Ana Clara Bender Tavares - EXPERIÊNCIA ARTÍSTICA COMO FUNDAMENTO PEDAGÓGICO PARA O ENSINO...

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atividade de docência no Núcleo de Música Coral da UFMG, ambas experiências que contribuíram para a minha formação, e com isso almejo mostrar o quanto a experiência artística serve de fundamento e suporte para a formação e a prática docentes.

Grêmio Lixuoso Escola de Samba Acadêmicos do Não me Calo Na construção desse espetáculo teatral, assumi efetivamente as funções de atriz e figurinista. Poder pensar no espetáculo como um todo, passando por diversas artes, cênicas e visuais, estendeu a minha visão para o espectro do trabalho docente porque aumentou minhas experiências com a linguagem do teatro e com as relações criativas com o outro. O processo buscou realizar o desejo de que a elaboração do espetáculo fosse baseada em um processo de criação colaborativa, no sentido sugerido por Stela Fischer: Conceitualmente, entende-se por processo colaborativo o procedimento de grupo que integra a ação direta entre ator, diretor, dramaturgo e demais artistas, sob uma perspectiva democrática ao considerar o coletivo como principal agente de criação e aglutinação de seus integrantes. Essa dinâmica propõe um esmaecimento das formas hierárquicas de organização teatral, embora com imprescindível delimitação de áreas de trabalho e delegação de profissionais que as representam. 1 (FISCHER, 2010, p. 64)

No decorrer da criação do espetáculo, pude perceber que o processo se aproximou mais de uma criação coletiva com a figura de um diretor. Para a criação desse espetáculo, foram escolhidos: o método da mimese corpórea, a partir de exercícios feitos em grupo com a provocação do diretor e do dramaturgo; a elaboração coletiva de texto dramático; a pesquisa visual e histórica de elementos vinculados ao universo das escolas de samba do Rio de Janeiro; e relatos pessoais dos atores, como os momentos marcantes da vida de cada um. Esses momentos depois foram selecionados pelo diretor de forma que ficassem somente os que tinham relação com opressão, angustia e que causavam desconforto em quem os vivenciou. Os atores foram instigados a criar cada um uma cena, que representasse um desses momentos escolhidos.

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FISCHER, Stela. Processo Colaborativo e experiências de companhias teatrais brasileiras. SP: Hucitec, 2010. TEATRO, 64; PEDAGOGIA DO TEATRO, 6.

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