Tratamento cirúrgico da Doença de Parkinson - a nova velha alternativa O tratamento cirúrgico para os distúrbios motores da Doença de Parkinson antecede aos medicamentos existentes, porém era baseado em abordagens mais agressivas ao Sistema Nervoso Central e/ou ao Periférico. Hoje em dia, além das variadas terapias medicamentosas existentes, as cirurgias se tornaram muito mais precisas e menos invasivas, sendo na quase totalidade realizadas por meio de estereotaxia (técnica que se emprega uma trepanação pequena no crânio seguida da introdução de uma agulha até o alvo nos núcleos da base do cérebro - tudo previamente calculado!). Com o advento da levodopa, o tratamento cirúrgico passou a ser reservado como adjuvante ao tratamento medicamentoso no intuito de controlar os distúrbios motores gerados pelo seu uso crônico. A escolha do alvo terapêutico na cirurgia Em primeiro lugar, é importante ter em mente que a escolha do alvo deve ser feita de forma individual, para cada
paciente conforme os sintomas predominantes. No entanto, os alvos com maiores evidências de resultados são o Globo Pálido Interno (GPI) e o Núcleo Subtalâmico (NST). O grande benefício do GPI ocorre em pacientes que predominam as discinesias (movimentos mais amplos e estereotipados dos membros decorrentes do uso crônico e em altas doses da levodopa) e já possuem algum grau de déficit cognitivo, pois utilizar o NST poderia piorar a fluência verbal. Métodos ablativos ou neuromodulação: qual escolher? Os procedimentos ablativos têm como característica o baixo preço, simplicidade e maior acessibilidade, principalmente em países em desenvolvimento, onde o recurso financeiro no sistema público de saúde pode ser escasso. Os resultados equivalem ao método de estimulação cerebral profunda, porém tem como desvantagem
a impossibilidade de reverter possíveis déficits causados pela lesão além da dificuldade de se realizar uma lesão bilateral. A neuromodulação tem como ponto positivo a possibilidade regular a intensidade e a extensão da área alvo e pode ser implantado bilateralmente sem maiores dificuldades. Assim como todo sistema eletrônico, o gerador do DBS (Deep Brain Stimulator - Estimulador cerebral profundo) possui uma vida útil como qualquer marcapasso, necessitando submeter o paciente a uma nova cirurgia a cada troca, além do custo ser maior. Esses procedimentos normalmente são realizados sob sedação consciente, ou seja: com o paciente acordado! Vale ressaltar que, ao se decidir implantar um sistema de DBS, o paciente tem que ter a consciência que deverá estar sob acompanhamento médico permanente.
DR. FÁBIO VIEGAS CRM/PR 25867 | CRM/SC 24521 | RQE 19049 Neurocirurgia | Cirurgia de Nervos Periféricos
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Revista Saúde | Novembro . 2020 | rsaude.com.br
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