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CONSIDERAÇÕES FINAIS A fotografia de estrelas de cinema é puro glamour. Sem sabermos ao certo se esse glamour é fruto da persona da atriz ou resultado da própria mecânica da fotografia. Como no enigma do ovo ou da galinha, especulamos que temos aqui a mesma situação. O fetiche pelo que é longínquo, pelo inatingível, pela nostalgia de tempos melhores. A fotografia faz com que nos sintamos mais próximos, até íntimos, de tais musas. O cinema, que sempre nos fez sonhar e nos apaixonar, nos faz sair da sala de projeção pensando em nossa mais recente paixão, à mercê de nossa dispersa e volátil memória. Depois da projeção, queremos saber tudo da nova amada. As revistas de fãs nos tempos dourados do cinema, independentemente de hollywoodiano ou “chanchadesco”, eram a maneira de nossos pais e avós saberem de tudo, guardarem tudo, muito além daquela hora e pouco passada dentro da sala de cinema. Ter a foto da mais nova paixão na carteira ou ao lado do espelho, imaginando flertes ou namoros. Assemelhar-se a uma pessoa em especial, decalcando um tipo próprio a partir de alguns traços em comum, ou na esperança de que, ao mimetizar a estrela, expressaria seu bom gosto e seu glamour. Todas essas questões estão manifestas nas inquietações constantes dos fãs, porém mal sabíamos que isso fazia parte de planos maiores, de sistemas complexos, não necessariamente malignos, contudo, de sedução... sedução por um país ou um estilo de vida diferente. Nos americanizamos. Imitamos e quisemos ser como outros povos, e isso teve um percurso histórico. Na incapacidade de chegarmos a tal objetivo, apelamos ao chiste, à gozação, à paródia. Imaginamos um espelho que nos fizesse sentir igual ao mundo maravilhoso das telas e das páginas super ilustradas com as fotografias mais lindas, das mais lindas estrelas que poderíamos sonhar ter ou ser... Nicolau Sevcenko nos lembra que até poetas sofisticados e sensíveis, como Carlos Drummond, se apaixonavam perdidamente pelas estrelas, como ele confessa nostalgicamente no poema “Os 27 filmes de Greta Garbo”, dos quais ele assistiu a vinte e quatro, repetidamente cada um deles: Agora estou sozinho com a memória de que um dia, não importa em sonho, imaginei, maquiei, vesti, amei Greta Garbo. E esse dia durou 15 anos. E nada se passou além do sonho