Edição 1211

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SUPREMA FARSA

FIM DA PRISÃO

ESPECIAL PARA

QUEM TEM CURSO

SUPERIOR SÓ

VALE PARA

ZÉ-NINGUÉM 2

BARRA DE SÃO MIGUEL

Prefeito abandona cidade e famílias brigam por cargos

Com sérios problemas de saúde, o prefeito Biu de Lira entregou a prefeitura aos parentes de suas duas famílias, que se digladiam pelo comando do município. 2

FIM DO CENTRÃO?

n Renan aposta em Isnaldo Bulhões para assumir liderança na Câmara dos Deputados

Bulhões ganhou destaque com a possibilidade de substituir Lira

Novo blocão pró-Lula reduz poderes de

PSDB DE ALAGOAS BUSCA

SAÍDA PARA ESCAPAR DA EXTINÇÃO 7

ALAGOAS DEVE RECEBER

R$ 1,3 BILHÃO EM

ROYALTIES DE PETRÓLEO E GÁS

REPRODUÇÃO LULA MARQUES - AGÊNCIA BRASIL www.ojornalextra.com.br
- ALAGOAS ANO XXIV - Nº 1211 - 08 A 14 DE ABRIL DE 2023 - R$ 4,00 extra
MACEIÓ
e
ECONOMISTA DIZ QUE DÍVIDA PÚBLICA COMPROMETE FUTURO DE ALAGOAS 8
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AGÊNCIA_PETROBRAS
5
Arthur Lira

extra e

MACEIÓ - ALAGOAS

www.ojornalextra.com.br

Suprema farsa

1- O Supremo Tribunal Federal (STF), por unanimidade, acabou com a prisão especial para quem tem curso superior por entender que o benefício é inconstitucional. A prerrogativa consta do Código de Processo Penal, mas agora só vale para cidadãos de primeira classe.

2- O art. 5º da Constituição diz que todos são iguais perante a lei, mas a decisão do Supremo revela que uns são mais iguais do que outros. Na prática, a decisão do STF só vale para o zé-ninguém, que mesmo tendo curso superior não poderá usufruir de privilégios das elites.

3- Mais do que declarar a inconstitucionalidade de um direito, o Supremo discrimina quem não tem cargo público nem integra as elites do país e aprofunda a desigualdade entre os cidadãos brasileiros.

Pega na mentira

Arthur Lira garantiu que a sede da Codevasf não será transferida para Maceió. Mentiu descaradamente, pois sabia que a decisão já havia sido tomada pela direção da estatal.

Disse que a companhia terá em Maceió um escritório para atender a todos os prefeitos alagoanos e não apenas dos municípios do vale do São Francisco. Na verdade, a sede da companhia em Penedo é que vai virar um escritório.

Balcão de negócios

A decisão – que certamente tem as digitais de Arthur Lira – foi aprovada no dia 27 de março último pelo Conselho de Administração da companhia. Desde que passou para o controle do Centrão, a Codevasf ampliou seu raio de ação para se transformar em bilionário balcão de negócios que alimenta currais eleitorais a serviços de políticos inescrupulosos.

Barra sem prefeito

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REDAÇÃO - DISK DENÚNCIA contato@novoextra.com.br

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As colunas e artigos assinados não expressam necessariamente a opinião deste jornal

4- Apesar da decisão, o direito de prisão especial continua valendo para as seguintes autoridades:

●Presidente e vice-presidente da República;

●Ministros de Estado;

●Governadores ou interventores de Estados e do Distrito Federal, e seus respectivos secretários;

●Senadores;

●Deputados federais, estaduais ou distritais;

●Prefeitos e vereadores;

●Ministros de confissão religiosa;

●Ministros do Tribunal de Contas da União;

●Magistrados;

●Delegados de polícia e os guardas-civis, ativos e inativos;

●Cidadãos inscritos no “Livro de Mérito”;

●Oficiais das Forças Armadas e os militares dos Estados e do Distrito Federal;

●Cidadãos que já tiverem exercido efetivamente a função de jurado, salvo quando excluídos da lista por motivo de incapacidade para o exercício daquela função;

5- A legislação também prevê que integrantes do Ministério Público, advogados, professores e jornalistas tenham a garantia da prisão especial.

A Barra de São Miguel está praticamente acéfala desde que o vice Floriano Melo foi afastado do cargo de Secretário de Governo por pressão das duas famílias do prefeito Benedito de Lira.

Desde que Biu de Lira ganhou a eleição, o prefeito de fato era o vice Floriano, amigo e aliado há 18 anos, que vinha sofrendo pressão para entregar os principais cargos da prefeitura aos Pereira e Palmeira. Até o prefeito sucumbiu à guerra familiar.

Nepotismo

Com sérios problemas de saúde, o prefeito mal aparece na cidade, que está sob controle político de Joãozinho Pereira e Marcelo Palmeira. A dupla aliou-se à vereadora Maria Quitéria, presidente da Câmara, em troca de cargos para dois filhos, dois irmãos, quatro sobrinhos e 80 cabos eleitorais. Mas os postos importantes estão com os parentes do prefeito. Há meses, Biu de Lira despacha os processos do município em sua residência de Maceió e só apareceu na cidade para comandar a distribuição eleitoreira de pescados na semana santa. Há denúncias de que os peixes estavam estragados. Pelo andar da carruagem os órgãos de fiscalização terão muito trabalho pela frente.

Reintegração de posse

As indústrias instaladas no Polo Industrial de Marechal Deodoro em terrenos doados pelo Estado terão que desocupar os imóveis ou indenizar o proprietário das terras. São 200 hectares que estavam em disputa judicial, com ganho de causa para o agricultor Jorge Florentino, que há 30 anos explorava a área na condição de posseiro.

A conta da irresponsabilidade será paga pelas indústrias que ali se instalaram de boa fé, mas deverão acionar o Estado para serem ressarcidas dos prejuízos.

Efeito Orloff

“A deterioração da Argentina mostra ao Brasil a importância de seguir regras fiscais e monetárias”. Editorial do jornal O Estado de S. Paulo sobre decadência econômica e desagregação social do país vizinho.

Lixo tóxico

O lixo que está tirando o sono do prefeito JHC é o mesmo que ameaça derrubar o prefeito Luciano Barbosa, de Arapiraca, e já levou um ex-prefeito de Maceió às barras da Justiça. Sem falar em outros personagens menos conhecidos.

MACEIÓ, ALAGOAS - 08 A 14 DE ABRIL DE 2023 2 e extra
“Jornalismo é oposição. O resto é armazém de secos e molhados” (Millôr Fernandes)
DA REDAÇÃO
COLUNA
MACEIÓ, ALAGOAS - 08 A 14 DE ABRIL DE 2023 3 e extra

Desconforto no MDB

Odesconforto no MDB, depois da indicação do vereador Chico Holanda para liderança do governo de JHC, tem incomodado os caciques do partido, que começam a observar uma revoada da agremiação a partir do próprio presidente da Casa de Mário Guimarães, Galba Neto.

Meia volta

Esta história de substituir o nome do tradicional bairro de Cruz das Almas pegou feio para quem apresentou a sugestão. Depois de uma reprimenda clássica do cantor Djavan, o vereador correu para reparar a pisada na bola. Cruz das Almas continua o que era antes, necessitando de um apoio da Prefeitura de Maceió para sanar os seus problemas.

Corda esticada

A disputa, como sempre acontece em um ano antes das eleições, vai se tornar mais intensa nos próximos dias e o jogo, para observadores, está apenas começando.

Sem nomes

Enquanto o prefeito JHC trabalha para fortalecer o seu nome na campanha pela reeleição, o grupo adversário ainda não tem um nome definido para disputar o pleito do próximo ano em Maceió. Alexandre Ayres e Rafael Brito não têm, até agora, empolgado os caciques do partido, que trabalham para um candidato que possa disputar em igualdade de condições com JHC.

Reticente

Se por um lado a situação trabalha para a reeleição de JHC com o apoio de Arthur Lira e Rodrigo Cunha, o Palácio República dos Palmares não deseja arriscar um nome que possa ser que não dê certo. Como o MDB, afora o caso de Djalma Falcão nunca emplacou na capital, apostar só por apostar não está nos planos de Paulo Dantas e da família Calheiros.

Vai e volta

Não demorou muito para alguns prefeitos que migraram para o MDB voltassem aos partidos de origem, em um trabalho de convencimento feito por Arthur Lira, presidente da Câmara Federal. Foi o caso do prefeito de Anadia, Celino Rocha, que retornou às hostes pepistas.

Os rumores e as discussões nos bastidores da sigla comandada em Alagoas pela família Calheiros indicam que investidas serão dadas oportunamente e que os seus filiados poderão ser enquadrados regimentalmente, mas, no momento, nenhuma posição oficial.

Outros virão

Observadores políticos acreditam que a volta de Celino ao PP é apenas uma amostra do que vem por aí, com o retorno de outros que acreditam nas propostas e no trabalho da direção do partido, em Alagoas.

Não agradou

A participação do deputado Isnaldo Bulhões em um grupo na Câmara e que contou com o apoio de Arthur Lira, não agradou nada aos dirigentes do MDB em Alagoas. Principalmente ao senador Renan Calheiros, que soltou o verbo na polarização que mantém com o presidente da Câmara dos Deputados.

Mau início

ALE

Ações criminosas

Entre outras denúncias, JHC diz literalmente que algumas ações realizadas pelo seu antecessor foram cruéis e até mesmo criminosas, com as unidades de saúde entregues ao abandono. Achou pouco e garantiu que as indicações para postos chaves nas unidades não estão sendo feitas por aliados políticos. Será?

Nas alturas

Parecendo preocupado apenas com o apoio dos vereadores à sua administração, o prefeito JHC esquece que são parcerias políticas fortes que darão, realmente, força na sua reeleição. É o caso de Davi Davino que ainda não foi anunciado como secretário do município da demorada reforma política e Jó Pereira. Não se acredita que o deputado Arthur Lira esteja satisfeito com essa demora.

Céu de brigadeiro

Com o apoio incondicional da Assembleia Legislativa e em particular do presidente Marcelo Victor, o governo de Paulo Dantas garante a realização de obras no social e infraestrutura, com investimentos assegurados, definidos e projetos consolidados.

Ajuda

Com Renan Filho no Ministério dos Transportes, Alagoas pode melhorar sua malha rodoviária e avançar na duplicação da Al101 Norte, além da construção do Aeroporto de Maragogi, porta de entrada do turismo alagoano por aquela região. É, simplesmente, querer.

Tirando o couro

Em plena campanha para a reeleição, o prefeito JHC não perde a oportunidade, no programa “Bom Dia, prefeito”, às segundas-feiras, de tirar o couro, mesmo sem falar no seu nome, de Rui Palmeira, atual secretário do governo de Paulo Dantas.

A incidência de 19% do ICMS e Fecoep no preço dos combustíveis e naturalmente nos alimentos e outros produtos, é um verdadeiro massacre. Ao estabelecer um percentual nacional para a aplicação do ICMS, o governo pouco está se importando com os consumidores.

Nunca quebrou

Uma defasagem de 27 bilhões de reais nos cofres públicos com a redução dos impostos, nem quebrou os governos estaduais, nem tampouco os empresários, que choram de barriga cheia.

Eficiência

O governo de Alagoas tem mesmo que comemorar com a redução da violência no mês de março, menor número em 12 anos. Isso deve-se à eficiência dos órgãos de segurança pública geridos pelo secretário Flávio Saraiva. A sensação de segurança aumenta a cada dia a presença de turistas em Alagoas.

MOUSINHO
MACEIÓ, ALAGOAS - 08 A 14 DE ABRIL DE 2023 4 e extra ALE
GABRIEL

XADREZ POLÍTICO

Arthur Lira leva rasteira, mas segue todo-poderoso

Presidente da Câmara assiste criação de bloco de oposição, articulado por Renan

ODILON RIOS

Especial para o EXTRA

Opresidente da Câmara Arthur Lira (PP) tenta se recuperar da rasteira também promovida pelos senadores Renan Calheiros (MDB) e Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que ajudaram na formação de um bloco com 142 deputados federais, acumulando seis ministérios e se tornando a maior força política na Câmara.

Neste grupo está o deputado Isnaldo Bulhões (MDB), cotado para ser o sucessor de Lira que busca o contraponto: a criação de uma força política ainda maior. “Sempre defendi a unidade para reduzirmos o número de partidos, fortalecendo-os e dando à sociedade confiança no nosso sistema partidário. Dessa forma, reafirmamos o compromisso com a democracia e o parlamento brasileiros”, disse buscando desviar os ódios do momento.

Ainda todo-poderoso em Brasília, sua briga com o Senado também envolve máxima pressão pelos restos a pagar do orçamento secreto junto ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Todo este movimento acabou no surgimento de uma força contrária: a criação de um bloco com MDB, PSD, Podemos, PSC e Republicanos.

O governo diz que nada tem a ver com este blocão. É uma frase de duplo sentido: apesar do PT, PSB e outros partidos mais ligados ao núcleo duro do poder lulista não estarem nesta lista, essa reunião de partidos vem bem a calhar:

- O governo constrói apoios para aprovar na Câmara o novo

arcabouço fiscal;

- Há insatisfação na manutenção de Roberto Campos Neto no comando do Banco Central.

Lira também atrapalha planos do Executivo e faz a defesa de um semipresidencialismo que, na verdade, significa transformar o presidente da República em figura decorativa. Mas, ao menos, por enquanto, foi o deputado quem acabou aloprando. E confirmando que Calheiros é a mais forte liderança a rivalizar com o presidente da Câmara.

E o senador se estimula a frear a ascensão política do deputado. Porque ele disputará a reeleição, mas também existe a segunda vaga no Senado, hoje ocupada por Rodrigo Cunha (União Brasil), que também se movimenta para a reeleição, apesar de nesta semana um assessor dele ter usado das redes sociais em tom de desabafo contra Lira. Os dois negam o rompimento. Os próximos passos de cada um mostrará mais que palavras.

Lira foi deputado estadual, “cresceu” na Assembleia Legislativa com os rastros monitorados pela Polícia Federal através

Com o orçamento secreto, Lira alcançou o seu ápice: conseguiu mandar mais que o próprio presidente da República. Mas, ao assistir a troca presidencial, quer continuar mandando. Com Bolsonaro era bem mais fácil.

Tamanho é o poder que acumulou que só depende dele o dia e a hora para fechar a aliança com o prefeito JHC (PL)- que parece não ter mais interesse em atrair o parlamentar. Aliás, Jota é o único político de grande expressão que Lira mantém contato. O governador Paulo Dantas (MDB) está no grupo dos Calheiros. Rodrigo Cunha tenta, mas ainda não conseguiu ganhar expressão e voz suficientes nem na política nacional nem na local. E neste embate Calheiros x Lira, não existe qualquer chance de surgir uma terceira via. Paulo Dantas escolheu seu lado; Jota e Cunha também serão obrigados a se ajustar aos moldes liristas porque ambos ainda não têm capilaridade entre prefeitos.

Crise artificial

Diante de todos, Lira construiu uma crise artificial -a do rito das medidas provisóriasporque existem R$ 16 bilhões de restos a pagar do orçamento secreto ainda não liberados por Lula.

Ao mesmo tempo, se mostra o ‘bombeiro’ dos incêndios que ele próprio cria, aumentando seu poder de barganha.

“Lira está cada vez mais espaçoso na sua relação com o governo. Ele está vivendo uma abstinência. Estava totalmente dependente do orçamento secreto e, agora, terá que conseguir recursos em condição de igualdade com todos os parlamentares”, disse o senador Renan Calheiros (MDB), escalado para ‘apertar’ Lira.

Disse também que o PT se precipitou em apoiar Lira na disputa à Presidência da Câmara porque era previsível o desfecho: o deputado seria reeleito, dificultaria o trabalho do governo e buscaria enfraquecê -lo para ganhar mais influência entre os parlamentares.

da Operação Taturana e, ao se mudar para Brasília, Eduardo Cunha lhe serviu para abrir portas e forjou a liderança que é hoje. O dinheiro é a base das coisas. Com o orçamento secreto, Lira alcançou o seu ápice: conseguiu mandar mais que o próprio presidente da República. Mas, ao assistir a troca presidencial, quer continuar mandando. Com Bolsonaro era bem mais fácil.

“Na medida em que o PT antecipou apoio ao Lira, no mínimo, o partido se apressou muito. Lira impõe dificuldades para que o governo monte uma base de sustentação. É uma maneira de enfraquecer o governo para que ele tenha mais poder e achacá-lo cada vez mais. Não se muda a Constituição com a Câmara usurpando uma competência fundamental do Senado”, disse o senador.

MACEIÓ, ALAGOAS - 08 A 14 DE ABRIL DE 2023 5 e extra
AGÊNCIA_CÂMARA_DE_NOTÍCIAS Estratégia de Renan Calheiros ameaça poderio de Arthur Lira

Arthur Lira é desmentido por filho de prefeito após negar mudança de sede

Companhia situada em Penedo será instalada em Maceió

JOSÉ FERNANDO MARTINS - josefernandomartins@gmail.com

ACompanhia de Desenvolvimento do Vale São Francisco (Codevasf) em Alagoas está sendo alvo de polêmicas. No estado, a entidade tem como superintendente regional João José Pereira Filho, mais conhecido como Joãozinho Pereira. O ex-prefeito de Teotônio Vilela é primo do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP), que nesta semana anunciou, durante entrevista de rádio, que a sede da Codevasf continuará em Penedo. O pronunciamento se deve ao fato da possibilidade de um escritório da companhia ser instalado na capital alagoana que, à primeira vista, faria sentido. Isso porque Maceió seria um ponto estratégico para reuniões, encontros e debates, no entanto, o escritório situado na capital esconderia outra realidade.

O que os bastidores da política alagoana dizem é que Joãozinho Pereira não estaria contente de sair de Maceió para cumprir seus afazeres em Penedo. A distância entre os municípios é de 145 km, ou seja, uma viagem de aproximadamente duas horas. “O povo penedense (...) repudia os atos do deputado que criou esse escritório em Maceió para beneficiar seu primo que é o superintendente da Codevasf e que passou

45 dias sem vir ao trabalho. Mas o primo resolve. Se o Joãozinho não pode vir à sede da Companhia, a sede da Companhia vai ao Joãozinho!”, criticou um munícipe de Penedo em debate protagonizado nas redes sociais.

“A Codevasf jamais sairá de Penedo. Vai sim instalar um escritório em Maceió porque é necessário. Nós não atendemos hoje só 50 municípios, nós atendemos os 102 municípios do Estado de Alagoas, como prefeitos e associações comunitárias”, explicou Lira, que acrescentou: “A companhia vai ampliar um escritório em Maceió para que o prefeito, por exemplo, que está lá em Colônia Leopoldina, não tenha que se deslocar a Penedo para protocolar um assunto ou despachar com o superintendente”. O discurso do presidente da Câmara era coerente, até a divulgação de documentos oficiais

O que os bastidores da política alagoana dizem é que Joãozinho Pereira não estaria contente de sair de Maceió para cumprir seus afazeres em Penedo. A distância entre os municípios é de 145 km, ou seja, uma viagem de aproximadamente duas horas.

da Codevasf que contrariam o que disse Arthur Lira em entrevista.

As imagens foram compartilhadas em rede social do engenheiro Guilherme Lopes, atual secretário Executivo da Saúde de Alagoas e filho do prefeito de Penedo Ronaldo Lopes. O documento datado do dia 17 de fevereiro de 2023, assinado pelo diretor-presidente da companhia, Marcelo Andrade Moreira Pinto, destaca: “a transferência da sede da 5ª Superintendência Regional do Município de Penedo/AL para Maceió/AL, com consequente transferência do Escritório de Maceió/AL para Penedo/AL, autorizando excepcionalmente que as unidades orgânicas da superintendência funcionem no Escritório de Penedo/ AL durante a transição”. A mudança também foi deliberada no dia 27 de março e assinada pelo presidente substituto do Conselho de

Administração, Francisco Soares de Lima Júnior. No Instagram, Guilherme Lopes comentou sobre a suposta mudança de sede. “Infelizmente venho aqui comentar com vocês que a saída da Codevasf de Penedo é uma realidade. (...) Diante disso, a população do baixo São Francisco espera que o deputado Arthur Lira realmente cumpra o que falou em um programa de rádio de Penedo e mantenha a sede da Codevasf em Penedo, revertendo urgentemente essa deliberação que vai prejudicar tanto o nosso povo”, escreveu. A Codevasf é uma empresa pública, vinculada ao Ministério do Desenvolvimento Regional, cuja missão é desenvolver a bacia hidrográfica do rio São Francisco e a bacia do rio Parnaíba, de forma integrada e sustentável, contribuindo para a redução das desigualdades regionais.

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Transferência da Codevasf: Joãozinho Pereira e Arthur Lira se tornaram alvo de críticas
CODEVASF

TUCANADA DESORIENTADA

À beira da extinção, PSDB procura novos

rumos

Partido só conta com Pedro Vilela, sonho dos usineiros e derrotado nas urnas

ODILON RIOS

Especial para o EXTRA

Novos movimentos do PSDB nacional buscam ressuscitar o partido e fala-se até em filiar o ex-presidenciável Ciro Gomes na tentativa de reacender os ódios ao PT. Em Alagoas, os tucanos estão à beira da extinção e a tática nacional deve ajudar a atrair gente com voto na disputa por cargos, neste caso prefeituras e câmaras.

Há 20 anos, o PSDB era uma das maiores e mais poderosas siglas do país. Desde 1990 nunca deixou de disputar as eleições presidenciais. Elegia governadores em São Paulo desde Mário Covas. Agora só conta com três governadores, uma delas no Nordeste, Raquel Lyra (Pernambuco), quebrando a hegemonia da esquerda na terra onde Miguel Arraes fez carreira política e, após sua morte, os sucessores mantêm de pé seu legado.

Em São Paulo, o bolsonarista Tarcísio de Freitas (Republicanos) atraiu os conservadores que gravitavam nos frangalhos do PSDB. Ninguém do partido disputou a Presidência da República.

Em Alagoas, o PSDB sempre foi associado às pautas dos herdeiros dos extintos donos de engenho, hoje usineiros: menos Estado, mercado regulando a economia, mínimos direitos trabalhistas, políticas salvacionistas aos usineiros, eternos caloteiros oficiais dos cofres públicos.

O ex-governador Teotonio Vilela Filho segue como maior

liderança, se aposentou da vida pública e não deixou herdeiros à altura e com votos. O sobrinho Pedro Vilela recusou a suplência de Renan Filho no Senado e perdeu as eleições a deputado federal. Abandonou as redes sociais (que ainda o tratam como deputado federal).

Também foi abandonada a conta oficial do PSDB no Instagram: última atualização foi em 15 de agosto do ano passado. No site, o último texto foi postado em 15 de março de 2020 e o senador Rodrigo Cunha ainda era tratado como a estrela do partido.

Cunha, aliás, foi considerado o responsável pela pá de cal no PSDB, segundo as constantes acusações das quais foi alvo, durante as eleições ao governo, deixando o partido do qual era presidente para ingressar no União Brasil, comandado por indicados do presidente da Câmara Arthur Lira (PP). Porém é um exagero. O crepúsculo do PSDB é também nacional e ele foi sendo construído passo a passo.

Nas eleições de 2014, Aécio Neves levantou dúvidas sobre as urnas eletrônicas. Mas nunca teve provas. Foi obrigado a abandonar a tese em 2021 ao perceber que o então presidente Jair Bolsonaro (PL) transformou a teoria em conspiração. Neste período, foi acusado de corrupção (2017) e ano passado foi absolvido pela 7ª Vara Criminal Federal de São Paulo. O estrago permaneceu, mas Aécio não desistiu de reacender a cruzada contra o PT, duelo que se arrastou

por 25 anos.

“O Brasil precisa compreender que há mais de uma alternativa ao petismo, que não é apenas o bolsonarismo, mas o centro responsável, experiente, qualificado. Nós temos que ocupar esse espaço com coragem, radicalizar no centro, nos assumirmos como um partido de centro, que é o que nós somos hoje” , disse o deputado tucano à Folha de São Paulo.

Também em 2022 a então deputada Jó Pereira foi a maior aquisição do PSDB, por graça e obra de Arthur Lira. Àquela altura Claudionor Araújo, membro histórico do partido, a então deputada federal Tereza Nelma e o ex-prefeito Rui Palmeira voaram do ninho tucano.

Jó era tratada como a terceira via eleitoral, fazia oposição sem fanatismo na Assembleia Legislativa ao então governador Renan Filho, mas acabou aceitando ser vice de Rodrigo Cunha. A estratégia

não deu certo.

Em janeiro, Jorge Dantas, prefeito de Pão de Açúcar e filiado ao partido por três décadas, foi anunciado para o MDB dos Calheiros.

Nestes trancos e barrancos surge Ciro Gomes, uma liderança que o PSDB Nacional quer ombrear com novos nomes na sucessão presidencial como Michelle Bolsonaro, presidente do PL Mulher agregando seu fanatismo religioso; Romeu Zema (Novo), governador de Minas Gerais com o mercado acima de tudo e; Tarcísio de Freitas buscando reunir viúvos e viúvos do bolsonarismo.

Quem em Alagoas poderia assumir este novo PSDB, dando voz e fluidez aos gritos dos usineiros? Há chance de Rodrigo Cunha voltar ao partido, mas hoje sequer existe cogitação sobre isso. Há bastante tempo, creem alguns, nos arranjos eleitorais. Pode ser verdade. Ou blefe.

MACEIÓ, ALAGOAS - 08 A 14 DE ABRIL DE 2023 7 e extra ASSEMBLEIA_LEGISLATIVA
AGÊNCIA_CÂMARA_DE_NOTÍCIAS Jó Pereira tentou ser vice-governadora de Alagoas na chapa de Rodrigo Cunha Aposta dos tucanos, Pedro Vilela não conseguiu se reeleger deputado federal

Empréstimos comprometem futuro de Alagoas

Pesquisador da Ufal diz que há risco do Estado repetir tragédia da era Suruagy

ODILON RIOS

Especial para o EXTRA

Ogovernador Paulo Dantas (MDB) conseguiu aprovar, na Assembleia Legislativa, novo pedido de empréstimo, desta vez de R$ 1,1 bilhão (exatos R$ 1.127.602.299,24), menos com o voto do deputado Fernando Pereira (PP).

O argumento é que o dinheiro será usado no “Programa Visão Alagoas 2030”, ou seja, obras de infraestrutura rodoviária, aeroportuária e urbanização divididas em quatro programas: Alagoas de Ponta a Ponta, Minha Cidade Linda, Conecta Alagoas e Aeroporto Costa dos Corais.

Pesquisador da dívida pública e da política de empréstimos adotadas por países e estados, o professor da Ufal José Menezes Gomes diz que Alagoas corre o risco de comprometer o próprio futuro e assistir a uma crise financeira

e social como a de 1997, que derrubou o então governador Divaldo Suruagy, acumulando meses de salários atrasados de servidores públicos.

“Esse foi o caminho trilhado por todos os governos que acabou levando a lei complementar 156, que renegociou todas dívidas estaduais federalizadas em 1997”, resume.

Esta lei complementar é de 2016 e institui um plano de auxílio aos estados ampliando para 20 anos o prazo de dívidas refinanciadas com a União. “Com isso tivemos a permissão para um novo ciclo de endividamento e a rolagem”, completa o professor.

É preciso lembrar que parte principal dessas dívidas se referia ao passivo vindo dos bancos estaduais. No caso de Alagoas, do Produban. Essa dívida também incluía calotes de usineiros no banco público e foi convertida em débito federal, com taxa de juros elevadíssimas e com a ocorrência

de anatocismo (juros sobre juros entre entes estatais).

O Supremo Tribunal Federal (STF) já tinha dado liminar reconhecendo a ilegalidade da parte do saldo devedor que resultasse de anatocismo. Inclusive, 11 estados conseguiram liminares com a Súmula 21, do STF.

Daí houve uma guinada: os estados, ao invés de pressionarem o Supremo por uma decisão definitiva que reduziria brutalmente o montante da dívida e o desembolso dos juros, optaram por uma negociação.

“Passados vinte anos os estados voltaram a alegar calamidade financeira [como em 1997] e exigiram uma nova etapa de renegociação por mais vinte anos e a União, via Lei Complementar 156 em 2016, mais um vez exigiu a privatização das estatais restantes, especialmente as empresas de água, novamente com cerca de 80% do dinheiro vindo do BNDES. Além disso, os estados iniciaram um novo ciclo de endividamento interno e externo e incorporaram as reformas propostas pelo governo federal, atacando os servidores e os serviços públicos”, afirma.

Ao longo das décadas, os servidores públicos, das várias esferas, foram colocados como responsáveis pela expansão dos gastos públicos, quando na verdade o serviço da dívida passou a ficar cada vez com uma fatia maior do orçamento público, além de influenciar todo o funcionamento da economia.

“Usar a dívida pública como justificativa para as reformas neoliberais é parte do ritual seguido por vários governos e partidos em diversos momentos do processo de destruição dos direitos sociais nos mais variados países. A atual reforma administrativa proposta é filha tardia desse processo de estabilização da moeda, desestabi-

lização das contas públicas e da economia”, conta o professor da universidade alagoana.

Pelas pesquisas de Menezes, é possível concluir que em cada momento histórico existe um encurtamento da possibilidade dos estados se endividarem e, mais à frente, alongarem a capacidade de novo endividamento.

“No Brasil, na ditadura militar, foram criados os mecanismos legais para que os estados e a União pudessem se endividar. Existia uma ideia nos Estados Unidos, que trabalhei em minha tese, que dizia que o país mais rico era também o mais endividado”, lembra.

“Esse processo está associado à própria crise do capital que busca sempre nos estados o seu grande tomador de crédito, ao mesmo tempo que os bancos se convertem também nos principais compradores de títulos da dívida pública. Assim, ganham dinheiro liberando crédito aos estados e ganham do outro lado comprando os títulos dos governos que esses governos possam pagar a eles com os juros”, diz.

A saída seria um trabalho conjunto: uma auditoria cidadã da dívida em cada Estado, com destaque aos passivos dos bancos estaduais. No caso alagoano, o Produban. Uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Assembleia Legislativa, no final dos anos 90, mostrou que parte do rombo do banco veio de empréstimos dos usineiros e, nos outros estados, das burguesias regionais.

“Estas burguesias detêm o poder econômico e por sua vez o poder político estadual e federal e são os mesmos que defendem a Reforma Administrativa e que já votaram a favor das reformas trabalhistas, previdenciária etc.”, finaliza o professor.

MACEIÓ, ALAGOAS - 08 A 14 DE ABRIL DE 2023 8 e extra REPRODUÇÃO PEI_FON__AGÊNCIA_ALAGOAS
Economista José Menezes Gomes faz alerta para aumento de dívida pública Paulo Dantas planeja investir R$ 1,1 bilhão em programa de infraestrutura
FINANÇAS
MACEIÓ, ALAGOAS - 08 A 14 DE ABRIL DE 2023 9 e extra

Economia de Alagoas deve receber R$ 1,38 bilhão em royalties de petróleo

TAMARA ALBUQUERQUE

tamarajornalista@gmail.com

Aeconomia de Alagoas deve receber uma injeção pouco acima de R$ 1,387 bilhão em royalties de petróleo em cinco anos, segundo projeção da Agência Nacional de Petróleo (ANP). É um futuro otimista, porém, o valor reduziu em R$ 323 milhões o volume anunciado em dezembro do ano passado. Ainda assim, a agência prevê uma forte arrecadação de royalties em Alagoas a partir deste ano. Em 2023, a injeção de recursos na economia com os royalties será de R$ 235,3 milhões, sendo R$ 50.472.456,61 para o Estado e R$ 184.844.157,61 para os municípios.

Os municípios produtores do combustível ficarão com cerca de 80% do valor total da arrecadação com royalties em Alagoas, valor que deve ser destinado a investimentos públicos e desenvolvimento socioeconômico. O mercado nacional de petróleo continua sendo rentável para a economia dos estados brasileiros, principalmente se tratando de arrecadações para investimentos públicos. Os royalties são o pagamento feito ao Estado e aos municípios em decorrência da exploração de petróleo e gás natural e o mercado tem se expandido na região.

A projeção de receita da ANP para os municípios alagoanos –em milhões - é de R$ 184,4 em 2024; R$ 198,3 em 2025; R$ 213,1 em 2026 e R$ 215,5 em 2017. Já para o Estado (Executivo estadual), o volume previsto é de R$ 50,4 milhões em 2023; R$ 62,6

em 2024, R$ 71,9 em 2025; R$ 92,4 em 2026 e R$ 114,5 milhões em 2017.

O município alagoano que mais recebe receita com os royalties é São Miguel dos Campos. A projeção para este ano é de que entre na conta da prefeitura miguelense R$ 13 milhões. Em seguida vem Pilar (R$12,8 milhões), Marechal Deodoro (R$ 8,7 milhões) e Coruripe (R$ 7,4 milhões). Maceió deve arrecadar este ano R$ 7,1 milhões. No total, 53 municípios em Alagoas compartilham royalties.

Os royalties incidem sobre o valor da produção do campo e são recolhidos mensalmente pe-

las empresas concessionárias por meio de pagamentos efetuados ao Tesouro Nacional até o último dia do mês seguinte àquele em que ocorreu a produção. De acordo com a ANP, no segundo mês após a produção, os royalties são repassados aos beneficiários com base nos cálculos efetuados pela agência, de acordo com a legislação pertinente, que está defasada em função da suspensão da nova lei, promulgada pela então presidente Dilma Rousseff, e que definiu regras para mudar a redistribuição dos royalties do petróleo.

Há dez anos essa lei aguarda o julgamento pelo Supremo

Tribunal Federal. Ela prevê a distribuição mais igualitária das receitas arrecadadas entre Municípios produtores e não produtores de petróleo tanto de blocos em operação quanto para futuras áreas de produção. Com a suspensão, o maior beneficiado continua sendo os produtores, até que o plenário do Supremo decida sobre o tema.

Para estimar o repasse dos royalties, a ANP considerou o valor médio do dólar a R$ 5,22, e o preço do barril — Brent— no mercado internacional a US$ 102,13 este ano, e uma média de US$ 77,57 pelos próximos quatro anos seguintes.

MACEIÓ, ALAGOAS - 08 A 14 DE ABRIL DE 2023 10 e extra
ESTIMATIVA
São Miguel dos Campos será o município mais beneficiado pelos royalties
Municípios produtores do combustível ficarão com cerca de 80% do valor total da arrecadação
DIVULGAÇÃO

ABASTECIMENTO

Sem leilão, bases de Paulo Dantas aderem à privatização da água e esgoto

Moradores pagarão mais caro por serviços que já acumulam reclamações

ODILON RIOS

Especial para o EXTRA

Nove municípios que ficaram de fora do leilão do saneamento básico foram incluídos após acordo entre o assessor do governador Paulo Dantas (MDB) Vitor Hugo Pereira da Silva e prefeitos. Vitor representou o governador. Diferentemente do leilão, quando houve audiências consultando a população, os moradores destas cidades não foram ouvidos. Mas, nos próximos meses, pagarão mais caro pelos serviços de água e esgoto e as prefeituras recebem uma contrapartida, em dinheiro, pela concessão.

Esta verba não é carimbada, ou seja, os prefeitos decidem como usar o dinheiro. A reunião foi no dia 27 de março. E terão os serviços privatizados: Batalha, Campo Grande, Jacaré dos Homens, Major Isidoro, Olho d’Água das Flores, Olho d’Água Grande, Cajueiro, Santana do Mundaú e Viçosa. A Bacia Leiteira é o principal ninho de votos do governador. Batalha é administrada pela esposa Marina Dantas (MDB).

A concessão funciona de forma diferente em alguns lugares:

- Cajueiro, Santana do Mundaú e Viçosa têm sistemas próprios de saneamento básico que passam a ser operados pela Verde Alagoas, que vai assumir a captação, tratamento e distribuição da água.

- Batalha, Campo Grande, Jacaré dos Homens, Major Isidoro, Olho d’Água das Flores, Olho d’Água Grande- a Companhia de Saneamento de Alagoas (Casal) não vai mais distribuir a água, operação que fica sob responsabilidade da Águas do Sertão.

QUEM É QUEM?

Verde Alagoas- parceria entre Cymi e Aviva Ambiental. A Cymi pertence ao grupo francês Vinci, que investe em engenharia e construção, além de concessões de infraestrutura. Atua no Brasil há

Entidades consideram que concessão da água simboliza o desmonte das políticas do saneamento básico

20 anos; a Aviva Ambiental opera serviços de água e esgoto em 31 cidades. Águas do Sertão - tem 4 sócios: Paulo André Gil Boschiero (tem 110 sócios em outras empresas somando pouco mais de R$ 1 bilhão em capital social); Eduarda de Leoni Ramos Constantino (também sócia em outras empresas incluindo uma plataforma financeira); Mário Vieira Marcondes Neto (sócio em 54 empresas, somando o capital social de R$ 2,7 bilhões) e André Cortes Velloso (sócio de 9 empresas somando R$ 177 milhões em capital social).

OBJETIVOS

O leilão para prestação de serviços de saneamento básico em Alagoas, segundo explicação oficial, é para levar água potável e esgotamento sanitário a 90% das cidades contempladas até 2033.

“O êxito no leilão de hoje, que levantou R$ 4,5 bilhões (somando investimentos e outorga), é o resultado de uma agenda que vai transformar Alagoas em uma terra melhor, primeiramente, para quem vive lá e para quem nos visita. O valor acrescentado ao leilão é muito significativo se consi-

derarmos, especialmente, um PIB anual entre R$ 55 bilhões e R$ 60 bilhões”, disse o então governador Renan Filho (MDB), à época. Ou seja, incremento de 20% do Produto Interno Bruto (PIB), soma de todas as riquezas alagoanas no período de 1 ano.

Este leilão aconteceu em 13 de dezembro de 2021 e foi dividido em dois blocos:

- o B, atendendo 34 cidades do Agreste e do Sertão, oferecendo outorga de R$ 1,212 bilhão (Águas do Sertão), um dos maiores da história da Bolsa de Valores ( 37.551% sobre o lance mínimo) ;

- o C, abrangendo 27 municípios na Zona da Mata e Litoral, com outorga de R$ 430 milhões (Verde Alagoas). O dinheiro da outorga foi revertido para as prefeituras e impacta a vida de 1,3 milhão de pessoas (1/3 do Estado).

O processo faz parte do projeto do governo de Alagoas para promover a universalização do acesso à água potável e o esgotamento sanitário a 90% até 2033. Mas os consórcios têm obrigações contratuais: investir R$ 2,9 bilhões em obras de saneamento em 35 anos, R$ 1,6 bilhão pelos próximos 5

anos.

CRÍTICAS

Os leilões dos blocos A (região metropolitana), B e C são considerados agressivos, vorazes e apressados por entidades como o Observatório Nacional dos Direitos à Água e ao Saneamento (Ondas) porque, nos municípios, as discussões foram atropeladas e etapas queimadas principalmente sobre os efeitos para a população. A Associação Nacional dos Serviços Municipais de Saneamento (Assemae) crê que, em plena pandemia, houve desmonte das políticas de saneamento.

Ou seja: os gestores aproveitaram as preocupações com a própria saúde e as restrições de encontros presenciais para empurrar, goela abaixo, a privatização do saneamento básico. Dois pontos estão em questão: 1) a concessão de serviços públicos à iniciativa privada, levando em conta que o Estado faz péssima gestão dos serviços de saneamento e; 2) o lucro das empresas privadas elevaria os preços, deixando as pessoas mais pobres fora do acesso a esgoto tratado e água na torneira.

MACEIÓ, ALAGOAS - 08 A 14 DE ABRIL DE 2023 11 e extra
CASAL ASSESSORIA

Região Nordeste foi a que mais quitou negativações em 2022

ASSESSORIA

OIndicador de Recuperação de Crédito da Serasa Experian revelou que, em 2022, a média anual de débitos negativados pagos em até 60 dias após a negativação foi de 57,9%. De acordo com o índice, o percentual superou o registrado em 2021, de 56,6%. “Mesmo com os desafios financeiros que os consumidores enfrentaram no ano passado, o levantamento mostra que foram capazes de regularizar mais dívidas do que em 2021, quando as consequências da pandemia ainda impactavam diretamente suas economias”, comenta o economista da Serasa Experian, Luiz Rabi.

Ainda na visão de média anual é possível observar que, em 2022, as dívidas mais regularizadas pelos consumidores foram as básicas (Utilities), que incluem contas de água, luz e gás. Em sequência estão aquelas que foram contraídas em Bancos e Cartões. Para o economista Luiz Rabi, “a priorização das dívidas perdurou o ano inteiro, com a população regularizando mais aquilo o que não podia faltar, serviços básicos do dia a dia e linhas de crédito, que funcionaram como uma sustentação para fechar as contas no final do mês”. Além disso, o segundo segmento que teve destaque foi o de “Outros”, que engloba Indústrias, empresas Primárias e do Terceiro Setor.

Em 2022, considerando a

média anual, as contas com valor de até R$ 500 marcaram alto percentual de recuperação, de 59,9%. No entanto, aquelas com custo de mais de R$ 10 mil lideraram a regularização, com 68,2%. “Além do tipo de serviço, a priorização é vista no recorte por valor da dívida negativada. As mais baratas têm mais chances de serem quitadas pelo baixo preço, claro, mas aquelas de alto custo tiveram o maior destaque, isso porque dizem respeito ao financiamento de móveis e veículos por exemplo, e, nesse caso, a falta de pagamento pode resultar na perda

do bem material. Fator que faz com que os consumidores honrem mais rapidamente com esse compromisso”, explica o economista.

O recorte por região revelou que, na média anual de 2022, o Nordeste teve o percentual mais expressivo de dívidas pagas em até 60 dias depois da negativação, marcando 64,4%. Em sequência estavam: Sudeste (62,1/%), Centro-Oeste (56,6%), Sul (49,6%) e Norte (41,7%).

O Indicador de Recuperação de Crédito da Serasa Experian considera o número de dívidas

incluídas no sistema de inadimplência em cada mês específico. A medida de até 60 dias para quitação dos compromissos financeiros deste indicador foi selecionada por refletir a régua comum utilizada pelas soluções de cobrança, mas esse tempo pode variar de acordo com cada credor. Além disso, a série histórica do índice ainda é curta, com dados retroativos desde 2017, dessa forma, não é possível afirmar períodos de sazonalidade, uma vez que seria necessário contar com no mínimo 5 anos de observação para fazer essa análise.

MACEIÓ, ALAGOAS - 08 A 14 DE ABRIL DE 2023 12 e extra
Dívidas básicas como água e luz lideraram a regularização por negativados
DINHEIRO

TRADIÇÃO

PREFEITURA DE SÃO MIGUEL DOS CAMPOS DISTRIBUI

MAIS DE 30 MIL KITS DO ‘SEMANA SANTA SEM FOME’

“Comida no prato de quem mais precisa”. Seguindo a tradição, a Prefeitura de São Miguel dos Campos, através da Secretaria Municipal de Assistência Social, realizou na última quarta-feira, 4, a distribuição de mais de 30 mil kits do projeto “Semana Santa Sem Fome”. O Estádio Ferreirão acomodou as famílias beneficiadas. Os kits distribuídos, compostos por peixe, leite de coco e arroz foram doados para ajudar as famílias miguelenses mais carentes a compor o almoço da Sexta-Feira Santa.

A distribuição dos produtos também beneficiou moradores do Complexo Municipal do Centro, no Coité de Cima e de Baixo e em fazendas locais.

O prefeito George Clemente e o vice-prefeito, Dr. Benildo Chagas, participaram da entrega dos kits. “É uma alegria poder contribuir com a alimentação dos miguelenses na Semana Santa. Esse kit é uma forma de garantir a comida na mesa de quem precisa, nesta Semana Santa”, destacou o prefeito George Clemente.

Representando a equipe da Assistência Social, a secretária, Jacqueline Vieira, destacou o trabalho dos envolvidos e a finalidade do projeto. “É extremamente gratificante poder contribuir com quem precisa. Eu e toda a equipe da Assistência estamos empenhados e trabalhando para poder atender a todos que precisam de algum tipo de ajuda. O ‘Semana Santa Sem Fome’ surgiu para evitar que nessa data as pessoas

não tivessem os alimentos característicos em suas refeições. Por isso, o prefeito George Clemente e o vice, Dr. Benildo fizeram questão de garantir esse kit especial”, finalizou.

O projeto ocorre desde 2021, primeiro ano da atual gestão do prefeito George Clemente.

TRADICIONAL FEIRA DA PONTE 2023 LEVOU MILHARES À PRAÇA MULTIVENTOS

A Feira da Ponte completou 191 anos e levou milhares de pessoas à Praça Multieventos, durante os seus três dias de realização (03, 04 e 05 de abril), em São Miguel dos Campos. Desde as primeiras horas da manhã nos dois últimos dias, o movimento foi grande no espaço destinado à comercialização de produtos típicos e recebeu miguelenses e turistas.

Mais de mil feirantes de diversos municípios alagoanos e de outros estados, além dos miguelenses, negociaram diversos tipos de mercadorias. Este ano, mais uma vez, a tecnologia esteve presente através de um passeio pelo Rio São Miguel e outros pontos turísticos do município de forma virtual, além de jogos interativos, e da câmera 360°, na Tenda do

Turismo, organizada pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, da Ciência, da Tecnologia e da Inovação.

A Secretaria Municipal de Cultura também marcou presença com a Tenda do Artesanato, que

virou uma vitrine para os artesãos miguelenses. Diversos produtos estão sendo comercializados na Tenda.

A estrutura contou ainda com cabines da Saúde, Guarda Municipal, ACEM, Bombeiros, Iluminação Pública, Arrecadação e Tributos. Para animar os presentes, uma programação especial com artistas locais levou cultura e diversão a todos. O prefeito George Clemente e o vice-prefeito, Dr. Benildo, prestigiaram a Feira.

“Foi uma linda festa e um ótimo negócio para todos. Acredito que os feirantes saíram satisfeitos e os visitantes também. Estamos felizes por tudo ter ocorrido conforme o planejado”, declarou o prefeito.

MACEIÓ, ALAGOAS - 08 A 14 DE ABRIL DE 2023 13 e extra

Justiça decide dia 11 futuro da diretoria da Fecomércio

foi eleito para o mandato 20222026. Sotero derrotou o presidente da Fecomércio, Gilton Lima, que recentemente se afastou do cargo deixando o posto para o empresário Nilo Zampieri Júnior. No entanto, Lima é acusado de ter realizado manobras para não reconhecer o resultado da eleição.

vezes solicitaram documentos que até então não faziam sentido, sempre com prazos curtos, praticamente mudaram as regras enquanto o jogo acontecia”, explica Pedro Leão, advogado da chapa ‘União e Progresso’.

adiamento. Esse plenário virtual dificulta uma manifestação mais próxima, junto aos componentes da turma”, explica Pedro Leão.

BRUNO FERNANDES

bruno-fs@outlook.com

AJustiça do Trabalho vai decidir no próximo dia 11 de abril o destino da diretoria da Fecomércio. Desde a eleição para troca da presidência, que ocorreu no dia 19 de maio do ano passado, a atual diretoria, que não conquistou a reeleição, continua no cargo, mesmo após a chapa “União e Progresso” ter sido eleita com cinco dos oito votos.

O empresário Adeildo Sotero

Desde então, o pleito encontra-se sub judice. A atual diretoria derrotada alega que a eleição não tem validade visto que a chapa vencedora não entregou todos os documentos solicitados para concorrer. Porém, a defesa de Sotero afirma que a comissão eleitoral foi composta por nove membros contratados pela diretoria rival com o objetivo de atrapalhar o pleito.

“A comissão foi composta por nove pessoas, entre eles, o então presidente, já que nada o impediria de participar da comissão e tentar a reeleição. Por diversas

Por conta disso, a chapa vencedora entrou na Justiça, porém o processo foi extinto pelo juiz do Trabalho Francisco Noronha, mantendo a então chapa derrotada no poder devido a uma assembleia realizada entre os dias 17 e 20 de junho por membros do Conselho de Representantes da Fecomércio. A defesa da chapa ‘União e Progresso’ entrou com um recurso para anular a decisão do magistrado. Esse recurso deve ser julgado no próximo dia 11, embora a defesa acredite na possibilidade de que seja adiado.

“Pedimos adiamento em razão de terem marcado para uma sessão virtual, mas o magistrado relator ainda não decidiu sobre o

Em junho do ano passado, quando a diretoria eleita denunciou as dificuldades de tomar posse dos cargos, a Fecomércio comentou sobre o caso: “A assessoria jurídica da entidade reitera que a posse oficial da nova diretoria da Fecomércio só poderá ser realizada após o julgamento do mérito da questão na reunião do Conselho de Representantes, conforme determinação judicial. Conforme consta no estatuto da entidade, o mandato da atual diretoria continua vigente até que ocorra a investidura dos novos membros, que, por sua vez, só poderá ser efetivada após a reunião mencionada. Assim que houver uma decisão oficial, será comunicada publicamente”.

Um trecho do processo que tramita na Justiça do Trabalho narra que Gilton Lima chegou a desabilitar o contato de celular que usava antes, de modo a frustrar as intimações judiciais exatamente no dia em que deveria dar posse à diretoria eleita. “Note-se que o mandato atual foi encerrado no dia 19.06.2022. Logo, nesse momento a direção da Fecomércio inexiste ou está irregular”, destacou trecho da ação. O EXTRA tentou contato com a presidência da Federação, mas não obteve retorno até o fechamento desta matéria.

MACEIÓ, ALAGOAS - 08 A 14 DE ABRIL DE 2023 14 e extra
Eleição realizada ano passado está sub judice; chapa eleita aguarda para assumir cargos
IMPASSE
DIVULGAÇÃO
MACEIÓ, ALAGOAS - 08 A 14 DE ABRIL DE 2023 15 e extra

Herdeiros da Fazenda Brejo Grande vão à Justiça para reaver terras invadidas

Empresário Álvaro Vasconcelos teria comprado apenas 28 hectares de duas propriedades, mas usufrui da totalidade da área

MARIA SALÉSIA

sallesiaramos18@gmail.com

Os herdeiros das irmãs Noélia, Nelma e Neyde Amorim (falecida) vão entrar na Justiça para reaver terras da Fazenda Brejo Grande, no complexo Benedito Bentes, em Maceió, invadidas por Álvaro José dos Montes Vasconcelos. O empresário teria comprado apenas 28 hectares de terras, mas quer usufruir dos 55 hectares.

Tudo começou com Natália Vieira de Araújo que, em 1966, herdou do pai Júlio Vieira de Araújo 55 hectares de terras da Fazenda Brejo Grande, que em sua totalidade tinha 220 hectares. Ao falecer, Natália deixou para cada uma das três filhas 18 hectares. Conforme contrato de compra e venda, Nelma e Noélia venderam 14,285 hectares de suas partes a Vasconcelos. Já Neyde Lins de Amorim faleceu em 8 de agosto de 1997, aos 58 anos, antes da negociação das terras. Como não tinha herdeiro direto, sua parte ficaria com os sobrinhos. Só que o empresário, embora tenha comprado apenas 28 hectares, tomou posse de toda a terra, alegando ser o verdadeiro dono dos 55 hectares. Porém, o documento formal de partilha prova que ele adquiriu apenas 28 hectares.

Na cláusula C1.0 diz que “as vendedoras estão vendendo seus quinhões hereditários, correspondentes a 14,285 hectares cuja descrição, características e situação descritas”.

Na ocasião, o empresário pagou R$ 60 mil, de acordo com cheques com números, datas e valores. Assim, fo-

Família luta para que Vasconcelos desocupe área que teria sido invadida

ram disponibilizados R$ 15 mil em 20/5/2008- cheque 851561; em 20/6/2008 mais R$ 15 mil (cheque 851562); em 20/7/2008 outra parcela de R$ 15 mil (851563) e em 20/8/2008 mais R$ 15 mil (851564).

Segundo Sandra Roberta, filha de dona Nelma e neta de Natália, a Neyde “era solteirona, não tinha filhos”. Ela confirma que Neyde não vendeu nada e, mesmo assim, quando o empresário comprou uma parte, tomou conta de tudo. Só restou dona Lídia Araújo que tinha contrato de arrendamento. Sandra relembra quando o empresário ateou fogo na propriedade e colocou todo mundo para fora. “Seu Álvaro foi se apossando de tudo do Brejo Grande e como acabou o contrato de dona Lídia quer as terras de volta. Mas ele comprou apenas uma parte. Esses hectares que não foram vendidos são meus e de meus irmãos”, disse ao

Este não é um caso isolado. Na mesma região, herdeiros do agricultor Antônio Cândido (falecido) lutam desde 1984 para reaver a Fazenda Duas Bocas, igualmente invadida por Vasconcelos.

afirmar que as terras, antes, eram dos tios mudos-surdos e outros familiares que agora estão dispostos a lutar por seus direitos.

Este fato coloca em xeque decisão do Tribunal de Justiça de Alagoas que no último dia 1º de março, em sentença relâmpago, julgou procedente recurso em que o empresário pedia reintegração de posse da propriedade rural ocupada pela família de dona Lídia, esposa do agricultor Vitor Araújo.

Na ocasião, o filho do casal mostrou-se indignado com a decisão ao afirmar que o pai chegou nas terras antes do empresário e lutou até a morte para provar que a área não pertence a Vasconcelos.

Na verdade, dona Lídia é quem tinha contrato com as terras. Conforme declaração de 2 de fevereiro de 2006, Nelma Amorim Flores autorizou Lídia Araújo a fazer qualquer plantio em sua propriedade situada na Fazenda Brejo Grande medindo 27

hectares e meio e onde ela já fazia plantio há mais de vinte anos. “A chance é os herdeiros entrarem no processo provando que a dona Lídia não trabalha nos 28 hectares que o Álvaro comprou e, sim, nos 27 hectares da parte de Neyde, falecida antes da compra, e dos oito hectares restantes de Nelma e Noélia. Então, ele (Álvaro) não pode tomar posse de tudo”, esclarece um herdeiro.

Já Vitor Araújo não tinha contrato algum. Trabalhou por 40 anos em terras pertencentes a Neyde, a qual não fez qualquer negociação com Vasconcelos. Mesmo assim, em 2006, o empresário entrou com ação no Tribunal de Justiça para expulsar o agricultor das terras e conseguiu.

Este não é um caso isolado. Na mesma região, herdeiros do agricultor Antônio Cândido (falecido) lutam desde 1984 para reaver a Fazenda Duas Bocas, igualmente invadida por Vasconcelos.

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GRILAGEM
ARQUIVO PESSOAL

ARQUIVO

Juiz homologa Laudo de perito reconhecendo que Álvaro

Vasconcelos invadiu terras

MARIA SALÉSIA

sallesiaramos18@gmail.com

Na segunda-feira, 3 de abril, o Diário Oficial da Justiça trouxe publicação da decisão do juiz titular da 4 ª Vara Cível de Maceió, José Cícero Alves da Silva, que homologou o laudo pericial reconhecendo que o empresário Álvaro Vasconcelos invadiu as terras da Fazenda Duas Bocas, no Benedito Bentes, em Maceió. A propriedade rural pertence aos herdeiros do agricultor Antônio Cândido José da Silva, que lutam há 40 anos pela área.

Essa decisão rebate a argumentação do empresário, de que não foi intimado. Na verdade, o documento mostra que Vasconcelos foi intimado e manteve-se inerte para apresentar os quesitos e assistente técnico. “O perito do juiz res-

pondeu a todos os quesitos que o nosso advogado João Uchôa elaborou e esclareceu de uma vez por todas que o Álvaro invadiu a propriedade de meu pai ”, diz um herdeiro.

A perícia oficial comprovou que as terras da Fazenda Duas Bocas pertenciam a Antônio Cândido, mas o assistente técnico do empresário pediu nova perícia alegando que “por falta de comunicação” não teria sido informado sobre as diligências e, assim, pedia “nova execução do trabalho de perícia em todas as suas fases”. Porém, em 24 de outubro de 2022, o perito judicial Ciro Resende Medeiros se manifestou, através de documento enviado ao juiz do caso. Ele informou que foi indicado data e hora da realização da perícia, além de constar dados de telefone e e-mail. Agora, a decisão do

Na verdade, o que está sendo questionado é o fato que Álvaro Vasconcelos invadiu 150 hectares de terras pertencentes ao agricultor e sem qualquer documento probatório usufrui das terras.

juiz comprova a perícia oficial.

Trata-se do Processo 005763-13.1984.02.0001, com tramitação prioritária, mas que se arrasta há quase quatro décadas. Já a divisão das terras se deu em 1954 quando o antigo proprietário, Zacarias Trindade, vendeu o engenho Duas Bocas, dividindo em três partes. Um dos lotes foi vendido a Hélio Vasconcelos-pai de Álvaro Vasconcelos; a segunda parte ao hospital Colônia Sebastião da Hora e a outra, a Antônio Cândido. Anos depois, Álvaro ganhou de presente a parte que pertencia ao pai, comprou a área do hospital e invadiu a do agricultor com argumento que era uma só.

O problema começou em 1984 quando Álvaro Vasconcelos, além de invadir a propriedade do agricultor, colocou máquinas para devastar

a lavoura, expulsou a família da área e fez outras ameaças. Inconformado com a situação, o agricultor entrou com uma ação demarcatória que levou 18 anos para ser acatada. De lá pra cá, o processo tem sofrido inúmeras irregularidades, embora a família de Antônio Cândido tenha a documentação completa, com mapa, desde o primeiro dono que data de 1912.

Na verdade, o que está sendo questionado é o fato que Álvaro Vasconcelos invadiu 150 hectares de terras pertencentes ao agricultor e sem qualquer documento probatório usufrui das terras.

A luta para fazer valer seus direitos foi árdua, mas Antônio Cândido faleceu em 2001 deixando filhos e esposa. Em 29 de novembro de 2022, a viúva Lindinalva Maria dos Santos Silva também faleceu e não viu a justiça ser feita. Com esta decisão do juiz, os herdeiros acreditam que a Justiça virá. “Queremos nossa terra de volta. Acreditamos na Justiça que vai fazer valer nosso direito de verdadeiros donos das terras”, afirmou um filho de Antônio Cândido

MACEIÓ, ALAGOAS - 08 A 14 DE ABRIL DE 2023 17 e extra
Processo tramita há 40 anos no Judiciário alagoano
FAZENDA DUAS BOCAS
PESSOAL

DIREITO DO CONSUMIDOR

Juros altos é estupidez contra os consumidores

O Brasil é campeão na cobrança de juros altos no mundo e isso impede os investimentos que geram emprego e renda, o que trava a circulação de recursos na economia. A consequência é que os consumidores reduzem o consumo e as empresas deixam de investir. Resultado: fome, desemprego e inflação.

Enquanto em outros países os juros não chegam sequer a 8%, os juros altos imperam no Brasil. Na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), ocorrida nesse mês de março, eles foram mantidos em 13,75% ao ano. O resultado são perdas para os consumidores e ganhos estratosféricos para os banqueiros.

Juros altos são um dos grandes responsáveis pelo aprofundamento do cenário de escassez que não tem nada a ver com abundância do Brasil.

Quando se fala em taxas de juros, é a taxa praticada pelo

Taxa de juros

Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (Selic), que é a taxa básica de juros da economia. Ela serve de referência para outras taxas de juros de empréstimos e financiamentos. Por isso, quando ela sobe, estas outras taxas tendem a subir também.

Pressionar

De forma resumida, com o custo mais alto do dinheiro, as pessoas pegam menos empréstimos e compram menos e, em contrapartida, os preços precisam diminuir para as pessoas comprarem mais.

Os consumidores devem pressionar as instituições, especialmente o Banco Central, para que os juros diminuam num patamar adequado para se possa planejar a aquisição de bens de consumo e que as empresas também possam investir mais.

‘Ovos’ de ouro

Breve levantamento de preços dos ‘ovos’ de chocolate, feito pelo Procon municipal, indicou que este ano os preços estão na estratosfera. A variação de um estabelecimento para outro chega a mais de 50% em um mesmo produto. É bom o consumidor ficar atento.

Direitos básicos do consumidor

Artigo 6º do CDC, são direitos básicos do consumidor, continuação da edição anterior: IV - a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva,

FINANÇAS PESSOAIS

Brasil e taxa de juros

Muito se fala sobre a taxa de juros no Brasil e como ela se encontra, de acordo com especialistas, num nível muito alto, chegando ao ponto de ser um “absurdo”, “chocante” e até mesmo “sufocante”.

Mas, para quem não entende nada sobre o assunto, o que realmente quer dizer essa taxa de juros brasileira? Quem ganha, quem perde e como se dá o processo de perder ou ganhar dinheiro com uma porcentagem que muitas vezes a população geral não sabe o que significa?

O que é e como funciona

Em termos simples, a taxa de juros é o “preço do dinheiro”, ou seja, se você tem uma empresa e precisa de dinheiro para pagar seus funcionários ou seus produtos, digamos que você precise de um dinheirinho para todas as suas operações anuais. Um banco vai dizer que te oferece esse dinheiro, com a ressalva de que você precisa pagar esse mesmo valor com um valor a mais daqui a alguns meses. Essa quantia extra, é a taxa de juros.

métodos comerciais coercitivos ou desleais, bem como contra práticas e cláusulas abusivas ou impostas no fornecimento de produtos e serviços; Comentário 1: esse artigo protege o consumidor, por exemplo, de possíveis enganação que a empresa pode cometer, a exemplo de preço e qualidade. É preciso que o consumidor, se for lesado, busque todos os documentos possíveis, como posts, impressos, vídeos ou áudios para provar e ser ressarcido.

Comentário 2: uma das principais cláusulas abusivas que o consumidor sofre é com relação à compra de um produto ou serviço e ‘ser obrigado a adquirir’ outro serviço ou produto. Um exemplo bem claro, por exemplo, é impor um seguro na compra de um celular.

Os bancos praticam crime ao oferecer um empréstimo, por exemplo, e ‘obrigam’ a adquirir um seguro pessoal. Não pode. Fiquem atentos.

V - a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos supervenientes que as tornem excessivamente onerosas;

Comentário: as instituições bancárias, principalmente, fazem isso constantemente. Mesmo sabendo das condições financeiras precárias do consumidor, impõem modificações nas cláusulas. Um exemplo é quando o consumidor vai renegociar um empréstimo e a instituição bancária desconsidera o período dos pagamentos (já feitos) do empréstimo, ou seja, empresta novo valor que o consumidor solicitou e ‘inicia’ um novo período de pagamento para o empréstimo novo. Isso é crime.

n Nairan Custódio, nairancs@outlook.com

No Brasil, temos a taxa do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (SELIC), que é onde nos baseamos sempre que precisamos fazer uma operação bancária, ou seja, é a taxa que rege toda a economia.

Se a taxa aumenta, fica mais caro tirar empréstimos, ou seja, o crédito fica mais caro e, com isso, vai ficando mais difícil atrair investimentos para os setores que produzem.

Tá complicado? Deixa eu ajudar

economista

Usando os juros a nosso favor

E agora, então? O que nós, pessoas físicas, podemos fazer?

Idealmente e inicialmente, não tirar empréstimos.

Precisamos usar os juros a nosso favor e não contra nós.

Para uma loja funcionar, ela precisa de funcionários e produtos. Caso eu precise de 5 mil reais do banco para poder continuar funcionando com minha loja e pagar meus funcionários e tenha um valor de 10 mil reais em conta, com uma taxa de juros alta, vale mais a pena eu fechar a loja e investir esses 10 mil reais, onde não vou ter que lidar com pessoas nem com a incerteza que é comprar e vender produtos.

Para você, caro leitor, que quer comprar um carro financiado ou uma casa, se alguns anos atrás você precisava pagar cerca do valor da casa ou carro +50%, agora, com a Selic a 13,75% esse valor pode chegar a duas vezes o valor da casa ou carro que você pretende comprar.

Parece um exemplo abstrato?

Mas é exatamente assim que funciona em termos básicos. Uma taxa de juros alta faz com que diminua o investimento de grandes empresas na economia e isso, por consequência, faz com que a economia passe por um “esfriamento”, ou seja, as pessoas passem a consumir menos e a economia para de girar.

Ao mesmo tempo que a taxa de juros deixa o crédito mais caro, pra quem quer investir seu suado dinheirinho em fundos do governo agora pode ser o momento de fazê-lo, já que a Selic também regula os valores que são pagos em títulos.

Norcury

Mas, antes de se tornar um investidor, é necessário ter plena consciência de onde nos encontramos na nossa vida financeira. Tá faltando dinheiro no fim do mês? As dívidas estão acumulando? Antes de qualquer coisa, é importante ter em mente a nossa peça orçamentária e nossa realidade financeira. Pensando nisso, o trabalho de um consultor financeiro é excepcional nesse quesito e vai te deixar a par de todas as situações e todas as variáveis que você precisa.

n Arnaldo Santtos
jornalista MACEIÓ, ALAGOAS - 08 A 14 DE ABRIL DE 2023 18 e extra
arnaldosanttos@gmail.com

PARA REFLETIR - “Políticos no Brasil não são eleitos pelas pessoas que leem jornais, mas pelas quais se limpam com ele”.

Será o Benedito?

O prefeito da Barra de São Miguel, Benedito de Lira, é o político com atividade mais longeva em Alagoas. Começou sua carreira como vereador de Maceió e foi presidente da Câmara, eleito deputado estadual também presidiu a Assembleia Legislativa, o caminho a seguir foi a Câmara dos Deputados e depois o Senado Federal. Não há um município no estado em que ele não tenha sido votado, alguns com menos outros com mais expressividade. Conseguiu muitos milhões para os cofres de prefeituras, ajudando as administrações e contribuindo para a eleição de aliados.

Já tinha idade para se aquietar, mas é teimoso e não suportaria o ócio e a inércia, ao ver o sangue da política parar de correr nas suas veias. Resolveu ser prefeito da Barra de São Miguel e deu um banho nos adversários.

Só não contava que pessoas muito próximas a ele, que se serviram a vida toda de sua generosidade e do seu filho, o deputado Arthur Lira, lhes aplicasse uma rasteira, traindo sua confiança e ferindo o seu coração. Enfim, esse é o jogo político, onde se vende e se compra caráter e a vida segue em frente e amanhã quem sabe, será outro dia.

Os malucos de lá

Por acaso estão pensando que apenas nós brasileiros estamos fadados a ouvir asneiras e idiotices vindas do lado bolsonarista de ser? Olha essa pérola com a qual me deparei na audiência do outro aloprado americano Donald Trump. Para a deputada Marjorie Taylor Greene, “Trump se juntará a algumas das pessoas mais incríveis da História se for preso hoje”. Em uma entrevista ao vivo ao canal RSBN, ela comparou o ex-presidente a Jesus e ao ex-líder sul-africano e Nobel da Paz Nelson Mandela.

“Nelson Mandela foi preso, cumpriu pena na prisão. Jesus! Jesus foi preso e assassinado”, afirmou a deputada, uma republicana da Geórgia conhecida por propagar teorias da conspiração e sugerir falsamente que os democratas apoiam a pedofilia.

Madames domésticas

O senador Renan Calheiros deu uma tremenda pisada de bola ao anunciar, nas redes sociais, sua disposição de encampar matéria, no Congresso Nacional, para que as donas de casa, passem a ter direitos sociais igualmente a qualquer empregado (a). Sua ideia, se aprovada, causaria a maior confusão. Caso o “empregador” não goste do serviço pode demitir por justa causa? Por outro lado, o índice de separação iria explodir. Estive em uma reunião social, recentemente e as brigas já começaram, mesmo sem a aprovação da lei.

Um fiasco de show

O tempo está correndo e até agora não vi sequer uma palavra de quem de direito, sobre a irresponsabilidade empresarial dos realizadores do show de Djavan, no último fim de semana, que tentam jogar a culpa nos revendedores de ingressos, leia-se LS Entretenimento. Pessoas ficaram feridas, algumas com sintomas de pânico, diante da superlotação de todos os espaços (até os considerados de primeira classe).

Um espetáculo que seria de grande magnitude, frustrado e com grande repercussão negativa. É como se a cidade não tivesse ordem, leis e alguém para fiscalizar a cuidar da defesa do cidadão. As pessoas foram lesadas e quem paga a conta?

Contendo as marés

A prefeitura de Maceió continua tocando em ritmo acelerado, as obras de contenção das marés, nas praias da cidade. Uma obra que tem pouca visibilidade, mas de uma importância grande, impedindo o avanço das águas e os graves danos na orla, coisa nunca acontecida anteriormente. Fui ver o trabalho realizado em plena madrugada e constatei. Somos a primeira capital no Brasil a adotar o sistema, que já passa a ser copiado em outros estados. O

de Dilma

A ex-presidente Dilma Rousseff (PT) não devolveu seis bens recebidos em cerimônias no Brasil e no exterior que seriam da Presidência. Somados, os objetos valem R$ 4.873. Em 2016, a Justiça questionou onde estavam 144 bens que Dilma recebeu entre 2011 e 2016, para que fossem devolvidos ao patrimônio da União. Três anos depois, a Presidência da República informou que todos os objetos foram encontrados, menos seis.

E os aliados do energúmeno não querem entender a diferença.

PÍLULAS DO PEDRO

O Procurador Regional Eleitoral Antônio Henrique de Amorim Cadete é hoje o destaque do TRE/ AL, por suas posições em defesa da moralidade

Os partidos políticos em Alagoas, literalmente, têm “donos”. Para ficar tem que obedecer às ordens dos “chefetes”.

OLIVEIRA
pedrojornalista@uol.com.br
MACEIÓ, ALAGOAS - 08 A 14 DE ABRIL DE 2023 19 e extra
n
PEDRO
“roubo”

100 dias da reconstrução da Saúde

SAES BUSATO IVANA MARIA

nProfessora da Escola Superior de Saúde Única do Centro Universitário Internacional Uninter

Nos cem primeiros dias do governo federal, na área da saúde, destacamos a declaração de Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional, em 21 de janeiro, para combater a desassistência sanitária dos povos que vivem no território Yanomami. Porém, a Política Nacional da saúde tem que avançar na garantia de direito à saúde aos povos originários dentro da Política de Saúde Indígena.

Em entrevista, o médico sanitarista Gonzalo Vecina Neto, professor da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, definiu bem a situação da saúde na transição entre o governo passado e o atual governo. “O novo governo recebe um legado de destruição. O Ministério da Saúde foi destruído”. Com tantas frentes para atuar, os primeiros cem dias conseguiram atuar, cirurgicamente, em pontos importantes.

Neste contexto, foi essencial a recomposição orçamentária em R$ 23 bilhões para fazer frente às necessidades básicas, porém, é urgente resolver o problema criado com a Emenda Constitucional nº 95/2016, que estabeleceu o Novo Regime Fiscal – NRF, congelando os recursos em saúde por vinte exercícios.

Ainda esperamos que a gestão tripartite do Sistema Único de Saúde (SUS) seja retomada, que envolve investimento em saúde, proporcionalmente aos impostos recolhidos pelos entes federados. Ressaltamos que os municípios estão aplicando além dos 15% definidos na Emenda Constitucional nº 29/2000, podendo prejudicar outras áreas municipais.

Os municípios pedem socorro! Durante a XXIV Marcha a Brasília em Defesa dos Municípios, realizada no dia 28 de março, foram apresentadas diversas demandas dos municípios para solucionar problemas e dificuldades na construção de políticas públicas. Na área da saúde foi destaque a urgência de um novo pacto federativo, em especial sobre as questões da administração tripartite (municípios + estados + União) do SUS. O governo federal se fez presente, dando algumas respostas como a pactuação para zerar as filas de cirurgias e exames eletivos, solicitando aos prefeitos estimularem a vacinação das populações de suas cidades.

Porém, nenhum dos problemas municipais na área da saúde serão resolvidos se não houver solução sobre o financiamento, com maior participação do governo federal e empenho dos estados. Uma boa medida na Política Nacional de Atenção Básica, foi aumentar o per capita anual em R$ 0,49 (quarenta e nove centavos), ficando em R$ 5,95 (cinco reais e noventa e cinco centavos), que vão diretamente para os municípios brasileiros.

No dia 20 de março foi divulgada a volta do programa Mais Médicos, com abertura inicial de 15.000 novas vagas para profissionais da saúde, médicos, enfermeiros e cirurgião-dentista, podendo chegar em 28.000 até o final de 2023. A perspectiva do governo é atender 96 milhões de pessoas, na atenção primária, tento como priorida-

de áreas de extrema pobreza e em comunidades tradicionais.

Outro desafio que o Ministério da Saúde tem muito ainda para resolver, e já começou atuar, é no Programa Nacional de Imunização em uma recuperação das altas coberturas vacinais. Em recente a reunião no Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), debateu-se entre estados, municípios e Ministério da Saúde estratégias que devem ser realizadas, ainda esse ano, devemos acompanhar o desenvolvimento dessas ações.

Em resposta às problemáticas emergentes da saúde da mulher, em oito de março foram lançados: Programa Mulher Viver sem Violência, Programa de Proteção e Promoção da Saúde Menstrual, e ampliação do acesso à reconstrução mamária, para mulheres que tiveram câncer de mama. Foram decisões importantes, mas esperamos que a saúde da mulher seja prioridade em todos os ciclos de vida da mulher.

Um ponto de vulnerabilidade no SUS, são as filas para atender especialidades, esperamos que o novo Programa Nacional de Redução das Filas de Cirurgias Eletivas, Exames Complementares e Consultas Especializadas, com investimento inicial de R$ 600 milhões, possam dar dignidade ao cuidado em saúde de forma integral aos milhões de brasileiros que esperam por isso.

Teremos pela frente a 17ª Conferência Nacional de Saúde será realizada de 2 a 5 de julho de 2023, em Brasília, com o tema “Garantir Direitos e Defender o SUS, a Vida e a Democracia – Amanhã vai ser outro dia”. As conferências municipais estão em curso e as estaduais acontecem em maio e junho. Agora chegou a oportunidade da sociedade se manifestar sobre as melhorias que o SUS necessita.

No dia 20 de março foi divulgada a volta do programa Mais Médicos, com abertura inicial de 15.000 novas vagas para profissionais da saúde, médicos, enfermeiros e cirurgião-dentista, podendo chegar em 28.000 até o final de 2023.

HELIO PROJETOS EM ENERGIAS

RENOVÁVEL LTDA, CNPJ

21.036.834/0001-27, situada em

Rua Monsenhor Bruno, 1153 sl 1115, Aldeota, Fortaleza, Ceará.

Torna público que requereu à Secretaria Municipal do Meio

Ambiente e Recursos Hídricos de Palmeira dos Índios - Semarhpi, a renovação de licença de operação, para usina fotovoltaica situada na zona rural de Palmeira dos Índios – AL. Foi determinado relatório de avaliação de impacto ambiental RADA.

MACEIÓ, ALAGOAS - 08 A 14 DE ABRIL DE 2023 20 e extra

Mudança para pior

VIEIRA CLÁUDIO

n Advogado e escritor

Via de regra, quando se muda é porque encontrou coisa, seja o que for, melhor. Há pouco tempo, aqui em Alagoas fizeram o contrário: mudaram para pior.

No início a água era servida pelo Serviço de Água e Esgotos de Maceió (Saem), responsabilidade do governo. Pouca gente talvez lembre disso, apenas quem tem 70 anos, pode lembrá -la. Depois inventaram uma tal de empresa de economia mista, surgindo a Companhia de Sanea-

mento de Alagoas (Casal). Até aí, tudo bem! O Governo objetivava tornar a empresa de águas mais ágil e efetiva. Pretendia livrarse da pesada máquina estatal (quando do Saem não pesava), realizar investimentos e, consequentemente, melhor prestar os serviços ao Povo. Serviço remunerado, bem entendido, que Estado não dá nada de graça. Cobra e, em geral, ou quase sempre, ou sempre o cidadão tem que pagar, e bem, pelos serviços que o governo presta como se fora um favor. Compreende-se a privatização quando aquele pagamento serve efetivamente para melhorar as condições de vida dos cidadãos. Por um tempo foi assim: Casal prestava um serviço que poderia ser considerado bom, e fazia o seu caixa para os governantes encherem os cofres estatais, e daí, realizarem obras visíveis e fazerem inchar o serviço público com familiares, amigos, tudo em os chamados cargos em comissão. De qualquer sorte, água e saneamento eram o fundamento da Casal. Para isso fora criada, a

despeito de o velho Saem realizar bem os seus serviços, embora tão devagar que até hoje Maceió (imagine as outras) é uma cidade muito mal servida por redes de esgotos, e até mesmo a própria água, desde tempos que se perdem na memória. Saneamento não é algo que se veja como gerador de votos.

A nova onda criadora brasileira, também há alguns anos, foi a privatização, com a venda das economias mistas para empresas privadas. Novamente a mesma lorota de sempre: o serviço ao público vai melhorar. No fundo, o objetivo mesmo era livrar o governo de obrigações e do peso das economias mistas, todos esquecidos que o governo deve atuar sempre a favor do Povo. Com a privatização, alguém teve a grande ideia de privatizar a Companhia Energética de Alagoas (Ceal), o governo livrando-se da obrigação dos serviços, e tendo mais recursos financeiros para criar cargos comissionados. Foi pior! Veio a BRK. Fui verificar o que

Eles voaram para longe!

separaram ou as mães acompanhavam os filhos e aí a separação aparecia, pois o homem, principalmente, não suportava a solidão e arranjava outra companheira. Fui testemunha de vários casos desse tipo.

TORRES ALARI ROMARIZ

n Aposentada da Assembleia Legislativa

Quando casei em 1963, com 22 anos, sempre pensei em ter filhos. E Deus foi muito generoso comigo, pois me deu quatro lindas crianças.

O tempo foi passando, a vida seguindo e os filhos crescendo. Uns estudiosos, outros empurrados pelos pais, mas procurando seus caminhos.

De repente, após vinte e cinco anos de união, começamos a administrar a síndrome do “ninho vazio”, isto é, os filhos foram embora e o casal ficou só. Essa é uma fase do casamento meio complicada. Dentre alguns amigos, uns se

Conosco aconteceu um fortalecimento da união. Os dois começaram a trabalhar mais, a mulher se envolveu com o sindicalismo, o militar virou engenheiro civil e tudo melhorou na casa da Rua Santa Fernanda.

Novo fenômeno a ser administrado: famílias dos agregados se uniram à nossa e começamos a ver os filhos ficarem diferentes. Foi preciso coragem para não os perder, tentando viver bem como os novos parentes. Pessoas sábias nos ensinaram que a partir daquele momento a família seria uma só. E lá vamos nós, convivendo com as novas criaturas e ultrapassando obstáculos.

Chegam os netos. Filhos de filhas, filhos de filhos. Senti dificuldades com alguns, pois a intimidade com as noras era menor. Entretanto, o sangue fala mais alto e o amor por eles foi crescendo do mesmo modo.

Já estamos na fase dos bisnetos. Os filhos moram em lugares diferentes e metade dos netos

era essa “sopa de letras”, e lá, no velho Google, aprendi que essa empresa pertence à velha Odebrecht, aquela mesma envolvida com as corrupções do governo, sempre generosa com os governantes. Hoje, as mudanças são quase nenhuma. Vez por outra vemos na televisão ruas esburacadas para serviços “beerreakianos”, sem conclusão e sem conserto. Quando instalada, a BRK sempre informa que adotará as providências saneadoras em um dia, uma semana, um mês, e nunca. Mas, as contas de água não param de chegar, mesmo que as famílias da periferia não recebam nem a água vital, nem o saneamento. Pior ainda: muitas contas veem inchadas, infladas, extorsivas. Para resolver mesmo, só indo à Justiça, pois a administração não atende aos reclamos dos cidadãos espoliados, e a conta aumentou tanto por vazamento da encanação etc., das residências afetadas. Como visto, mudamos para pior.

Com a privatização, alguém teve a grande ideia de privatizar a Companhia Energética de Alagoas (Ceal), o governo livrando-se da obrigação dos serviços, e tendo mais recursos financeiros para criar cargos comissionados. Foi pior!

em outros países. Nada mudou; uns são mais próximos, outros mais distantes. Eu e meu marido passamos dos oitenta e só vemos netos e bisnetos quando vêm ao Paraíso da Vovó Alari. Recebemos notícias e fotos dos bisnetos que não conhecemos pelo smartphone, mas os amamos da mesma maneira.

Não sinto mais coragem de sair do Brasil, pois acho os aeroportos muito longos, cansativos e os fiscais bem chatos. Em Portugal, ouvi uma mulher, fiscal aduaneira, gritando: “Saia daí, saia daí!” Era comigo. Apesar de ser idosa, não tinha dificuldade de locomoção. Segundo meu amigo Carlito Lima, da próxima vez iremos de cadeiras de rodas.

Acordo cedo e logo as duas filhas ligam: “Mãe, quer novidade?” Contam que um neto passou no vestibular de Engenharia da Universidade Federal de Pernambuco; que a filha vai se formar em Harvard; que em Nova York nascerá outra bisneta; que uma neta foi visitar um primo, outro neto, em Miami. E haja novidades!

Dentre os onze netos, fui escolhida para madrinha de um deles. É um bom menino, está cursando medicina e em

breve serei madrinha e avó de um querido doutor.

A tendência maior dentre eles é por ciências exatas. Engenheiros são vários. Uma quase psicóloga, uma quase arquiteta, outros vivendo e trabalhando nos Estados Unidos. Nós, velhinhos aqui, rezando e torcendo por todos, vivemos nossas vidas cheias de médicos e caixinhas de remédios.

Hoje, ouvi de uma filha: “Mãe, você e papai levam uma vida tranquila. Estamos longe, mas sabemos que vocês estão lúcidos e com a saúde controlada. Agradeçam a Deus!”

Contamos com pessoas que trabalham em nossa casa e nos socorrem quando precisamos. Queremos crer que são nossos amigos.

E a vida vai seguindo! Vez por outra, o telefone toca: morreu fulano. Um velho amigo. Estamos na fila, mas só Deus sabe o dia em que partiremos.

Enquanto isso, continuamos vivendo bem, sem álcool, sem fumo, nadando na piscina, respirando o ar da praia, dormindo bem.

Esperando notícias boas de filhos, filhas, netos, netas, bisnetos e bisnetas.

Todos voaram para longe!

Não sinto mais coragem de sair do Brasil, pois acho os aeroportos muito longos, cansativos e os fiscais bem chatos. Em Portugal, ouvi uma mulher, fiscal aduaneira, gritando: “Saia daí, saia daí!” Era comigo.

MACEIÓ, ALAGOAS - 08 A 14 DE ABRIL DE 2023 21 e extra

SAÚDE EM RISCO

Médico alagoano ganha dinheiro pela internet ao ofertar “desvacinação” da covid-19

Valor do detox vacinal chega a R$ 470; profissionais da saúde consideram prática charlatanismo

TAMARA ALBUQUERQUE tamarajornalista@gmail.com

Três anos após o início da vacinação em massa no planeta contra a covid-19 para frear a cadeia de transmissão do vírus, que alcançou em março deste ano a marca de 700 mil óbitos no Brasil, ainda são muitos os brasileiros que acreditam nos ataques à vacina e no negacionismo científico.

Essas pessoas têm sido potenciais vítimas do mau caráter dos profissionais de várias áreas, especialmente da saúde – e da ineficiência dos Conselhos que deveriam exigir conduta ética da categoria. O que se viu desde o começo da pandemia, foram profissionais usando o diploma de forma criminosa buscando engordar suas contas bancárias.

No país, pipocam os casos de médicos oferecendo tratamento que faz um “detox vacinal” ou “reversão da vacina” contra a covid-19. O público deles são pessoas inconformadas que se submeteram ao imunizante apenas para obter o comprovante de vacinação e atender a algum interesse pessoal, como viajar para o exterior.

A presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) em Alagoas, Dra. Vânia Pires, afirma categoricamente que não existe, até o presente momento na ciência, nenhum tratamento, medicamento, equipamento ou técnica capaz de anular uma vacina que foi inoculada (introduzida, aplicada) no corpo. “Uma vez vacinado, vacinado para sempre”, afirma a médica.

De forma simples, a infectologista explica o princípio de ação da vacina. A introdução – através de vacina – de um agente patogênico (vírus ou bactéria) morto ou

enfraquecido ou seus derivados no organismo de uma pessoa, estimula o sistema imune a produzir anticorpos contra esse agente. Futuramente, quando o indivíduo se infectar com aquele agente, seu organismo produzirá uma resposta imunológica de forma mais rápida para destruí-lo. Isso ocorre porque as vacinas atuam por meio do desenvolvimento da chamada memória imunológica.

Quando você recebe uma vacina, o sistema imunológico responde da seguinte maneira: reconhecendo o germe invasor, como o vírus ou a bactéria, e produzindo anticor-

pos. Os anticorpos são proteínas produzidas naturalmente pelo sistema imunológico para combater doenças. A resposta imunológica é gravada como uma memória das células de defesa sendo, portanto, impossível reverter esse processo.

“O profissional que promete reverter a vacinação é um charlatão, um criminoso que deve estar ganhando dinheiro de pessoas com pouca capacidade mental”, avalia a médica. Segundo Vânia Pires, o que pode acontecer, e que foi visto na pandemia da covid-19, é a necessidade de dose de reforço da vacina com o passar do tempo. Nesses casos, os infectologistas explicam que a nova dose funciona como estímulo ao sistema imune para que se mantenha capaz de reagir de forma eficiente quando ele detecta o vírus ou com as mutações desse vírus, que podem fazê-lo escapar da imunidade conferida pela vacina.

O professor titular do Instituto de Química da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Luiz Carlos Dias, afirma em artigo científico: “se você felizmente colocou vacina aí no seu bracinho, já era, o seu sistema imunológico vai traba-

lhar para salvar tua vida caso você tenha contato com o vírus selvagem da covi-19. Não existe isso de usar algo mágico para tirar componentes da vacina do seu organismo, o nosso organismo elimina naturalmente através do metabolismo no fígado, no intestino, nos rins, após o antígeno estimular o sistema imunológico para nos defender da doença e salvar nossa vida”.

No último domingo, dia 2, o EXTRA denunciou o tratamento para detox vacinal ou “desvacinação” ofertado pelo médico alagoano Marcos Falcão Farias Monte, registrado no Conselho Regional de Medicina de Alagoas (Cremal) com o número 8608-AL. O médico já causou polêmica em 2021 por incentivar nas redes sociais um tratamento imediato contra a covid-19, desencorajar o uso da máscara e se colocar à disposição para elaborar laudos desobrigando a vacinação em pacientes com doenças autoimunes e neurodegenerativas. Nas redes, Falcão se autodeclara ativista político de direita e que pactua com o movimento antivacina.

Agora, pelo WhatsApp, Marcos Falcão oferta o tratamento milagroso do detox vacinal ao preço de R$ 470. Procurado para comentar o caso e dizer se endossa as opiniões e as práticas do médico, o vice-presidente do Conselho Regional de Medicina de Alagoas (Cremal), Emmanuel Fortes, declarou que não falaria a respeito e que, havendo abertura de processo, este ocorreria em sigilo.

MACEIÓ, ALAGOAS - 08 A 14 DE ABRIL DE 2023 22 e extra
O médico Marcos Falcão compartilhava discursos antivacina
REPRODUÇÃO

Neurocirurgia da Santa Casa de Maceió trabalha fortalecimento do Serviço

DA REDAÇÃO

Nos dias 21 e 28 de março, o Serviço de Neurocirurgia e Neurologia da Santa Casa de Maceió realizou a primeira etapa do planejamento estratégico do setor. O evento teve como facilitador o professor Noaldo Dantas. A abertura contou com a presença do provedor da instituição, Humberto Gomes de Melo, e do presidente do Conselho Deliberativo Estadual (CDE) do Sebrae de Alagoas, Domício Silva.

Durante o encontro foi apresentada a importância do diagnóstico do momento atual e dos desafios que os especialistas terão no futuro para a

solidificação da neurocirurgia da Santa Casa de Maceió.

“O grande objetivo desse planejamento estratégico é a organização de todo o Serviço de Neurocirurgia, debatendo os aspectos presentes na prática da especialidade e buscando sempre proporcionar a melhor assistência aos pacientes do hospital. Para que tudo isso desse certo foi fundamental a participação de todos os integrantes da equipe do Serviço, que, com seu comprometimento e opiniões dadas, enriqueceram as discussões propostas. Acredito que o objetivo foi alcançado, pois não nos afastamos da relação médico-paciente, que é a base do nosso traba-

lho”, destacou o coordenador do Serviço, o neurocirurgião Aldo Calaça.

Após o período de apresentação da metodologia, os profissionais darão início a execução do trabalho proposto. “Foram passados materiais priorizados, com responsáveis e prazos estabelecidos. Definimos 15 ações, e as consideradas mais importantes serão trabalhadas primeiro. A expectativa é a de que em três meses voltemos a sentar para avaliar o que foi executado e continuar o plano de ação para atingir o objetivo da equipe”, explicou o facilitador Noaldo Dantas.

Aldo Calaça defendeu que o Serviço de Neurocirurgia da

Santa Casa de Maceió é uma organização de saúde como parte integrante do hospital, de modo que cada serviço, cada especialidade, deve ter seu planejamento. “Gostaria de agradecer o apoio da provedoria, do Dr Humberto Gomes Melo, que participou da abertura do evento, juntamente com Domínicio Silva, presidente do conselho do Sebrae, dos colegas da Neurocirurgia do hospital, e de Noaldo Dantas, que foi o facilitador. Gostaria de destacar, ainda, o apoio do diretor de Infraestrutura e Negócios, Carlos André Mendonça de Melo, do diretor médico do hospital, Artur Gomes Neto”, finalizou o especialista.

MACEIÓ, ALAGOAS - 08 A 14 DE ABRIL DE 2023 23 e extra
PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO
DIVULGAÇÃO
MACEIÓ, ALAGOAS - 08 A 14 DE ABRIL DE 2023 24 e extra

ECONOMIA EM PAUTA

Curso de empreendedorismo

Negócio da China

OMercado

Livre e o Mercado Pago lançaram um novo curso gratuito online de empreendedorismo para negros que desejam se destacar no ambiente digital. As inscrições podem ser feitas pelo www.lps.exame.com e estão abertas durante todo o ano no site da iniciativa. As aulas são legendadas e possuem tradução simultânea para a Língua Brasileira de Sinais (Libras).

Financiamento para deficientes

A Caixa Econômica Federal (CEF) anunciou o lançamento de uma linha de crédito para pessoas com deficiência que desejam financiar equipamentos como cadeiras de rodas, próteses e aparelhos auditivos. A linha de crédito, que emprestará de R$ 5 mil a R$ 30 mil para compra, manutenção e reparo de produtos e serviços de tecnologia assistiva, será lançada ainda este mês. O anúncio foi feito pela presidente da Caixa, Rita Serrano, durante a posse dos novos membros do Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência (Conade).

Devido ao aumento da fiscalização na alfândega brasileira, vendedores do Aliexpress estão suspendendo as vendas para o Brasil, pois produtos simples e leves agora estão sujeitos a receber uma taxa de 100% em cima do valor do produto e do frete para serem liberados dos postos dos Correios, o que tem levado muitos consumidores a desistirem das importações.

Aluguel em alta

O aumento das taxas de juros e dos financiamentos imobiliários tornou a compra da casa própria quase inviável, o que aumentou a procura por locação residencial e provocou um salto nos aluguéis. Em 24 cidades brasileiras, incluindo Maceió, o valor pedido para novas locações subiu 17,05% em média nos últimos 12 meses, a maior alta em mais de 11 anos.

MACEIÓ, ALAGOAS - 08 A 14 DE ABRIL DE 2023 25 e extra
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MACEIÓ, ALAGOAS - 08 A 14 DE ABRIL DE 2023 26 e extra

Volta do carro “popular”: ideia pode nem passar para o papel

Entre as conjeturas que começam a surgir como alternativa para reoxigenar o mercado brasileiro de veículos novos estaria a volta de carros de acabamento simples e preços menores. Para tanto teria que haver acordos que no passado foram possíveis entre os fabricantes de veículos e o governo central, mas as condições atuais do mercado indicam que isso dificilmente vai acontecer.

Quando se fala em carro popular vem logo a lembrança de 1992 com o país engolfado por uma hiperinflação. Mas com esse mesmo nome a iniciativa já tinha sido aplicada em 1965. O governo federal criou uma linha de financiamento específica para carros quando o Crédito Direto ao Consumidor existente desde os anos 1950 ainda tinha limitações. Foi oferecida uma condição diferenciada pela Caixa Econômica Federal com juros de 1% ao mês, em 48 prestações.

A cultura verdadeira de “depenar” um automóvel na linha de montagem ocorreu com o lançamento do Fusca Pé de boi, Gordini Teimoso, Vemaguet

Pracinha e Simca Profissional. Só durou três anos e pouco ajudou na recuperação de vendas.

Já o programa do carro popular de 1992 com IPI simbólico de 0,1% durou quatro anos com o imposto subindo para 7% (carros de motor até 1.000 cm³, VW Sedan e Kombi). Nem a indústria estava preparada para o aumento da procura, gerando filas e preços bem acima dos sugeridos pelos fabricantes.

Hoje há uma vaga imaginação de voltar a oferecer modelos a preços mais acessíveis. Em um país onde é relativamente comum ideias não saírem do papel, agora talvez nem mesmo chegue a esse ponto. Entretanto, há disposição para discutir o assunto entre Fenabrave, Anfavea e Governo Federal. Os carros encareceram por regras de segurança e emissões muito mais rígidas e custosas, além dos problemas gerados pela covid-19.

A noção de caro ou barato, quando se comparam preços no Brasil e no exterior, é influenciada pela taxa de câmbio. Mesmo lá fora, os preços também subiram muito em moeda forte, como já abordei há duas semanas. E os impostos.

GWM: segundo produto nacional será SUV parrudo

A estratégia da GWM está bem traçada e equilibrada para o mercado brasileiro. Os três produtos importados da China (os SUVs médios Haval H6 Premium HEV, H6 Premium PHEV e H6 GT PHEV, o primeiro com tração 4x2 e os outros 4x4) chegarão às concessionárias em maio. Todos serão híbridos: o primeiro um híbrido convencional e os outros dois plugáveis de longo alcance no modo elétrico, uma inteligente exclusividade da marca.

A produção nacional em Itirapina (SP) começará no final do segundo trimestre do próximo ano. Primeiro virá a picape média Poer de cabine dupla com carroceria sobre chassi tipo escada como as demais já no mercado: Hilux, S10, Ranger, L200 Triton, Frontier e Amarok. A decisão ousada é não oferecer versão Diesel ao contrário dos outros seis concorrentes diretos. A Poer usará motor híbrido flex, porém potência e torque ainda não foram informados. No entanto, devem ser

ALTA RODA

n - Testes feitos agora com um Renegade confirmaram os dados levantados pela Associação Brasileira de Engenharia Automotiva (AEA), em 2017, sobre emissões de CO2 comparativas entre Brasil e Europa com Veículos Elétricos a Bateria (VEB). Os resultados divulgados pela Stellantis, em kg CO2eq: gasolina brasileira E27 – 60,64; VEB, atual matriz energética europeia – 30,41; etanol hidratado, 25,79; VEB, atual matriz energética brasileira, 21,45.

Para Antonio Filosa, presidente da Stellantis na América do Sul, “os resultados comprovam as vantagens comparativas brasileiras, principalmente a importância dos biocombustíveis para uma mobilidade mais sustentável”. Um híbrido flex abastecido com etanol apresentaria resultados ainda melhores com um custo para o comprador menor que um elétrico e para o País, que ainda tem de investir muito na infraestrutura de recarga. Os planos da empresa, porém, apontam que apenas em 2025 seria possível ter um produto com essas características.

iguais ao H6 HEV: 243 cv e 54 kgf.m.

O segundo produto, SUV médio-grande Tank, manterá o chassi tipo escada alongado para sete ocupantes na mesma faixa de mercado do Commander, SW4, Trailblazer e Tiggo 8, todos também produzidos aqui. Somente o SUV da Chery não oferece motor Diesel convencional e terá a companhia do Tank, porém este com motor híbrido flex. A GWM pode optar pelo mesmo motor da Poer ou utilizar o híbrido plugável do H6 Premium pois a massa do Tank é maior: 393 cv e 77,7 kgf.m.

A marca dará especial atenção às entregas técnicas aos compradores para que possam usufruir de todos recursos e oferecerá desconto de 50% sobre os R$ 8.000 dos carregadores de parede só para os clientes da pré-venda. As concessionárias (ou parceiros como prefere a GWM) terão lojas com arranjos internos de vendas e assistência técnica.

n- Mercado total de veículos leves e pesados apresentou resultados bons em março que teve cinco dias úteis a mais que fevereiro. Apesar da alta de 16,3% nos emplacamentos do primeiro trimestre em relação a 2022, Fenabrave diz que recuperação do setor ainda está longe de ocorrer. Afinal, o mesmo período do ano passado foi altamente prejudicado pela falta de componentes, em especial de chips, o que explica a reação das vendas em 2023 em razão de uma base comparativa tão baixa.

No entanto, a entidade mantém sua previsão de crescimento zero em 2023 frente ao fraco ano de 2022.

Para José Andreta Jr., presidente da Fenabrave, as causas da estagnação permanecem: endividamento das famílias, aumento da inadimplência, alta de juros e seletividade de crédito por parte das instituições financeiras. “Tudo isso restringe a demanda por parte do consumidor, que vem perdendo seu poder de compra”, concluiu.

n JORNALISTA FERNANDO CALMON MACEIÓ, ALAGOAS - 08 A 14 DE ABRIL DE 2023 27 e extra

RESENHA ESPORTIVA

CRB e CSA conhecem seus adversários na Copa do Brasil

Os jogos da terceira fase da Copa do Brasil foram definidos em sorteio realizado na sede da CBF, no Rio de Janeiro. Foram decididas as 16 partidas da competição mais democrática do país, que têm como datas base 12 e 26 de abril. A vaga será decidida em jogos de ida e volta. Os clubes alagoanos conheceram seus futuros adversários: o CSA enfrenta o Internacional e o CRB

joga contra o Athletico-PR. Os clubes que avançarem para as oitavas de final têm direito a R$ 3,3 milhões. Para esta edição, a Copa Betano do Brasil conta com uma premiação recorde. Serão cerca de R$ 500 milhões em premiação para as equipes participantes. Apenas na final o campeão irá faturar R$ 70 milhões pelo título, enquanto o vice-campeão receberá R$ 30 milhões.

BRASILEIRA REPETE PARCERIA COM ITALIANA E BUSCA TRICAMPEONATO

RODRYGO AGRADECE ‘HONRA’ DE USAR CAMISA 10 DE PELÉ

O Brasil não teve o melhor resultado em seu primeiro jogo após a Copa do Mundo do Catar ao perder para o Marrocos. A partida, no entanto, reservou momentos marcantes a um jogador em especial: Rodrygo. O atacante não só foi escolhido para ser o camisa 10 da seleção no duelo como também recebeu esta honra em um dia de homenagens a Pelé. A equipe comandada interinamente por Ramon Menezes entrou em campo com o nome do Rei do Futebol, que morreu em dezembro de 2022, estampado na parte de trás do uniforme. Para o atleta formado nas categorias de base do Santos e atualmente um dos grandes nomes do Real Madrid, foi um privilégio portar o clássico número do maior ídolo da história do clube santista e que, nos dias atuais da seleção, pertence a Neymar.

Sophia Chow, número oito do mundo de Beach Tennis, vai repetir, no Pure Beach, a parceria que fez sucesso em agosto passado conquistando o troféu do Macena Open realizado também na Praia do Francês. A número dois do Brasil tem uma relação de amor com Alagoas. Nos dois torneios em que esteve levantou o troféu e está invicta. Em 2021, na primeira edição do Macena Open, foi campeã ao lado da cearense Marília Camara, em Maceió, o que foi seu primeiro título no circuito mundial. Na última temporada venceu com a sexta do ranking, a italiana Flaminia Daina, na Praia do Francês, alcançando sua maior conquista. A dupla irá se repetir em busca do troféu da competição a ser realizada em Marechal Deodoro entre os dias 12 e 16 de abril, evento BT 400 com premiação de US$ 35 mil e dos maiores eventos do mundo.

MESSI É O PRIMEIRO

SUL-AMERICANO

A PASSAR DOS 100 GOLS EM SELEÇÃO

Ainda em festa pela conquista da Copa do Mundo do Catar, a seleção da Argentina se apresentou em Santiago del Estero diante de Curaçao e não decepcionou o grande público presente. Com Messi inspirado, os tricampeões mundiais venceram por 7 a 0. A goleada serviu para colocar o nome de Messi mais uma vez na história do futebol. O camisa 10 chegou aos 102 gols pela seleção após 174 jogos. O primeiro gol do craque foi em 2006, diante da Croácia, em amistoso. Messi se torna o primeiro atleta sul-americano a marcar 100 gols por sua seleção. Outro fato importante: o astro soma 57 hat-trick (três gols em um jogo) na carreira, com 803 gols no total. A diferença técnica entre as equipes ficou evidente desde os primeiros minutos de partida. A Argentina praticamente abdicou da marcação e deixou a fraquíssima seleção de Curaçao tocar a bola, inclusive no campo de ataque, até a intermediária.

MACEIÓ, ALAGOAS - 08 A 14 DE ABRIL DE 2023 28 e extra CBF
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n robertobaiabarros@hotmail.com

Soltou os bodes

“Inimigo” político da ex-deputada estadual Ângela Garrote, o Imperador, como é mais conhecido o prefeito Júlio Cezar, de Palmeira dos Índios, soltou os bodes em cima do deputado estadual Fernando Pereira. O motivo: Pereira anunciou o seu apoio a Ângela na disputa pela sucessão municipal da terra dos Xucurus-Kariris em 2024.

Fala sério!

“Ele (Fernando Pereira) não pode estar falando sério”, reagiu Júlio em protesto à decisão do deputado. E, não deixou barato: “Deveria lançar Ângela como candidata a prefeita da sua cidade”. E foi mais além: “Tenho uma amizade e um carinho muito grande pelo Fernando Pereira, foi secretário de Meio-Ambiente e já fizemos atividades políticas juntos, mas não é possível que ele estivesse falando sério”.

Imperador revoltado

Aparentemente “revoltado”, o gestor municipal disse que “ninguém coloca ordem ou palpite na casa dos outros”.

“Ninguém chega na casa dos outros querendo colocar ordem ou dando palpite. Se o Fernando gosta tanto assim da Ângela Garrote, pegue-a e a leve para cidade dele e a lance lá, já que querem dar um cargo para ela. Deixa Palmeira que o povo aqui se resolve. Estamos fazendo um grande trabalho e o próximo prefeito é o povo que vai escolher, não vai vir como um enlatado pronto. Palmeira não aceita esse tipo de postura”, esbravejou finalizou Júlio Cezar.

Audiência pública

Na tarde de segunda-feira, 3, a vice-presidente da Associação dos Municípios Alagoanos (AMA), Jeane Moura, prefeita de Senador Rui Palmeira, participou de uma audiência pública na Assembleia Legislativa do Estado, que debateu a reorganização dos Arranjos Produtivos Locais (APL) da apicultura em Alagoas.

Sessão especial

O deputado estadual Inácio Loiola foi quem convocou sessão especial, que teve a participação massiva de apicultores, instituições (Sebrae, Uniprópolis, Embrapa, Uncisal, Seagri, Adeal, AMA, Ministério da Agricultura, Beeva) e do deputado federal Paulão.

Para Jeane Moura, o encontro tem uma tamanha importância para a economia local e para o desenvolvimento e fortalecimento da produção da própolis no Estado, em especial para os municípios da região Agreste e Sertão, que apresentam grande potencial produtivo e econômico.

Atenção de pesquisadores

Inácio Loiola explicou que a substância é uma matéria-prima única que tem atraído a atenção de pesquisadores de outras regiões do País e do exterior. “E, o melhor, é que os pesquisadores já descobriram o potencial de produção da própolis tão rica em nutrientes quanto a vermelha no Agreste e no Sertão”, disse o deputado.

Caso Danilo

Foi divulgado na última sexta-feira, 31, pelo Instituto de Criminalística da Polícia Científica de Alagoas, o resultado da reprodução simulada da morte do adolescente Danilo Fernando da Silva, 17 anos, morto a tiros em 25 de novembro de 2021 durante uma abordagem do 3º Batalhão de Policiamento Militar (3º BPM). O laudo que contém 58 páginas foi concluído e inserido no sistema forensis e se encontra disponível para análise da Delegacia de Homicídios de Arapiraca.

Versões dos policiais

A elaboração do laudo foi fruto de um grande trabalho realizado no último dia 14 de fevereiro por uma equipe formada por sete peritos criminais e que mobilizou toda uma rede de apoio da Polícias Civil, Militar e da SMTT de Arapiraca. O exame técnico-pericial buscou verificar as versões apresentadas pelos policiais militares envolvidos na ocorrência e de responder questionamentos da Polícia Civil sobre o fato, que resultou na morte do adolescente de 17 anos.

Reprodução da perseguição

Durante mais de cinco horas, os peritos reproduziram as versões dos quatro policiais militares que estavam na viatura da PM fazendo abordagens em um trecho da rodovia AL-15, quando foi iniciada a perseguição a Danilo, que estava em uma motocicleta. A equipe percorreu uma estrada vicinal, até o loteamento onde o estudante foi alvo de um tiro, um terreno nas proximidades da chácara conhecida como Forró das Velhas, na zona rural de Arapiraca.

Sem detalhes

Todas essas e outras respostas dos quesitos solicitados pela PC foram descritas no laudo, mas a Polícia Científica não irá divulgar os resultados para não atrapalhar as investigações. A conclusão da reprodução simulada será analisada agora pela equipe da DHA.

PELO INTERIOR

... O prefeito Luciano Barbosa inaugurou, na manhã de segundafeira, 3, a Central Especializada em Assistência Farmacêutica (Ceaf), Pedro da Cunha Beltrão Filho.

... A unidade atenderá a todos os pacientes com doenças mais complicadas e regularizará a entrega de 170 medicamentos de alto custo para o tratamento de mais de 90 enfermidades.

... A distribuição dos medicamentos será sob a responsabilidade da prefeitura municipal de Arapiraca e, também, atenderá mais 17 municípios.

... A 2ª Vara Cível de Arapiraca designou o leilão de um posto de combustível em Arapiraca para os dias 24 e 26 de abril (primeira e segunda praça).

... Avaliado em R$ 2 milhões e 520 mil, o posto está situado na Avenida Ceci Cunha, 1460, bairro Itapuã. O edital foi publicado no Diário da Justiça na última sexta-feira, 31.

... A estrutura inclui áreas para lavagem, diretoria, gerência, depósitos, farmácia, troca de óleo, vestiários, loja de conveniência, estacionamento e abastecimento, com área total de 2.931,28 m².

... A Prefeitura de Girau do Ponciano, por meio da Associação Cultural Atract Arts e da Secretaria Municipal de Educação e Cultura, realizará nos dias 7 e 9 de abril o espetáculo da Paixão de Cristo, no Morro Santa Cruz da Boa Vista, a partir das 19 horas.

... Encenada há mais de 20 anos em Girau do Ponciano, a Paixão de Cristo já é uma tradição na Semana Santa da cidade. Um espetáculo emocionante e envolvente, que recorda uma linda história, é o momento de refletir sobre as tentações e dores de Jesus para a salvação da humanidade.

... O evento consagrou-se como uma expressão popular que reúne atores e atrizes com ou sem experiência.

... O elenco da peça tem mais de 70 artistas que participam diariamente de uma rotina intensa de ensaios, cenários grandiosos foram construídos para a apresentação teatral, figurinos luxuosos e uma grande estrutura de som e iluminação.

... Desejamos um excelente final de semana para os nossos leitores. Até a próxima edição.

MACEIÓ, ALAGOAS - 08 A 14 DE ABRIL DE 2023 29 e extra
ABCDO INTERIOR

MEIO AMBIENTE

Onças e fazendeiros

Energia eólica

OBrasil registra, até fevereiro deste ano, 890 parques eólicos instalados em 12 estados brasileiros. Eles somam 25,04 gigawatts (GW) de capacidade instalada em operação comercial, que beneficiam 108,7 milhões de habitantes. Desse total, 85% estão na Região Nordeste. De acordo com a Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica), até 2028 o Brasil terá 44,78 GW de capacidade instalada desse tipo de energia, cuja participação na matriz nacional atinge, atualmente, 13,2%. A eólica já responde hoje por 20% da geração de energia que o país precisa. No ano passado, o setor bateu recorde de 4 GW instalados e, para este ano, a presidente executiva da Abeeólica, Elbia Gannoum, espera atingir novo recorde, superando esse número. “Encerrando 2023, estaremos com 29 GW de capacidade instalada. Essa é a nossa previsão em termos de potência, e isso é superior a R$ 28 bilhões, porque cada gigawatt de eólica instalada é da ordem de R$ 7 bilhões”, disse Elbia. Outro levantamento feito pela entidade mostra o desenvolvimento econômico-social gerado pela energia eólica. No Nordeste, por exemplo, o Produto Interno Bruto (PIB) das cidades onde os parques eólicos chegaram cresceu 21%, e o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) cresceu também 20% “por causa da chegada dos parques”. Outro dado significativo é que a cada real investido em energia eólica são devolvidos R$ 2,9 para a economia.

Caso Samarco

A Justiça Federal determinou que as mineradoras Vale e BHP Billiton façam depósitos no total de R$ 10,34 bilhões para garantir a reparação de danos ambientais em municípios capixabas. As duas mineradoras são acionistas da Samarco, responsável pela barragem que se rompeu em Mariana, Minas Gerais, em 2015, causando 19 mortes e liberando uma avalanche de rejeitos que escoou pelo Rio Doce até a foz no Espírito Santo.Os recursos devem ficar disponíveis para custear medidas de reparação em comunidades que as mineradoras relutavam em reconhecer como atingidas. A maioria delas está localizada nos municípios Aracruz, Linhares, São Mateus e Serra.A decisão foi assinada na semana passada pelo juiz Michael Procopio Avelar, da 4ª Vara Cível e Agrária de Belo Horizonte. O depósito deve ser feito em dez parcelas mensais iguais, a primeira em 40 dias. Caso as mineradoras não efetuem o pagamento, será determinado bloqueio judicial do valor integral de uma única vez. A Vale e a BHP Billiton informaram que ainda não foram notificadas da decisão e sustentam que 410,8 mil pessoas foram indenizadas até janeiro deste ano.

Cercas eletrificadas em áreas de maternidade e repelentes luminosos são algumas das estratégias que podem diminuir o conflito entre fazendeiros e onças. A proposta faz parte das ações do Instituto Homem Pantaneiro, que sugere e executa estratégias de manejo que diminuem os problemas causados pela predação de gado por grandes felinos.“Além de trazer tecnologia para a pecuária, nós resgatamos estratégias que foram historicamente utilizadas pelos pantaneiros. São mais de 250 anos de pecuária aqui no Pantanal e, ao mesmo tempo, essa produção sempre conviveu com as onças-pintadas”, afirma o veterinário Diego Viana, coordenador do programa Felinos Pantaneiros. As onças-pintadas são classificadas pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) como uma espécie “quase ameaçada”, o que não significa que estejam fora de perigo. Segundo técnicos do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), que classifica as onças-pintadas como “vulneráveis”, as populações da espécie vêm sendo severamente reduzidas pela destruição de seus habitats naturais e pela caça predatória, ocasionada principalmente por produtores que alegam prejuízo econômico às criações de animais.

Mineração no Rio

O combate ao Operação conjunta da Secretaria de Estado do Ambiente e Sustentabilidade do Rio de Janeiro e o Instituto Estadual do Ambiente (Inea), realizada nesta semana, desmobilizou garimpo ilegal de ouro que ocorria no rio Paraíba do Sul, entre os municípios de Cambuci e São Fidélis, e no rio Muriaé, em Laje de Muriaé. Na ação, a Superintendência de Combate aos Crimes Ambientais inutilizou, com uso de fogo, três balsas exploradoras nos municípios do Norte e Noroeste Fluminense, de acordo com decreto federal. A operação contra a mineração ilegal surgiu a partir de denúncias feitas às superintendências regionais do instituto. Nos locais de exploração, foram encontradas balsas utilizadas para a extração de ouro, com indícios de utilização recente do equipamento, entre os quais roupas, compressor de ar em condições de uso e mangote para alimentar mergulhadores. Todas as estruturas foram desmobilizadas pela equipe do órgão ambiental estadual. Em ambos os locais, não foram encontrados os responsáveis.O vice-governador e secretário de Estado do Ambiente e Sustentabilidade, Thiago Pampolha, disse que diversas operações para coibir a exploração ilegal de minérios têm sido vistas no país, com prejuízo ao patrimônio natural. “É essencial que a população denuncie os crimes ambientais para que possamos otimizar nossas fiscalizações”, disse Pampolha.

MACEIÓ, ALAGOAS - 08 A 14 DE ABRIL DE 2023 30 e extra DIVULGAÇÃO
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Uma Alagoas proto-nazista

Arthur Ramos era o nosso Simão Bacamarte. Para a sociedade alcançar a quintessência daquele cidadão perfeito lá da República de Platão -ajustado e obediente à pátria, livre dos vícios- a saída estava em educar o povão extraindo os caracteres criminosos, vagabundos e sanguinários. A escola controlaria estes instintos selvagens, jogaria pérolas de civilidade naquela legião de selvagens com a diferença que as joias eram sementes de bem-estar do mundo ideal.

Indivíduos com a alma lambuzada de sujidades e trabalhos incompetentes finalmente entrariam na marcha geral da civilização. O higienismo influenciava os setores naquele Brasil do início do século 20, não era diferente em Maceió, a capital que se abria aos gostos vigentes na época. A higiene como ciência tem as técnicas para ajustar, nos cidadãos, os índices de vida média, de instrução e de moralidade. A escola modelaria as crianças, mesmo aquelas chamadas de “problemas”, adaptando a meninada ao meio.

Era preciso treinar o caráter. O homem é uma ponte, não um fim. Higiene principalmente mental seguida do corpo. O currículo escolar teria noções de educação moral e cívica, com base na História contada pelos vencedores da pátria. Além de conceitos de higiene e civilidade, calistenia, jogos, cânticos escolares. Naquele tempo, a sociedade era tratada pela Medicina como um grande corpo cujas partes estavam doentes e precisavam de tratamento. Por isso, a escola era um hospital e não tinha alunos mas pacientes em processo de recuperação.

Daí vem a semelhança entre o hospício de Simão

Bacamarte e a escola de Arthur Ramos: ambos, como médicos, criam que tratando tipos que se diziam normais como doentes, estudando e aparando as arestas de seus comportamentos, eles, submetidos a tratamento, desempenhariam extraordinário papel na sociedade.

Era 1939, Hitler e as tropas

alemãs invadiram a Polônia no dia 1º de setembro. Ele convenceu o povo que o problema mesmo eram os outros. A Alemanha poderia recuperar sua grandeza profetizada no discurso final de Hans Sachs, na ópera Os Mestres Cantores de Nuremberg, de Richard Wagner.

Ora, nos artigos escritos

por Arthur Ramos para o Jornal de Alagoas naquele 1939, os problemas estavam no indivíduo e não na sociedade. Pais, educadores e adultos não sabiam lidar com os pequenos não porque havia limites (também financeiros) para as condições mínimas de dignidade no crescimento saudável, mas sim porque a higienização da mente não era levada em sua máxima consideração: ela, sim, era suficiente para resolver todos os problemas sociais.

“É relevante mencionar que o intelectual alagoano considera o meio social como preponderante na formação da personalidade, mas está articulado com os preceitos do eugenismo, este que considera principalmente o biológico”, destaca o artigo Os Vestígios do Higienismo em Terras Alagoanas: Considerações Sobre o Jornal de Alagoas (1939), dos pesquisadores da Ufal Fernanda Lays da Silva Santos, Geovanio da Silva Santana, Ana Paula Teodoro dos Santos, Ana Maria Carvalho da Corrente, Edjames Alves Santos e Marianne Cássia Carvalho Teixeira.

Arthur Ramos talvez não previa que o higienismo e a eugenia seriam radicalizados a tal ponto que se converteria em instrumentos de ódio e ameaças. O próprio objetivo do nazismo de limpar o mundo dos inimigos nem é tão diferente assim de discursos que ouvimos hoje, inclusive evocando Deus, Pátria e Família, princípio agarrado ao nazi.

O fictício Simão Bacamarte e o real Arthur Ramos eram boa gente, mas a política é mesmo o pêndulo das coisas. E essa política é conservadora, fascista, nacionalista. Uma limpeza que varreu muita gente para indignas covas de cemitérios.

MACEIÓ, ALAGOAS - 08 A 14 DE ABRIL DE 2023 31 e extra
DIVULGAÇÃO DE ALAGOAS n Odilon Rios
Simão Bacamarte, na versão em quadrinhos de O Alienista O alagoano Arthur Ramos
MACEIÓ, ALAGOAS - 08 A 14 DE ABRIL DE 2023 32 e extra

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