USOS NÃO SEXUAIS
Além de trocas de mensagens eróticas, fotos íntimas e encontros marcados, as possibilidades de interações junto a interface do aplicativo semelhante a uma vitrine, permitem que os usuários se aproveitem de suas configurações para utilizá-lo de outras formas. O mais comum é a venda de serviços sexuais, os famosos GPs (garotos de programa), que se dedicam a mostrar seus corpos e atributos para quem possa interessar, mas “dispensam curiosos”. Em relação a mercadorias, é comum encontrar perfis que oferecem drogas ilícitas e em alguns casos, ainda oferecem serviços de entrega, e outro tipo, mas que raramente aparece, é a de artigos e roupas eróticas, que me parece mais propício para o contexto. Por outro lado, a condição social do aplicativo promove encontros e conflitos políticos. Não é raro encontrar perfis que manifestam seus ideais e defendem seus partidos políticos, especialmente em épocas de eleição. No aplicativo ainda há apoiadores do atual presidente do Brasil, mesmo depois de ter feito diversas ameaças e desrespeitar à comunidade LGBTQ+. Sem surpresas, os homens que o apoiam são heteronormativos e se dizem conservadores, que tiram proveito da discrição do Grindr em conter seu espaço somente para quem participa do aplicativo, para permanecerem em sigilo (ao espaço real). Ser heteronormativo não é um problema mas pode ser, visto que em um mundo onde a masculinidade é exaltada, eles estabelecem uma hierarquia de importância onde a feminilidade é discriminada.
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