questão de geração”36, onde a autora localiza esta chegada em 1962 através de estudos em periódicos daquele momento, o panorama apontado por Novais é bem-sucedido ao narrar que as conquistas representadas pela abertura destas possibilidades refletem-se na abertura de portas para uma postura contestadora dos valores mais tradicionais, embora esta possivelmente não se desse de uma maneira muito clara. Em entrevista a revista ShowBizz, Rita afirma, sobre o período, que “éramos do contra. Só não sabíamos exatamente contra o que”37. Em dezembro de 2007, e entrevista à Revista Rolling Stone, descreve sua postura no período de uma maneira mais elucidativa, que condiz com as aberturas sociais apontadas por Novais:
Não nasci pra casar e lavar cuecas. Queria a mesma liberdade dos moleques que brincavam na rua com carrinho de rolimã. Quando entrei pra música, percebi que a ´tchurma´ dos culhões reinava absoluta, ainda mais no rock. ‘Oba’, dizia eu, ‘é aqui mesmo que eu vou soltar a franga e, literalmente, encher o saco deles’. Depois que provei a mim mesma que era capaz de várias vitórias, sosseguei um pouco o facho.38
Falando sobre o papel social da postura de gênero crítica, Judith Butler aponta a importância das representações e das performances dadas através de múltiplos campos de linguagens que se posicionam compulsoriamente dentro do campo das disputas de poder: As estruturas jurídicas da linguagem e da política constituem o campo contemporâneo do poder; consequentemente, não há posição fora desse campo, mas somente uma genealogia crítica de suas próprias práticas de legitimação. (...) E a tarefa é justamente formular, no interior dessa estrutura constituída, uma crítica às categorias de identidade que as estruturas jurídicas contemporâneas engendram, naturalizam e imobilizam.39 36
PEDRO, Joana Maria. A experiência com contraceptivos no Brasil: uma questão de geração. Revista Brasileira de História. São Paulo: Anpuh/Humanitas, vol.23, n° 45, 2003, p. 239-260. 37 Entrevista à revista SHOWBIZZ, 1992. p. 48. 38 Entrevista à ROLLING STONE nº 15, Novembro de 2007. p. 89. 39 BUTLER, Op. Cit, p.22
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