de proporcionar aos educadores um conhecimento aprofundado que abarque todas as possibilidades da disciplina, desde material, processo, técnica e práticas regionais, identificados no exercício de mapeamento. Uma gama de abordagens de ensino inovadoras desenvolvidas no segundo tópico, permitirá a implementação transdisciplinar e aplicação dos recursos de ensino do kit numa ampla gama de contextos de ensino. A parceria estratégica CRAFT baseia-se no princípio de partilhar conhecimentos e experiências numa rede de pares. Académicos e especialistas afirmam que este projeto Erasmus+ irá contribuir para a preservação de inestimáveis conhecimentos e tradições que estão em risco de serem perdidos, trazendo essas práticas para audiências e
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alunos e desse modo salvaguardar o futuro da fabricação de cerâmica. Este projeto colaborativo é liderado pela Ceramic Design da Central Saint Martins da University of Arts of London, e reúne instituições de ensino superior de toda a Europa, incluindo Academia de Artes, Arquitetura e Design em Praga, Universidade NOVA de Lisboa, WeißenseeAcademy of Art Berlin e Oslo National Academia das Artes. O CRAFT considera uma solução coesa e interdisciplinar para a questão cada vez mais ampla da perda de património cultural intangível e conhecimento. Também aborda o imperativo global de preocupação na educação artística com a perda de competências e ofícios inestimáveis devido à falta de inovação e de um repositório sólido e estabelecido de conhecimento. O projeto oferece uma forma tangível para uma abordagem especializada e complementar para reunir estas práticas fragmentadas, consolidando-as numa variedade de abordagens pedagógicas com visão de futuro. A prática e o artesanato da cerâmica poderiam então ser partilhados e ensinados de uma maneira mais democrática e confiável, para alcançar audiências mais alargadas.
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Investigação
PROJETO SUDOKET DEBATE APLICAÇÃO DE KETS EM EDIFÍCIOS INOVADORES
C l u st e r Ha bi t a t Su st e n t á v el
O projeto de investigação SUDOKET (Mapeamento, consolidação e disseminação das Key Enabling Technologies para o setor de construção no espaço SUDOE), financiado pelo programa INTERREG SUDOE, é coordenado pela Fundación Universidad Loyola Andalucía e conta com os seguintes parceiros: Fundación CARTIF, Fundación CIRCE, Universitat Politècnica de Catalunya, TECNALIA, CTA, NOBATEK/INEF4, LNEG, Cluster Habitat Sustentável, Universidade Nova de Lisboa, Institut Polytechnique de Bordeaux, Cluster Odéys e a Universidade de Aveiro. Este projeto, que conta com parceiros em Espanha, França e Portugal, tem como objetivo contribuir para o crescimento e a liderança tecnológica da Europa no setor dos “Edifícios Inovadores” (EI), através da promoção de soluções baseadas em Tecnologias Facilitadoras Chave (KETs - Key Enabling Technologies), desenvolvidas por empresas e/ou outras entidades. Atualmente classificam-se as KETs nos seguintes grupos: 1) Materiais Avançados e Nanotecnologia; 2) Inteligência Artificial; 3) Segurança Digital e Conectividade; 4) Tecnologias das Ciências da Vida; 5) Tecnologias de Produção Avançadas; 6) Nanoelectrónica e Fotónica.
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Foi no âmbito deste projeto que se realizou nos dias 20 e 21 de abril, a segunda conferência designada CRAKETIB, focada na investigação e aplicação deKey Enabling Technologies para Edifícios Inovadores. Esta conferência, moderada pela Universidade Politécnica da Catalunha (UPC), arrancou no dia 20 de abril com uma apresentação feita pela Onyx Solar (Tomás del Caño), seguida por mais quatro intervenções de parceiros do projeto SUDOKET sobre as instalações piloto demonstradoras baseadas em KETs para Edifícios Inovadores. Primeiramente foi apresentado o demonstrador “KET SUPPLY - Sistemas de Fornecimento Solar” por S. Bouchackour (CDER), A.Luna e J. Castro (UPC), seguindo-se o ”KET MATERIALS - Materiais e Sistemas Avançados de Construção” por A. Corredera (CARTIF), F. Rebelo e R. Vicente (Universidade de Aveiro). O terceiro demonstrador “KET OPERATION - Gestão Inteligente de Edifícios Inovadores” foi dado a conhecer por J.M. Lourenço (LNEG), Jorge Facão (LNEG) e Daniel Aelenei (NOVA School of Science and Technology) e, por último, o “KET STORAGE - Sistemas de Armazenamento Térmico de Energia” foi apresentado por Z. Aketouane (Nobatek/INEF4) e Asier Sanz (Tecnalia).
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Investigação
Este primeiro dia contou ainda com um Workshop Industrial onde foram divulgadas soluções de algumas empresas, como o “Cleanwatts – o caminho para a neutralidade de carbono” apresentado por J. Basílio Simões e Luísa Matos da Virtual Power Solutions, a “Senergyforce – a fachada solar eficiente” por A. Teixeira da AT Solar, as “Aplicações de Controle Híbrido para Gestão de Energia em Edifícios” por J. Álvarez da GPTech e a “Análise de Dados Aplicada à Gestão de Energia em Edifícios” por X. Cipriano da BeeData. O segundo e último dia da 2ª conferência CRAKETIB foi composto por um Seminário Científico, onde foram apresentados resultados e projetos de I&D como o “Vidros inteligentes para edifícios energeticamente eficientes" por M. Manca (Leitat), ou o caso dos “Materiais inovadores para soluções de parede cortina" por J. Corker (Instituto Pedro Nunes), seguindo-se ainda as apresentações sobre o “Conforto térmico e implicações de eficiência energética em edifícios de serviços” por N.Forcada (UPC) e sobre o “Isolamento térmico na pré-fabricação” por L.Gil (UPC). O Projeto SUDOKET organizará, ainda em 2021, a 3ª e última conferência CRAKETIB. Se estiver interessado nesta temática, não perca a oportunidade de participar nesta conferência europeia sobre KETs a anunciar em breve em www.sudoket.com.
Instalações piloto baseadas em KETs para Edifícios Inovadores (Demonstradores) O projeto construiu e testou instalações piloto demonstradoras para Edifícios Inovadores que permitem validar o comportamento e demonstrar o uso de sistemas avançados baseados em KETs nos EI. Estas instalações permitem aos investigadores validar soluções baseadas em KETs em condições controladas, incrementando o conhecimento sobre a tecnologia. Por outro lado, permitem também aos fabricantes e instaladores observarem estas tecnologias avançadas em meios de aplicação reais. Os 4 espaços demonstradores do projeto SUDOKET são: • KETmaterials – Demonstrador de materiais e sistemas avançados de construção (CARTIF, U. Aveiro) • KETstorage – Demonstrador de sistemas de armazenamento térmico de energia (NOBATEK, Bordeaus INP, Tecnalia)
KETcluster
KETmaterials
Mapeamento de KETs para Edifícios Inovadores (KETcluster) O Projeto SUDOKET pretende identificar os atores envolvidos no desenvolvimento e aplicação das KETs nos Edifícios Inovadores e criar sinergias entre eles, visando a promoção de novos projetos e modelos de negócios inovadores e competitivos.
Assim, foi desenvolvido o KETcluster, um sistema de informação e colaboração online gratuito, dedicado ao mapeamento de diferentes atores interessados nas KETs na Construção e em processos de inovação, cuja finalidade é criar uma base de dados internacional de entidades com interesse nesta área. Neste momento está ainda em aberto o registo de entidades interessadas para se promover agora e no futuro sinergias e diferentes iniciativas de colaboração entre os membros registados. Website da plataforma KETcluster: http://ketpedia.com/ketagent/map.
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KETsupply
KETstorage
Investigação
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KEToperation
• KETsupply – Demonstrador de sistemas de fornecimento de energia solar (UPC, CIRCE, Tecnalia, U. Loyola) • KEToperation – Demonstrador de gestão inteligente de EI (LNEG, FCTUNL) Conheça mais sobre o projeto em: www.sudoket.com Para informações adicionais pode contactar um dos parceiros do projeto em Portugal, o Cluster Habitat Sustentável (centrohabitat@centrohabitat.net) ou o líder do projeto em Espanha, Fundación Universidad Loyola Andalucía (loyolaresponde@uloyola.es). SUDOKET (SOE2/P1/E0677) - projeto cofinanciado pelo Programa Interreg Sudoe através do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER).
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Cultura
O MUSEU DE OLARIA, O PAPEL DE UM AGENTE. AG E N T E C U LT U R A L : PA S S A D O, PRESENTE E FUTURO
por Pe dro L i nh ar e s , Té cni co Su p e r i o r Mu se u d e Ol a r ia | Muni cí pi o d e B a r ce lo s
Imagem 1 - Museu de Olaria https://www.cm-barcelos.pt/viver/cultura/ museu-de-olaria/)
Os etnógrafos portugueses do início do século passado, levados pela curiosidade e (talvez) por um certo deslumbramento com mundo rural, deram os primeiros passos para o conhecimento das suas atividades. Assim, nas primeiras décadas do século passado, tal como outros contemporâneos, Sellès Paes faz algumas das primeiras recolhas ligadas ao saber-fazer da Cerâmica. Dos seus périplos pela região norte do país coligiu inúmeros objetos, dando grande destaque ao Figurado e Olaria de Barcelos. Desta empresa surge o embrião do que é hoje o Museu de Olaria. Nascido com a designação de Museu de Cerâmica Regional, foi inaugurado a 4 Maio de 1963, em plena Festa das Cruzes. Até 1980 funcionava em instalações provisórias e desadequadas para as tarefas museológicas, razão pela qual mudou para a Casa dos Mendanha Benevides Cyrne. Edifício localizado no centro histórico da cidade, próximo da Câmara Municipal de Barcelos, que viria a sofrer transformações profundas para albergar o museu. As obras efetuadas fizeram-se com vista a adaptar um espaço que teve ao longo dos anos diversas utilizações, tais
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como quartel da GNR, Escola Comercial e Industrial, entre outras. Para além da mudança de espaço, este período trouxe outras transformações, uma delas no nome. Adota em definitivo a designação de Museu de Olaria. Durante os anos 80 do século XX, pelas mãos de Lapa Carneiro e Isabel Fernandes (respetivamente, ex-director e ex-conservadora do Museu de Olaria), o Museu de Olaria alarga os seus horizontes de investigação aos principais centros cerâmicos portugueses do passado e presente. Nos vários trabalhos de campo realizados, foram coletadas várias tipologias de objetos cerâmicos e artefactos ligados à sua produção. A juntar a isto, as crescentes relações institucionais e académicas feitas com investigadores, centros de conhecimento e ceramistas, permitiram diversificar e aumentar o acervo do museu. Contudo mantinha as portas encerradas aos visitantes. Nesse período as exposições eram realizadas em várias dependências municipais, entre outros espaços. Depois de mais de uma década a funcionar neste edifício sem visitantes, abre as suas portas ao público no dia 29 de julho de 1995. Em 2010, devido ao aumento de volume do acervo, bem o surgimento de novos desafios museológicos e públicos emergentes, precipitaram o local para nova intervenção. Assim, encerra novamente portas ao público, sendo alvo de uma intervenção de valorização e ampliação do espaço expositivo. Durante este período manteve a sua atividade de forma provisória nas instalações do Estádio Municipal de Barcelos. Com as obras terminadas, reabre ao público no dia 31 de Agosto de 2013, num edifício remodelado e modernizado, preparado para os desafios futuros. Mais recentemente, o Museu de Olaria e o Município de Barcelos atingiram a notoriedade nacional e internacional pelo seu trabalho em prol do Património.
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Cultura
Imagem 2 - Sala do Serviço Educativo e de Animação de Museu de Olaria
Este reconhecimento materializou-se em três momentos que nos enchem de orgulho. O primeiro, em 2017, quando Barcelos foi distinguido pela UNESCO, integrando a Rede das Cidades Criativas, na área do Artesanato e Arte Popular. Mais tarde, em 2018, integra como membro-fundador a Associação Portuguesa de Cidades e Vilas Cerâmicas. E em 2019, o Museu de Olaria torna-se membro da Academia Internacional de Cerâmica, entidade associada da UNESCO. A distinção e presença nestes organismos é o reconhecimento do trabalho desenvolvido pela cerâmica em Portugal e nos países lusófonos, permitindo a valorização, dinamização, e o enriquecimento do património e a interação entre os diversos agentes. Tendo como principal vocação estudar, documentar, conservar e divulgar as coleções de olaria que detém, bem como apoiar e colaborar na salvaguarda, estudo do património olárico nacional, pertencente a particulares e/ou a outras instituições dos centros produtores de olaria em Portugal, assim como nos países de expressão portuguesa, continua a ser pró-ativo no cumprimento desta. Para isto contribui a permanente interação com a comunidade, oferece um calendário expositivo variado, serviços, programas educativos com particular incidência nos públicos escolares, além de workshops, entre outros serviços. Neste sentido destacamos alguns serviços, projetos, e parcerias que se desenvolvem em prol do conhecimento e da comunidade, para a proteção do saber-fazer da cerâmica. De seguida veremos os que consideramos mais relevantes, explicando resumidamente o seu papel no cumprimento da missão do museu. Assim temos: Serviço Educativo e de Animação do Museu de Olaria e o Centro de Documentação do Museu; a parceria entre
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o Museu de Olaria e o Instituto Politécnico do Cávado e do Ave; projeto de inscrição da Olaria e do Figurado de Barcelos no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial, Matriz PCI. O Serviço Educativo e de Animação do Museu de Olaria, por ser um dos grandes mediadores entre o museu e comunidade, sobretudo entre o público em idade pré-escolar e escolar. As temáticas trabalhadas têm por base as exposições exibidas e o espólio deste, e/ou outras temáticas relacionadas com a cerâmica e/ou a cultura de Barcelos. As atividades efetuadas possuem grande componente prática, dando ao público um contacto direto com materiais e técnicas. Têm por base uma visão que assenta na sensibilização do público, destacando-se junto deste a importância da preservação e continuidade da herança cultural deste saber-fazer. O Centro de Documentação do Museu de Olaria é também um dos dinamizadores do museu. Para além da equipa técnica do museu que o utiliza diariamente, recebe investigadores, académicos, e estagiários, entre outros, sobretudo do domínio das Artes, Ciências Humanas, e Turismo. Espaço onde encontramos um importante fundo documental (que contempla monografias, periódicos, clipping, entre outros), fotográfico, audiovisual, com grande destaque para a Cerâmica e Etnografia. Tem como principais funções a preservação do mesmo, bem como, e não menos importante, o auxilio à investigação e produção de conhecimento. Além destes, a parceria estabelecida entre o Museu de Olaria e o Instituto Politécnico do Cávado e do Ave (IPCA), procura atrair e aproximar a comunidade estudantil universitária ao universo da Cerâmica. Da visão de alunos e professores, são despoletadas diferentes abordagens, procurando reinterpretar a Olaria e o Figurado. Deste olhar são geradas obras inspiradas em tipologias de outrora, nas temáticas do imaginário dos mestres ceramistas, entre outras criações apresentadas. As várias exposições realizadas sobretudo na área do Design, são o ponto alto de toda esta parceria. Facto que permitiu um alargamento do horizonte programático e atração de novos visitantes para o museu. A investigação entre portas, mas também fora dos limites físicos do museu continua a ser feita. Neste sentido, o Museu de Olaria, tem vindo a desenvolver um projeto visa a inscrição das manifestações de aptidões ligadas ao artesanato tradicional no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial, a MatrizPCI. Das várias expressões existentes no concelho de Barcelos, a
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Imagem 3 - Exposição Reconfigurado (2021) Exposição desenvolvida em parceria com o IPCA
Cultura
Imagem 4 - Foto realizada durante o trabalho de campo na freguesia de Areias, Barcelos
Olaria foi a primeira a ser contemplada. Este trabalho está estruturado em três fases: a primeira será por uma abordagem inicial ao terreno. Nesta pretendemos fazer um mapeamento das unidades de produção existente no concelho. Além de georreferenciar o local onde laboram, queremos estabelecer um vínculo relacional com os proprietários destas, de modo a facilitar a segunda fase; esta terá por base um inquérito, que permitirá enquadrar a respetiva unidade de produção no saber-fazer, aferindo com exatidão o que produz, a tipologia, entre outros parâmetros estabelecidos. E ainda a compilação e análise dos dados recolhidos; a terceira e última fase, será consignada à realização de entrevistas aos responsáveis pelas unidades de produção, mas também a outras pessoas
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que consideremos relevantes para o estudo. E por fim, a preparação de toda a informação para a apresentação da respetiva candidatura. Contudo, o projeto de momento encontra-se suspenso, uma vez que as restrições impostas pela pandemia que vivemos impedem a realização do trabalho de campo. O ano de 2020 e o início de 2021 têm sido particularmente duros para o normal funcionamento dos museus. As imposições resultantes da pandemia mundial alteraram por completo toda a programação estabelecida. Apesar da luz que se levantou durante o verão passado, o começo do inverno trouxe novamente a escuridão, agudizando-se no início deste ano com a obrigatoriedade de um novo confinamento. Com as atividades suspensas e as portas novamente encerradas, não paramos. Aproveitamos a ausência de visitantes para desenvolver tarefas que, por não serem visíveis para o grande público, habitualmente ficam para segundo plano. Por outro lado, deu-nos a tranquilidade necessária para estudar em profundidade algumas das coleções, principalmente as que mais recentemente foram incorporadas. Sem adivinhar o futuro, continuamos a prepará-lo ainda com mais afinco. E assim, continuar a preservar, salvaguardar, e divulgar o Património Cultural de Barcelos e Portugal, contribuindo para manter vivo o saber-fazer da Cerâmica.
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Economia
EXPORTAÇÕES DE PRODUTOS CERÂMICOS EM 2020, EM PORTUGAL E NA UE27
po r An t ó n i o Ol i v e i r a , E co n omi sta da A PICE R
(17,7%), a cerâmica ornamental (8,9%), a cerâmica de mesa e uso doméstico em porcelana (6,0%), as telhas cerâmicas (1,8%) e outros produtos cerâmicos (3,8%), conforme figura 1. De entre os principais produtos cerâmicos, aqueles cujas exportações registaram um crescimento em 2020 face a 2019 foram a cerâmica de mesa e uso doméstico em faiança, grés e barro comum (+6,3%) e a cerâmica ornamental (+5,7%). Em contração estiveram as exportações de cerâmica de mesa e uso doméstico em porcelana (-27,6%), telhas cerâmicas (-20,4%), louça sanitária (-15,0%) e pavimentos e revestimentos cerâmicos (-6,9%). No ano de 2020 as nossas exportações de produtos cerâmicos chegaram a 160 mercados internacionais. Em termos de áreas de destino, 68,3% do valor total exportado teve como destino o mercado intracomunitário e 31,7% teve como destino o mercado extracomunitário. Para o conjunto de produtos cerâmicos, a França foi o nosso principal mercado de destino, seguindo-se a Espanha, Estados Unidos, Alemanha e Reino Unido (figura 2).
Produtos Cerâmicos
Exportações Portuguesas de Produtos Cerâmicos em 2020 Por Produtos (em % do valor total) 6%
2%
Mercados de Exportação de Portugal em 2020
4%
33%
9%
Cerâmica Ornamental Cerâmica de Mesa em Porcelana Telhas Cerâmicas
18%
28%
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Pavimentos e Revestimentos Cerâmica de Mesa em Faiança e Grés Louça Sanitária
Outros
18%
França
21%
Espanha Estados Unidos
2% 2%
Alemanha Reino Unido
3%
Países Baixos
5%
14%
Itália Suécia Bélgica
6%
Dinamarca 7% 11%
11%
Outros
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Figura 2 - de Produtos Cerâmicos em 2020, por mercados de destino | Fonte: INE Estatísticas do Comércio Internacional de Bens
Figura 1 - Exportações de Produtos Cerâmicos em 2020 | Fonte: INE - Estatísticas do Comércio Internacional de Bens
Portugal De acordo com os dados preliminares divulgados pelo INE em 09/04/2021, o valor das exportações portuguesas de produtos cerâmicos ascendeu a 661,9 milhões de euros no ano de 2020, o que traduz uma variação de -6,5% em relação ao ano de 2019. No mesmo período, o total das exportações nacionais de bens registou uma variação de -10,2% em relação ao ano de 2019. Os dados deste período refletem os efeitos da doença Covid-19, que a Organização Mundial de Saúde qualificou, em 11 de março de 2020, como uma pandemia internacional, constituindo uma calamidade pública. Esta situação motivou a adoção de medidas de forte restrição à atividade económica e social, com impacto profundo na economia mundial e, nomeadamente, nas transações internacionais. Os pavimentos e revestimentos cerâmicos foram os produtos que mais contribuíram para as nossas exportações de cerâmica (33,1% do valor total em 2020), seguindo-se a cerâmica de mesa e uso doméstico em faiança, grés e barro comum (28,7%), a louça sanitária
Economia
Exportações Portuguesas de Produtos Cerâmicos em 2020 Por NUTS (em % do valor total) 10%
Norte
Região de Coimbra Outros e não especificados
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8%
2%
Região de Leiria
Oeste
17%
Exportações de Produtos Cerâmicos na UE27 em 2020, por Países (em % do valor total) 3%
47%
11%
União Europeia (UE27) Em 2020 as exportações de produtos cerâmicos com origem na UE27 ascenderam a 17.707 milhões de euros, o que traduz uma variação de -4,4% em relação ao ano anterior. O valor alcançado representou 0,371% das exportações totais de bens da UE27 no mesmo ano. Os pavimentos e revestimentos foram o produto cerâmico mais exportado pela UE27 em 2020 (46,8% do valor das exportações totais de produtos cerâmicos), seguindo-se os produtos para usos químicos ou técnicos (11,4%), louça sanitária (8,9%), refratários para construção (7,7%), cerâmica de mesa em porcelana (4,8%), cerâmica de mesa em faiança, grés e barro comum (4,6%), outros refratários (3,5%), tijolos para construção (3,3%), telhas (2,8%), estatuetas e outros objetos de ornamentação (2,7%) e outros (3,5%). No âmbito da UE27, e para o conjunto de produtos cerâmicos no ano de 2020, os principais exportadores (figura 4) foram a Itália (26,0% do valor total), Es-
Região de Aveiro
4% 11%
exportações totais de bens, na Região de Aveiro, representaram 8,2%, na Região de Leiria o peso relativo das exportações de cerâmica foi de 7,0% e no Oeste de 6,0%. Os municípios que mais contribuíram para as exportações portuguesas de cerâmica em 2020 foram Ílhavo, Leiria, Anadia, Aveiro, Oliveira do Bairro, Alcobaça, Porto de Mós, Vagos, Alenquer, Santa Maria da Feira, Águeda, Barcelos e Batalha. No seu conjunto, estes 13 municípios representaram 78,9% do valor total das exportações de cerâmica em 2020. Tendo em consideração o meio de transporte utilizado nas nossas exportações de cerâmica em 2020, predominou o transporte rodoviário (65,0%), seguido do transporte marítimo (31,3%), transporte aéreo (0,5%) e outros e não aplicável (3,2%).
4%
26%
Itália Espanha Alemanha Polónia Países Baixos
4% 4%
Bélgica Portugal
4%
França Rep. Checa Áustria
7%
Outros 18%
20%
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Figura 4 - Exportações de Produtos Cerâmicos na UE27 em 2020, por países Fonte: Eurostat – International Trade
Figura 3 - Exportações de Produtos Cerâmicos em 2020, por localização geográfica (NUTS 2013) | Fonte: INE - Estatísticas do Comércio Internacional de Bens
No que diz respeito aos dez principais mercados de destino das nossas exportações de cerâmica, e estabelecendo a comparação com o ano de 2019, é de referir que os mercados da França, Estados Unidos e Alemanha ganharam importância relativa em 2020, em detrimento dos mercados de Espanha, Reino Unido e outros. O saldo da nossa balança comercial de produtos cerâmicos no ano de 2020 alcançou os 473,2 milhões euros e a taxa de cobertura das importações pelas exportações ascendeu a 350,8% (a taxa de cobertura média para o conjunto de bens foi de 79,2%). De entre os 99 capítulos que correspondem à NC (nomenclatura combinada), os produtos cerâmicos (capítulo 69) atingiram em 2020 o 4.º melhor desempenho no que diz respeito à taxa de cobertura das importações pelas exportações (a seguir aos minérios, pastas de madeira e cortiça) e o 8.º melhor desempenho em termos do saldo de comércio internacional (a seguir ao vestuário e acessórios de malha, calçado, cortiça, papel e cartão, bebidas e líquidos alcoólicos, móveis e mobiliário e pastas de madeira). As regiões de Portugal onde existe uma maior concentração na produção de cerâmica e que mais contribuíram para as nossas exportações de cerâmica em 2020 foram o Centro (82,9%) e o Norte (11,4%). De acordo com a abrangência geográfica correspondente às NUTS-2013, a Região de Aveiro foi responsável por 47,2% do valor das nossas exportações de produtos cerâmicos em 2020, seguindo-se a Região de Leiria (17,0%), Norte (11,4%), Oeste (10,7%), Região de Coimbra (4,0%) e outros (figura 3). A importância relativa das exportações de produtos cerâmicos no contexto das exportações nacionais de bens é diferenciada em termos regionais. A nível nacional, as exportações de cerâmica representaram 1,23% das
Economia
panha (19,8%), Alemanha (17,7%), Polónia (7,2%), Países Baixos (4,2%), Bélgica (4,1%) e Portugal (3,7%). De entre os 10 principais exportadores da UE27 em 2019, e para o conjunto de produtos cerâmicos, aqueles em que o valor das suas exportações aumentou em relação a 2019 foram os Países Baixos (+4,8%), Polónia (+2.3%) e Espanha (+1,2%). Em contração, estiveram a Áustria (-15,3%), Alemanha (-12,4%), França (-9,8%), República Checa (-7,3%), Bélgica (-7,2%), Portugal (-6,5%) e Itália (-3,0%). A posição relativa de Portugal ao nível dos principais produtos cerâmicos exportados em 2020, no contexto da UE27 e em termos de valor, foi a seguinte: • 1.º exportador de louça de uso doméstico em faiança ou barro fino, grés e barro comum (NC 6912), com uma quota de 23,8%. • 3.º exportador de estatuetas e outros objetos de ornamentação (NC 6913), com uma quota de 12,3% (atrás da Alemanha e Países Baixos). • 4.º exportador de louça sanitária (NC 6910), com uma quota de 7,6% (atrás da Alemanha, Itália e Polónia). • 5.º exportador de pavimentos e revestimentos cerâmicos (NC 6907), com uma quota de 2,7% (atrás da Itália, Espanha, Polónia e Alemanha). • 8.º exportador de louça de uso doméstico em porcelana (NC 6911), com uma quota de 4,8% (atrás da Alemanha, França, Polónia, Países Baixos, Itália, República Checa e Dinamarca) • 11.º exportador de telhas cerâmicas (NC 6905), com uma quota de 2,4% (atrás da Alemanha, França, Espanha, Hungria, Polónia, Países Baixos, Itália, República Checa e Bélgica).
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Vantagem Comparativa Revelada No que diz respeito aos produtos cerâmicos, Portugal foi, em 2020, o 7.º exportador da UE27, com uma quota de 3,74% do valor total obtido. Para efeitos comparativos, registe-se que, para o total de bens exportados, no ano de 2020 Portugal foi o 17.º exportador da União Europeia, c0m 1,13% do valor das exportações da UE27. Em Portugal, as exportações de produtos cerâmicos representaram 1,23% do valor das exportações totais de bens em 2020. Por seu lado, no mesmo ano, as exportações de produtos cerâmicos na UE27 representaram 0,371% do valor das exportações totais de bens. No contexto da UE27, Portugal apresenta vantagem comparativa revelada na exportação de produtos cerâmicos, considerando que o seu índice da vantagem comparativa revelada (IVCR), que estabelece a comparação do peso das exportações de um sector/produto no total das exportações de um país, com o peso relativo das exportações desse mesmo sector/produto no mercado mundial, é superior a 1. Para a cerâmica portuguesa, e tendo como referência o ano de 2020, o IVCR apresentou o valor de 3,32, o que significa o grau de especialização da cerâmica em Portugal representou 3,32 vezes o grau de especialização que a cerâmica apresentou ao nível da UE27. De resto, e apesar de Portugal ter sido o 7.º exportador de produtos cerâmicos na UE27 em 2020, registou um dos maiores indicadores de vantagens comparativas reveladas, apenas ultrapassado pela Espanha (3,53) e à frente da Itália (2,86), Polónia (1,45), Alemanha (0,70), Bélgica (0,54) e Países Baixos (0,34).
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Estratégia
A NECESSIDADE DE UM POSICIONAMENTO PARA A CERÂMICA PORTUGUESA
por João Gilsanz Magalhães , Partner & Strategy Director da Super. Brand Consultants
O ano de 2020 foi um ano extraordinário - no sentido de não ser conforme ao costume. A pandemia, e os seus efeitos, fez-se sentir por todo o mundo e deixou uma marca devastadora cujas consequências ainda não somos capazes de perspectivar em toda a sua plenitude. Ainda assim, estes tempos estranhos acentuaram, talvez de forma fria e insensível, a fronteira entre as empresas que demonstraram capacidade de adaptação e as outras. A volatilidade, imprevisibilidade, complexidade e ambiguidade que têm caracterizado o nosso mundo, de forma cada vez mais acentuada, e a quarta revolução industrial que atravessamos, alteraram a forma como vivemos, pensamos, trabalhamos, compramos, aprendemos e nos relacionamos com os outros. A tecnologia está a transformar as nossas vidas, como aliás sempre esteve, mas a uma velocidade muito mais acelerada. Na cerâmica, à semelhança de outros sectores, foram muitas as empresas que foram capazes de repensar os seus processos e eliminar os seus constrangimentos de modo a garantir o foco nas necessidades dos seus clientes e a adaptação às alterações nos seus hábitos. Toda esta transformação do contexto competitivo veio trazer alterações profundas à forma como as empresas gerem os seus negócios - nomeadamente à forma como se relacionam com os seus clientes. Neste contexto, a marca assume uma importância mais relevante do que nunca. Esta afirmação é válida para países, cidades, empresas, ONGs e até pessoas. Criar uma marca é, hoje em dia, um desafio que vai muito para além da criação de produtos. Muito para além de uma identidade consistente e coerente. Na era dos memes e da crescente importância que
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as plataformas de social media desempenham na vida das pessoas, estas demonstram uma cada vez maior vontade de interagir com as marcas. Os consumidores querem perceber e comentar a posição (ou seja, a perspectiva) das marcas em relação aos assuntos que se relacionam com os valores que eles partilham com as mesmas. As comunidades de consumidores, que se agregam em torno de uma marca, querem interagir com ela, querem identificar-se com ela, projectar-se nela e sentir que a marca também é sua - a marca satisfaz as suas necessidades, os seus sonhos e desejos, e ajuda-os a tomar decisões. Por tudo isto, já não é suficiente pensar numa marca como um nome e um logótipo. Já não é suficiente ter um bom produto (embora seja absolutamente essencial). É necessário ter um propósito e uma personalidade, bem definida, que se traduza numa atitude coerente e numa experiência de marca autêntica, relevante e diferenciadora. Nos dias de hoje, a coerência de comportamento, por parte da marca, sobrepõe-se à necessidade de consistência. Pese embora seja necessário definir níveis obrigatórios de consistência (caso contrário seria difícil identificar a comunicação da marca), a marca deve ter presente que numa economia da atenção como esta em que vivemos, em que somos permanentemente bombardeados por estímulos, as pessoas não querem ver as mesmas coisas vezes sem fim. Por isso, é cada vez mais comum, com a devida conta, peso e
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Estratégia
medida, ver marcas que optam pela criatividade em detrimento da consistência. É pois, imperioso para a marca interagir com a sua comunidade (muitas vezes hiper-diversificada e transgeracional) de forma a captar a sua atenção e interesse e a encetar conversas que ultrapassam a vertente transaccional do negócio. As gerações mais novas (Y e Z) têm especificidades e características muito próprias e vincadas: necessidade de perceber o propósito das marcas e de se identificarem com ele, para além de uma grande preocupação com a autenticidade e com a sustentabilidade. Ao mesmo tempo, as pessoas estão cada vez mais dependentes das suas experiências digitais para percepcionarem emoções reais. As experiências digitais (como, por exemplo, uma compra on-line) complementam e condicionam a percepção que as pessoas têm da experiência na “realidade”. Longe vão
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os tempos em que as marcas apenas tinham que se preocupar com a consistência da sua comunicação bastava um manual de normas gráficas ou um manual de escrita. Nos dias de hoje, as comunidades (clientes, parceiros, seguidores, influenciadores, etc.) querem fazer parte da vida das marcas, querem interagir e querem, em certa medida, “apropriar-se” delas. Há muito que a marca deixou de ser apenas o logo! Há muito que a gestão inteligente de uma marca deixou de passar unicamente por “gritar” mais alto do que a concorrência ou de colocar o logótipo em todo o lado! Em vez disso, as marcas devem procurar traduzir a sua identidade em tudo o que fazem. Uma marca é uma promessa entregue, definida em torno de um posicionamento claro, relevante, autêntico e diferenciador. Se o posicionamento não estiver bem definido pela marca, dificilmente a marca se consegue livrar do “posicionamento” que o mercado define para si. Por isso, quando pensamos na cerâmica portuguesa enquanto marca, temos que começar pelo óbvio: qual é o seu posicionamento? Ou seja, “que é que os outros pensam de nós”? O mercado pensa naquilo que queremos que pense? O posicionamento da cerâmica portuguesa não é claro - como aliás não é claro o posicionamento da marca made in Portugal. Esta é, sem dúvida, a maior debilidade que uma marca pode enfrentar. Se a marca não se consegue definir a si mesma, como é que os outros o podem fazer? Da abordagem estática e logocêntrica ao mundo visual dinâmico da experiência, o desafio dos dias de hoje consiste em abraçar a velocidade e a agilidade do quotidiano e criar uma marca com a vida e o dinamismo correspondentes. Estar presente e surpreender nos touchpoints certos cria uma conexão emocional com a marca. Assim, a marca ganha significado e valor junto dos seus consumidores. Num mundo com recursos limitados e preocupações crescentes, as marcas não podem simplesmente querer “aparecer para vender”. Como nunca antes, os consumidores esperam que as marcas dêem um contributo para melhorar as suas vidas (para além dos benefícios funcionais, emocionais e sociais). Para tal, é necessário que as marcas compreendam os seus dilemas, dificuldades, necessidades e aspirações e que abordem esses assuntos de uma forma que tenha significado para os consumidores.
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Estratégia
Por tudo isto, torna-se óbvio o entendimento de que o poder de uma marca reside na sua capacidade de influenciar as percepções, atitudes e comportamentos de compra dos clientes, potenciais clientes, consumidores, potenciais consumidores, prescritores e influenciadores. Quando uma marca é construída de forma pensada e estruturada, ela será capaz de traduzir-se em benefícios económicos claros e tangíveis, como, por exemplo, aumento do número de vendas, criação de maiores margens, comportamentos mais estáveis em momentos de crise ou maior resistência perante as ações dos concorrentes, entre outros. É neste contexto e com este objetivo que a APICER lança o projeto INTERCER - Promoção da Internacionalização da Cerâmica Portuguesa - uma iniciativa imprescindível no contexto atual e que visa a promoção e a internacionalização da cerâmica portuguesa e a alteração da perceção que os mercados têm da cerâmica nacional - nomeadamente dos sub-setores da ‘Cerâmica Utilitária e Decorativa’ e da ‘Cerâmica de Pavimentos e Revestimentos”. Este projeto pretende, assim, definir e comunicar um novo posicionamento para a cerâmica “made in Portugal”, de forma a alavancar o crescimento sólido e sustentado do sector e respectivas empresas, gerando um valor patrimonial ou de capitalização acrescentado. Definir uma estratégia de marca para a cerâmica “made in Portugal” consiste em formular uma proposta que tenha significado e que acrescente valor a todos os stakeholders. Essa proposta deverá derivar
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da visão e da estratégia dos diferentes negócios, estar baseada na identidade, competências, habilidades e cultura do sector e remeter à experiência que a cerâmica portuguesa pode oferecer ao mercado e o valor social que pode trazer à comunidade. Desta forma, com vista a melhorar a competitividade do setor, e a par com a definição do posicionamento da marca cerâmica “made in Portugal”, o INTERCER propõe-se, assim, melhorar a comunicação e a imagem do setor nos mercados internacionais através de uma comunicação condicente com o posicionamento desejado, a aumentar a perceção da qualidade percebida dos produtos nos mercados internacionais, através de um conjunto de ações e suportes de comunicação e a reforçar a visibilidade internacional da oferta do setor. Para dar corpo a estes objetivos o projeto irá desenvolver um conjunto de ações, incluindo o desenvolvimento de uma identidade verbal e visual alinhadas com o posicionamento definido, o desenvolvimento de diversos suportes de comunicação, e a comunicação e ativação da marca junto das audiências relevantes nos mercados-alvo de modo a reforçar as exportações do setor. A concretização bem sucedida de todos estes objectivos, que são ao mesmo tempo cruciais e ambiciosos, está também dependente da auscultação das vozes das empresas e da capacidade em percorrer este caminho de forma alinhada, coerente e consistente. É um projeto que se quer das empresas, para as empresas.
Estratégia . Kéramica . p.33
Arquitetura
p o r Ma r i a Jo ã o An d r a d e , Cofundadora do Gabinete Mjarc Arquitetos Associados
Maria João Andrade Cofundadora com Arquiteto Ricardo Cordeiro do gabinete MJARC Arquitetos Associados com sede no Porto (Portugal), em 2006. Recentemente distinguida com o prémio 40 Under 40, que destaca a próxima geração de arquitetos e designers europeus. Sua arquitetura não segue um léxico ou uma linguagem estabilizada. Em cada projeto, o lugar dita uma nova abordagem, é essa a ideia de inovação que nos interessa. Estamos certos que esta abordagem nos abre um campo de pesquisa muito abrangente, sendo esta experimentação que nos motiva. Cientes da importância do trabalho do arquiteto, em projetar edifícios sustentáveis, procuramos, testamos materiais e soluções que nos permitam minimizar o impacto ambiental e aumentar a sustentabilidade energética dos nossos edifícios.
p.34 . Kéramica . Arquitetura
“A sustentabilidade consiste em construir pensando o futuro”. Renzo Piano Nesta ótica damos preferência a sistemas construtivos artesanais, materiais locais como a madeira, cerâmica que permitem uma indissolúvel união entre a arquitetura e o meio. Nesto contexto a cerâmica surge nos nossos edifícios numa espécie de metáfora da memória como a reactualização incessante do seu legado que sem dúvida marca o que somos hoje, deixando em aberto as suas potencialidades para o amanhã.
Março . Abril . 2021
Arquitetura
Na obra recentemente premiada o Centro Renal em Mirandela foi pensado e integrado na entrada principal do edifício um painel de azulejo de autoria da Pintora Graça Morais. Simultaneamente em obras de reabilitação aplicamos com alguma frequência o azulejo hidráulico não só pela sua riqueza cromática mas também pelo rigor geométrico tão característico na arquitetura portuguesa. Para revestimentos de coberturas em edifícios a reabilitar damos primazia a telha. Sendo nós Portugueses, não podemos esquecer o legado histórico da cerâmica no contexto nacional e nas ex-colónias, simboliza a democratização da arte, um pilar da nossa identidade cultural. “A cerâmica é uma das manifestações do engenho humano que mais têm prendido a atenção do homem. Todo o mundo civilizado tem por essa opulenta arte da forma e da cor o culto que é devido às obras [verdadeiramente significativas, capazes de atingir alta beleza.] Desde o príncipe até à criatura mais humilde, quem lhe não tem dedicado interesse e até amor?” José Queirós “Cerâmica Portuguesa e Outros Estudos”
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Arquitetura . Kéramica . p.35
Associativismo
CENTENÁRIO DA VALADARES
po r Po r En g . He n r i qu e B a r r os , Administrador/Diretor Geral da ARCH
A 25 de Abril do ano 1921, seis homens do Norte de Portugal constituíram-se em comandita para fundarem a sociedade fabril por quotas sob a denominação “Fábrica Cerâmica de Valadares, limitada” com um capital de 140.000$00. O objeto social é o da produção e comercialização de tudo o que à cerâmica diz respeito Assim se iniciava um trajeto industrial de mais uma empresa na mais fascinante indústria criada pelo homem, que trabalha e molda a terra para obtenção de a artefactos que mudaram o mundo. Em 1921 poucos imaginariam que este primeiro passo iniciaria uma viagem de 100 anos para a Valadares, atravessando guerras, crises económicas, ameaças de encerramento e mudanças profundas da sua realidade interna. O início da atividade privilegiou a produção de artigos de barro vermelho como tijolos maciços, abobadilhas, materiais para chaminés, telhas de diferentes tipos. Um pouco mais tarde, ainda na década de 20, iniciou a produção de materiais em grés, como tubos, curvas, cruzetas, funis e até vasilhame . Quando já no final da década de 20 iniciou o fabrico de louça decorativa em faiança, a Valadares começou a afirmar a sua identidade, mesmo quando seguia a tendência do fortíssimo polo cerâmico de Gaia, onde várias empresas cerâmicas tinham reputação na arte e na qualidade dos seus produtos, como a Fábrica das Devesas ou a Fábrica do Carvalhinho. Poucos meses após a fundação da unidade fabril, foi enviado um requerimento à Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia para a concessão de licença para construção de uma linha férrea interna, que atravessaria parte do interior da fábrica e que serviria como ligação aos caminhos-de-ferro da Estação de Valadares. Na época as
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indústrias aproveitavam a proximidade com o caminho-de-ferro como uma oportunidade de escoamento do seu produto mais rápido, como é exemplo a Fábrica Cerâmica e de Fundição das Devezas. No final da década de 30 a Cerâmica de Valadares já tinha perto de 200 colaboradores, 30 dos quais mulheres. Na década de 40 já produzia materiais refratários e no final dessa década iniciou a produção de louça Sanitária (1947), assim como azulejo, artes onde iria crescer muito e demonstrar novas capacidades. Nessa altura o seu parque industrial tinha crescido para norte e para poente, acrescentando novos edifícios industriais e armazéns.. Em 1955 uma parceria com a Cerâmica italiana Pozzi Genori, iria permitir que a Valadares fosse a primeira empresa em Portugal na produção de porcelana Sanitária, num avanço que se revelaria decisivo para o seu futuro. Em 1956 era edificada a fábrica de azulejo, no edifício contíguo ao primeiro edifício fabril situado a Sul. O Azulejo viria a revelar-se um produto marcante, quer na versão branca que equipou numerosos edifícios públicos, quer no azulejo decorado, onde a Valadares competia com as melhores empresas no mercado e onde voltou a revelar a sua vocação criativa e inovadora. A 17 de Julho de 1959 a Fábrica de Cerâmica de Valadares inicia a sua extensão de território com o requerimento feito à Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia. Esse pedido de construção diz respeito ao projeto de ampliação das suas instalações fabris, pretendendo levar a efeito a construção de uma nova unidade, a “Fábrica
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Associativismo
do Sanitário”. Nascia assim a “Fábrica 1”. Nesta época a Valadares teria já cerca de 600 trabalhadores. Em 1965 o crescimento da Valadares era gradual e esta deparava-se com a necessidade de se expandir, por forma a aumentar a sua linha de produção e responder aos desafios do mercado. Para tal, terá iniciado a ampliação das suas fronteiras, comprando os terrenos em redor das suas instalações fabris. Desta expansão nascia a “Fábrica 2” nos terrenos a nascente do polígono industrial que começava a tomar forma com o crescimento continuado da atividade, assente na louça Sanitária e no Azulejo, que tomaram o lugar da louça de faiança produzida até meados da década de 40. Do mesmo modo os materiais refratários ou de grés tinha terminado o seu ciclo na atividade da empresa no início da década de 40. A Valadares tinha mudado muito nos primeiros 40 anos de vida. Ainda na década de 60 assistiu-se ao crescimento da Valadares para Nascente, numa nova unidade de Mosaico (ou Pastilha) que completava o ciclo de crescimento registado na década. Nesta altura a Cerâmica de Valadares
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tinha mais de 1000 colaboradores e tinha 4 unidades industriais a laborar no mesmo espaço. Na sua expansão pelo ramo dos sanitários a empresa veio a construir, em 1978, um novo edifício situado no extremo nascente dos terrenos, sobranceiro à Rua da Cerâmica de Valadares que comportou, através de um projeto desenvolvido por uma empresa francesa, uma instalação integrada destinada ao fabrico exclusivo de sanitários. Nascera a “Fábrica 3”. Na década de 70 é ainda inaugurada uma unidade para produção de cimento cola, que se manteve em atividade até ao inicio dos anos 90. Na década de 80 assiste-se ao declínio do mercado de revestimentos e a empresa passa por algumas dificuldades, A partir de 1989 a Valadares enceta uma reestruturação industrial, com a descontinuação da produção de azulejo e de mosaico e concentração da atividade da Valadares na produção de louça Sanitária em 3 unidades fabris, sendo a maior empresa do setor em Portugal. Em 1992 a Valadares é vendida a um grupo internacional, mas em 1998 volta a
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Associativismo
mãos Portuguesas. Por essa altura a Valadares reforçava a sua vocação exportadora, iniciada nos anos 50, primeiro na Europa e depois em outros continentes, alargando a sua presença a mais de 60 países. Segue-se uma época de altos e baixos em que se assiste a um crescimento inédito para a Valadares em investimentos em I&D e a mudanças significativas de gamas de produtos e ambição comercial em mercados nunca pisados, como o médio oriente. A evolução técnica e de imagem da Valadares, na linha da frente da inovação cerâmica, não foi acompanhada pela saúde financeira do grupo em que estava inserida e em 2012 acaba por declarar insolvência. Segue-se uma sequência de factos invulgares e reveladores da força da Valadares, assentes na determinação de um gestor de insolvência determinado em não deixar morrer uma marca a que não conseguiu ficar indiferente, ex-quadros da Valadares que demonstram total empenhamento em viabilizar um novo projeto, angariação em tempo record de grupo de investidores privados que fazem uma aposta arriscada em plena crise financeira e um acordo inédito com credores para alugar instalações de uma massa falida. Assim nasce a ARCH SA e o seu projeto para reavivar a Valadares e que em 2019 adquire o polígono industrial. Os Colaboradores e a Cultura Cerâmica “A Cerâmica de Valadares que, durante muitos anos, na década de sessenta e seguintes, do século passado, acordava muitas das pessoas para o trabalho diário, com a sua sirene estridente, empurrada pelo vento, percorrendo alguns quilómetros para chegar às freguesias circunvizinhas.” - Boletim Amigos de Gaia
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O crescimento da Cerâmica de Valadares foi sempre acompanhado de grande consciência social. Os colaboradores tinham regalias que não eram muito frequentes e os espaços sociais como dormitório para os colaboradores de regiões afastadas, refeitório com cozinha, posto médico ou até o apoio à educação dos filhos, foram bons exemplos da forma com a Valadares cuidava dos seus, alicerçando a ligação dos colaboradores à empresa que muitos consideravam ser a sua casa. E muitos cresceram como homens e mulheres com os exemplos e valores que aprendiam na Valadares. A cultura da empresa sempre se desenvolveu com o apoio da empresa aos seus colaboradores, que eram isso mesmo. São inenarráveis os episódios de dedicação e entrega de muitos operários e técnicos para que a empresa tivesse sucesso e era clara a identificação de todos com o serem Valadares. Era comum que as visitas se admirassem com a afabilidade e interesse dos visitados e pelo orgulho que manifestavam no que faziam. A cultura cerâmica foi sempre muito forte. E existem motivos para isso. Muitos colaboradores dominavam conceitos que aprendiam com as mãos, mesmo que não soubessem ler ou escrever. Desse modo afirmavam a sua individualidade e a confiança que adquiriam garantia o respeito de colegas e superiores. Em geral era indescritível a impaciência pela peça nova que iria ser produzida e para qual vários tinham empenhado o melhor da sua experiência e muitas horas de trabalho e apesar dos insucessos, que também os havia. A marcação individual das peças fabricadas sempre foi um meio de rastreabilidade possível, mas inegavelmente um selo de posse para o oleiro, o vidrador ou o enfornador que participavam no fabrico de cada peça. Das peças “deles”. Em resumo, a identificação com a marca e a empresa – que no tempo da ARCH ainda se confunde – sempre foram muito grandes e pelos motivos que explico antes. Assim se pode vislumbrar o choque que representou para muitos a paragem da atividade, mas também a vontade em recomeçar tudo de novo. Comemoramos hoje orgulhosamente uma história admirável, feita por muitos e por exemplos únicos que nos ensinaram o valor da união e da entrega. Hoje a ARCH tem a responsabilidade e o privilégio de honrar o legado de tantos, pelo que para lá de um projeto industrial e comercial, temos uma missão que é maior que cada um de nós.
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Notícias & Informações
NOVIDADES DAS EMPRESAS CERÂMICAS PORTUGUESAS
por Alb e r t i na S e qu e i r a , Diretora-Geral da Apicer
Muse Aleluia
Aleluia
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Muse
Aleluia
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Muse
ALEILUIA CERÂMICAS Muse - O espírito minimalista dos mármores mais puros e sofisticados Inspirado nos mármores mais puros, marcada com veios finos e delicados, a coleção Muse é indicada para a criação de espaços distintos e com um toque de sofisticação. Caracterizada por uma textura muito suave e acetinada, relembra o desgaste natural da superfície provocado pelo tempo. Com uma palete de 4 cores, possui uma gama de revestimento dotada de uma ampla seleção de decorações que enriquecem e personalizam os espaços. Em pavimento está disponível em acabamento acetinado e também em acabamento natural que oferece maior resistência ao escorregamento ideal para as zonas onde a maior aderência seja um requisito. Visite o nosso website para conhecer com maior detalhe a coleção Muse, onde poderá simular como fica na sua casa ou pedir uma amostra.
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Noticias das Empresas . Kéramica . p.39
Notícias & Informações
LIBBEY PORTUGAL Libbey EMEA & REBOTTLED celebram o upcycling e um ano de colaboração sustentável A parceria entre a Libbey e a Rebottled continua a crescer. Após um ano de colaboração, 81.000 garrafas de vinho usadas foram reaproveitadas e transformadas em copos de consumo sustentável. A história desta forte parceria, no âmbito da economia circular, começou há um ano atrás, quando a Libbey EMEA se juntou à Rebottled, uma start-up Holandesa que cria peças de vidro sustentáveis a partir de garrafas de vinho usadas. A Rebottled foi criada em 2016 por Jermain van der Graaf enquanto ainda estudava economia e, desde aí, tem vindo a crescer consideravelmente. “Ao transformar as garrafas em copos de vidro, reduzimos drasticamente o impacto ambiental. O design do nosso produto fala por si, combina a circularidade com um design único. Através dos seus contatos internacionais, a Libbey EMEA dá-nos a oportunidade de contar esta história de upcycling em cada mesa,” diz Jermain.
Libbey 1
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Dominó
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Indústrias Cerâmicas
DOMINÓ A tecnológica de energias renováveis Ecoinside anunciou que concluiu a instalação de uma central fotovoltaica com mais de três mil painéis solares na unidade fabril de cerâmica Dominó - Indústrias Cerâmicas, em Condeixa-a-Nova (Coimbra). Com uma potência total de 999 kWP e uma produção anual estimada de 1,353 MWh, o projeto vai diminuir em mais de 600 toneladas a quantidade de dióxido de carbono (CO2) lançada para a atmosfera anualmente, o equivalente a 15.600 árvores plantadas num ano, refere a tecnológica em comunicado. Com a implementação da unidade de autoconsumo (UPAC), a empresa especializada em pavimentos cerâmicos terá uma poupança anual de cerca de 40% na fatura de eletricidade, lê-se na nota divulgada, que refere também que a empreitada passou também pela substituição de 5.600 metros quadrados (m2) da cobertura em fibrocimento (material que contém amianto na sua composição) do pavilhão.
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Libbey
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Rebottled
alta potência. Para lhes dar um bordo perfeito que seja seguro para uso do consumidor final, são polidos com fogo. Depois deste processo o que antes era uma garrafa de vinho, é agora um copo de bebido moderno." O vidro é um material único e amigo do ambiente, que pode ser reutilizado e reciclado infinitamente. A Libbey EMEA recolhe e reutiliza o vidro das suas próprias fábricas, para que cada copo comece com uma percentagem de vidro reciclado, pré-consumidor. Com a Rebottled, a Libbey EMEA abraçou também o desafio do upcycling. A Libbey EMEA está orgulhosa da cooperação com a Rebottled.
Libbey
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Rebottled 2 e 3
A Libbey EMEA é constituída pela Libbey Portugal (Crisal) e pela Libbey Holanda, fazendo parte do Grupo Libbey. Na Libbey EMEA, dedicamos nosso dia-a-dia aos nossos clientes de retalho, foodservice e B2B, disponibilizando uma vasta gama de produtos de vidro de alta qualidade, elegantes e fortes, suportados por garantias e soluções igualmente fortes. Trabalhamos para aqueles que procuram qualidade e originalidade. Trabalhamos para inspirar os nossos clientes a celebrar todos os momentos.
No início de 2021 a Libbey Holanda ajudou a sua jovem parceira a produzir uma nova linha de copos de Whisky, que se juntam à já vasta gama de produtos. "É uma experiência incrível poder desenvolver e dar nova vida a produtos usados como as garrafas de vinho; é motivante para todos nós que participamos neste projeto na fábrica da Holanda", diz Marco van Valburg, VP Engineering Libbey EMEA. "No processo de produção, as garrafas previamente limpas são cortadas à capacidade que é pretendida através de um laser de
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MARGRES Abertas as inscrições para o Margres Architecture Award 2021 A marca Margres acabou de lançar mais uma edição do Margres Architecture Award. O processo de submissão é todo online e o vencedor receberá um prémio monetário de 10.000 euros. De forma a enriquecer e valorizar a arquitetura, a Margres lançou mais uma edição do Margres Architecture Award, como uma oportunidade de divulgação do trabalho de arquitetos nacionais e internacionais a uma audiência plural e diversificada. Qualquer projeto é elegível para participar neste concurso desde que a obra contenha produtos cerâmicos
Noticias das Empresas . Kéramica . p.41
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MarisDOr Porcel
PORCEL Maris d’Or Após a apresentação em Janeiro de duas novas colecções – Sunstone e Matcha – a Porcel dá a conhecer Maris d’Or, um conjunto de três peças com um formato inovador. Maris é a nova forma desenvolvida pela Porcel com o desejo de trazer para a mesa um corte original associado a um elegante contorno a ouro. Do Latim “que vem do mar”, Maris é gentilmente inspirada pelos elementos do oceano. O contorno ondulado de cada peça é uma alusão às marcas deixadas na areia pelos suaves movimentos do mar. As três peças que compõem Maris d’Or são pintadas à mão com uma aura de ouro que contorna as margens ondulantes, resultando num efeito deslumbrante. O brilho deste acabamento a ouro realça a beleza da porcelana e os detalhes da textura, numa alusão ao reflexo dos raios de sol nas ondas do mar.
Porcel
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MarisDOr
da Margres. Até ao próximo dia 30 de junho, podem candidatar-se ao Margres Architecture Award obras construídas em território nacional e internacional, que tenham sido concluídas entre 1 de Janeiro de 2019 e 31 de Março de 2021. O prémio que vai agora para a sua 5ª edição, promete aliar os mais de 30 anos de experiência na produção de grés porcelânico com o melhor da arquitetura. Para saber como se pode candidatar consulte o website em: http://margresarchitectureaward.com
Maris d’Or vem introduzir um elemento dinâmico à mesa, complementando-a com uma textura e forma únicas. Esta coleção combina perfeitamente com outras coleções Porcel inspiradas na natureza, como por exemplo Adamastor ou Matcha. Visite o site para ver um pequeno vídeo de apresentação de Maris d’Or.
Porcel
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MarisDOr
RECER RECER apresenta novo catálogo Trends’21 No catálogo Trends’ 21 a Recer apresenta 8 coleções de revestimentos e pavimentos cerâmicos, que satisfazem as exigências dos profissionais do setor e dos consumidores. Metade destas coleções Trends 2021 respondem a uma recente abordagem da utilização dos espaços exteriores e interiores, resultado das mudanças da forma de “habitar” dos tempos em que vivemos. Os espaços ao ar livre - terraços, varandas e piscinas - ganharam
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Notícias & Informações
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Recer
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More Shape Matt
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More Natur Glossy e Born Stone
Recer
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Alliance Grey
relevância: uma tendência que se centra em questões relacionadas com o conforto e bem-estar, sem descurar a vertente de lazer nas habitações. A coleção Alliance surge da união entre a tecnologia cerâmica e a interpretação de uma rocha sedimentar. Representa uma pedra intemporal onde se destacam os veios naturais das pedras, em tons suaves. Versatilidade e elegância são as características deste arenito, disponível para interior e exterior em múltiplos formatos. É uma coleção muito fácil de combinar entre si ou com outras séries como madeiras, pequenos formatos (apontamentos de cor ou textura) ou com revestimentos neutros. Alliance aposta na suavidade e tranquilidade. Grand Stone é um cimento que incorpora delicadas pedras, com características de anti escorregamento, ideal para espaços exteriores. Para possibilitar uma leitura contínua do espaço através da uniformização das cores dos pavimentos, desde o exterior ao interior, esta série apresenta o Grand Concrete: um cimento aguado e de toque suave, ideal para o interior da casa. No revestimento Grand destacam-se os movimentos longilíneos e as suaves volumetrias das suas bases. Vocacionado para paredes, reproduz em cerâmica a naturalidade de um cimento aguado de acabamento, criando superfícies elegantes. A mesma coleção para pavimento e revestimento, interior e exterior. A coleção Native interpreta uma pedra densa e plena de vivacidade, típica dos principais maciços rochosos do norte e centro da Europa. Esta pedra é apresentada em cinco formatos e cinco cores, com um suave relevo que torna o produto agradável para interior ou exterior. Attitude é um cimento transversal a todos os espaços, composta por pavimentos e revestimentos, desmultiplicando-se em diversos formatos, numa equilibrada paleta de cores e acabamentos (natural e anti escorregamento), com várias soluções decorativas em 3D inspirados em diferentes estilos e num design contemporâneo. “Com a coleção More as paredes deixam de ser monótonas”. É assim que a Recer define esta coleção. Associado ao azulejo liso esta coleção é conjugada com vários decorados em 3D, disponível em mate e brilho. Na série More a tridimensionalidade das suas peças, com intensidades suaves ou vincadas, efeitos geométricos, curvilíneos, lineares ou florais, dão a esta
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Recer
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Ritmo Esmerald
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coleção movimento e uma leitura contemporânea. More cria sensações de espaço, profundidade, serenidade e tranquilidade através das múltiplas soluções em 3D, que podem ser usados como apontamentos decorativos ou para dar textura a grandes espaços. Ritmo é uma coleção com 14 cores. Com um acabamento brilhante, cada cor desta série tem movimentos irregulares que são intencionalmente destacados, passando a tons mais claros ou mais escuros. É uma série que evoca a tradição, transmitindo a ideia de rusticidade artesanal e por isso é apresentada em 10x10 e 7,5x30. Este passado, para além de ser tendência, tem como contraponto a inclusão de cores modernas. Da sua aplicação resultam espaços públicos ou residenciais elegantes e luminosos, dinâmicos e diferenciadores. Magnes é um “brique” intemporal, no tradicional formato 7,5x30 com superfície mate acetinado, um acabamento macio e extremamente elegante e com o encanto do artesanal, numa gama de tons sofisticados, composta por 8 cores e 7 decorações. O efeito “brique” é eleito para revestimentos, podendo ser combinável com diversos pavimentos e revestimentos da gama Recer, capaz de dar forma a diversos estilos criativos. Nas séries Revival e Twenties destacam-se também vários desenhos no formato tradicional 10x10. Estes novos produtos das séries Revival e Twenties permitem também a conjugação com o formato 20x20, potenciando a criação padrões, que combinam diferentes esquemas geométricos, linguagens estéticas, memórias e modernidade. A Recer desenvolve produtos adequados às características técnicas e requisitos normativos dos diversos mercados onde opera, que se adaptam aos diferentes padrões e estilos de vida.
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ROCA Roca One Day Design Challenge celebra o sucesso da edição online em Portugal O concurso internacional de design express da Roca desafiou 300 jovens talentos de todo o país a redesenharem o urinol. No dia 13 de março, o Roca One Day Design Challenge realizou a sua quinta edição em Portugal, este ano num especial formato on-line, devido ao contexto de saúde pública que vivemos atualmente. Mais de 300 participantes foram desafiados a apresentar ideias inovadoras para o espaço de banho, de acordo com o briefing que receberam no início do dia. Este ano, coube aos participantes redesenharem o urinol, de modo a poder ser usado de forma segura e higiénica por qualquer cidadão, independentemente da idade ou do sexo. A contrarrelógio, tiveram de preparar uma proposta que fosse ao encontro dos requisitos e tiveram apenas oito horas para submetê-la no website do concurso. Os vencedores foram anunciados através da conta oficial de Instagram @rocachallenge. Os projetos foram avaliados por um júri composto por profissionais de renome do mundo do design e da arquitetura: a arquiteta Filipa Robina Pontes de Sá, a colaboradora de designer de interiores Nini Andrade Silva; Bruno Pereira, arquiteto e diretor adjunto do atelier Saraiva Associados; Patrícia Santos Pedrosa, arquiteta, professora, investigadora e fundadora-presidente da Associação Mulheres na Arquitetura (Portugal); Bárbara Gomes e Luís Melo, vencedores do primeiro prémio da edição portuguesa anterior do Roca One Day Design Challenge; e Jorge Vieira, managing director da Roca em Portugal.
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Roca
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Primeiro prémio: Up&Down, de Sofia Vasco e Beatriz Filipe
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Depois de avaliar todas as propostas submetidas, o júri decidiu selecionar Up&Down para vencedor do Roca One Day Design Challenge 2021, atribuindo-lhe o primeiro prémio e 2000€. O júri louvou o projeto pelo facto de garantir higiene e limpeza, por ter uma forma original e funcional e por ser adaptável a cada pessoa. Foi uma ideia de Sofia Vasco, que tem formação académica em Belas Artes e frequenta atualmente a Lisbon School of Design, e Beatriz Filipe, estudante da Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa. O segundo prémio, no valor de 1500€, foi atribuído a Wavy, de João Barrulas e João Marques, ambos estudantes da Universidade de Évora. O júri escolheu este projeto devido ao potencial de design que tem, por ser original e adaptável, garantindo a qualidade das peças. O projeto Peefree, criado por Vitória Melo Alves (Faculdade de Arquitectura da Universidade de
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Lisboa) e Luís Coutinho (Instituto Superior Técnico), recebeu o terceiro prémio (1000€). O júri destacou os acabamentos e a versatilidade das funções, bem como a sua forma ergonómica e adaptável, e o seu caráter sustentável e inovador Organizado pela Roca, empresa líder na produção, no design e na distribuição de produtos para espaços de banho, o Roca One Day Design Challenge convida estudantes, designers profissionais e arquitetos com menos de 30 anos a fazer, em apenas um dia, o design de novas soluções para os espaços de banho que possam contribuir para um futuro mais sustentável e consciente. O concurso está alinhado com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas, fundamental para qualquer projeto de design da atualidade. O concurso reflete o compromisso da Roca para com o talento, a inovação e a sustentabilidade, com o
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Roca
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Segundo prémio: Wavy, de João Barrulas e João Marques
Notícias & Informações
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One Day Design Challenge Portugal 2021 teve o apoio da Big Brand, Lidergraf, Triber e Unitwork. A Meios e Publicidade, a Construir e a Anteprojectos foram os parceiros de media.
R o c a - Te r c e i r o p r é m i o : P e e f r e e , de Vitória Melo Alves e Luís Coutinho
objetivo de promover o papel do design nos esforços para enfrentar os desafios atuais do mundo em que vivemos, como a emergência climática e as novas realidades sociais em todo o mundo. À luz das restrições impostas pela atual situação pandémica que se vive em Portugal, esta edição do Roca One Day Design Challenge foi realizada on-line, como forma de continuar a cumprir o objetivo do concurso de dar visibilidade aos jovens talentos e promover o acesso a oportunidades profissionais e a juízes de renome. O Roca One Day Design Challenge nasceu em Espanha, em 2012, e, a partir de então, expandiu-se rapidamente para todo o mundo. Embora a pandemia tenha afetado as edições de 2020, com a maioria a ser cancelada (sendo Portugal uma exceção, dado a data em que se realizou), a realização do concurso em 2021 foi já confirmada em 11 países, além de Portugal: Polónia, Rússia, Argentina, Bulgária, Indonésia, Malásia, Singapura, China, Omã, Emirados Árabes Unidos e Espanha (Madrid e Barcelona). Nos países em que não é possível realizar eventos ao vivo, o concurso será realizado virtualmente. Para mais informações sobre as edições e os vencedores deste ano, visite o site do concurso. O Roca
Noticias das Empresas . Kéramica . p.47
Calendário de eventos
AMBIENTE’2021 (Cerâmica Utilitária e Decorativa) Anual – Frankfurt (Alemanha) 20 de Abril de 2021 ambiente.messefrankfurt.com
100% DESIGN’2021 (Design/Tendências) Anual – Londres (R.U.) De 22 a 25 de Setembro de 2021 100percentdesign.co.uk/
MAISON & OBJET’2022 (Cerâmica Utilitária e Decorativa) Bianual - Paris (França) De 21 a 25 Janeiro de 2022 maison-objet.com
INDEX DUBAI2021 (Design/Tendências) Anual – Dubai (EAU) De 31 de Maio a 2 de Junho de 2021 indexexhibition.com
CERSAIE’2021 (Ladrilhos Cerâmicos) Anual – Bolonha (Itália) De 27 de Setembro a 1 de Outubro de 2021 cersaie.it
SURFACE DESIGN SHOW’2022 (Ladrilhos Cerâmicos) Anual – Londres (R.U.) De 8 a 10 de Fevereiro de 2022 surfacedesignshow.com/
THE HOTEL SHOW’2021 (Cerâmica Utilitária e Decorativa) Anual – Dubai (EAU) De 31 de Maio a 2 de Junho de 2021 thehotelshow.com/
TECNARGILLA’2021 (Tecnologia Cerâmica) Anual – Rimini (Itália) De 27 de Setembro a 1 de Outubro de 2021 https://en.tecnargilla.it/
CEVISAMA’2022 (Ladrilhos Cerâmicos) Anual – Valencia (Espanha) De 7 a 11 de Fevereiro de 2022 cevisama.feriavalencia.com
THE INTERNATIONAL SURFACE EVENT’2021 (Ladrilhos Cerâmicos) Anual – Las Vegas (USA) De 16 a 18 de Junho de 2021 Intlsurfaceevent.com
NEOCON’ 2021 (Cerâmica Utilitária e Decorativa/Ladrilhos) Anual – Chicago (USA) De 4 a 6 de Outubro de 2021 neocon.com/
AMBIENTE’2022 (Cerâmica Utilitária e Decorativa) Anual – Frankfurt (Alemanha) De 11 a 15 de Fevereiro de 2022 ambiente.messefrankfurt.com
COVERINGS’2021 (Ladrilhos Cerâmicos) Anual – Orlando (USA) De 7 a 9 de Julho de 2021 coverings.com/
IFFT/Interior Lifestyle Living’2021 (Cerâmica Utilitária e Decorativa) Anual – Tokyo (Japão) De 18 a 20 de Outubro de 2021 https://ifft-interiorlifestyle-living.jp.messefrankfurt. com/tokyo/en.html
MOSBUILD 2022 (Materiais de Construção Anual – Moscovo (Rússia) De 29 de Março a 01 de Abril de 2022 mosbuild.com
INTERNATIONAL BATHROOM EXHIBITION’2021 (Louça Sanitária) Anual – Milão (Itália) De 9 a 10 de Setembro de 2021 https://www.salonemilano.it/en
HOSTMILANO’2021 (Cerâmica Utilitária e Decorativa) Anual – Milão (Itália) De 22 a 26 de Outubro de 2021 host.fieramilano.it/en
CERAMITEC’2022 (Tecnologia Cerâmica) Anual – Munique (Alemanha) De 21 a 24 de Junho de 2022 ceramitec.com
MAISON & OBJET’2021 (Cerâmica Utilitária e Decorativa) Bianual - Paris (França) De 9 a 13 de Setembro de 2021 maison-objet.com
BATIMATEC’2021 (Materiais de Construção) Anual – Argel (Argélia) De 7 a 11 de Novembro de 2021 batimatecexpo.com/
BATIMATEC’2022 (Materiais de Construção) Bienal - Paris (França) De 03 a 06 de Outubro de 2022 batimat.com
BIG 5 SHOW´2021 (Materiais de Construção) Anual – Dubai (EAU) De 12 a 15 de Setembro de 2021 www.thebig5.ae/
LONDON BUID ‘2020 (Materiais de Construção) Anual – Londres (UK) De 17 a 18 de Novembro de 2021 www.londonbuildexpo.com
IDEOBAIN’2022 (Louças Sanitárias) Bienal - Paris (França) De 03 a 06 de Outubro de 2022 ideobain.com
INTERIOR LYFESTYLE CHINA’2021 (Cerâmica Utilitária e Decorativa) Anual – Shangai (China) De 16 a 18 de Setembro de 2021 interior-lifestyle-china.hk.messefrankfurt.com
EQUIPOTEL’2021 (Cerâmica Utilitária e Decorativa) Anual – São Paulo (Brasil) De 22 a 25 de Novembro de 2021 equipotel.com.br/
EQUIPHOTEL’2022 (Cerâmica Utilitária e Decorativa) Bienal - Paris (França) De 06 a 10 de Novembro de 2022 equiphotel.com
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Parceiro de Confiança no seu Negócio CREDIBILIDADE - IMPARCIALIDADE - RIGOR reconhecidos na certificação de produtos e serviços e de sistemas de gestão Membro de vários Acordos de Reconhecimento Mútuo Presente em 20 países
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