espaços desviados - sexualidade e subversão

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BANHEIRO / BANHEIRÃO

A partir da definição da palavra no dicionário, podemos observar que banheiro pode ser qualquer cômodo onde ficam instalados equipamentos sanitários, como vaso, bidê, chuveiro, banheira, mictórios, etc. No senso comum, refere-se a um lugar que abriga equipamentos para necessidades fisiológicas e de higiene do corpo; um espaço privado onde o ser humano lida com sua natureza revelada. É no banheiro onde ocorre uma inversão, e a importância dos membros são alteradas: a cabeça deixa de ser a parte mais importante e a relevância é voltada para os membros inferiores. Toda a atenção do momento retorna para si mesmo, para então o corpo pôr para fora tudo que não lhe coube absorver, em atos solitários, sujos, fétidos, mas que provocam alívio. Ninguém permanece no banheiro porque ele não é um espaço de abrigar, e sim de receber o que ninguém quer. Historicamente, “Para os aristocratas do período barroco, o banheiro deveria ir a eles, e não o contrário. Não havia banheiros em Versalhes, e certo era que os criados deveriam trazer uma latrina móvel para os quartos, ou cadeira de retrete que, logo depois de usada, era recolhida pelos criados.” A criação de um lugar para abrigar tais atos fez com que esse exercício fisiológico fosse algo a ser encoberto, onde o usuário precisa se conter em um pequeno espaço e os demais respeitarem sua privacidade. 5 TEIXEIRA, Carlos M. História do corredor. Texto previamente publicados no livro (do autor) Entre, Instituto Cidades Criativas, 2009.

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