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3.2 As estrelas da capa Para Edgar Morin, a face da mulher prevalece nas capas das revistas porque não existem, pelo menos no período estudado, esferas, especificamente masculinas na cultura de massa. A imprensa não feminina também não é masculina, ela é feminino-masculina porque o essencial é o modelo identificador da mulher sedutora. Os valores projetivos não femininos envolvendo violência não podem se realizar na vida, por isso são afastados para a projeção devido à sua polaridade negativa. (MORIN, 1962 apud ADAMATTI, 2008, p.107)
Nas capas, a glorificação dos rostos femininos recortados em close e em escala próxima ao tamanho real. As estrelas surgem no rastro da industrialização do cinema, são modelos de comportamento e divulgadoras dos novos modos de se vestir, de se pentear e se maquiar. O rosto visto de tão perto não acontece na história da arte, surge com a fotografia de cinema e depois na fotografia. Transformar a face em algo a ser contemplado por si só é uma invenção da visualidade do século XX. Segundo Margarida Adamatti, em muitas das capas de A Cena Muda, as estrelas posavam de maneira bastante estática, sem sorrir, como se estivessem em outra realidade, em um “Olimpo particular”. E nem sempre a estrela da capa aparecia nas reportagens internas das revistas. Em 1952, a Cinelândia, depois de alguns exemplares iniciais, passa a incluí-la em suas páginas internas e ilustrando os artigos relacionados. Figura 59. Capa de A Cena Muda (1952)
Figura 60. Capa de A Cena Muda (1954)