Sabores de Condeixa: semana dedicada ao cabrito assado começa dia 29 de Abril
Apartir de 29 de Abril e até 7 de Maio, os restaurantes do concelho de Condeixa vão ter como prato principal o cabrito assado à moda de Condeixa. Esta é a 10.ª edição da iniciativa “ “Sabores de Condeixa – Semana do Cabrito”, promovida pela Câmara Municipal de Condeixa em colaboração com os restaurantes aderentes.
Doze restaurantes vão oferecer uma ementa completa por 17,50 euros, composta por entradas, prato principal, bebida, café e escarpiada, um doce característico da gastronomia de Condeixa que é feito com massa de pão, açúcar amarelo,
canela e azeite, sendo considerado um dos destaques da região.
O cabrito à moda de Condeixa é um prato tradicional assado em forno de lenha e servido com batatas, grelos e arroz de miúdos, sendo um dos segredos da sua confecção a utilização da erva de Santa-Maria, típica da serra de Sicó.
Após a degustação, os clientes podem votar no seu restaurante favorito, que recebe o prémio “Cabrito de Ouro”, ficando em exposição no estabelecimento vencedor até à próxima edição. A iniciativa tem como objectivo promover a gastronomia local e dar
destaque aos restaurantes que servem este prato típico durante todo o ano.
A apresentação do Festival decorreu hoje no Restaurante O Filipe, vencedor do prémio “Cabrito de Ouro” da edição passada.
Os restaurantes aderentes são: Amadeu (IC2, Condeixa), Churrasqueira O Veloso (Condeixa), Conversa Fidalga (Condeixa), Lambarices (Ega), Luz & Vida (Condeixa), Manjares d’Avó (Sangardão), O Filipe (Sebal), O Pote (Condeixa), O Taínha (Zona Industrial), Pariz (Campizes), Tinella (IC2, Condeixa) e Gavius Restaurante & Bar (Condeixa).
Continuarão os jornais impressos a fazer sentido?
LINO VINHAL
Nas edições de aniversário o “Campeão das Províncias” elege tradicionalmente um assunto para tema central dessa mesma edição. Convida algumas pessoas que considera poderem acrescentar saber e perspectiva ao tema em análise e dessa ponderada reflexão recolhe precioso contributo que traga mais valia à discussão que os tempos próximos vão trazer: continuam a fazer sentido os jornais impressos ou o futuro da informação passará fatalmente por novas plataformas, sobretudo aquelas a que meio mundo agora recorre e que têm por si a “vantagem” de dispensarem os rigores, a ética, a verdade de que a informação pela via
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OURIVESARIA Costa
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HOSPITAL DOS COVÕES FAZ HOJE 50 ANOS MAS SEM PARABÉNS
A Saúde em Coimbra tinha hoje um motivo para comemorar, mas quando se torna incómodo recordar, porque o presente abafa o passado, deixa-se passar em branco um aniversário. Há meio século, em 1973 e no dia 27 de Abril, o Hospital Geral dos
Covões abriu a porta aos doentes, constituindo o Centro Hospitalar de Coimbra em conjunto com o Hospital Pediátrico e a Maternidade Bissaya Barreto. Tudo acabou absorvido pelo CHUC, até a memória.
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Entrevistas a Rui Amado e Mário Velindro
Desafios futuros na Agrária e na Engenharia de Coimbra
A Escola Superior Agrária de Coimbra completa 136 anos e o Instituto Superior de Engenharia de Coimbra 102 anos, com a Rádio Regional do Centro e o Campeão das Províncias a Entrevistarem os respectivos
Felicita todos os Amigos que com Trabalho e Carinho preparam semanalmente o Campeão das Províncias
Telef.: 239 822 950
Rua Ferreira Borges Coimbrapresidentes, Rui Amado e Mário Velindro. Ambas as Escolas do Politécnico revelam que estão atentas para responderem ao que os jovens precisam para enfrentar o futuro.
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União de Freguesias de Figueiró dos Vinhos e Bairradas felicita o “Campeão das Províncias” pelo seu 23.º aniversário
Rua Cons. Furtado dos Santos, n.º 65 3250-182 Alvaiázere Telef. 236 650 130
E-mail: odraude@odraude.pt
Felicita o Campeão das Províncias pelo seu 23.º aniversário
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ANIVERSÁRIO CAMPEÃO 23 ANOS ACTUALIDADE 2
27 DE ABRIL DE 2023
RODRIGUES CORAGEM E ÉTICA DO JORNALISMO EM TEMPOS DE GUERRA
CARLA
Foi aqui, em Coimbra, que há vinte e tal anos deu os primeiros passos no Jornalismo, na então também jovem Rádio Regional do Centro. Concluído o curso, fez-se a Lisboa em busca do mundo da informação televisiva que ambicionava. Recentemente, esteve na Ucrânia (pela TVI e CNN), onde cobriu o conflito entre as forças ucranianas e as forças russas. Em Entrevista à Rádio Regional do Centro e ao Campeão das Províncias, Carla Rodrigues partilhou a sua experiência, descrevendo os desafios enfrentados como repórter de guerra, desde as condições extremas de trabalho até aos perigos inerentes à cobertura de zonas de conflito.
Campeão das Províncias [CP]: A profissão, ao longo destes 24 anos, tem correspondido às suas expectativas?
Carla Rodrigues [CR]: A informação é uma descoberta diária. Isto não é uma frase feita. A informação exige de nós muita vontade, muita predisposição para ela e vontade de descobrir. A informação acompanha o nosso percurso ao longo da vida. Se estivermos abertos à experiência, apesar de as coisas não serem assim tão taxativas, o mundo vem ao nosso encontro. Não me imagino a fazer outra coisa. Amo muito o que faço.
[CP]: O sector da informação atravessa um período particularmente difícil. Ainda é uma profissão em que vale a pena investir?
[CR]: Essa é uma decisão individual. É verdade que o jornalismo é um mundo extremamente complicado. Os órgãos de comunicação social estão a atravessar uma tremenda crise no país. O trabalho é muito precário, com salários extremamente baixos. No entanto, se a pessoa realmente gosta do que faz, acredito que consiga superar essas
dificuldades. Será fácil? Não. Não vão começar logo como apresentadores ou a cobrir grandes eventos. Vão começar a fazer um pouco de tudo, o que é bom pois dá-lhes polivalência, mas terão que percorrer um caminho difícil. A grande maioria das redacções paga pouco mais do que o salário mínimo nacional. Portanto, é uma luta difícil e demorada, e não é exactamente atraente para quem sai da universidade e começa a trabalhar com perspectivas de futuro não tão animadoras. No entanto, isso não significa que seja assim para o resto da vida.
[CP]: É fácil conciliar a profissão com a vida pessoal?
[CR]: Não é fácil na medida em que não há horários. É preciso ter disponibilidade e um certo espírito de missão. Podemos ser chamados a qualquer momento. Há mais dias complicados do que fáceis, mas são os dias mais difíceis que me dão mais satisfação. Não é uma profissão para quem deseje ter uma vida regrada ou mais organizada.
[CP]: Esteve recentemente a cobrir a guerra na Ucrânia. Voltou a mesma pessoa?
[CR]: Acho que voltei mais enriquecida e madura.
É uma realidade que marca muito, apesar de termos momentos difíceis durante o trabalho, ao final do dia, voltamos para casa e estamos aqui, confortáveis. Em cenários de guerra, vivemos todas essas emoções e trazemos, sobretudo, essa vivência, mesmo que não estejamos lá 24 horas por dia, 12 meses por ano. Voltei com uma visão mais ampla do mundo, com um enriquecimento profissional e também com uma maior tolerância em relação às coisas. Não me aborreço com tanta facilidade agora.
[CP]: Como é que foi estar num cenário de guerra?
[CR]: Não foi a primeira vez que estive num cenário destes. Quando vamos para este tipo de trabalho, precisamos de mudar o modo de pensar. Vou preparada para o que vou ouvir, para o que vou ver, é uma forma de defesa. Temos que estar extremamente focados e atentos ao que nos rodeia. Há sempre o som das explosões e da artilharia do fogo cruzado. Às vezes mais perto, outras vezes mais distante, mas habituamo-nos. As pessoas que vivem lá também se habituaram, mas isso não significa que gostem.
[CP]: Quando se está num palco destes conse-
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QUINTA-FEIRA, 27 DE ABRIL 2023
DISTRIBUIÇÃO DOS MÉDICOS EM PORTUGAL: 1) Coimbra, Porto e Lisboa concentram 61% de todos os médicos em exercício em Portugal; 2) Braga, Santarém e Leiria são os distritos com menor quantidade de médicos por cada mil habitantes; 3) Apenas 1 em cada 3 médicos trabalha em hospitais do SNS; 4) 39% dos médicos em Portugal não têm especialidade.
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ACTUALIDADE ANIVERSÁRIO CAMPEÃO 23 ANOS
“Gosto de trabalhar nestes ambientes. São extremamente difíceis, mas é lá que me supero”, afirma Carla Rodrigues
gue-se manter a isenção?
[CR]: Nós somos educados com certos parâmetros, temos os nossos valores, temos as nossas regras, portanto, carregamos isso connosco, somos seres humanos. Antes de sermos jornalistas, somos seres humanos. Não sei se fui parcial ou não. A verdade é que sou influenciada, por tudo o que carrego dentro de mim. O que faço é relatar, observar e explicar factualmente o que estou a ver, citando sempre, e então cada um pode tirar as suas conclusões. Ser 100% im-
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parcial é impossível.
[CP]: Quando e como é que a guerra na Ucrânia vai terminar?
[CR]: Não faço ideia nenhuma. Parece-me que vai durar. E vai durar até que a Rússia assim o entenda. A Rússia tem um dos maiores exércitos do mundo apesar de, enfim, não estar a ter ganhos significativos na Ucrânia. A sua aviação é das mais poderosas a nível mundial. A Ucrânia tem essa consciência. A aviação é capaz de passar por uma zona e destruir tudo, e a Ucrânia não tem essa essa
capacidade. Eu penso que conflito ir-se-á manter até a Rússia entender que deve estar ou sentir que pode estar. Não vejo o Vladimir Putin a desistir.
[CP]: A diplomacia poderá funcionar?
[CR]: Isto é política e em
todas as guerras, foi a política que prevaleceu. Existem dois tempos muito distintos. O momento actual é o tempo de vida e morte nas trincheiras, um tempo imediato, minuto a minuto ou segundo a segundo, para ambos os lados, tanto na Rússia quanto na Ucrânia. E depois há o tempo da diplomacia, que é o tempo da política, e esse tempo exige o seu espaço. Trata-se de questões extremamente delicadas e sensíveis. É a política que irá determinar o fim deste conflito. Agora, o que é necessário para que isso termine? É preciso vontade.
[CP]: Se a ocasião se proporcionar, admite voltar?
dos jornais, rádio e televisão nos dispensa? O mundo está hoje dividido nesta discussão.
Há - felizmente a maior parte, se assim se poderá dizer - quem ache que os jornais e todos os meios tradicionais continuam a fazer todo o sentido e não deixarão de o ter enquanto garantes do tal rigor que a deontologia e a ética informativa não dispensam e que está a cargo dos verdadeiros jornalistas, devidamente credenciados. Outros entendem que a vida moderna não se compadece com esses rigores e exigências e o que importa é passar a mensagem. Mais ou menos truncada pouco importa. Apesar desse risco, é mais rápida, fluida, chega a todo o lado num abrir e fechar de olhos, tem a força de pôr o mundo - e todo o mundo - em movimento a favor de uma causa.
“Voltei com uma visão mais ampla do mundo”
[CR]: Claro que sim, não digo já, porque também preciso de um espaço para ganhar fôlego e também para dar alguma paz de espírito aos meus, para não estar sempre a apanhar o avião e a dizer que vou para zonas complicadas. Mas sim, estou sempre pronta para voltar para esses sítios. Gosto de trabalhar nesses ambientes. São ambientes que me desafiam muito, são extremamente difíceis. É lá que sinto que me supero.
Como Jornal tradicional que somos, está bom de ver de que lado estamos. Mas não é isso que interessa aos leitores. O que está em cima da mesa é uma questão muito séria: deve a sociedade contemporânea continuar a cultivar a informação de rigor e de verdade, eticamente suportada nos valores civilizacionais enquanto pilares da vida em comum ou poderá essa mesma sociedade sentir-se remediada e suficientemente servida, mesmo sacrificando um quanto de verdade e de rigor, outro tanto do cultivo de valores que o mundo que nos trouxe até aqui considera estruturantes e por isso mesmo indispensáveis?
É tempo de trazer esta discussão à mesa das nossas preocupações cívicas e culturais. O “Campeão” dá aqui um modesto contributo enquanto Jornal mas fá-lo com quem tem pensamento próprio, estruturado, ousado e destemido. Foi e será sempre com gente deste calibre que o mundo lança as amarras do seu próprio futuro. Lino Vinhal
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ANIVERSÁRIO CAMPEÃO 23 ANOS FACTOS 6 27 DE ABRIL DE 2023
MERCADO D. PEDRO V EM COIMBRA COM 15 NOVOS LOCAIS DE VENDA
O Mercado Municipal D. Pedro V, em Coimbra, tem agora 15 locais de venda concessionados pela Câmara Municipal de Coimbra. Dos 63 espaços que estavam em licitação na hasta pública foram concessionados 15 (13 lojas e duas bancas). Os locais de venda que ficaram por atribuir serão alvo de “novo procedimento em data e hora a divulgar oportunamente, no último trimestre do ano”, referiu a autarquia. No procedimento, ficaram ocupadas 13 das 20 lojas que estavam em hasta pública destinadas a comércio de vestuário, talho, mercearia ou garrafeira, venda de flores e plantas e produtos gourmet. Foram também concessionadas duas bancas destinadas a produtos hortícolas. “Foi dado mais um passo firme e seguro no caminho árduo, mas desafiante, de revitalização deste espaço de excelência da nossa cidade”, salienta o vereador Miguel Fonseca, com o pelouro dos mercados municipais. Ao todo, já foram concessionados 47 espaços de venda.
LUDOTECA DA APCC VAI REABRIR E JÁ ESTÁ A RECEBER INSCRIÇÕES
A Ludoteca “O Dragão Brincalhão”, da Associação de Paralisia Cerebral de Coimbra (APCC), reabre ao fim de três anos e já está a receber inscrições para grupos de crianças de jardins-de-infância e escolas do 1.º ciclo do ensino básico. A nova dinâmica daquele espaço – que existe para promover a igualdade de oportunidades e o direito a brincar – chama-se “Bruxedos, Feitiçarias e outras Tropelias” e propõe-se levar os mais
novos numa viagem ao mundo imaginário das bruxas e dos feiticeiros. As inscrições, exclusivamente para jardins-de-infância e escolas do 1.º ciclo, podem ser feitas através do formulário disponibilizado em https:// bit.ly/LudotecaAPCC2023. As sessões têm uma duração máxima de duas horas e decorrem às terças e quintas-feiras, a partir das 9h30 ou das 14h30, podendo o horário ser acertado com a equipa da Ludoteca após a inscrição. A Ludoteca “O Dragão Brincalhão” está aberta a crianças com e sem deficiência, da APCC ou da comunidade em geral, e já ali foram abordados temas como o espaço, o fundo do mar ou o Pólo Norte.
BIBLIOTECA MUNICIPAL DE COIMBRA RECOLHEU 650 LIVROS PARA TIMOR-LESTE
A Câmara Municipal de Coimbra (CMC) angariou um total de cerca de 650 livros através de uma campanha solidária de recolha de livros para Timor-Leste do projecto Sri Chinmoy Oneness-Home Peace Run. A campanha, que decorreu até meados de Abril, na Biblioteca Municipal, levou a população a doar livros, em bom
FACTO DA SEMANA
LUGRADE: INCÊNDIO MOSTROU A COIMBRA QUE ESTÁ ALI UMA GRANDE EMPRESA DE GENTE DE BEM
A Lugrade nasceu para ser grande. Grande em tudo, a começar pela dimensão humana de quem a concebeu e fundou. Grande no acerto da escolha da sua actividade, dedicando-se a um sector de mercado que poucos sabiam e sabem trabalhar. Grande na forma como se posicionou no mundo do trabalho, conciliando na perfeição a sua actividade com um relacionamento com o mundo exterior assente na amizade, na consideração, no envolvimento na vida colectiva e assim criando um mundo afectivo que cedo lhe granjeou estima e consideração colectivas. Grande no êxito que vem conseguindo de ano para ano. Na forma como vem crescendo em pessoas e espaços. Discreta e serenamente, a Lugrade vem-se afirmando como uma das grandes empresas da região e do país no sector do tratamento e venda do bacalhau. Pela mão de uma estrutura familiar assente na esposa (Odete Lucas) e nos dois filhos (Joselito Lucas e Vítor Lucas), o saudoso Alfredo Lucas fez daquela unidade a sua grande razão de vida, superiormente continuada pela família. Tão superiormente que há três ou quatro anos apanhou Coimbra de surpresa quando, com invulgar perspicácia, comprou as antigas e imensas instalações da Triunfo na Pedrulha, com o objectivo dali partir para recuperar uma zona que já foi um dos orgulhos da Coimbra empresarial. Grande a Lugrade, até no incêndio que haveria de destruir na semana passada as suas enormes e novas instalações de Torres de Vilela, caídas pela força das chamas que, surgidas num princípio de noite, haveriam de se reacender e propagar covarde e silenciosamente durante a noite e madrugada, para horas depois desmoronarem por completo toda a estrutura. Se grande em tudo, até na desgraça, a Lugrade soube ser enorme quando a sua primeira reac-
estado de conservação, entre elas muitos clássicos, livros infantis e educativos, enciclopédias, entre outras, que vão ser agora enviados para Díli, cidade geminada com Coimbra. Esta iniciativa teve como objectivo colmatar a escassez de livros em língua portuguesa existentes nas bibliotecas timorenses, bem como criar bibliotecas para promover a aprendizagem e o desenvolvimento da língua portuguesa e incutir o gosto pela leitura. Os livros foram entregues pela Chefe de Divisão de Bibliotecas e Arquivos Históricos da CMC, Dina Sousa – acompanhada pela equipa da Biblioteca Municipal, e pela Chefe do Gabinete de Relações Institucionais e Internacionais da autarquia, Joana Gouveia Loureiro, a Florbela Caniceiro, coordenadora nacional do projeto solidário Sri Chinmoy Oneness-Home Peace Run, que tratará agora do seu envio para Timor-Leste.
ESCOLA DE HOTELARIA DE COIMBRA
COM CANDIDATURAS ABERTAS PARA
NOVO ANO LECTIVO
A Escola de Hotelaria e Turismo de Coimbra (EHTC) tem a decorrer o período de candidaturas correspondentes aos cursos para o ano lectivo 2023/2024, sendo que
ção não foi de desânimo mas de coragem e dimensão humana: “daqui ninguém sai, nem um só trabalhador vai ficar sem emprego, ninguém vai ficar sem trabalho, e trabalho haverá para quem mais vier”. Dizer isto quando a estrutura física e recente da empresa dos nossos sonhos acaba de ruir, quando os cacos caídos ainda fumegam, dizer isto naqueles tão sofridos momentos, é de homens, é de líderes, é de uma dimensão ética, humana e empreendedora a que só chegam os eleitos em mérito e trabalho. Mais ainda quando estes eleitos são os mesmos que, no recato da sua forma de estar na vida, e na discrição que a sua formação lhes recomenda, fazem chegar à Casa dos Pobres de Coimbra e outras instituições aquela espécie de peixe que custa bom dinheiro e que só acede à mesa dos pobres e carenciados se e quando levada na cesta da generosidade. E com tal discrição o fazem que foi preciso um incêndio de grandes dimensões para que todo o mundo se tenha dado conta que as chamas tudo consomem menos a superioridade moral de algumas pessoas.
até 19 de Junho é para os cursos de nível 4 e On-The-Job e até 14 de Julho para os cursos de nível 5. Os cursos leccionados no ano lectivo 2023/2024 serão: Cursos de Especialização Tecnológica | Nível 5 (Acesso com 12.º Ano ou Ensino Superior, 12 meses de duração, com três meses em estágio) Turismo Cultural e do Património | Turismo de Natureza e Aventura | Gestão Hoteleira Alojamento | Gestão de Restauração e Bebidas | Gestão e Produção de Cozinha; Cursos de Formação Inicial | Nível 4 (Dupla Certificação, diploma 12.º Ano + Certificado de Curso Profissional) Técnico/a de Alojamento Hoteleiro (nova oferta) | Técnico/a de Restaurante/Bar | Técnico/a de Cozinha/Pastelaria (candidatos com idade até 25 anos e escolaridade igual ou superior ao 9.º ano) Técnicas de Cozinha/ Pastelaria On-The-Job | Técnicas de Serviço de Restauração e Bebidas On-The-Job (candidatos com escolaridade igual ou superior ao 11.º ano, um ano lectivo, regime de alternância entre a escola e as empresas, três meses de estágio). As candidaturas às Escolas do Turismo de Portugal, através de um processo exclusivamente online e gratuito, deverão ser efectuadas através do website das Escolas do Turismo de Portugal.
AGRÁRIA DE COIMBRA NA VANGUARDA DO ENSINO SUPERIOR POLITÉCNICO
Rui Amaro é o actual presidente da Escola
Superior Agrária de Coimbra (ESAC). Com uma carreira sólida na instituição, tem desempenhado ao longo dos anos diversas funções de liderança na ESAC, contribuindo para o seu desenvolvimento.
Campeão das Províncias [CP]: A Escola Superior Agrária de Coimbra está de parabéns. Celebra 136 anos de existência.
Rui Amaro [RA]: Comemorámos os 136 anos no dia 22 de abril, no sábado passado. Foi nessa data que, em 1887, foi publicada a expropriação da Quinta do Bispo, onde hoje está localizada a ESAC, para ser entregue à então Escola Prática Central de Agricultura, que assim se deslocou de Sintra para Coimbra. Na época, na área onde actualmente está situada a ESAC já existiam instalações pertencentes à Coudelaria Central do Norte, o que poderá ter sido decisivo para a instalação da Escola pois, essa localização estratégica e a infra-estrutura disponível terão facilitado e sido determinantes para a transferência da Escola Prática Central de Agricultura para Coimbra, designação que, mais tarde, viria a mudar para Escola Nacional de Agricultura, Escola de Regentes Agrícolas de Coimbra e, finalmente, Escola Superior Agrária de Coimbra.
[CP]: A Quinta onde está instalada a ESAC continua a ser suficiente?
[RA]: É uma área bastante extensa para a região (140ha) e, portanto, uma grande responsabilidade na sua gestão que assume características particulares: estas terras são utilizadas como o nosso laboratório vivo, onde se praticam, de facto, diversas actividades relacionadas com a agricultura, a pecuária e a floresta, mas não só. O nosso lema “Estudar n(a) Natureza” tem também a ver com o facto de os estudantes de outras formações, como sejam os cursos de ambiente, biotecnologia, tecnologia ali-
mentar, turismo em espaços rurais naturais, por exemplo, poderem utilizar todo o espaço, tirando partido de condições únicas para a sua aprendizagem, onde o “saber fazendo” em condições reais pode ser uma realidade.
[CP]: Faz sentido existirem tantas escolas agrárias no país? Há trabalho suficiente para esses alunos?
[RA]: Diria que, actualmente, poderá ser considerado excessivo o número de escolas que no país leccionam cursos na área da agricultura pois, às diversas escolas agrárias existentes, teremos de juntar a formação que ocorre nas universidades. A oferta existente está um pouco desfasada das opções dos jovens que terminam o ensino secundário e que, provavelmente, continuam a associar a agricultura, no sentido lato do termo, ao trabalho manual e à ausência de tecnologia. Esta é uma visão que, cada vez mais, tem pouca adesão à realidade, na medida em que a evolução tecnológica tem ditado uma evolução notável na forma de fazer agricultura. Por exemplo, na área florestal em que se reconhece a importância para o país de dispor de técnicos qualificados, face à procura decrescente durante vários anos, apenas três instituições, entre as quais a Agrária de Coimbra, continuam a leccionar cursos de licenciatura. Paradigmático desta disfuncionalidade é o facto de, quase todas as semanas, termos solicitações de empresas e entidades para lugares disponíveis na área florestal e que não conseguimos satisfazer.
Importa, contudo, dizer que, mercê destas dificuldades de atractividade, tal como nós, de uma forma geral todas as escolas agrárias fizeram um caminho de diversificação e, actualmente,
não leccionam apenas cursos nas áreas da agricultura e alimentar.
[CP]: Que argumentos pode apresentar para que um aluno que termine o 12.º ano ingresse na Escola Agrária de Coimbra?
[RA]: Existem muitos e bons motivos para ingressar na Agrária de Coimbra.
Para além da ampla diversidade de cursos, a reconhecida qualidade dos técnicos que formamos é um aliciante importante que deve ser considerado pelos candidatos que queiram ingressar no ensino superior em Coimbra. Acresce que, mercê da capacidade da Escola em se envolver em
Agrária de Coimbra celebra 136 anos de história na educação e serviços à comunidade
A Escola Superior Agrária de Coimbra (ESAC), uma instituição de ensino superior com origens no século XIX, tem uma história rica na formação de técnicos agrícolas e na prestação de serviços à comunidade. Com origem na Escola Prática Central de Agricultura existente em Sintra, em 1887 foi a mesma transferida para Coimbra, para a Quinta do Bispo onde se localiza actualmente. Ao longo dos anos, a sua designação foi alterada, primeiro para Escola Nacional de Agricultura e depois, em 1931, para Escola de Regentes Agrícolas, designação que manteve até 1976 quando surge a primeira referência à Escola Superior Agrária de Coimbra (ESAC). Integrou o Instituto Politécnico de Coimbra desde a sua génese. Acompanhando a evolução das alterações legislativas das instituições de ensino superior em Portugal, a ESAC concede actualmente Licenciaturas com duração de três anos, Mestrados e Cursos Técnicos Superiores Profissionais com duração de dois anos, em várias áreas: agropecuária, florestas, biotecnologia, alimentar, ambiente, agricultura biológica, turismo em espaços rurais e, mais recentemente, enfermagem veterinária. A reconhecida qualidade das suas formações e a capacidade para integrar projectos de investigação e de prestação de serviços para apoio à comunidade consolidaram a ESAC como uma instituição de ensino superior altamente respeitada na região e no país.
Localizada na área urbana da cidade de Coimbra, em Bencanta, a ESAC tem uma área muito significativa que totaliza 140 hectares distribuídos por culturas agrícolas, pastagens, pecuária e floresta de conservação, bem como um conjunto muito diversificado de infra-estruturas de suporte. A ESAC continua assim a desempenhar um papel fundamental na formação de profissionais altamente qualificados, contribuindo para o desenvolvimento sustentável do sector agroalimentar em Portugal.
muitos projectos de investigação e em actividades de apoio à comunidade, é proporcionado aos alunos um ambiente de experiências e de inovação, próprio de uma instituição de ensino superior. Para além disso, creio que faz toda a diferença o espaço e as capacidades que o mesmo permite para uma permanente ligação à Natureza, disfrutando de um laboratório vivo, muito enriquecedor das vivências solicitadas pelas diferentes actividades lectivas. Finalmente, o facto de ser em Coimbra é, já de si, um atractivo pela vida académica que lhe associamos e que, na Agrária de Coimbra tem uma expressão difícil de explicar e que se pode exemplificar com o facto de alguns estudantes que, de início, possam equacionar uma mudança de escola, depois da vivência que a ESAC proporciona, optam claramente por ficar e fazer da Escola uma parte importante da sua vida.
[CP]: Há mais aceitação da sociedade pelo Ensino Politécnico?
[RA]: A recente aprovação na Assembleia da República para a criação das universidades politécnicas pode ser um contributo decisivo para atenuar a percepção da sociedade em geral que continua a diferenciar o ensino superior nas universidades do ensino superior dos politécnicos. Creio que, na maior parte das situações, se trata de um estigma, na medida em que a diferença poderá estar no facto de a nossa abordagem formativa ser baseada no “aprender fazendo”, o que exige capacidade tecnológica, equipamentos e infra-estruturas adequadas, preparando os alunos para o exercício de uma profissão. Esta diferenciação acarreta complexidade na gestão; pois precisamos de estar actualizados em termos de equipamentos e tecnologia disponíveis para o ensino, o que justificariam uma discriminação positiva ao nível do financiamento,
exactamente ao contrário do que sucede na realidade. Uma boa notícia é que na semana passada, a ministra da Ciência, da Tecnologia e do Ensino Superior anunciou uma linha de apoio no âmbito do PRR para reforço dos equipamentos na área das Ciências Agrárias. Portanto, estamos esperançosos em podermos usufruir desse apoio, pois é muito importante continuar a melhorar a ESAC com bons, variados e atualizados equipamentos.
[CP]: O ano lectivo está a terminar. Correu bem?
[RA]: Sim, correu bem. Eu destacaria a continuidade que temos conseguido na subida do número de alunos. Passámos por um momento mais difícil na atractividade, mas temos recuperado. Ainda que se deva ponderar muito bem entre o crescer por crescer e a qualidade das formações, é importante ter um crescimento sustentado. A maior e mais assertiva divulgação em que temos apostado é muito importante, sendo que deveremos ser abrangentes na forma como a fazemos pois, muitas vezes, existe a ideia de que se deve privilegiar apenas os territórios onde predomina o rural, em detrimento da urbanidade. No entanto, porque o espectro dos nossos cursos é muito amplo e inclusivo, todos têm lugar na Agrária de Coimbra que faz por ter os melhores meios e infra-estruturas ao serviço do ensino. Além da investigação, oferecemos ainda um grande apoio à comunidade e às empresas que têm projectos desafiadores, que desejam criar produtos diferenciados, que desejam experimentar alternativas, e nós temos essa capacidade. Temos de confiar nos jovens, nas suas opções e temos a obrigação de lhes fornecer as ferramentas para que possam escolher de forma consciente e seguir os seus sonhos. Temos trabalhado nesse sentido. Honra-nos muito o passado, mas a perspectiva do futuro é o que mais nos motiva.
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MÁRIO VELINDO, PRESIDENTE DO INSTITUTO SUPERIOR DE ENGENHARIA DE COIMBRA
ISEC PODE OMBREAR COM AS MELHORES ESCOLAS DA EUROPA
Numa altura em que o Instituto Superior de Engenharia de Coimbra (ISEC) cumpre 102 anos de existência (a 3 de Maio), decidiu o “Campeão” entrevistar António Mário Velindro, seu presidente desde 2017, destacando o facto na edição de aniversário. Ao fazê-lo tivemos bem presente a sua recente reeleição, como candidato único, para o cargo, conferindo a esta entrevista um duplo sentido: promover, por um lado, a reflexão sobre o caminho trilhado e, por outro, perceber o que há a esperar da equipa que lidera para os próximos anos. João Pinho
Campeão das Províncias [CP]: O ISEC é uma instituição centenária. O que sente neste momento? Mário Velindro [MV]:Sinto orgulho no peso da responsabilidade de uma escola que fala por ela própria. O ISEC, na história das escolas de engenharia de Portugal ocupa um lugar especial: estando na cidade de Coimbra, porta com porta com uma das universidades referência no mundo, tem desenvolvido o ensino com assinalável sucesso, nada ficando a dever às outras escolas de engenharia do país. Repare que a maior parte das vagas dos cursos ficam preenchidas no concurso geral de acesso. No entanto, quando vim para o ISEC apenas 18% escolhiam o ISEC logo na 1ª opção. Neste momento quase 50% dos alunos escolhem a instituição, o que significa que quiseram ir para o ISEC, logo à partida, tal como eu fiz há muitos anos quando escolhi esta casa: é para aqui que eu quero ir, decidi, assim que me foi dada a conhecer a escola.
[CP]: Os dados disponíveis apontam para altíssimos níveis de empregabilidade dos alunos que frequentam os cursos do ISEC. Como explica este sucesso?
[MV]: Apostamos em estágios profissionais com base
ENTREVISTA ANIVERSÁRIO CAMPEÃO 23 ANOS
na formalização de protocolos com empresas, os quais permitem estabelecer uma ligação forte entre o mundo do ensino, de base teórica, e o mundo empresarial, de base prática, levando à adaptação dos cursos ao que de mais moderno se faz. É uma ligação natural e quase impercetível entre ensino, formação e mundo empresarial. Não implica mudar o nome da disciplina, nem a carga lectiva, mas o professor tem a autonomia para alterar os conteúdos programáticos, promovendo adaptações, num processo continuo e natural, que ninguém dá conta, num sentido de responder às necessidades dos alunos.
Por outro lado, procuramos a inovação e actualiza-
ção à escala mundial. Fomos a primeira escola em Portugal a lançar um curso na área das smart-cities: gestão sustentável das cidades. O ISEC é a escola das cidades inteligentes. Já temos o mestrado das cidades sustentáveis e inteligentes e está em desenvolvimento um centro de investigação (SUSCITA) que envolve outras escolas do politécnico, mas nasceu aqui no ISEC.Telmo
[CP]: O ISEC já pode conferir doutoramentos. Como avalia esta situação?
A minha visão enquanto presidente do ISEC passa sempre por pensar que tudo aquilo que faça ou não faça pode ter impacto na vida dos alunos. Posso não falar neles, mas eles estão sempre no meu subconsciente: vejo em cada aluno um cliente.
[MV]: Sobre este assunto nunca me desloquei da visão empresarial. Eu fui formado no ambiente empresarial e industrial, onde nada se faz por acaso, tem de haver um resultado, positivo, não obstante experiências negativas que não se podem repetir muitas vezes sob pena da empresa não resistir. É preciso medir bem os passos. A questão dos doutoramentos, para mim, é bem-vinda, mas para a escola é um déja vu, uma vez que o ISEC já tinha visto, no papel, a possibilidade de conferir licenciaturas e doutoramentos em 1974.
Houve aqui um retrocesso, a escola foi prejudicada com alguma evolução do ensino superior. Se em 1974 já reconheciam nível universitário, onde a escola podia conferir o grau de bacharel, licenciado e doutor. E mais, que o primeiro grau que iam
ANIVERSÁRIO CAMPEÃO 23 ANOS DOSSIÊ 20 27 DE ABRIL DE 2023
Jornais (impressos) têm futuro?
Vivemos tempos complexos e perigosos. Em especial, aqueles que continuam a acreditar na democracia como o menos mau dos regimes devem mesmo temer pelo futuro dos seus filhos e netos.
Células do regime democrático, os partidos políticos (tradicionais) não conseguem captar as preocupações de mais e mais cidadãos que, no silêncio do voto, acabam por legitimar pelo voto populistas e extremistas, de esquerda e de direita. A democracia (ocidental) prefere os mecanismos da participação directa (v.g. orçamentos participativos, referendos, Conselhos Consultivos, consultas públicas, etc…) à representação (pelos escolhidos em eleições). A sedução da transparência e da participação - qualquer processo decisório encontra-se claramente
na net e todos podem dar contributos - encanta a Sociedade Civil mas, no fundo, apenas reforça a governança dos grandes lobbies e aprofunda o fosso entre ricos e pobres. O apelo sexy e sub-reptício à democracia ateniense como modelo alternativo à valorização do representante (político) não reforça seguramente a cidadania e impede uma globalização justa e regulada.
Também ao nível do quarto poder, assistimos a esta realidade perigosa de desvalorização da representação, rectius do papel de intermediação desempenhado pelos órgãos de comunicação (tradicional). Os media clássicos, cão de guarda da democracia, também se encontram em crise, preteridos pelo denominado jornalismo de cidadão, pelas redes sociais em que cada um pode directamente, sem qualquer intermediação (de jornalistas, códigos deontológicos ou outras regulações bem definidas), participar… com os conhecidos perigos para os direitos e liberdades, associados aos valores democráticos.
Pressuposta a necessidade imperiosa e urgente da revalorização
do papel (representativo) de intermediário dos media, tendemos a preferir, no respeitante aos jornais, a leitura em suporte de papel. Trata-se, admitimos, de opção conservadora, a mostrar que já não somos assim tão jovens.
No entanto, em geral e objectivamente, reconhecemos virtudes na versão impressa dos jornais. Não nos deixamos atemorizar por radicalismos ambientais nem nos deslumbramos (em excesso, pelo menos) com o maravilhoso novo mundo digital, lembrando, por exemplo e de modo preocupado,
“Os media clássicos, cão de guarda da democracia, também se encontram em crise, preteridos pelo denominado jornalismo de cidadão, pelas redes sociais em que cada um pode directamente, sem qualquer intermediação (de jornalistas, códigos deontológicos ou outras regulações bem definidas), participar… com os conhecidos perigos para os direitos e liberdades, associados aos valores democráticos”.
a elevada infoexclusão ainda hoje reinante no nosso país.
Cientes de que a pandemia apressou e tornou irreversíveis muitas (e excelentes!) oportunidades que a digitalização oferece, não podemos, porém, deixar de notar, paradigmaticamente, que grandes empresas como a JP Morgan começam a regressar ao modelo pré-Covid, por exemplo em matéria de trabalho remoto, ao aperceberem-se de que as lideranças afinal “têm de ser visíveis no terreno, têm de se encontrar presencialmente com os clientes”. Prenúncio de um novo/velho futuro?
Pessoalmente, será incontornável ler cada vez mais em suporte digital… mas continuarei, seguramente, a não dispensar o desfolhar da versão impressa dos jornais que a mantenham. E, antevejo e desejo, continuar a visitar a minha avó Alice, de 94 anos, na aldeia de Vilamar, de sorriso rasgado a ler o jornal, com as mãos sujas da tinta deste.
CAMPEÃO DAS PROVÍNCIAS www.campeaoprovincias.pt 27 DE ABRIL DE 2023
Os jornais impressos continuam a justificar-se mesmo em tempo de Internet?
Ofuturo dos jornais impressos é, actualmente, um tópico de debate e especulação. Enquanto alguns argumentam que a ascensão dos média digitais tornou os jornais impressos obsoletos, outros afirmam que sempre haverá lugar para publicações impressas.
Há sempre um deslumbramento inicial com o “novo” e naturalmente o mesmo acontece com o avanço tecnológico. Vimos isso acontecer com a fotografia abalando gigantes como a Kodak, onde no primeiro momento todos passámos para as fotos digitais, mas após o impacto inicial voltaram as insubstituíveis impressões das fotografias de momentos especiais que pretendemos eternizar. Curiosamente este avanço fez com que mais pessoas se interessassem por fotografia, algo que no passado era muito caro, especializado, apenas para profissionais.
Outro exemplo foi na música (Napster, Spotify, etc.) desaparecendo os “vinis” e onde o próprio CD teve uma vida muito fugaz não durando uma geração. Hoje, mais uma vez após o impacto inicial, vemos o ressurgimento dos discos em vinil como forma de
manter uma herança, um legado patrimonial, que pode passar de geração em geração, registando um aspecto cultural e a obra completa (e não avulsa) de autores mais significativos.
Nos livros tem acontecido o oposto, a facilidade de impressão e edição favoreceu o mercado, o sistema de ISBN, tem cada vez mais editores registados e o número de publicações com este identificador tem vindo a aumentar consideravelmente, de 2018 a 2022 passaram de 18.627 a 21.115. Não só mais “escritores”, mas também mais “leitores” e em 2022 venderam-se mais de 2,7 milhões de livros em Portugal, o que representa um aumento de 17,6% face a 2021 (APEL), quando já tinha aumentado 16,6% face a 2020.
Por um lado, é inegável o declínio dos jornais impressos nos últimos anos. De acordo com o Pew Research Center, a circulação nos dias úteis dos jornais diários dos EUA caiu 8% em 2020, e a receita de publicidade impressa está em declínio constante há mais de uma década. Isso pode ser atribuído a vários factores, incluindo o aumento do canal digital e a pressões económicas. Não se pode esquecer que
o digital tem também vantagens, como a facilidade de actualização de notícias e sua evolução, como a possibilidade de juntar gráficos e imagens dinâmicas além dos vídeos.
Por outro lado, ainda há muitas pessoas que preferem ler jornais
impressos. Para algumas pessoas é simplesmente uma questão de hábito ou nostalgia. Outros apreciam a experiência de segurar um jornal e o seu ritual. O jornal impresso é ainda símbolo de confiança, pressupõe uma redacção, um editor, jornalistas credenciados transmitindo maior credibilidade à informação. É, ainda, mais inclusivo pois o leitor comprando o jornal físico é confrontado com todas as notícias e não só as que quer ler. Muito diferente da experiência digital onde apenas a “sua” notícia (ou a notícia recomendada) aparece no ecrã, além de haver muitas distrações a concorrerem para a sua atenção (notificações, várias páginas abertas em simultâneo, pop-ups, etc).
A própria escrita online tem outra “emoção” (emojis, etc.) que pode influenciar a percepção do leitor.
Além disso, os jornais impressos ainda oferecem benefícios únicos que a média digital não pode replicar. Os jornais impressos fornecem um senso de comunidade ao conectar os leitores a notícias e eventos locais. Também muito importante apresentam reportagens e análises aprofundadas (fascículos e números especiais) que são menos comuns no mundo acelerado das
notícias online. Muitos autores recorrem ao conjunto de publicações impressas para editarem um livro (origem da Mafalda de Quino por exemplo). Estas constituem também um património que permanece ao longo dos tempos.
Dito isso, fica claro que os jornais impressos enfrentarão desafios significativos nos próximos anos. À medida que mais pessoas recorrem ao canal digital para as notícias e informações, os jornais impressos necessitarão de se adaptar para sobreviver. Isso pode significar focar-se em nichos de mercado ou oferecer conteúdo exclusivo que não está disponível online.
O “Campeão das Províncias” é um exemplo de profissionalismo e serviço público ao serviço da região e da sua comunidade, cuja edição impressa muito tem contribuído para a valorização da democracia e da informação. Embora seja impossível prever exactamente o que o futuro reserva, é claro que os jornais impressos precisarão ser inovadores se quiserem permanecer relevantes nos próximos anos.
(*) Professor do Ensino Superior e Presidente do ISCAC | Coimbra Business School
“O jornal impresso é ainda símbolo de confiança, pressupõe uma redacção, um editor, jornalistas credenciados transmitindo maior credibilidade à informação”.
QUINTA-FEIRA, 27 DE ABRIL 2023
ANIVERSÁRIO CAMPEÃO 23 ANOS DOSSIÊ 22 27 DE ABRIL DE 2023
Crónica de uma morte anunciada
Vivemos, ao que dizem alguns profetas hipermodernos, os últimos dias do mundo analógico e o triunfo do universo digital. Não obstante, a vida real, no que realmente importa, continua obstinadamente física. Os objectos significantes, aqueles que carregam história, memória e emoção, continuam irredutíveis na sua corporeidade.
A terra que os nossos pés pisam é matéria mineral, o horizonte de paisagem que os olhos alcançam é orgânico, os corpos que abraçamos, tocamos e amamos são de carne e osso, de nervos e tendões, de sangue e lágrimas. Os cachorros e os gatos domésticos, como os animais em estado selvagem, são entes viventes em estado puro. Como as árvores, as plantas e as flores, na exuberância de uma sensitiva existência vegetal. Ou como as pedras e os minerais, na sua vida silenciosa e subterrânea.
As placas eléctricas térmicas, com fingidas chamas de fingido laranja, não alcançam, sequer de modo remoto, as irrequietas labaredas de uma lareira de pedra, de pinhas, de lenha, de caprichoso atear e de rebelde fumar.
A vida numérica é um simulacro de vida, uma existência zombie, uma saison num universo de fantasmas. O que explica a tenaz
resistência dos objectos sólidos, da realidade orgânica, ao liquefeito universo digital.
Vejamos a espantosa ressurreição, no campo da música, depois de deixados quase fora de combate pelos desinteressantes CDs, dos LPs, da gloriosa tacticidade do negro vinil, do cuidadoso e amoroso manusear das capas, do ritual minucioso, quase religioso, do colocar o disco no prato, do suave e lento descer da agulha na estria inicial.
Ou, em registo paralelo, a feroz e apaixonada resistência dos livros. A convocatória implícita para um lento desfolhar, para um tocar de natureza quase erótica, para um rasurar a sedosa grafite as palavras, as frases, as linhas vivas, para uma estudada disposição na estante, objecto estético e objecto de culto, a um tempo.
Por todo o lado os objectos analógicos e a vida orgânica se infiltram no totalitário universo digital.
Com uma excepção: a do mundo dos jornais, precisamente. Excepção inesperada porquanto, a um olhar inicial, os jornais em papel, pela sua longa história, pelos enraizados hábitos pessoais, comunitários e culturais que transportam, teriam tudo para constituir o último reduto de resistência analógica a uma impiedosa totalização digital da vida quotidiana.
“O lento e irreversível declínio dos jornais em papel não se explica apenas, contudo, pela radical mudança no respirar da vida pessoal, familiar e comunitária”.
“A adição do vídeo, logo, da imagem e do som, transforma radicalmente a experiência da leitura, tornando-a muito mais rica, quando comparada com a materialmente possível na versão tradicional em papel”.
Afinal, o jornal escrito, lentamente desfolhado com o lento café da manhã, na solidão da casa ou no bulício silencioso dos cafés de bairro, representava, por definição, na sua leitura plácida, um instrumento de resistência às correrias do mundo, um elo, ao passar de mão em mão, de construção de laços de pertença comunitária.
Sucede que os tempos actuais são pouco dados a lentidões improdutivas e a micro-enraizamentos urbanos. Os cafés não mais são lugares de caloroso estar, para passarem a ser entrepostos de rápido e anónimo passar. Daí a desaparição, em todo o lado, das barras de madeira que, no Café Central das desaparecidas vilas e das pequenas cidades, mal suportavam o peso dos jornais diários aí presos, para comunhão diária de leitura dos clientes habituais.
O lento e irreversível declínio dos jornais em papel não se explica apenas, contudo, pela radical mudança no respirar da vida pessoal, familiar e comunitária. Na verdade, por uma vez, o digital e o numérico conferem ao jornal virtualidades, profundidades e densidades materialmente impossíveis de alcançar nas tradicionais edições em papel.
A adição do vídeo, logo, da imagem e do som, transforma radical-
mente a experiência da leitura, tornando- a muito mais rica, quando comparada com a materialmente possível na versão tradicional em papel. Pensemos nas críticas musicais, de cinema ou de arte em geral presentes na edição numérica do New York Times ou do Guardian, por exemplo, com remissões directas para o Spotify, para o Tidal ou para o You Tube das músicas, dos álbuns, dos filmes, das exposições e dos espectáculos objecto de recensão. Ou pensemos, ainda, na remissão temática imediata para artigos ou notícias afins dos objecto da leitura actual.
Ler um jornal em versão digital não é apenas ler. É ver e ouvir. É ter, à distância de um clique, como adjuvante imediato da leitura, a biblioteca universal de Jorge Luis Borges, que o Google resgatou do mundo do fantástico para o admirável novo mundo digital.
Esta novo modo de ler é impossível de acompanhar pelos jornais tradicionais, prisioneiros do sortilégio, e dos inultrapassáveis limites, do papel. Daí que, a prazo não muito longo, estejam condenados, na lógica darwinista das coisas do mundo, a uma inevitável desaparição.
(*) Professor do Ensino Superior e advogado
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DAS PROVÍNCIAS
Num mundo em vertigem, no qual proliferam frenéticos sinais de mudança, também no domínio da comunicação social emerge a perplexidade perante o futuro. Na realidade, com a difusão de alternativas comunicacionais, uma das mudanças mais relevantes é a multiplicação de outros formatos num diálogo directo entre produtor e consumidor de informação. Altera-se o próprio perfil de quem procura conhecimento, sendo manifesta a tendência para trocar a notícia contida no jornal pelo conhecimento proporcionado pela Web ou pelas redes sociais virtuais. Os hábitos, e a forma de pensar a leitura, alteraram-se devido ao aparecimento da Internet:-não lemos, mas “navegamos” e, muitas vezes, falta o tempo e a disposição para absorver, e reflectir, perante a notícia. Não paramos para pensar e o imediatismo, e reacção de momento, tornaram-se nossos parceiros habituais. Nesta era do digital, a procura de informação é individualizada e personalizada.
Encontramo-nos, assim, num virar de página da história dos media e a própria relação centenária, centrada no jornal e no seu leitor, modifica-se. A imprensa vê-se agora confrontada com um grande desafio: como continuar a manter
O Tempo e o Modo
os seus leitores?
Porém, para além da constatação desta transformação, que é perceptível a nível global, importa ter presente o património que representou a imprensa escrita no decurso dos anos, o qual consubstancia valores que não podem ser ultrapassados. Na verdade, ao longo de décadas, que não de séculos, a imprensa tradicional acolheu a denominada
“tradição da responsabilidade cívica”, constituindo um pilar essencial da vida democrática. Os media não foram somente um instrumento de divulgação da informação, mas, também, deram corpo às diferentes visões na forma de construção da sociedade, permitindo a existência de um debate amplo, próprio das democracias baseadas na igualdade. Os jornais, na sua função de “informação crítica” e de criação de uma “atmosfera de debate”, foram, e continuam a ser, um dos elementos fundamentais na construção de uma sociedade livre e consciente.
O papel de “watchdogs” da democracia, tantas vezes assumido, é insubstituível.
Importa, ainda, ter presente a tarefa fundamental que a imprensa escrita desempenha na contribuição para a socialização de grande parte da comunidade em que se insere. Através da mesma transpõem-
JOSÉ SANTOS CABRAL*“Ao longo de décadas, que não de séculos, a imprensa tradicional acolheu a denominada “tradição da responsabilidade cívica”, constituindo um pilar essencial da vida democrática”
-se os limites apertados do tempo e espaço e alcançam-se outros universos. O começo da construção da “aldeia global” só existiu a partir do momento em que nos começou a chegar em tempo a notícia vinda
de outras paragens.
Afirmado como verdadeiro “quarto poder” a imprensa ganha uma outra dimensão quando se assume como instrumento do “interesse público”. Fazendo apelo a um modelo de “esfera pública”, importa a afirmação do valor próprio da notícia impressa que não pode ser tratada como um mero produto, igual a tantos outro. A mesma permite, não só a divulgação da informação e a incorporação das diferentes perspectivas sobre as temáticas difundidas, como, também, a construção de um debate plural e crítico próprio das democracias.
A afirmação da necessidade de uma imprensa que corporize o interesse público numa informação objectiva não pode deixar de chamar à colação a forma como se faz muito do jornalismo que hoje prolifera, nascido na imediatez do momento, sem conteúdo nem forma. Na verdade, é fundamental a diferença ente o jornalismo feito de notícias “pret a porter”, elaboradas ao saber do momento para logo desaparecerem, e o jornalismo de investigação. Em última análise são duas formas de jornalismo que se situam nos antípodas. O primeiro procura desenvolver um vendaval de emoções e reacções extremas,
que se dissolvem de imediato na quimera do tempo, enquanto o segundo responsabiliza-se por notícias que são fruto de um trabalho empenhado em desenvolver a informação de forma objectiva e contextualizada no espaço e no tempo.
Muito para além do gosto que nos dá o folhear do jornal, parando onde devemos parar para pensar e, inclusive, guardando a notícia que importa reter, estamos em crer que o contributo que ao longo dos anos foi dado pelo jornalismo e pela imprensa tradicional não resulta de meras circunstâncias que dependam do tempo e da sorte, mas são valores perenes que importa preservar.
É evidente que é necessário um esforço de adaptação da denominada imprensa escrita, bem patente em jornais de referência. Porém, tal esforço adaptativo só terá um real significado se tiver por fundamento a existência de um serviço público de informação, fundamento de uma verdadeira democratização no acesso à informação livre e esclarecida.
(*) Juiz Conselheiro jubilado e presidente da Comissão Diocesana de Coimbra Justiça e Paz
QUINTA-FEIRA, 27 DE ABRIL 2023
ANIVERSÁRIO CAMPEÃO 23 ANOS DOSSIÊ 24 27 DE ABRIL DE 2023
O despertar dos sentidos de uma folha de jornal
Ainda me lembro da primeira vez que li um jornal do início ao fim, há cerca de 20 anos, durante a frequência na licenciatura em Comunicação Social, para um trabalho sobre “O Século”. Aquelas páginas já meio amareladas, frágeis, que transpiravam história por todos os poros. As mesmas que li em ambiente perfeito, o silêncio magistral de uma biblioteca. Até então, confesso, era criteriosa (ou preguiçosa, talvez, agora que penso nisso), lia apenas as notícias com títulos mais apelativos. Há estudos que sublinham: um título é lido, em média, cinco vezes mais do que o corpo de um artigo. Escreve-se um mau título e é provável que ninguém leia o texto por muito bom que ele até possa ser. Dizia eu, então, o jornal “O Século” foi o meu primeiro, por inteiro, e foi “amor à primeira leitura”.
O “Campeão” completa 23 anos e cinco deles (também) são meus. Quando terminou a nossa ligação - muito além de um mero vínculo laboral - escrevi, em jeito de despedida, que cinco anos é muito tempo e que, desde o início dessa mão cheia de colaboração, tanta coisa mudou: deixei Angola para regressar ao meu país e dedicar-me ao que, verdadeiramente, me apaixona, o jor-
nalismo; enveredei e enamorei-me pelos meandros da maternidade; deu-se uma pandemia que virou (ainda vira) o mundo do avesso; há cinco anos, ainda não tínhamos sido surpreendidos por uma guerra em pleno século XXI. Contas feitas, cerca de três desses cinco foram marcados por adversidades que, por si só, poderiam ter ditado o fim de um jornal que, tal como tantos órgãos de comunicação social, luta contra a limitação dos tempos, insurgindo-se se necessário for (dentro da ética que o caracteriza), não se acomodando, diferenciando-se.
Aqui aprendi muito. Cresci. Apaixonei-me (ainda mais) pelo Jornalismo, o verdadeiro, aquele que é mais que apenas o trabalho que nos traz o salário ao fim do mês, o Jornalismo que nos sai das entranhas, que é Amor.
Quando fui desafiada a escrever este Artigo de Opinião sobre a minha experiência enquanto jornalista no “Campeão”, aliado ao tema que serve de mote ao 23.º aniversário, lembrei-me daquele dia em que li “O Século” e a resposta foi imediata, ainda que não a tenha verbalizado: “claro que faz sentido a continuidade de jornais impressos”.
Li, há uns anos, um estudo - que agora repesquei - da Universidade
NÁDIA MOURA*“No dia em que as pessoas preferirem apreciar uma Mona Lisa ou uma estátua de David através de um ecrã de telefone ou computador, ao invés de o fazer no Museu do Louvre ou na Academia de Belas Artes, talvez aí o papel comece, também, a perder o protagonismo”
de Valência, em Espanha, em que os investigadores concluíram que é mais eficaz ler em papel do que em formato digital uma vez que, quando se lê em papel, a compreensão do que é lido é maior, ao contrário do que acontece quando o mesmo
conteúdo informativo é lido em ecrãs. A amostra deste estudo (171 mil pessoas, desde crianças a idosos) não inclui participantes nem fundamentações portuguesas, mas é também esse o encanto de um Artigo de Opinião, não obriga a dados científicos que o comprovem e os que apresentei são meramente contextualizadores. Com ou sem eles [os dados científicos], acredito veementemente que nada substitui a sensação de folhear um livro ou um jornal.
É certo que, com a era digital, a informação chega mais rápido e mais facilmente a todos, temos acesso às obras e notícias que quisermos à distância de um click e há quem diga até que esse será o fim do papel. Recuso-me a acreditar.
As pessoas não podem (ou não deviam) querer abdicar da sensação ímpar ou do cheiro peculiar de um jornal acabado de comprar. O sentimento de refúgio, do ‘dolce far niente’ (que, afinal, de ócio nada tem) que acompanha aquele momento único de ler um jornal na mão. O sentar, calmamente, em um qualquer recanto que nos acomode, a folhear aquela publicação, tantas vezes, de picotado nas margens ou cor mais esbatida por dificuldades na impressão… ou aquela folha
que teima em não querer dar lugar à próxima, meio colada, a querer dizer, diz-me a imaginação fértil, “relê-me a mim, relê-me a mim”… onde é que há, no digital, todo esse enlevo de “imperfeição”? Não subestimemos, no entanto, esta nova era. Acompanhemo-la sempre de perto, com a devida distância de segurança: próximo o suficiente para não a perder de vista, longe quanto baste para que não nos camufle a essência. No dia em que as pessoas preferirem apreciar uma Mona Lisa ou uma estátua de David através de um ecrã de telefone ou computador, ao invés de o fazer no Museu do Louvre ou na Academia de Belas Artes, talvez aí o papel comece, também, a perder o protagonismo. Até lá, Parabéns ao “Campeão” que há 23 anos se destaca em Coimbra, mas antes disso com mais de sete décadas de publicações em Aveiro. Diariamente com a sua edição digital, adaptando-se às exigências dos tempos (perto q.b., relembro), e à quinta-feira, semanalmente, no papel: a essência, a tal altura em que os sentidos se apuram. É dia de mais uma edição impressa.
(*) Responsável pela Comunicação do Núcleo Regional do Centro da LPCC
Informação nas mãos - ou na ponta dos dedos?
Lembro-me de, em criança, ler o jornal que os meus pais compravam e depois explorar com alegria os suplementos (às vezes vários num mesmo jornal) com diferentes formatos, tamanhos e estilos. Entretanto, o digital tomou conta do mundo, e este está agora inteiramente disponível no nosso bolso graças aos ‘smartphones’. Que lugar resta para a notícia impressa? Faz sentido ir a um quiosque comprar uma edição em papel? Para quê atravancar a casa com um molho de papel que perde actualidade daí a uns dias (ou horas, dependendo das notícias)? E as árvores vitimadas para imprimir aquelas notícias? E o transtorno de andar com um maço volumoso atrás quando poderia apenas ver tudo no telemóvel? E porquê ter de ver a informação organizada segundo o que pensou um editor e não segundo aquilo que me dá mais jeito?
Vamos por partes, começando pela produção. Um estudo finlandês concluiu que o ciclo de vida de um jornal em papel produz o equivalente a um quilómetro de viagem de carro. Embora tratando-se de um valor meramente indicativo (depende do carro, do trajecto e do jornal…) é ao menos um ponto de partida para reflexão sobre como todos os nossos gestos têm impacto no ambiente. Mas e uma hora passada a navegar no ‘smartphone’? A utilização de ‘smartphones’ e a navegação na internet pode ser surpreendentemente poluente. Na verdade, três horas de utilização de um ‘smartphone’ equivalem, grosso modo, a andar um quilómetro de carro. O mesmo é dizer: se gosta mesmo do seu jornal e de o ler com atenção ou revisitar artigos, a versão em papel pode até ser a mais ecológica. Impressionante, não?
Passando à aquisição, ir ao quiosque ou papelaria não tem de ser visto como um transtorno. Em sociedades cada vez mais envelhecidas, manter o contacto pessoal está a tornar-se um activo tão valioso que na Holanda já foram inventadas as “caixas lentas” de supermercado, devidamente identificadas como tal, onde os clientes são atendidas por um empregado disponível para, sem pressa, conversar durante e no fim do processo de compra. Já para não referir que para as pessoas mais sedentárias ir comprar o jornal pode ser o incentivo que falta para sair de casa, hábito muito saudável mas que por vezes fica esquecido enquanto se saltita de um ecrã para outro.
Passando à fase de fim de ciclo, vale a pena lembrar que o papel do jornal continua
a ser um interessante artigo multiusos. Entre utilizá-lo para fazer uma bricolage decorativa, para proteger o chão quando se engraxam os sapatos ou para embrulhar presentes com um toque de originalidade, há umas quantas coisas que se podem fazer antes de desistir dessa multifacetada matéria-prima doméstica. E, se o engenho e a arte a tanto não ajudarem, é ao menos reconfortante saber que o jornal é facilmente reciclável, ao contrário da maior parte dos nossos ecrãs.
Detalhes à parte, o mais importante é sem dúvida a forma como usamos o jornal impresso para nos informarmos. E se o digital é cómodo e rápido, estudos mostram que várias pessoas referem as notícias em papel como mais confiáveis do que as digitais. Porquê esta sensação?
Puro preconceito a favor do papel? Sim e não. Seguramente haverá algum efeito psicológico: algo que é tangível, em que podemos agarrar, que podemos sentir e – porque não – amassar ou rasgar, inspirará porventura um sentimento de maior correspondência à realidade física que conhecemos. Mas há um outro factor, que nada tem de psicológico: a palavra em papel é a palavra dita, assente e cristalizada. Já na internet, a palavra de agora pode ser trocada daqui a pouco ou desaparecer amanhã.
Cada vez mais os jornais em formato digital vão submergindo num mundo de “actualizações ao minuto”, notícias corrigidas, notícias editadas, notícias que às vezes parecem ter levado sumiço ou que pelo menos se tornaram difíceis de encontrar. Claro que um jornal em papel também se actualiza ou corrige – na publicação seguinte, dando conta de novos desenvolvimentos ou de um erro. Mas, para o bem e para o mal, não tem a instabilidade das notícias publicadas na Internet.
Há ainda razões relacionadas com a forma como apreendemos aquilo que lemos. A ciência tem mostrado que aquilo que se lê em papel perdura mais na nossa memória do que a informação que nos chega através de um ecrã. Será que é esse relativo estado de intermitência do ecrã que leva o nosso cérebro a encarar o que dali vem como uma coisa fugaz, talvez menos merecedora de atenção – e, quem sabe por isso, menos merecedora de crédito?
Tudo isto são razões sobejas para eu achar que os jornais em papel continuam justificadíssimos. Poderíamos ainda falar da importância que os jornais impressos têm para as pessoas info-excluídas, ou da vantagem de cultivar a serenidade e abrandar a vertigem moderna dos acompanhamentos ao minuto, mas há uma razão em especial que me parece particularmente ponderosa: a forma como a internet se ajusta à medida dos nossos desejos, também ao nível da informação. Se nos detemos num determinado tipo de notícias, logo os algoritmos por trás
da apresentação da informação nos presenteiam com mais do que nos interessa. Se há temas que não nos chamam a atenção, eles vão progressivamente deixando de nos ser servidos, contribuindo para nos alhear daquilo que à partida não nos mobiliza. É certo que os jornais apresentados em formato “pdf” ficam imunes a essas dinâmicas, mas hoje em dia a maior parte das páginas de jornais digitais têm um formato que se ajusta em função das nossas pesquisas. Prático, não é? Sim, tanto quanto perigoso. Cada pessoa
vê o mundo cada vez mais à sua maneira e fica convencida, mesmo que inconscientemente, que todos os demais vêem a mesma coisa, num afunilamento progressivo de perspectivas. Assim, paradoxalmente, embora tenhamos o mundo inteiro ao alcance, é a nossa visão do mundo que acaba por ficar reduzida. É muito saboroso para mim ler um jornal em papel e deparar-me com umas quantas páginas totalmente dedicadas a um tema que me é absolutamente novo e sobre o qual nada pesquisei e nada sei. Se estivesse a navegar
NOVO ROSTO, O MESMO GOSTO.
essas páginas na internet, teria aberto um título que pouco ou nada me diria? Dificilmente. Mas quando vejo à minha frente tanta coisa que pode ser dita (e aprendida) sobre esse assunto, fica difícil não me deter a ler pelo menos uma parte do que ali está. Haveria mais argumentos a favor do papel, mas utilizo um derradeiro. O prazer de folhear não se compara em nada ao de andar a deslizar o dedo indicador para cima e para baixo sobre um ecrã, ou de andar a arrastar o rato para abrir isto ou aquilo. O jornal, dobrado, fechado,
aberto, torturado, às vezes a desmanchar-se incomodamente, outras a rir-se de nós quando uma ventania lhe dobra os cantos e nos tapa a coluna que estávamos a ler, amassado, alisado ou - Deus nos livre! - desfigurado por umas gotas de chuva, enfim, tudo isso é um prazer cultivado ao longo de anos na relação com as notícias. Se nenhum outro argumento houvesse, sempre me restaria este.
(*) Jurista, Beirã de nascimento, criação e coração. Bruxelas
As embalagens Delta Cafés mudaram de rosto. Embalagens renovadas e vibrantes, com mais detalhes sobre o café, as suas origens e o seu perfil sensorial. O aroma reconfortante do seu café de sempre, feito com a mestria que todos conhecemos, agora com uma nova imagem.
As embalaggens Deelta a Ca C fés muudaram m de ros o to o renovadadas s e vibrantes, , com m mais detalhes soobr b e o café, as suas l se s nsorrial. l O aroma reconfort r annte t do seu café de e sempre, feito com a que todos conhecemos, com uma a nova m
QUINTA-FEIRA, 27 DE
ANIVERSÁRIO CAMPEÃO 23 ANOS DOSSIÊ 26 27 DE ABRIL DE 2023
ESTUDANTES CONSIDERAM O JORNAL IMPRESSO IMPORTANTE
1- Qual a importância que um jornal impresso tem nos dias de hoje?
2- Ainda faz sentido ler jornais em papel?
3 - Costuma ler jornais impressos? E livros? Porquê?
O “Campeão” procurou saber, junto da comunidade universitária de Coimbra, a sua opinião sobre estas questões.
conseguir prolongar a sua história durante mais tempo, o que não acontece com um jornal. Normalmente, um jornal lê-se no máximo em algumas horas, ao contrário de um livro que pode demorar dias, se não mesmo, algumas semanas a ser terminado.
Nome: Rita Pardão
Idade: 21 anos
Curso: Ciência da Informação com Menor em Jornalismo e Comunicação
momento agradável e prazeroso. Não tenho dúvida de que muitos ainda preferem ler jornais em papel, onde temos a vantagem de poder folhear as páginas, ver fotos e ilustrações associadas ao que estamos a ler e sentir o cheiro do papel e da tinta.
Nome: Beatriz Chaíça Idade: 22 Curso: Ciência da Informação
1. Actualmente, um jornal impresso consegue deter uma grande importância no sentido em que, ainda existem muitas pessoas que preferem a sua utilização ao formato online. Acredito que ainda pode ser um meio de comunicação poderoso sendo que consegue juntar num único lugar várias secções de informação, como economia, desporto e até jogos como as palavras cruzadas ou sudoku, que de outra forma estariam dispersas. São uma óptima forma de passar o tempo para aquelas pessoas que por diversos motivos não terão com que o ocupar.
2. Claro! Na minha perspectiva, inúmeras pessoas não teriam acesso à informação se não fosse através do jornal. Habitantes de locais e povoações onde o acesso à Internet é mais escasso não teriam a possibilidade de se informar sobre diversos assuntos e sobre o que está a acontecer no mundo se não fosse pelo formato físico. E lá está, como referi, são uma excelente ajuda no combate, tanto ao tempo como também à solidão.
1. Tendo em conta a actualidade, em que a maioria das pessoas tem acesso à Internet e a recursos informacionais digitais, creio que o jornal impresso perdeu um pouco a importância, especialmente para a comunidade mais jovem. No entanto, ainda existem imensas pessoas que preferem a leitura do jornal em papel, seja por uma questão de hábito ou preferência, a verdade é que a experiência táctil e visual que um jornal impresso proporciona é claramente diferente de um ecrã.
3. Admito que leio menos do que gostaria. Talvez por falta de tempo. Mas como estudante universitária da Licenciatura em Ciência da Informação com Menor em Jornalismo e Comunicação, sei bem a importância da veracidade das informações partilhadas pelos meios de comunicação, e a credibilidade e confiança são qualidades que definem, para mim, os suportes físicos. Nas aulas de jornalismo lá nos pede para levarmos um jornal impresso de vez em quando, mas sem dúvida que durante o tempo de faculdade, aquilo que mais leio são artigos científicos em suporte digital. Talvez nas férias consiga colocar as leituras em dia e possa folhear um livro, só pelo gosto de o fazer.
Nome: Eduardo Lemos
Costa
Idade: 21 anos
Curso: Licenciatura em Gestão
Ojornal impresso teve o seu início há muitos séculos e durante anos foi o único meio de informação para milhões de pessoas por todo o mundo. Reconhecendo-lhe a função de informar com rigor e verdade, o jornal impresso sempre foi visto como um comunicador credível e seguro que existe para servir o mundo. Nele é possível folhear de frente para trás e encontrar dos mais diversos acontecimentos, desde sociais, políticos, económicos, personalidades, criminalidade,
entre tantos outros.
O jornal tem a sua devida importância, tornando-se essencial, significativo e indispensável, quando nos faz pensar e reflectir sobre o que está para além da notícia.
Contudo, o mundo vive em constante mudança e cada vez se está a tornar mais tecnológico, levando os parâmetros da comunicação e informação a serem debatidos através de um ecrã. Hoje tudo é imediato, tudo é notícia e através de um clique a percussão torna-se gigantesca.
3. Em termos de comparação, leio com mais regularidade livros, mas sempre que tenho a oportunidade gosto de folhear um jornal. Sendo estudante na Universidade de Coimbra, é nos pedido, frequentemente, para lermos, sobretudo artigos ou estudos de casos, o que acaba por sair fora do formato de livro ou jornal, mas nos tempos livres, tento sempre compensar com outras leituras, neste caso, livros. A minha escolha recaí sobretudo em livros pelo simples facto de
Tendo em conta outras realidades, não tenho dúvidas que o jornal impresso é de extrema importância, por exemplo pessoas que não têm acesso á Internet ou regiões em que o acesso a rede é limitado. Nestes casos, o jornal impresso é sem dúvida uma fonte de informação indispensável.
Para além disso, na Internet existe imensa desinformação, e o jornal impresso é uma fonte de credibilidade e confiança.
2. Sem dúvida que sim, faz todo o sentido. A resposta é mesma quando me perguntam se ainda faz sentido ler um livro físico. Tal como disse em cima, as experiências táctil, visual, sensorial, são algo que fazem da leitura um
1. Não sei bem. Depende do ponto de vista por onde se pegar, mas sinto que em geral tem vindo a ter uma importância decrescente devido ao aumento de novos meios de consumir notícias que se apresentam como mais convenientes.
2. Julgo que sim. Hoje em dia é necessário reduzir o tempo que passamos em frente a ecrãs
e os jornais em papel constituem uma oportunidade de o fazermos.
3. Não, não costumo ler jornais impressos. Livros sim, mas normalmente opto pelo formato audiobook. Para mim torna-se mais difícil ler em formato físico por impedir que possa fazer outra coisa ao mesmo tempo. Audiobooks podem ser ouvidos enquanto aspiro ou lavo a louça ou faço crochet. E as notícias posso ouvir no telejornal enquanto tomo refeições.
Para além deste motivo, jornais impressos apresentam notícias de diversas áreas e temas, mas infelizmente eu acabo por gravitar mais para notícias sobre certos tópicos e não vejo a necessidade de ler o resto. Neste aspecto, as notícias online que me aparecem sugeridas já vêm personalizadas com base nas minhas preferências, o que pode não ser ideal, mas é conveniente.
Nome: Inês Zuzarte Reis
Claver
Idade: 20 anos
Curso: Jornalismo e Comunicação
hoje? Com certeza. O digital, na minha opinião, nunca poderá ultrapassar a notoriedade cultural e histórica que um jornal impresso representa. Afinal de contas, é graças ao jornal (símbolo indiscutível desta nossa área e tradição) que hoje em dia nos podemos chamar “jornalistas”. Para além disso, considero que a notícia escrita, apesar de ser cada vez menos consumida, é uma fonte de credibilidade para o utilizador, isto é, tendo em conta a febre pelo imediatismo e a tendência à proliferação de fake news que os media digitais apresentam. Penso que o jornal impresso não deve desaparecer, e não o irá fazer, precisamente pelo que representa para o jornalismo e para a credibilidade da informação neste paradigma tecnológico.
2. Como já dei a entender anteriormente, sim, claro que sim. Os jornais continuam a ser um símbolo de informação, de notícia. É parte do costume: quando bebemos um café, quando esperamos pelo comboio, quando esperamos o intervalo antes de ter aula, quando passeamos pela Faculdade e encontramos algum ou outro jornal d´A Cabra ou do Diário de Coimbra... Não será o jornal parte do nosso património e da nossa história?
27 DOSSIÊ ANIVERSÁRIO CAMPEÃO 23 ANOS
ou eliminada. Um livro é um objecto vivo que se dobra, que fica sujo, que se empresta, que cai e depois se levanta, é algo que pode ser descoberto e investigado, é algo que nos evoca sentimentos ou desperta as nossas memórias do momento ou da pessoa que o ofereceu, é um companheiro de viagens! Um livro ensina-nos a ter paciência, a ser curiosos, criativos e atentos, são ferramentas de desenvolvimento pessoal, literário, ortográfico... e poderia continuar infinitamente.
Apesar de tudo, nada nos garante que, num futuro, um livro ou um jornal digital não nos possa oferecer todas estas qualidades. Talvez, num futuro, os livros deixarão de ser utilizados, mas tenho a certeza de que nunca desaparecerão nem deixarão de ser importantes.
Nome: Nuno Sousa
Idade: 22 anos
Curso: Mestrado em Ciência da Informação
criar soluções criativas para o jornal impresso continuar a ter o seu destaque.
2. Não
3. Não. Hoje, com o digital, existem alternativas mais facilitadas e com menos custos.
Nome: Rodolfo Silva
Idade: 23 anos
Curso: Biologia Celular e Molecular
3. Raramente, só se não tiver o telemóvel à beira ou tiver de me entreter, por exemplo, estando à espera do barbeiro ou do café. Vejo principalmente a parte desportiva e é só mais nesses casos. Já os livros leio em papel, prefiro porque é outra experiência, sinto que consigo entrar muito mais na história se tiver o livro físico, parece que sabe melhor do que estar a ler num telemóvel ou no computador, mas é interessante, porque no jornal não é assim. Acho que tem a ver com a parte fictícia da coisa, porque normalmente o jornal é só factos e isso posso ver pelo telemóvel.
Nome: José Mendes
Idade: 21
Curso: Direito
1. Enquanto meio de comunicação, um jornal impresso pode ajudar a fazer chegar informação (eventos correntes, cultura geral, lazer, etc.) a grupos que não tenham acesso a ela através de meios mais modernos como a Internet.
2. Se for o meio preferido do sujeito, sim.
1. Os media digitais são hoje uma realidade imparável e, em muitos aspectos, sobrepuseram-se aos media tradicionais, nomeadamente o jornal em papel. Se tem importância nos dias de
3. Tenho muito a agradecer à minha mãe por me ter educado sob uma consciência de leitura. Se hoje em dia leio livros e jornais é por ela. Os livros (assim como os jornais e qualquer tipo de escrita sob suporte físico) têm, na minha opinião, uma qualidade que os torna essencialmente únicos, e essa qualidade é precisamente a sua palpabilidade. A questão de “poder tocar” a informação é um factor que proporciona um sentimento de proximidade, de certeza, é uma característica que nos garante que a verdade permanecerá naquele sitio, inalterada, sem o risco de ficar sem bateria, ser hackeada, modificada, actualizada através do software
1. Hoje, o jornal impresso já não tem a mesma importância que tinha há alguns anos. Contudo, o jornal impresso nunca será extinto e daí continuar hoje a ter a sua importância de manter/preservar a leitura de notícias mais completas e mais atractivas. Cabe às empresas detentoras dos jornais
1. O exemplo que eu tenho, que é o do Jornal A Cabra, que agora também já não é impresso, é que acaba por transmitir uma informação importante, mas não há acesso a ele, eu sinto que não vejo o Jornal da Cabra impresso há bastante tempo. Ou seja, acaba um bocado por cair em desuso por conta das tecnologias, mas creio que tenha uma importância, principalmente para pessoas mais velhas.
2. Quando eu trabalhava num café, por exemplo, as pessoas mais velhas vinham sempre à minha beira pedir o jornal, acaba por ser o entretenimento deles, mas para o pessoal mais jovem acaba por cair em desuso e por não fazer muito sentido, porque todos temos um telemóvel e conseguimos ter acesso a notícias assim.
3. Não leio jornais impressos, pois, visto ter acesso a notícias e conteúdo informativo através da Internet, não vejo a necessidade de os adquirir. Leio livros impressos, pois prefiro-os às alternativas (e-books e audiobooks).
IPO de Coimbra reconhecido a nível internacional
OInstituto Português de Oncologia (IPO) de Coimbra obteve, pela terceira vez, a acreditação pela Organisation of European Cancer Institutes (OECI).
O IPO de Coimbra foi acreditado em Janeiro de 2011 pela OECI, estatuto renovado em 2017, tendo sido “uma das cinco primeiras instituições na Europa com a acreditação total pelo modelo da OECI, a par do IPO de Porto, do NKI-AVL de Amesterdão, do Christie’s NHS de Manchester e do Instituto Valenciano de Oncologia”, refere o IPO de Coimbra. A demonstração das boas
práticas, que posiciona o IPO de Coimbra “em linha com o que de melhor se faz nas organizações de saúde congéneres europeias e de acordo com os ‘standards’ mais exigentes” deve-se ao “elevado nível de profissionalismo e compromisso” de todos, sublinha.
“Esta conquista só foi possível graças ao empenho e dedicação dos nossos profissionais, com os quais temos conseguido ser fiéis ao compromisso de bem cuidar do doente oncológico. Significa, fundamentalmente, o reconhecimento do elevado
nível de profissionalismo e compromisso de todos quantos aqui trabalham e dão o seu melhor, contribuindo de forma incontornável, para o prestígio da instituição, reforçando o orgulho de dela fazermos parte”, salienta, citada na mesma nota, a presidente do Conselho de Administração, Margarida Ornelas.
De acordo com o IPO de Coimbra, esta acreditação a nível internacional significa, “certamente”, o reforço da “confiança” numa instituição cuja “qualidade e prestígio aqui fica também uma vez mais reconhecida”.
Câmara de Oliveira do Hospital atribui 255 mil euros às freguesias do concelho
ACâmara Municipal de Oliveira do Hospital vai atribuir um apoio financeiro global de 255 mil euros às 16 freguesias do concelho, que se juntam aos 160 mil euros distribuídos em Fevereiro.
Em Fevereiro, a Câmara Municipal de Oliveira do Hospital já havia aprovado a atribuição de um apoio financeiro no valor global de 160 mil euros, cabendo 10 mil euros a cada uma das 16 freguesias do concelho.
Estas verbas foram atribuídas no âmbito da “promoção e salvaguarda articulada dos interesses próprios das populações”, estando integradas “na verba global de 700 mil euros que o Município prevê atribuir até ao final do ano de 2023”.
“Estes apoios financeiros fazem parte de uma estratégia de coesão territorial, assente na descentralização de competências, e que se tem re-
velado fundamental na valorização do trabalho desenvolvido pelas Juntas e Uniões de Freguesia junto das suas populações”, justifica a autarquia.
O presidente da Câmara Municipal de Oliveira do Hospital, José Francisco Rolo, destaca que a autarquia continua, assim, “a cumprir o pacto de confiança assumido com todas as freguesias”, num “trabalho empenhado” e “de estreita colaboração”.
“Vai permitir que as Juntas e Uniões de Freguesia do concelho possam desenvolver um melhor trabalho ao serviço das suas populações”, acrescenta.
No seu entender, a transferência de verbas para as freguesias, “confere maior autonomia financeira e de gestão”, num modelo alinhado com a estratégia nacional de valorização das freguesias e do reforço da capacidade de decisão dos seus executivos.
Queima das Fitas de Coimbra revela o cartaz oficial
AComissão Organizadora da Queima das Fitas de Coimbra revelou, ontem (26), no Forum Coimbra, o cartaz oficial da edição deste ano.
Na noite posterior à serenata, dia 19 de Maio, noite da Megahits, vai contar com Linda Matini e Calema. A Tuna Feminina de Medicina da Universidade de Coimbra e a Tuna de Medicina da Universidade de Coimbra também irão subir a palco.
Sábado dia 20, Anaquim e Os Quatro e Meia irão pisar o palco principal bem como Orquestra Típica e Rancho, a Estudantina da Universidade de Coimbra-Grupo de Cordas.
Para fechar o fim-de-semana, dia 21, é a vez do Bispo, T-Rex, a Quantunna e a Fan-Farra Académica de Coimbra.
Segunda-Feira, dia 22, X-Tense e Slow J brilham no palco Fórum Coimbra, bem como a Estudantina Feminina de Coimbra e as Mondeguinas.
Dia 23 de Maio, depois do célebre Cortejo da Queima das Fitas, a animação é de Miguel Bravo e as Senhoritas, não esquecendo a renovação do costume de Quim Barreiros. Uma noite a não perder. Para fechar a noite haverá a Phartuna e a Imperial Tuna Académica da Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra.
A Super-Bock leva até à noite de dia 24 Gustavo Mioto e Ana Castela que prometem uma grande actuação. Para fechar actua também Coral Quecofónico do Cifrão.
No dia 25 iremos contar com a tão aguardada actuação de Ivete Sangalo. Como já é esperado, esta será mais uma noite de casa cheia na Praça da Canção com esta vedeta a arrasar no Palco Fórum. Contamos tam-
bém com a Desconcertuna e com a Orxestra Pitagórica.
Para fechar a semana de festividades, sexta-feira, dia 26 de Maio, irá ouvir-se Mizzy Miles e Kevinho. As Fans e o Grupo de Fados e Guitar-
radas irão terminar as actuações da edição de 2023 da Queima das Fitas de Coimbra.
Brevemente irá ser revelado o cartaz do Palco Ruc e as actuações que irão marcar presença na Tenda.
Zet Gallery integra Plano Nacional das Artes para “democratizar o acesso à cultura”
Apartir deste mês, a Zet Gallery, em Braga, passa a integrar o Plano Nacional das Artes, programa tutelado pelo Ministério da Cultura e pelo Ministério da Educação. O objectivo passa por “democratizar o acesso à cultura” e mobilizar o “poder educativo das artes, da cultura e do património imaterial e material na vida de todos os cidadãos”.
No âmbito deste projecto, a Zet Gallery vai receber visitas gratuitas de escolas do Baixo Minho, promover palestras sobre Arte Contemporânea nos estabelecimentos de ensino e, entre maio e novembro deste ano, vai ainda disponibilizar, gratuitamente, a Oficina de Formação “Educação Estética e Artística na construção da democracia”, direccionada a professores.
A directora da galeria de arte, Helena Mendes Pereira, sublinha que “este é um passo muito importante para nós porque acreditamos que é urgente democratizar a cultura e promover a inclusão educativa e social através da pedagogia das artes. É preciso despertar
estudantes e professores para as ferramentas que a cultura nos pode dar, lembrando que a arte tem a capacidade de nos levar para outros horizontes e realidades, tornando-nos mais justos e mais solidários”.
O protocolo de cooperação entre a Zet Gallery e o Plano Nacional das Artes foi assinado no passado dia 20, após a sessão do “Ágora de Cá”, que teve como convidado especial o Comissário Nacional do Plano Nacional das Artes, Paulo Pires do Vale.
Nesse mesmo dia, o responsável alertou que “precisamos da aldeia toda para educar uma criança e a igualdade é acreditar e promover a consciência de que cada um tem de facto algo a dar. O teatro, o museu, as instituições culturais são territórios educativos e a escola é um polo cultural. Só quando acreditarmos nisto é que essa subversão do que esperamos do que é a educação e do que é a cultura, é que teremos mais frutos”.
O debate teve como pano de fundo a exposição de Ângela Ferreira que faz uma ode à luta de Miriam Makeba pela democracia e direitos humanos na África do Sul durante os anos do Apartheid.
Fim-de-semana em cheio para os clubes da Associação de Ginástica do Centro
OGym for Life Portugal, a maior competição de Ginástica do país, ocorreu nos dias 22, 23 e 25 de Abril no Pavilhão Municipal da Torre da Marinha. O evento contou com a participação de 164 grupos de ginástica de todo o país, que competiram em várias categorias e ofereceram um espectáculo fantástico para as bancadas cheias.
A Associação de Ginástica do Centro (AGDCentro) foi representada por vários dos seus clubes filiados, que alcançaram excelentes resultados. A categoria de ginástica com aparelhos contou com a participação da Secção de Ginástica da Associação Académica de Coimbra (AAC), que conseguiu menção Bronze com a classe Ícaros, sendo o único clube da AGDCentro a competir nesta categoria. Na categoria de Ginástica e Dança, Pequeno Grupo, o Colégio Rainha Santa Isabel (GymCRSI) também alcançou uma menção Bronze com a sua classe RainhaGym. A classe Prodigy da Associação Estrela de Três Pontas (Covilhã) conseguiu uma menção Bronze, enquanto a classe Acromania do Clube de Ginástica de Oliveira do Hospital (CGOH) recebeu Prata pela sua actuação.
A categoria de Ginástica e Dança, Grande Grupo, contou com a participação de mais grupos filiados na AGDCentro. A AAC participou com três classes, conseguindo a menção Ouro com a Sub-20, tendo a classe Lazer recebido Prata e a classe Aramistas, Bronze. O Albigym (Castelo Branco) fez-se representar por duas classes, destacando-se o Ouro da AcroGymnastics e a Prata da classe AcroDream. O GymCRSI apresentou a sua classe Mista, que recebeu menção Bronze. Por sua vez, o Zakigym conseguiu Bronze com as classes Dakarai, Shaka e Zuri, recebendo Prata com a sua classe Núbia. Por fim, o Isekais, clube de Elvas filiado na AGDCentro, conseguiu Bronze com as suas classes Leões e Chitas e Panteras.
Academia CantanhedeGym representa Portugal em Praga
CONTINUAÇÃO...
No dia 22 de Abril, os clubes da Associação de Ginástica do Centro (AGDCentro) estiveram presentes na 22.ª edição do Torneio de Páscoa do Sport Algés e Dafundo, um dos eventos mais importantes da ginástica rítmica em Portugal. As ginastas da Associação Cristã da Mocidade de Coimbra (ACMC) e do Centro Norton de Matos (CNM) competiram com grande entusiasmo, obtendo resultados que honram a região e as suas instituições.
Ao todo, foram quatro ginastas da ACMC e três do CNM a participar no torneio, competindo em duas categorias com dois aparelhos diferentes. As ginastas Seniores participaram apenas com a bola. Gabriela Lucas, uma juvenil do CNM, foi a grande vencedora do evento, conquistando o primeiro lugar em bola, fita e na classificação geral. Já Inês Simões, também juvenil, da ACMC obteve o segundo lugar em bola e na classificação geral.
Oleksandra Huzak, da ACMC, conseguiu o segundo lugar em bola e maças e o terceiro lugar na classificação geral, na categoria Junior Elite. Elisabete Seletcaia, da mesma equipa, ficou em segundo lugar em bola, na categoria Senior Elite. As ginastas Ana Miguel Dias, Letícia Ribeiro e Mª Benedita Ferreira, todas do CNM, também participaram na prova, obtendo bons resultados.
A Academia CantanhedeGym (ACG) representou Portugal no Open FIG de Ginástica Aeróbica, uma competição internacional realizada em Praga, com um total de 400 ginastas. Doze ginastas da ACG dos escalões Juvenil, Júnior e Sénior conseguiram resultados muito bons. Destaque para o trio sénior constituído por Sara Ferreira, Juliana Moço e Beatriz Morais, que alcançou o 8.º lugar. Marta Moura conseguiu o 25.º lugar em 75 competidores em Individual Feminino, enquanto que Rafaela
Matos conseguiu o 43.º lugar em 135 competidores no escalão Juvenil Individual Feminino. Destaque ainda para o trio Júnior Inês Guiterres, Marta Moura e Maria Inês Rodrigues, que alcançou o 20.º lugar da geral.
No mesmo fim-de-semana, o Pavilhão Venda da Leonor, em Condeixa, recebeu o I Torneio de Níveis da época, numa co-organização da Associação de Ginástica de Condeixa e da Associação de Ginástica do Centro (AGDCentro).
Dez pilotos portugueses na prova MXGP em Águeda
Dez pilotos portugueses estarão presentes na edição 2023 de Portugal
MXGP em Águeda, numa lista de inscritos internacional. Esta será uma oportunidade única para os pilotos lusos evoluírem entre os melhores do mundo, nesta que será a quinta etapa da temporada mundialista e a terceira do Europeu.
Na categoria principalMXGP, teremos a presença de Paulo Alberto, que actualmente compete no Campeonato Brasileiro de Motocross, e Luís Outeiro, actual Campeão Nacional de MX. Na categoria MX2, teremos a presença de Alexandre Marques, que já fez a sua estreia no GP da Suíça este ano.
No Europeu de 125 (EMX125), um total de três pilotos lusos estarão a competir entre um plantel de seis dezenas de pilotos. Sandro Lobo, que procura o tão desejado apuramento que não conseguiu no GP italiano de Trentino este ano, junta-se a Tomás Santos e Gonçalo Cardoso. Já na categoria EMX250, Portugal terá o maior número de representações, com Fábio Costa, Afonso Gomes, Pedro Rino e Francisco Salgueiro Jr. A competição terá início no sábado (29), com as primeiras sessões de treinos marcadas para as 9h00. As qualificações do Europeu iniciam às 11h55, seguidas das primeiras finais às 15h40. MXGP e MX2 terão as suas respectivas qualificações a partir das 16h25.
Bolsas de Inovação Científica Professor Doutor António Lima-de-Faria abrem candidaturas
ACâmara Municipal de Cantanhede está a lançar a 1.ª fase de candidaturas às Bolsas de Inovação Científica Professor Doutor António Lima-de-Faria 2023. A iniciativa visa estimular e apoiar a investigação científica inovadora, sendo atribuídas duas bolsas anuais, no valor de mil euros cada, uma delas patrocinada pela autarquia e a outra pelo próprio Lima-de-Faria, eminente geneticista, académico e investigador há muitos anos radicado na Suécia.
Jovens estudantes do ensino secundário ou do ensino superior, dos 15 aos 35 anos de idade, podem concorrer com resumos ou planos de trabalhos de qual-
quer área ou ramo científico.
A avaliação das candidaturas estará a cargo de um júri presidido por Manuela Grazina, docente da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra e investigadora do Centro de Neurociências e Biologia Celular. As candidaturas devem ser entregues na Divisão de Educação e Juventude, sita na Casa Francisco Pinto, ou enviadas por correio para a Câmara Municipal de Cantanhede, ao cuidado da Professora Doutora Manuela Grazina, coordenadora de Gestão Científica das Bolsas de Inovação Científica Professor Doutor António Lima-de-Faria.
Os dois premiados terão direi-
to a uma bolsa que se destina a comparticipar os encargos inerentes à participação num congresso nacional ou internacional ou à realização de um estágio de curta duração num laboratório, em Portugal ou no estrangeiro, o que implica, num e noutro caso, a demonstração do mérito por parte dos candidatos, através do resumo da apresentação ou do plano de trabalhos. As candidaturas podem ser submetidas entre os dias 1 e 15 de Maio de 2023, e o regulamento do concurso pode ser consultado em https://www.cm-cantanhede.pt/ mcsite/documento/5127/bolsas-de-inovacao-cientifica--lima-de-faria--regulamento.