ENTREVISTA
VINOMATOS
TEXTO HUGO NEVES FOTO WORKMOVE
Entrevista a Georges Mandrafina Fomos conhecer a história de vida do fundador da empresa e criador da Révolution. Georges Mandrafina conta os primeiros passos dados em França e lembra o dia em que decidiu produzir máquinas, em vez de comprá-las. A primeira vitória, ‘Oliva’, a mudança para Portugal e a evolução da Vinomatos são outros episódios que ficam para sempre. abolsamia
Como nasceu a Vinomatos? Georges Mandrafina
Aqui em Portugal, a Vinomatos nasceu em 1997. Em França, eu já tinha iniciado a minha carreira 19 anos antes, na zona de Bordéus. Essa região, há 40 anos, tinha uma previsão de renovação da vinha feita a 10 anos. Na altura, eu tinha uma pequena quinta com 4 hectares de vinha e estava à procura de uma oportunidade para crescer. Havia muito hectare de vinha para plantar e em junho de 1981 comprei uma máquina para começar a fazer a plantação. Só havia plantação manual mas encontrei um cliente que aceitou utilizá-la e comprouma... mas a máquina não funcionou. Trouxe-a para o meu armazém, tirei-lhe os componentes que não funcionavam e sabe o que restava? Quase nada. Tentei arranjá-la eu próprio e acabei por montar uma máquina que já permitia colocar a planta e o tutor. Era o primeiro passo
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para uma máquina totalmente mecanizada mas sem GPS, laser, nada. Passei o primeiro ano a dizer aos clientes que no ano seguinte ia criar uma mais avançada.
No fundo, havia muito a melhorar... Tudo! Nem era melhorar, era criar, porque tudo o resto não funcionava. Foi então que contactei uma empresa de lasers para fazermos uma linha de plantação direita. Acabei por ser eu a encontrar a solução, soldando a peça à estrutura interna da máquina. Durante 12 anos não tive concorrência. Mas eu queria ir mais longe e trabalhava para ter o sistema de GPS incorporado, embora fosse difícil encontrar uma empresa que quisesse avançar. Ao fim de dois anos a trabalhar em parceria com uma empresa de Nantes e quase 400 mil euros de investimento feito, não havia grande evolução e terminámos a ligação.
outubro/novembro 2021
Foi então que deu início à construção da máquina Oliva? Sim. Desde a primeira tentativa e contando os vários reinícios, foram 5 anos de trabalho até ter uma máquina capaz de fazer uma linha de plantação direita, com GPS e a posição da planta com uma margem de erro de 1 cm, em zona plana ou inclinada.
A Oliva foi, então, a primeira grande vitória para si. Claro, não havia nada igual. Há 30 anos ninguém sabia o que era o GPS, muito menos na agricultura.
Foi a melhor forma de mostrar a quem não acreditava em si que era possível fazer uma máquina de plantação desse nível... Totalmente. Vendi, então, uma máquina Oliva no sul de Espanha e houve empresas que aplicavam o sistema GPS para fazer as linhas de plantação, que tiveram que vir ao terreno ver a Oliva a trabalhar, para acreditarem.
Já pensava em novos desenvolvimentos? Sim. No início dos anos 90 já tinha na minha cabeça a ideia de fazer a Révolution.
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