Revista Correntes d'Escritas 2021

Page 26

Correntes D’Escritas 24

Luis Sepúlveda

Dossier

Lídia Jorge

Em pé: Nuno Júdice, Mario Delgado Aparaín, Lídia Jorge, José Manuel Fajardo, Santiago Gamboa, Alfredo Pita. PIT II, ​​Lucho e Pablo de Santis. Sentados: Hernán Rivera Letelier e Anne Marie Métailié | Gijon 2005

Bruxelas, 1991 – Anne Marie Métailié passou-me para as mãos as fotocópias de um livro chileno que acabava de ler. Estava tão entusiasmada que sentia medo do seu sentimento transbordante como editora. Pedia-me que lesse aquelas folhas e lhe dissesse o que pensava. Li durante uma noite esse livro. Era simplesmente Un Viejo que Leía Novelas de Amor. O meu entusiasmo não era menor do que o de Anne Marie. Nesse segundo encontro, que aconteceu no dia seguinte, Anne Marie já tinha decidido. Durante aquela noite, tinha começado uma aventura maravilhosa no mundo da edição. Luis Sepúlveda iria transformar-se num dos escritores mais queridos das últimas décadas. O que tem a escrita de Luis Sepúlveda de tão singular e atraente? O testemunho de uma experiência de vida vivida no fio da navalha que lhe deu a dimensão dos movimentos subterrâneos que determinam a mudança do mundo, e por isso o seu olhar é político. E uma ternura absoluta pelos seres da Terra que lhe permite uma efabulação fantástica em que pássaros, cães, baleias, confraternizam com os seres humanos no mesmo reino da Criação. Por isso as páginas de Luis Sepúlveda, escritas para

auditórios de todas as idades, estão repletas de fábulas ora violentas ora mansas, mas sempre tocadas por uma singular arte de contar. Luís Sepúlveda é um contador maior. Os seus livros são joias preciosas, marcados pela terra sul-americana que lhe deu origem, pela língua espanhola que lhe deu a plasticidade vigorosa da narrativa, e sobretudo pelo cunho de criador incomum, que lhe permite ser traduzido e amado em todas as línguas. Boliqueime, 1 de Abril, 2020.

Lídia Jorge formou-se em Filologia Românica na Universidade de Lisboa, deu aulas, escreveu mais de vinte livros editados em várias línguas, entre eles, poesia, romances, antologias de contos, literatura infantil e uma peça de teatro. Em 2004 venceu a primeira edição do Prémio Casino da Póvoa, atribuido no âmbito do Correntes d’ Escritas com o livro O vento Assobiando nas Gruas. Em 2014 foi-lhe atribuído o prémio Luso Espanhol da Arte e Cultura concedido pelo Ministerio de Educación Cultura e Deporte de Espanha e pela Secretaria de Estado da Cultura de Portugal.


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