Cuidando da saúde mental das crianças “Você já deve ter ouvido algumas vezes a seguinte frase “no meu tempo as coisas eram diferentes”. Realmente eram e é assim que têm que ser. As coisas mudam, as gerações ganham novas características, a ciência evolui. Nas últimas décadas, a tecnologia invadiu as nossas vidas e isso tudo nos trouxe uma maneira mais ágil, ou mais imediatista para resolver problemas e conquistar o que queremos de forma decisiva. “
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Quem está na faixa dos 40 anos ainda se lembra de quando éramos crianças e ganhávamos brinquedos em três datas do ano: no aniversário, no dia das crianças e no Natal. E hoje? Quantas vezes por ano você compra brinquedos para os seus filhos? Quanto tempo a criança de hoje precisa esperar para ganhar o presente que quer? Estas perguntas precisam ser respondidas por nós pais, porque ao tentar agradar nossos filhos, dando a eles o que não tivemos, estamos por outro lado “pulando etapas”, gerando ansiedade e impedindo que eles ganhem as noções de resiliência, de esforço e de mérito. Isto pode trazer insegurança e tristeza. Vários pedagogos, filósofos, médicos e estudiosos do desenvolvimento e comportamento infantil como Jane Nelson, Içami Tiba, Mario Sérgio Cortela, Gustavo Teixeira entre outros, há anos vêm falando sobre como pais e professores podem e devem ajudar na manutenção da saúde mental das crianças. Um ponto abordado por eles é a ansiedade que domina o comportamento infantil atual. As razões do surgimento da ansiedade, que tem atingido uma parte das crianças e adolescentes, vão desde famílias que trabalham bastan-
Revista Saúde | Fevereiro . 2021 | rsaude.com.br
te, mantendo-se afastados dos filhos e buscando compensar isto dando-lhes “coisas” ao invés de tempo; até a forma com que os adultos têm de sanar suas próprias frustrações na vida dos filhos. Esta projeção tem causado danos à saúde mental das crianças porque quanto mais “coisas” elas ganham, menos conseguem lidar com a frustração causada quando recebem um “não” como resposta. No universo escolar, percebemos que já há alguns anos, nestes tempos modernos, temos crianças entendidas como líderes nas nossas salas de aula, mas os líderes que temos visto possuem um caráter autoritário, determinador e isso não é a liderança desejada. São traços de autoritarismo que as crianças têm reproduzido quando decidem o que fazer nas brincadeiras, decidem quem pode e quem não pode brincar, impõem as consequências dos comportamentos indesejados, mas não sabem administrar a situação e o próprio comportamento quando o mesmo acontece com elas. A escola tem trabalhado o inverso. Temos buscado construir um líder em cada um, para que juntos com a força da liderança alcancemos decisões democráticas, a preservação do bem comum,