espaços desviados - sexualidade e subversão

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CARTOGRAFIA O Grindr – assim como outros aplicativos com a mesma proposta – é o verdadeiro radar gay (gaydar), que é tanto um dispositivo que determina a posição e a distância de um objeto quanto, um equipamento de monitoramento. O compartilhamento de sua localização é a condição imprescindível para o seu uso; sem a sua permissão, o aplicativo não irá exibir ninguém, e ao consentir, a arquitetura é dissipada e a população é filtrada proporcionando uma transparência seletiva entre aqueles que participam de uma camada exclusiva de um urbanismo fragmentado. Jacque define: “O Grindr é um espaço próprio. Não é uma cidade. Enquanto as cidades são frequentemente vistas como locais de convergência social, o Grindr é um dispositivo que classifica o social, uma infraestrutura que torna seus usuários membros selecionados de uma comunidade especializada na sociedade. “É mais propagado do que construído. Não é totalmente virtual nem físico. É um archiurbanism que reinventou o domínio offline, evoluindo das falhas tradições duradouras do queer urbano, onde a normatividade foi desafiada e encontrar estranhos se tornou possível.” As ruas, as construções, a vegetação, tudo desaparece e dá lugar à uma seleção de fotos disposta em uma grade contínua. Somente a distribuição dos corpos importa. Esse tipo de visualização se apresenta como mais dinâmica, pois justamente por não mostrar o urbanismo, não exibe os possíveis obstáculos urbanos do trajeto, que poderiam limitar os encontros atuando como “corta-prazeres”, como relevos, transportes, a movimentação da localidade, criminalidade e etc. 19

Ibid.

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