ROTEIRO DA OASE 2021
REFUGIADOS DA VENEZUELA SOLIDARIEDADE SEM FRONTEIRAS Humildemente queremos fazer uma comparação com a passagem bíblica de Lucas 10.25-37, que relata a parábola do bom samaritano, contando nossa viagem para o Seminário da OASE Nacional em 2019. Tivemos uma experiência que ficaria para sempre marcada em nossas vidas. Nós nos encontramos no aeroporto em 23 de junho de 2019. Somos da diretoria da OASE Sinodal do Sínodo Brasil Central. Nosso voo estava programado para que chegássemos ao nosso destino no máximo até às 21 horas, para participarmos do Seminário Nacional da OASE em São Leopoldo/RS. Saímos de nossas respectivas cidades: Terezinha, de Formosa/GO; Claudete, de Cristalina/GO e Gladis, de Porto Nacional/TO. Depois do check-in e de despacharmos as malas, na sala de embarque tivemos a oportunidade de sentar na frente de uma mulher com três crianças pequenas, um menino e duas meninas, com idades entre cinco e dez anos. Essas crianças (como todas as crianças) não paravam quietas. Corriam por todos os lugares, entre as mesas e poltronas, numa alegria que só elas conseguem ter em qualquer situação. Eu, Gladis, achei que fossem indígenas, por causa das características físicas e porque as crianças indígenas têm muita liberdade, sendo que pais e mães não as reprimem para ficarem quietas ou sentadas. A Terezinha, por sua vez, começou a chamar a atenção da menina menor; a Claudete observava todo o movimento. Elas observaram que a água que bebiam estava numa garrafa pet e que a enchiam em um bebedouro. Tinham, em uma poltrona, uns quatro sacos de lixo com coisas, que observamos eram pouquíssimas roupas e uma coberta fina. Pensamos, cada uma em silêncio, que eram pessoas com poucas condições financeiras. Mal sabíamos que era tudo o que possuíam. Na verdade, eram refugiados venezuelanos. Em seu país, viveram situação de rua, sofrendo todo tipo de necessidade; depois tinham atravessado a fronteira por intermédio de coiotes (pessoas que recebem para serem guias ilegais) e ainda passaram três meses em um abrigo em Boa Vista/RO. Aquela mãe que parecia desatenta, que deixava os filhos soltos, estava simplesmente exaurida de tanto cansaço por estar há três dias acordada, passando de um aeroporto a outro. O marido dela já estava no Brasil trabalhando há um ano e meio. Seus colegas de trabalho, percebendo toda a angústia que ele demonstrava por não poder estar com a família, ajudaram-no com dinheiro e junto à Polícia Federal para que a família pudesse entrar no país. Depois de tanta espera, aquele seria o dia em que eles iriam se reencontrar! 122
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