Fábulas de Esopo
Fábula XCI O Soldado e a Corneta Um velho Soldado, aposentado e cansado da guerra, decidiu queimar todas as armas que tinha; tinha no meio delas uma Corneta, que lhe suplicou que não a queimasse, dizendo que ela não era arma nem instrumento de matar ou ferir, pelo que não merecia castigo. — Tu a mereces o maior — respondeu o Soldado — e a ti hei de queimar primeiro; porque não prestando tu para lutar, atiçavas os outros a que se matassem na guerra. E logo a queimou com as armas.
Moral da história Na figura da Corneta mostra-se o castigo que merecem alguns cobardes, que urdem brigas com a língua e tomam o ofício do Diabo, tecendo intrigas e incitando ao mal, gente perniciosa na República, e cujos delitos que por sua causa se fizerem deverão ser castigados a dobrar.
Carlos Pinheiro
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