BREVE HISTÓRICO SEXUAL Como qualquer coisa que tem seu sentido de “normalidade“ retirado, a história da homossexualidade no Brasil sempre foi encoberta e/ou diminuída, tratada como uma consequência recente de um mundo globalizado. Fato é que, até onde se tem registros, existem relatos homoafetivos no país desde a sua colonização e, muito provavelmente, antes também. Historicamente, a pegação entre homens em espaços públicos no meio urbano do Rio de Janeiro, se dava por lugares específicos: zonas e “buracos”. Curiosamente, esses lugares eram bastante conhecidos, como o Campo de Santana, por exemplo, que durante os séculos XVIII e XIX era famoso por abrigar o flerte entre cavalheiros. O Centro do Rio era lugar ideal para essas práticas que aconteciam abertamente nas ruas, pois na metade do século XX, o bairro se encontrava abandonado pelo Estado devido ao foco de expansão da cidade em direção às zonas Sul e Norte. A atual região do Aeroporto Santos Dumont, apelidada de Via Ápia, foi um dos pontos de encontro mais conhecidos nos anos 60 ao receber diversas visitas noturnas de homens para encontros momentâneos na rua. Buraco do Cauby, buraco da Maysa e buraco da Rua da Quitanda são apenas mais alguns nomes entre muitos outros que durante os anos 80 viviam entre “normalidade” e perversão. Esses lugares, como quase tudo na vida, tiveram seu auge e sua decadência. 3 MOREIRA, Antônio Carlos. Só para Cavalheiros: Crônicas Urbanas do Jornal Lampião. Rio de Janeiro, 1997.
12