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PERFIL
POR REGINA VALENTE
C. IBAÑ EZ EM NÚMEROS Mais de 100 modelos de baquetas Crescimento de 7% em 2006 ( estimativa) 2 marcas “ filhote” : B sé ries e X Pro
O R E I D AS BAQUETAS C ló vis I bañ ez , baterista que fundou h á 2 1 anos a fá brica de baquetas que leva seu nome, inaugura esta seção da revista que h omenageará os grandes empresá rios do mercado musical brasileiro
“N
ão planejei ter a mú sica como atividade profissional. Ela se apresentou com uma virose que me colocou de cama por alguns dias quando eu tinha 1 2 anos. Um amigo baterista me visitou levando vários discos de jazz, do Armstrong, Budy , R ich, D izzi,Miles D avis e eu me encantei”,conta Clovis I bañ ez,que hoje comanda a fábrica de baquetas C.I bañ ez,em P orto Alegre ( R S ) . Na época da tal virose, a convivência com o jazz e os discos do amigo despertou nele o desejo de fazer mú sica.Comprou uma harmônica e começou a soprar as primeiras notas.“Algum tempo depois, descobri os macetes da gaita e fui tocar em um grupo de mú sica instrumental.T udo aconteceu muito rápido, pois eu era um bom autodidata”,lembra I bañ ez,que passou em seguida para a bateria, por ser um instrumento maior.“S enti que ofereceria um novo desafio.” Nas décadas de 1 9 5 0 e 1 9 6 0 ,antes mesmo do surgimento do rock, o já baterista Clovis tocava em um grupo de baile – formação comum na época – chamado F lamingo. O som do grupo fez sucesso e
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chegou até a gravar pela norte-americana Audio F idelity . “A própria Elis R egina se apresentou com o F lamingo por um tempo”, conta I bañ ez. D epois disso, as portas se abriram e a carreira musical do baterista deslanchou. DA MÚ SICA PARA A FÁ BRICA Q uando começou a tocar profissionalmente, na década de 1 9 6 0 , o mercado de
baterias nacional tinha como destaque marcas como a G ope e as famosas P ingü ins, com dois tons de igual tamanho. As importadas eram raras e bem mais caras.“Mas já se viam R ogers, S lingerlands, L udw igs e T rixons, com um revolucionário bumbo oval,e as G retsch,claro”,aponta I bañ ez. No caso das baquetas, não havia, naquela época, marcas notórias nacionais ou importadas.Eram vendidas ou produzidas pelos fabricantes de baterias, com qualidade bem inferior às de hoje.“Usei muitas baquetas G retsch modelos Mel L ew is ou D on L amond,de nogueira.Nessa época eu nem sonhava em produzir baquetas”, lembra o mú sico,que tornou-se dono de seu próprio negócio de baquetas somente 2 5 anos depois, em 1 9 8 5 . Com dificuldade de encontrar baquetas para efeitos e solos que fossem leves, I bañ ez teve a idéia de criar um modelo pequeno e rápido para uso próprio, que servisse para bateristas e percussionistas. “Um artesão torneou à mão alguns pares, obedecendo minhas especificaçõ es, até chegarmos ao modelo definitivo. D epois, usinou o feltro para a bitola desejada.Assim, nasceu a baqueta T y mpani, com dimensõ es semelhantes às que temos hoje ( 3 6 5 x 1 3 ,8 mm) , que conta com quatro modelos”, explica. I
2 1 ANOS DEPOIS. . . A C.Ibañ ez é hoj e uma marca reconhecida nacional e internacionalmente. “ Esse pioneirismo está consumado e nã o há como ser revertido” , destaca o empresá rio, um grande apaixonado pela mú sica e pelo que faz. “ Uso qualquer oportunidade para estudar ou lanç ar novas idé ias. Meu prazer é estar perto da produç ã o, fico na fá brica das 7h30 à s 18h e gosto disso. O controle de qualidade me entusiasma mais do que mesas de escritó rio” , diz Ibañ ez, que acredita no potencial do setor. “ As baquetas nacionais possuem total domí nio do mercado brasileiro, em torno de 90% . O Brasil é , provavelmente, o ú nico caso de paí s auto-suficiente neste produto” , comenta. Por outro lado, a concorrê ncia acirrada provoca uma disputa por mercado balizada apenas pelo preç o. “ Sã o mais de dez fá bricas e pequenos artesanatos. Enquanto as marcas americanas reputam bem seus produtos com qualidade e preç os equivalentes, no Brasil a concorrê ncia é feita pelo preç o. O resultado é que, aos poucos, os pequenos fabricantes, que nã o tê m custos operacionais, acabam ficando pelo caminho, ví timas de sua pró pria polí tica: preç os baixos, muita rentabilidade e muita concorrê ncia” , finaliza.
NOVEMBRO|DEZEMBRO 2006