CONTATOS COM UM ACERVO RECORTADO O convite da coordenação do Programa Educativa propôs uma expedição inusitada, que exploraria as plantas existentes em um acervo museológico de arte. Esse convite foi feito posteriormente às definições que a equipe, formada cinco meses antes, já havia elaborado para o entendimento inicial do trabalho. E, em realidade, se tornou um experimento muito singular de aprendizagem e observação simultâneas, tanto para entender como se construíram as lógicas que amarravam o recorte — que propunha uma apresentação do acervo a partir de e com as plantas — quanto para entender o que diferentes olhares, de um grupo tão multidisciplinar, trariam para a percepção das obras. Esse exercício duplo de observação foi realmente importante para entender cada proposta de produção de conteúdo a partir do contexto, da formação e da valorização de significados para cada membro da equipe Educativa. Consequentemente, também foi importante para perceber o impacto possível e as participações dos públicos que esse cenário traria. Associar/sugerir obra e interpretação, esperando que as mediadoras olhassem por si próprias o que era possível, garantiu maneiras muito variadas de imaginar a ação de compreensão e apresentação de obras de arte. A partir desse contexto, esse desafio duplo se apresentou para a elaboração da presente pesquisa de entendimento dos diferentes olhares sobre o acervo e as lógicas escolhidas para apresentar e conversar tanto com plantas quanto com os públicos. Em primeiro lugar, escolheu-se o recorte temático para entender e explorar as obras de arte que compunham a coleção deste museu. Em segundo, a tarefa do trabalho de mediação, que, sem uma exposição, deveria nortear uma conversa entre públicos e recorte (plantas/vegetais nas obras do museu), com ações educativas, mais especificamente, tratando da ação Ver de perto, sem que a perspectiva da própria equipe se sobressaísse às experiências do público, e que abarcasse ainda diferentes formas/olhares sobre o processo. 136