INTRODUÇÃO
A Lei 13.431/2017, em vigor desde 4 de abril de 2018, estabelece medidas de assistência e proteção à criança e ao adolescente em situação de violência, reconhecendo serem detentores de direitos fundamentais inerentes à pessoa humana e conferindo-lhes direitos específicos à condição de vítima ou testemunha de violência, com intuito de compatibilizar o direito à participação com as condições peculiares de pessoas em desenvolvimento, bem como para evitar a revitimização e a violência no âmbito institucional. Assim, foi-lhes conferido o direito de serem ouvidos(as) por profissionais qualificados a respeito de qualquer forma de violência por eles(as) sofrida ou presenciada, estabelecendo-se duas formas e oportunidades de entrevista1: a) uma a ser realizada pela rede protetiva, chamada de “Escuta Especializada”2; b) e outra, para fins investigativos e de prova, na polícia ou em juízo, chamada de “Depoimento Especial”3. Mas não é só. Além de assegurar a escuta de crianças e adolescentes em todos os serviços, a Lei ainda determina que sejam adotadas ações articuladas, coordenadas e efetivas4, voltadas ao acolhimento e ao atendimento integral de crianças e adolescentes em situação de violência, criando obrigações aos sistemas de Justiça, Segurança Pública, Assistência Social, Saúde e Educação, nos âmbitos municipal, estadual e federal. A articulação da rede protetiva, com a criação de fluxos e protocolos de atuação integrados, intersetoriais e interinstitucionais, decorre, portanto, de imposição legal, como forma de se garantir uma proteção integral, independente ou paralelamente à responsabilização criminal ou outras consequências judiciais da violência.
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Art. 4º Para os efeitos desta Lei, sem prejuízo da tipificação das condutas criminosas, são formas de violência:§ 1º Para
os efeitos desta Lei, a criança e o adolescente serão ouvidos sobre a situação de violência por meio de escuta especializada e depoimento especial. 2
Art. 7º Escuta especializada é o procedimento de entrevista sobre situação de violência com criança ou adolescente
perante órgão da rede de proteção, limitado o relato estritamente ao necessário para o cumprimento de sua finalidade. 3
Art. 8º Depoimento especial é o procedimento de oitiva de criança ou adolescente vítima ou testemunha de violência
perante autoridade policial ou judiciária. 4
Art. 14. As políticas implementadas nos sistemas de justiça, segurança pública, assistência social, educação e saúde
deverão adotar ações articuladas, coordenadas e efetivas voltadas ao acolhimento e ao atendimento integral às vítimas de violência.
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