A volta dos eventos presenciais é um desafio para trabalhadores da cultura Na edição deste domingo da coluna HIT, a gestora Ana Vilela revela como se reinventou diante das transformações impostas pela pandemia Giulia Andreoti Fonte: em.com Em 07/05/22 Ser gestora de uma instituição cultural é se dedicar a um intenso trabalho de planejamento e tomada de decisão. No entanto, mesmo com planos para diversas situações, nada havia nos preparado para o inimaginável: fechar as portas temporariamente e redesenhar todo nosso planejamento e modelo de atuação, em 2020. Uma casa que já foi palco de tantas exposições inéditas e desenvolveu, ao longo dos anos, importantes iniciativas de formação de público, sempre foi feita por e para as pessoas. Galerias cheias, filas animadas aguardando para ver de perto as mostras tão encantadoras, o cheiro de pipoca dos vendedores na porta, o encanto das crianças com seus mundos imaginários... Tudo isso era nossa rotina na Casa Fiat de Cultura.
Em 2020, tudo precisou ser completamente repensado e recriado. O momento, que inicialmente duraria 15 dias, prolongou-se por meses, o que exigiu adaptabilidade e entendimento de que era possível fazer arte e cultura em novas telas. Assim, transformamos todo o nosso conteúdo para as redes sociais e outras plataformas digitais. Durante todo esse tempo, meu trabalho, enquanto gestora, também foi transformado. Mais do que nunca, buscar parcerias foi fundamental para fortalecer nossa atuação. Nesse sentido, contamos com parceiros muito especiais para a produção de eventos de design, cultura popular, fotografia e painéis com grandes nomes do pensamento contemporâneo, instigando as pessoas a refletir sobre o presente e também o futuro. A equipe se reinventou. Além da produção autoral de conteúdo, inovamos em formatos. Levamos
Foto: ilustracao-mostra-aleijadinho-dentro-da-tela-de-computador Trabalho acadêmico - Editoração Eletrônica - Facha - 1o semestre de 2022
ao público nossa primeira exposição 100% digital. Transformamos nossas vitrines em galeria, com exposições que poderiam ser vistas pelo lado de fora do prédio. Agora, em nossa reabertura, apresentamos ao público a mostra “Aleijadinho, arte revelada: o legado de um restauro na Casa Fiat de Cultura”, oportunidade única de conhecer de perto o processo de restauração de obras do barroco mineiro, em um ateliê vivo, aberto à visitação. A iniciativa celebra os 15 anos da instituição e é um presente aos brasileiros. As obras restauradas retornam às comunidades em 2022. E, durante 20 meses, essa foi a maneira que encontramos de continuar em contato com o público. Mas nada substitui o poder dos encontros, a indescritível sensação de ver de perto uma obra de arte, a emoção de pisar em uma galeria e conhecer o trabalho de novos artistas. Desde novembro, as portas se reabriram novamente ao público – sempre guiado por protocolos e cuidados –, para continuarmos partilhando saberes, obras de arte e experiências. Ainda é difícil dizer o que nos aguarda no futuro. Porém, seguimos por um caminho híbrido, com programação on-line e exposições presenciais. A tecnologia permanece como aliada, enquanto fortalecemos, cada vez mais, nossas ações de acolhimento, mediação presencial e experimentação da arte in loco. 37