Infopharma nº3

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> Setor Farmacêutico

O novo normal AS FARMÁCIAS SÃO HOJE CONFRONTADAS COM UMA ESCOLHA QUE TERÁ PROFUNDAS IMPLICAÇÕES PARA O SEU FUTURO. PODEM IGNORAR AS VENDAS ONLINE? DEVEM ABRAÇAR ESTA NOVA REALIDADE E DEVOTAR TODAS AS SUAS ENERGIAS E INVESTIMENTOS AO SEU CRESCIMENTO? Autor: Ricardo Lopes Pereira, Diretor Executivo da Winphar

O

ano de 2020 foi um ano excecional: a pandemia alterou a forma como trabalhamos, sociabilizamos e consumimos, ameaçou a economia, adiou projetos e investimentos, e colocou em risco a vida daqueles que amamos. Sendo um serviço essencial, as farmácias sentiram um impacto económico menos acentuado, à custa de um grande esforço das suas equipas. Uma das consequências da pandemia foi a alteração do comportamento dos consumidores, com a aceleração da adoção das compras à distância, quer por uma questão de conveniência, quer por necessidade. É de esperar que esta alteração comportamental se torne permanente. As compras à distância podem dividir-se em vendas online e em vendas locais. As vendas locais não são mais do que uma extensão do balcão da farmácia, sendo solicitadas pelos utentes da farmácia por canais como o telefone ou WhatsApp e entregues ao domicílio ou recolhidas na farmácia. Podem ser facilmente implementadas com recurso às mesmas funcionalidades do software que a farmácia usa ao balcão: reservas e vendas a crédito. Os pagamentos podem ser efetua-

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dos com um terminal de pagamentos automáticos móvel ou uma plataforma online para pagamentos à distância (e.g. MBWay, referências MB, cartões de crédito). O software de gestão da farmácia pode auxiliar grandemente na implementação destes processos, ao automatizar alguns dos procedimentos, e.g. enviar SMS ao utente assim que o produto encomendado é rececionado na farmácia, ou dar automaticamente a encomenda como paga assim que o pagamento for realizado.

“Algumas das farmácias que investiram no online no passado gozam já de uma liderança significativa e quanto mais tarde uma farmácia entrar, mais consolidado estará o mercado” Implementar vendas online já não é uma decisão tão simples. As farmácias são hoje confrontadas com uma escolha que terá profundas implicações para o seu futuro. Podem ignorar as vendas online? Devem abraçar esta nova realidade e devotar todas as suas energias e investimentos ao seu crescimento? Embora possa parecer insensato ignorar uma tendência que pare-

ce imparável, há bons argumentos para não promover as vendas online. O relacionamento pessoal, a competência técnica, a oferta de produtos e serviços e a proximidade física são alguns dos fatores mais importantes na escolha da farmácia pelo utente, que é bastante fiel. Nas compras online estes fatores não são relevantes. A interação com o farmacêutico é nula ou reduzida. O tempo de entrega é o mesmo para todo o país. É fácil ter um portfólio alargado de produtos sem inventário. Assim, o fator preponderante é o preço, criando expectativas de preços baixos em todo o canal farmácia, com impacto nos clientes atuais da Farmácia. A legislação que garante às farmácias limitação da concorrência, na forma de capitação e distâncias físicas, não é igualmente eficaz online. Num canal onde a intervenção farmacêutica tem um papel residual, é mais difícil justificar a existência destas proteções legislativas. Caso estas não sejam aplicadas ou venham a ser removidas, é razoável esperar a concentração do merca-

AFP-ASSOCIAÇÃO DE FARMÁCIAS DE PORTUGAL


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