Entenda
Texto Guilherme Cavalcante Ilustração Kaleb
A PERGUNTA LEVANTADA pelo título provocativo do livro A Escola Tem Futuro? (Penso, 2006), do sociólogo português Rui Canário, ainda precisa de uma resposta. Se a resposta for sim, que futuro será esse? E como podemos nos preparar para ele? Descobrir caminhos melhores para esse futuro interessa a muita gente, ou pelo menos deveria. Afinal, em janeiro de 2019, o número de brasileiros matriculados no ensino fundamental e médio no Brasil era de 48 milhões de alunos. Além disso, de acordo com o Instituto Paraná Pesquisas, em levantamento realizado em meados do ano passado, a educação era um dos problemas nacionais que mais preocupavam os cidadãos, vindo atrás da saúde, emprego e segurança. A demanda e os desafios são grandes, principalmente se pensarmos na rede pública de ensino, que recebe a esmagadora maioria dos estudantes do país. Os problemas passam por falta de verba, estrutura precária, qualificação dos docentes, dinâmica das aulas e a relação entre o conteúdo e a realidade dos alunos. As famílias que podem escolher a rede privada também esperam bons resultados e desejam, entre outras coisas, que seus filhos sejam competitivos no mercado de trabalho. É por isso que preparamos este panorama do futuro da educação no país. Saiba o que pode vir por aí.
Educação integral
Se há mais de 120 anos no Brasil a educação adventista tem se preocupado com o desenvolvimento das capacidades físicas, mentais e espirituais dos seus alunos, as principais entidades e lideranças educacionais no país e no mundo têm “batido na tecla”, nas últimas décadas, que educação é mais do que a mera transmissão de conteúdos em sala de aula. Segundo, por exemplo, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a adoção de um modelo educacional mais integral geraria maior satisfação nos professores e estudantes, pois estaria focado no desenvolvimento de competências, de habilidades para a vida. 8 |
ABR-JUN
2020
De olho nas competências
Fontes: sites do Instituto Paraná Pesquisas (http://bit.ly/ prioridadesbrasileiras), Inep (bit.ly/inepcenso) e Unesco (bit.ly/unescofutures); OCDE “The Future of Education and Skill – Education 2030” (bit.ly/OCDEfuture); Sebrae (bit.ly/ relatoriodosebrae); BNCC (bit.ly/bnccold); novo ensino médio (bit.ly/bnccnew) e British Council (bit.ly/pesquisadoBC); e os livros A Escola Tem Futuro?, de Rui Canário (Penso, 2006), e Educação (CPB, 2008), de Ellen G. White
Para quem vê pouca aplicabilidade no que estuda e acha que há excesso de conteúdo para dar conta, o futuro é promissor. As disciplinas continuarão a existir, mas a proposta de organizações como a OCDE e a Unesco é que na próxima década o conteúdo curricular seja radicalmente mudado. A ideia é que o ensino envolva a realização de projetos e o desenvolvimento de habilidades específicas, trazendo mais flexibilização e personalização para o processo de ensino-aprendizagem.
Mais empreendedorismo
Num cenário de desemprego formal alto, e que deve se agravar, um dos desafios educacionais será preparar uma geração com capacidade de abrir o próprio negócio. Para se ter uma ideia, em 2017, 57% dos empreendedores no Brasil tinham entre 18 e 35 anos. Porém, engana-se quem pensa que o preparo para empreender inclui necessariamente disciplinas de administração e contabilidade no ensino médio. Projetos de Educação Empreendedora, como os promovidos pelo Sebrae, envolvem desde a estruturação de atividades em torno de resolução de problemas, com foco na criatividade e inventividade, até o incentivo de participação e organização do grêmio estudantil.